Me Encontre escrita por SouumPanda


Capítulo 11
Revolta




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Eu não consiga olhar para Caleb desde o banheiro, seu olhar em mim durante a viagem toda me deixava desconfortável. Eu queria odiar ele de todo coração, mas sabia que no fundo não conseguia, mas a magoa tomava todo meu peito fazendo meu corpo doer. Quando o avião pousou, engoli seco vendo todos descerem, desanimados e cansados. Respirei fundo pegando as minhas coisas e descendo, sentindo o vento gelar meu nariz, me encolhi correndo para o desembarque, quando senti o quente do aeroporto, vi Isaac ao longe acompanhado do motorista, ele veio correndo pulando em meu colo e eu o abraçando fortemente o carregando em meu colo. O levei comigo para pegar as bagagens e ali me despedi de todos, não conseguia olhar Caleb sem chorar, engoli seco e dei um meio riso para ele e segui para o carro com Isaac empolgado contando do final de semana com Johanna e que tinha acabado de deixar ela no orfanato. Quando cheguei em casa, abracei fortemente Angelina que me esperava felicitando o aniversário, eu estava tentando não chorar, mas meus olhos marejavam a cada felicitação que chegava a mim.

— Fico feliz em saber que estou rodeada de pessoas maravilhosas ao meu lado. – Sorri educadamente e respirei fundo. – Mas preciso realmente descansar. – Disse me virando e arrastando a mala comigo para o quarto. Joguei meu celular na cama e soltei a mala, pulando na mesma. Contemplei o teto, vi chamadas perdidas no meu celular de Caleb e despenquei a chorar com o travesseiro no rosto. Respirei fundo e fui ler todas as mensagens e tinha de John o que me fez rir da sua felicitação no meio das lagrimas. “ Zoeylicius, era seu apelido quando era mais nova e devo concordar. Vim lhe desejar o melhor, paz, amor e saúde. Não posso deixar de ressaltar em como está linda e como ficaria honrado se me acompanhasse semana que vem para um jantar. Estarei em Nova York, mas faço questão de ir até Cambridge por você. Com todo amor John. ” Entre as lagrimas eu sorria, respirei fundo limpando o rosto e sentando na cama ao notar a porta se abrir e Angelina sorrir carinhosamente enquanto caminhava em minha direção.

— Algo errado querida? - Ela sentou me puxando para um abraço acolhedor e novamente comecei a chorar, era inevitável sentir a vulnerabilidade pelo meu corpo.

— Terminei com Caleb. – Falei respirando profundamente e seu dedo macio limpou minhas lagrimas e seu olhar foi terno em mim. – Ele mentiu para mim, foi imperdoável o que ele fez Angie. – Minha voz chorosa era abafada pelo abraço de urso que Angelina me dava. 

— Tudo vai ficar bem, precisa tomar um banho e descansar. Amanhã estará se sentindo melhor e você verá como tudo no tempo certo vai se encaminhar. – Ela falava ternamente e era como se seu carinho em meu cabelo e as palavras fossem entrando e acalmando meu coração. – Tudo acontece da forma que tem que acontecer, não caí uma folha se não tiver que ser. – Nos olhamos e sorri sentindo seu beijo em minha testa. -Nada é coincidência, tudo é proveniência. – Ambas sorrimos e a vi me deixar ali anestesiada com sua dose de amor fraternal.

Acordei atordoada, perdida pelo tanto dormido, meu corpo já estava melhor após dormir por tantas horas, respirei fundo procurando concentrar e minha mente que já pensava em Caleb, revirei meus olhos pela minha auto sabotagem, pulei da cama animada, pensando que vou viver a vida como esse trauma não tivesse acontecido, como se Caleb não estivesse e nunca esteve em minha vida. Tomei um banho e coloquei uma roupa quente. Começava a fechar o tempo e marcava para começar a nevar. Enquanto descia colocando o cachecol, pensando em não encontrar meu pai tão cedo, queria poder absorver e não falar demais, escutei a campainha tocar, engoli seco olhando a porta e vendo Angelina ir abrir,  Annabelle estava ali, parada com cara de ressentimento e triste. Eu sorri gentilmente e ela entrou sem graça vindo ao meu encontro e me abraçando. Nunca pensei que a primeira pessoa a me consolar seria ela, a irmã dele.

— Zoe. – Ela disse me apertando fortemente e se afastando o suficiente para me olhar. – Sempre soube que você não merecia meu irmão, não merecia o que ele te fez, eu implorei para ele ficar longe de você. Ele me garantiu que não iriam tão longe e agora os dois estão magoados. – Ela disse com a voz arrastada, eu não conseguia esboçar nenhuma expressão, mais alguém sabia e não queria me contar?  Será que todos sempre riram de mim me vendo ser enganada facilmente?  - Hunter está tão possesso, Caleb prometeu para ele que cuidaria de você.

