Me Encontre escrita por SouumPanda


Capítulo 28
Era para ser você, Adeus meu amor




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Enquanto estava no carro com Caleb passamos próximo ao acidente, em extrema  histeria pedia para ele parar o carro, vi John entrando na ambulância e corri em sua direção, Caleb olhava em volta a sua volta procurando por alguém beijei o rosto de John que estava com tudo de respiração e desacordado.

— Eu sou a esposa dele. – Eu falava com as lagrimas escorrendo pelo rosto. – Entrei na ambulância com ele sob o olhar triste de Caleb ao me ver ali com John, engoli seco vendo a mesma se afastar e acariciando a mão de John esperando que soubesse que estava ali. – Estou aqui John, estou aqui meu amor. - Não conseguia controlar minhas lagrimas que jorravam como uma fonte. Podia jurar que senti um leve aperto em minha mão, o que fez um sorriso torto brotar em meu rosto, vendo ele ali, todo machucado, quase irreconhecível, era minha culpa, toda minha culpa. Meu coração estava devastado e com o medo de perdê-lo eu sabia que era ele que eu queria comigo, era ele que meu coração escolheu assim como eu tinha escolhido para minha vida. Quando levaram John sentei tremendo toda, meu coração saltava, minhas mãos tremiam, quando senti um beijo no topo da minha cabeça e Caleb com os olhos tão inchados quanto os meus, ele sentou e me abraçou. Porque mais uma vez sentia o universo nos puxando para a situação em que éramos obrigados a compartilhar uma dor, a incerteza e o medo. – Como Harper está?

— Estão fazendo uma cesária de emergência. – Ele disse com pesar na voz e respirou profundamente. – Mais uma vez não terei a chance de ver um filho meu nascer, não sei se o destino brinca comigo ou se me odeia a esse ponto.

— O importante agora são eles ficarem bem. – Eu tentei consolar ele com a voz tremula. – E vocês ficaram bem.

— Assim espero e o John? – Ele disse e não conseguia conter meus olhos de encher de lagrimas.

— Não me deram noticias ainda. – Minha voz tremia, assim como meu corpo, logo me coloquei a chorar de forma desesperada, por toda situação. Respirei fundo vendo o delegado vindo em nossa direção e ainda tinha que lidar com a forma do acidente, se Harper não sair dessa viva, John pode ser o culpado.

— Me desculpa vir aqui, sei de toda situação de vocês, que bom que se consolam nesse momento. – Ele disse pressionando os lábios, o delegado nos olhava com pena e batia uma pasta de documentos nas mãos. – Bom, pela forma que os carros estavam, preciso concluir que no telefonema tomamos atitudes precipitadas de acusação. O Senhor Stuart  não bateu no carro da sua esposa. Na verdade, pelas marcas dos pneus os peritos acham que ela causou o acidente. Ele indo em direção ao condomínio e ela saindo do mesmo. Ela perdeu o controle e bom, aqui estamos. – Isso não acalmava meu animo, meu coração estava partido, Harper podia ter todos os defeitos, mas algo aconteceu com ela antes de tudo e espero que ela saia dessa pelo seu filho e por Caleb que precisa dela. – Bom, assim que sua esposa sair do centro cirúrgico vamos saber o que aconteceu, ela não será acusada, pois como falamos foi um acidente. – Vi ele sorrir torto em consolo e se afastar indo ao posto de enfermagem pedir informações e assim desaparecendo.

Já tinha perdido noção das horas que estávamos ali, sem noticias de ninguém, quando meu pai chegou trazendo um café e encarando Caleb como se ele fosse a pior pessoa do mundo, fazendo o mesmo se afastar. Peguei o café e me levantei indo abraçando meu pai.

— Ou vocês realmente devem ficar juntos ou não sei mais o que pensar. – Meu pai tentou fazer uma piada me vendo revirar os olhos. – Para o universo fazer com milhares de pessoas Harper e John se acidentarem, o que você pensaria? -  Ele engoliu o café que segurava e eu fiz o mesmo sentindo o amargo e quentura do mesmo aquecer minha garganta.

— Não penso nada, só que queria John, Harper e a criança bem. E quero noticias logo. –Eu disse em apreensão e sentindo minha cabeça latejar.

— Precisa descansar, lembre-se que está grávida. – Meu pai fez questão de me lembrar e vi o olhar de Caleb crescer em mim, engoli seco e ignorei o comentário, quando vi o médico vir em nossa direção e apertei o copo.