— Hunter sabia? – Perguntei com a mente distante, sentindo certa pontada na cabeça pensando que até aquele que sentia que fosse meu melhor amigo, me enganou. Meu sangue começou a ferver na raiva e vi Annabelle engoliu seco, sabia que ela não falou por mal.

—  Ele me disse que tentou te falar uma vez, mas não conseguiu. – Ela disse com pesar e lembrei do episódio, respirando fundo.

— Tem razão. – Olhei para meu relógio de pulso e forjei um sorriso. – Temos que ir, última semana de aula para as festas de final de ano. – Disse tentando parecer animada, olhei Angelina que me olhava com pesar, respirei fundo contendo os olhos marejados e sorri para Annabelle.  Ela esperou eu sair com o Aston Martin, quando me acompanhava com sua Ferrari atrás, eu não sentia o quanto estava pisando. No radio tocada a musica do Keane Somewhere Only We Know, podia sentir as lagrimas se formando e marejando meu rosto, engoli seco e respirei como se fosse engolir o choro na garganta. Desliguei o rádio, vendo Annabelle no retrovisor e quando entrei no campus parei em uma vaga e ela do lado. Peguei as coisas e desci, a vi franzir a testa e vir na minha direção.

— Queria se matar? Quase que não consigo te acompanhar. – Ela disse dando uma certa bronca e eu forjei um riso torto, vendo Peyton vir em nossa direção.

— Estou tentando falar com você desde ontem Zoey. – Ela me abraçou e quando me soltou olhou atrás de mim e vidrou seus olhos. – Annabelle nos contou do Caleb, sinto tanto Zoey. – Peyton tornou me abraçar e eu forjei mais riso torto.

— Quem nunca terminou um namoro não é mesmo? Que atire a primeira pedra. – Eu queria que pensassem que eu estava bem, eu queria estar bem. Annabelle franziu a testa, Peyton olhava distante e eu me virei. Caleb nos olhava e vinha em nossa direção, meu coração parecia saltar do peito, o choro estava entalado, Annabelle tomou a dianteira indo em direção ao irmão e querendo impedir ele de se aproximar, mas não adiantou.

— Temos que conversar Zoey. – Ele me olhava com olhos brilhando e marejados, espreitei meu olhar franzindo a testa. – Em particular. – Ele falava olhando Annabelle e Peyton. Quando voltava o olhar azul acinzentado em mim. – Por favor. – Ele quase sussurrou  segurando meu braço e me puxando próximo dele, nos olhamos e engoli seco.

— Não quero conversar com você. Não temos mais o que conversar, negócios apenas com meu pai. – Eu disse trincando os dentes, forçando meu braço para que soltasse, vi Hunter vir em nossa direção e fuzilar Caleb. – Me solte.

— Não vou te soltar até me escutar. – Ele disse marcando seu maxilar com os dentes trincados, todos os olhares estavam em nós, revirei os olhos e neguei com a cabeça tentando novamente soltar meu punho. Caleb relutava assim como eu forçava que soltasse, ele se abaixou rapidamente me pegando pelas pernas e jogando em seu ombro, eu gritei com o gesto e sabia que todos nos olhavam, eu me debatia, vi ao longe todos com olhos assustados olhando, surpresos com o que viam. Caleb me colocou no banco do passageiro do seu carro e me trancou ali até dar a volta e entrar e nos trancar novamente. Eu forçava ferozmente a maçaneta em vão e bufando. – Eu te amo Zoey, naquela manhã eu pedi demissão. Porque queria ficar  com você, ia te contar. Não quero te perder Zoey, eu amo você.

— Não quero mais saber de você, se me ama mesmo vai entender isso também. – Engoli seco. – O que chama de amor, eu chamo de querer ter o controle. Olha o que você acabou de fazer. Acha isso normal? Não é romântico, é humilhante. Todo mundo ficou olhando. – Respirei fundo e ficamos em silencio. – Você se divertiu com a filha do chefe e acabou, não preciso mais de você. Única coisa que sinto por você é pena, por ser tão baixo.

— Não acredito em nada que diz. – Ele segurou meu rosto com ternura e engoli seco sentindo sua respiração próxima assim como seu perfume. Fechei os olhos sentindo seus lábios próximos aos meus, ele passou suavemente os lábios sobre os meus, abri os olhos nos encarando.