— Senhora. – Ele disse tirando a touca e parando alguns metros de mim. – Seu marido teve uma hemorragia pela ruptura da artéria femural que teve, conseguimos conter, mas pela grande perca de sangue. Ele esta sedado e na intensiva. – Enquanto ele falava eu tentava entender alguma coisa. – Resumidamente, ele está estável, mas não fora de perigo.

— Posso vê-lo? – Perguntei o vendo concordar e uma enfermeira me guiar para a UTI e me passar à roupa que deveria usar. Quando me aproximei de John ele estava com poucos hematomas e parecia dormir tranquilamente, se não fosse pelo barulho dos aparelhos lembrando que nele ainda havia vida. Acariciei seu cabelo e beijei sua testa vendo que minhas lagrimas molhavam seu rosto adormecido respirei fundo. – John, não sei se pode me escutar, espero que sim. Mas espero que saia dessa e volte para nós, para nossa família, nosso filho que vai nascer, John eu te amo. É você que meu coração escolheu, que eu quero comigo para sempre, sou tão feliz com você, mas preciso que lute pela gente como vem lutando, não desista agora. – Fiz uma pausa com a voz tremula e chorosa cobri a boca. – Não desista da gente. Por favor. – Me sentei ao seu lado e fiquei em silencio o vendo dormir, quando percebi debrucei com a cabeça próxima dele e adormeci também.

— Querida, precisa sair agora. -  Uma enfermeira me acordava delicadamente com a mão no meu ombro, respirei fundo afirmando e limpando o rosto inchado e choroso. Me levantei e beijei novamente a testa de John saindo dali.

Os dias se arrastavam, John não apresentou nenhuma melhora ou piora o que me enchia de esperança, o lindo bebê de Caleb estava bem, na UTI neonatal mas logo iria para casa, Harper contou que ela sentiu uma contração muito forte e por infortúnio era John que vinha na direção oposta, toda essa agitação me fez esquecer de toda situação que venho vivendo. Não me permito ficar no mesmo ambiente com Caleb sem me culpar pela situação que John se encontra. Era tarde, tinha perdido noção do tempo estando ali com John em silêncio, esperando que ele acorde. Quando os aparelhos começou a apitar muito alto. John parecia estar tendo um ataque, meus olhos começaram a chorar ao ver que rapidamente as enfermeiras e médicos me tiraram dali e começaram a tentar reanimar ele. Me sentei no chão do corredor com um choro sufocante e silencioso com a mão nos ouvidos para não escutar os aparelhos apitarem.

Parecia que aquilo tinha durado uma eternidade, horas, mas foram os 10 minutos mais longos da minha vida, o médico apareceu pingando suor, como se tivesse corrido 10km, ele falava e eu não conseguia ouvir, entender. Apenas fiz uma linguagem que me fez cair de joelhos em sofrimento, "eu lamento senhora Stuart fizemos nosso melhor, mas a embolia aconteceu, se el sobrevivesse podia ficar em sofrimento, foi melhor assim." Melhor para quem? Eu gritava enquanto chorava quando senti os braços do meu pai se envolver em mim, era isso, eu matei John. Chorei por horas, minha cabeça latejava. Como eu ia falar com os pais dele? Maldito dia que ele se encontrou comigo, ele assinou a certidão de óbito não de casamento, matei o homem que eu amava o pai do meu filho. Desci minha mão até o meu ventre, meu corpo tremia todo, quando tudo escureceu e não lembro de mais nada.

— A voz de Caleb rouca e cansada me assusta, abro os olhos vendo os olhos azuis dele me encarar. Ele estava sentado na poltrona ao lado e vi que estava tomando soro. - Você precisa descansar e se alimentar Zoey, você está grávida caso não lembre e a Louise precisa de você nesse momento. - Ele desviou o olhar e seu semblante estava triste. - Eu realmente lamento o que tudo desencadeou, não era para ser assim. Era para ser tudo simples. - Ele falava apoiando sua mão quente sobre a minha, quando afastei a mesma me ajeitando na cama para sentar.

— Foi exatamente por conta disso que temos que John morreu, não preciso demais drama em minha vida, não preciso mais de nós. Louise precisa mas eu não. John morreu sem saber que eu o escolheria, que eu o amava. E jamais me perdoarei por isso. - Eu disse em tom baixo e seco.

— Eu compreendo sua frustração, sua dor. - Ele fez uma pausa me dando a possibilidade de rir ironicamente.

— Não compreende, você apenas quis ter seu brinquedo de volta, brincamos, se magoamos e olha o que deu. Matamos uma pessoa Caleb, talvez para seu mundo nq CIA isso seja balela, mas para mim é algo importante, porque foi meu marido que morreu e com ele o pingo de sentimento que sentia por você. - Nos encarávamos, o monitor apitava acusando o quanto meu coração estava em arritmia, um nó em minha garganta me fez pressionar os lábios e desviar nossos olhares. Era como se eu tentasse me convencer de cada palavra. - Agora preciso viver meu luto, preciso sofrer pela morte do meu marido, preciso que você se afaste. Porque eu perdi tudo por sua causa, vá cuidar da Harper e do seu filho eles merecem isso.

Caleb ameaçou a falar algo, mas preferiu se calar e sair, e senti uma onda de alívio e desespero. Respirei fundo contendo as lágrimas. Quando terminei a medicação lembrei que tinha o velório de John para preparar. Tinha que ir para casa, contar ao seus pais que teríamos que enterrar ele. Precisava levar John para casa, para Londres.

Quando cheguei em casa Louise dormia, fiquei olhando ela por instantes, quando o choro esmagador veio e tampei a boca e sai correndo para não acorda-la fechando a porta do quarto e sentando atrás da mesma. Meu peito doía, meu coração parecia ter sido arrancando do lugar, abracei minhas pernas escondendo meu rosto entre a mesma, meu corpo doía, minha mente, minha alma. Quando eu tive forças, fui até o closet pegar as camisas de John vestindo uma e dormindo abraçada com outra. Amanhã eu teria que contar a todos, a Louise, Isaac e aos pais dele, mas hoje o luto era meu, para eu amanhã conseguir sustentar os outros.

Louise chorou como nunca sabendo que o papai John virou anjo e que cuidará dela de longe, Isaac chorou desoladamente, mas quando os pais de John chegaram sua mãe desabou, como se toda classe que a vi ter na Inglaterra não existisse, não a culpo ela acabou de perder o filho, o pai dele fechou o semblante em consolo a mulher para amparar a perca do único filho um choro histérico e raivoso, ela não saia do closet, das roupas dele e mais uma vez não a culpo pois fazia o mesmo. Eles não entendiam como a fatalidade aconteceu sabendo que ele seria pai, vendo que o nosso bebê estaria vindo ao mundo, a mãe dele me abraçava em consolo como se John estivesse comigo e de fato estava, eu sentia em todo meu corpo que esse bebê era dele, e Deus como eu queria estar certa.

Quando voltamos do velório um choro compulsório tomou conta de mim, caindo na realidade que ele tinha partido para sempre, meu corpo não conseguia se sustentar, meus joelhos tremiam e cai em lamento, permiti Caleb ficar com Louise por uns dias, decidi ir para Londres já que o enterro ia ser lá, enquanto preparava tudo e decidi vender a casa do condomínio e se um dia voltasse, jamais seria para Cambridge, vendo o quanto essa cidade me deu e tirou não conseguiria mais ficar nessa casa nem se quisesse, não sem ele.

— Você não pode afastar minha filha de mim Zoey. – Caleb andava atrás de mim pela casa enquanto eu pegava as coisas necessárias para partimos.

— Não estou afastando ninguém de ninguém. – Eu disse bufando me virando para ele e vendo seus olhos azuis marejados como o mar. – Precisamos disso, ela também precisa. John era tão pai dela quanto você e não queremos ficar numa casa que nos trás tanto sofrimento. Será poucos meses, até o bebê nascer em Londres com o os pais dele e depois voltamos, te prometo e você poderá ficar com Louise. Enquanto isso curta seu filho e Harper, eles precisam de você.

— Você sabe que eu amo meu filho Zoey, darei o mundo a ele, assim para Louise. Mas a Harper é outra história. – Ele disse em pesar, sorri para ele dando um breve toque em seu ombro.

 – O relacionamento de vocês agora é para sempre e quanto mais cedo aceitar isso melhor. – Sorri ternamente e ele revirou os olhos.

— O meu relacionamento com Harper, nunca será como meu relacionamento com você. – Ele fez uma breve pausa enquanto nos encarávamos, pisquei algumas vezes negando com a cabeça e abrindo um sorriso.

— Tem razão faça de tudo para ser melhor que o nosso relacionamento. – Beijei ternamente o rosto de Caleb e fui subindo as escadas. – Daqui 7 meses verá Louise de novo, prometo. Existe tantos meios de comunicação que tudo ficará bem. – Sorri e respirei fundo subindo as escadas e sentindo o olhar desanimado de Caleb em mim.

Louise dormia em meu colo enquanto o jato sobrevoava as nuvens, os pais de John dormiam em suas poltronas e Isaac jogava algo em seu celular, eu não conseguia pensar em mais nada, minha cabeça doía, meu corpo sucumbia pelo cansaço, mas não queria tirar Louise do meu colo, vê-la dormir era o pouco de prazer a vida que ainda tinha. Quando chegamos a Londres fomos direto para a casa que moramos em Manchester e lá novamente o choro se formou em meus olhos e respirei fundo contendo o mesmo. Louise ainda dormia, assim como Isaac, com a ajuda de pai de John colocamos eles nos quartos e fomos tomar chá.