— Eu te amo, você tem razão. – Falei baixo o encarando. – Só não sou mais obrigada a aguentar isso, não sou obrigada em acreditar em você de novo. Estou magoada, me sinto traída.  Eu preciso respirar e com você perto não consigo, então por favor. – Eu tentei abrir a porta e continuava trancada. – Me deixe sair daqui. – Eu falei com a voz chorosa, ele me olhava, comecei puxar o ar e ele não vinha, eu realmente precisava respirar, meu peito se comprimia, eu sentia lagrimas pelo rosto, o olhei em misericórdia, pude ouvir ele sussurrar meu rosto e tudo ficou preto. Ouvia ao longe uma música triste, Damien Rice The Blower’s Daughter, fui abrindo os olhos que eram ofuscados por luzes fortes. Vi Peyton embaçada e ela falando meu nome, quando eu sentei colocando a mão na cabeça que doía demais, ela se sentou na cama.

— Precisa comer mocinha. – Peyton falava, quando vi que eu estava na enfermaria, tocava nos autofalantes do campus a música e respirei fundo. Caleb estava parado na porta, com os olhos tristes, mas em mim. – Passou por muitas coisas, vá para casa, comer e descansar.

— Tudo bem doutora Peyton. – Tentei falar em bom humor, vendo o olhar de Caleb se abaixar. Quando peguei minhas coisas saindo da enfermaria, ele veio em minha direção. – Me deixe, estou bem. – Falei rudemente andando pelo corredor, vendo Hunter vir em nossa direção. - Me tira daqui?

— Claro. – Hunter me amparou passando os braços em torno de mim e me direcionando dali, sob o olhar e Caleb petrificado em nós. Hunter me levou para casa, com um silencio entre nós, quando ele estacionou na garagem, nos olhamos e forjei um sorriso. – Promete se cuidar Zoey.

— Estou bem, não tomei café e ontem cheguei e não comi nada também. – Suspirei. – Uma boa comida da Angie vai me fazer ficar novinha em folha. – Sorrimos um para o outro saindo do carro e Hunter me abraçando e me reconfortando. Ficamos assim por alguns instantes quando ele se afastou.

— Pode pedir para o motorista me levar? – Eu apenas concordei e ele sorriu gentilmente se despedindo. Quando Hunter se foi meu peito se comprimiu, nunca me senti tão cansada na vida, quando entrei vi meu pai sentado a mesa e meus olhos marejaram, nos encaramos e ele abaixou seu olhar sem conseguir me olhar diretamente.

— Parabéns querido pai, por me ferrar mais uma vez. – Ele me encarou com seu olhar frio e calculista mais uma vez.

— Eu estava te protegendo Zoey, você não consegue deixar ninguém se aproximar e não teve outro jeito, não achei que duraria tanto. – Ele disse friamente, franzi a testa. – Não vou me desculpar por te proteger.

— Me fazer sofrer não é me proteger, me fazer acreditar em algo que não existia não é me proteger. – Eu falava alterada. – Proteger é dar a confiança que a pessoa pede, dar créditos a ela e você não sabe o que é isso. Porque sempre age sendo frio, um bastardo calculista e egocêntrico que protege apenas seus interesses. Se quer me proteger mesmo, fique na puta que pariu que seja, não faça nada, me esqueça aqui, não precisamos de você para ocupar o quarto no final do corredor e a ponta da mesa. Não preciso de um contador e de ninguém pague minhas contas. Minha mãe deixou muita coisa para mim e Isaac, então não apareça aqui não, não faz sentido vir aqui, ler jornais e ficar se intrometendo na minha vida. Some pai. Aproveita que ainda não desfez as malas e volta para sua preciosa capital, a casa é herança minha, Herança da minha mãe.  Então desapareça daqui. – Passei por ele que estava petrificado, lagrimas escorriam pelo meu rosto, me virei para meu pai que não tinha reação do meu surto. – Não tem mais autoridade por aqui, sou maior de idade, Isaac ficará aqui comigo, quando quiser ver ele é só avisar. – Respirei fundo contendo as lagrimas. – Angie acompanhe o deputado até a porta. – Eu disse o vendo pegar sua maleta e ir petrificado para a porta que Angelina abriu e sorriu cordialmente, ele me olhou pela última vez no meio da escada. – Mandarei suas coisas para lá o mais rápido possível, agora saia. – Assim que a porta se fechou, senti minhas pernas cederem e sentei no degrau da escada chorando inconsolavelmente, Isaac veio até mim, me abraçando e ficando ali comigo. Eu não me aguentava, meu corpo estava cedendo ao cansaço emocional, como poderia sentir tudo isso em pouco tempo, senti meu estomago revirar, soltei Isaac grosseiramente e corri para o banheiro caindo de joelhos e vomitando apenas o suco gástrico que continha no estomago. Após alguns minutos me sentei encostando no vaso e limpando a boca com a pergunta de Caleb ecoando na mente. “ Zoey você está gravida? ” Bufei e revirei os olhos negando com a cabeça meu pensamento e respirei fundo, pensando o que faria agora da vida.


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