— Querida, vai ficar bem aqui com as crianças? – A mãe dele tinha um tom doce e preocupado.

— Sim, preciso desse tempo aqui. Apesar da casa como todo o resto me lembrar dele, será bom para o restante da gravidez. Vocês sabem que não pretendo ficar na Inglaterra, mas que jamais impediria o relacionamento de vocês com o bebê não é? – Os questionei vendo o semblante triste de ambos.

— Claramente, se John estivesse aqui ia querer te fazer feliz, se acha que está na America sua felicidade a gente entende, e temos vários feriados que possamos estar indo ficar com vocês. – O pai de John falava cordialmente e suspirou. – Bom, vamos te deixar descansar, amanhã será o funeral de John, então acho que devemos estar todos prontos para se despedir dele. – Ele falou se levantando e sendo acompanhado pela mãe de John, ambos me beijaram cordialmente na cabeça e eu forjei meu melhor sorriso. Logo Angelina chegou com meu pai e Peyton, ela veio dessa vez ficar comigo e tornar tudo mais relevante em minha vida como sempre fez, Peyton estava encontrando formas de me consolar e meu pai bebia um whisky para aliviar sua tristeza. Eu já não sentia que precisava de consolo, apenas de descanso e assim fiz ao deitar na cama e dormir até a hora do funeral.

Quando acordei meu corpo relutou em levantar, olhei para a cabeceira vendo minha foto do casamento com John, seus olhos verde mel, seus cabelos loiro e o sorriso mais apaixonado do mundo, como eu pude perdê-lo? Respirei fundo e levantei indo tomar um banho, minha mão instintivamente acariciava a barriga enquanto a água caia sobre mim.   

 Foi triste ver o caixão descer a cova, eu não tinha uma religião mas pedi muito para Deus e John não me desamparar, que ele possa de alguma forma ficar comigo já que foi tirado de mim tão cedo, quando cheguei em casa, Angelina me esperava com uma xícara de chá, forjei um sorriso torto e sentei com ela na cozinha tomando o chá que ia me aquecendo por dentro.

— Você ficará bem meu amor.  – Ela falava com sua voz doce e arrastada.

— Você me conhece melhor do que eu mesma Angie, espero que sim. – Eu disse suspirando e sorrindo.

— Esse bebê será o retorno de John para você. – Ela disse beijando minha testa e se afastando e sorri acariciando minha barriga, agora sentia me sentia grávida, agora sentia John dentro de mim e torcendo para que seja isso mesmo.

Os meses se arrastaram, cada vez estava mais próximo do bebê nascer, assim como eu e John decidimos com Louise, não quis saber o sexo até o nascimento, meu pai tinha chegado com Peyton, contando que estavam noivos, apesar da ideia me assustar estava feliz, queria que minha melhor amiga e meu pai fossem felizes como sabia que estavam sendo, isso acalmava meu coração. Isaac saia do escritório com Louise, ele a levou para ver Caleb pelo facetime. Todos conversavam empolgados, eu estava esticada no sofá acariciando minha barriga que estava enorme, sentindo leves contrações, mas conseguia relevar todo desconforto vendo que estavam todos ali rindo após meses de conturbação. Os pais de John se viam ansiosos, dizendo ser um menino e que se fosse devíamos dar o nome do pai e nada me deixaria mais feliz, mas ainda assim torcendo para que seja realmente de John, como meu coração sabia que era, mas em minha mente deixando uma pontada de duvida.

Quando entrei em trabalho de parto parecia o fim dos tempos, uma histeria se instalou pela casa, mesmo eu pedindo para todos se acalmar que estava tudo bem, fomos para o hospital e a mãe de John entrou comigo para o parto, ela chorava cada vez que se aproximava do nascimento, quando ouvi o choro da criança um choro de alivio veio a tona em mim, principalmente quando trouxeram meu garoto. Ele era lindo, tão branco quanto a neve com suas bochechas rosadas e o cabelo parecia que não tinha de tão claro que era, a mãe de John chorou copiosamente olhando o bebê ser entregue a mim, era dele, era de John, os olhos em um verde esmeralda e a seriedade no olhar, era meu John, nos olhamos chorando uma para outra vendo aquele ser sujo e tranquilo diante de nós repousando em meu peito, quando o levaram para limpar e eu descansei por um tempo vendo minha vista escurecer em cansaço.


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