A noite tinha acabado ali, Caleb estava calado e eu apenas sentada bebendo minhas doses incansáveis de whisky, não queria estragar a noite de ninguém. Tínhamos vindo até aqui para essa única noite, não acho justo um mal-entendido entre Caleb e eu acabar com a noite dos demais, eu não cometi nenhum crime, eu tinha o direito de cumprimentar e conversar com quem eu quisesse, seja ele um ex namorado ou um desconhecido. Sentia a bebida fazer seu trabalho e minha visão ficar embaçada, quando o chamei para ir embora, deixando o restante do pessoal ali. Ele ainda não falava nada, apenas me olhava em silencio, me julgando por algo que nem aconteceu. Quando abri a porta do quarto, fui descendo o zíper do vestido e indo tomar um banho, quando saí enrolada na toalha e secando o cabelo, Caleb estava sentado sem camisa na beirada da cama me olhando secar o cabelo, engoli seco e um tanto incomoda com o silencio dele.

— Algum problema? Você literalmente esta calado, não fala comigo desde a boate. – Falei franzindo a testa enquanto colocava uma camisola acetinada e deitando na cama, o vi olhar por cima do ombro e bufar.

— Quase morri ao ver você conversando com aquele cara, quis socar ele por te tocar, fiquei cego, o imaginei te tocando como eu te toco e perdi a cabeça. – Ele falava com os dentes trincados, subindo sob mim, segurando meu rosto com certa força, seus olhos penetravam os meus, senti um soco no estômago e logo senti sua língua invadir minha boca em um beijo intenso e o parando rapidamente. – Eu amo você Zoey, sei que é errado, mas te amo, nunca amei ninguém assim, e não sei o que fazer com tudo que sinto e muito menos com você.

— Só me ame. – Eu sussurrei, selando nossos lábios e sentindo Caleb pressionar o seu corpo contra o meu, o corpo dele quente, seu perfume, o cabelo macio que deslizava pelos meus dedos, seu quadril em movimentos lentos em mim, não queria que aquilo acabasse. Ele tinha dito que me amava, estava completamente apaixonada por aquele homem, quem não sabia o que fazer era eu, ele parecia uma parte de mim, na qual eu não queria me ver sem.

O sol invadia o quarto, a claridade ofuscava meus olhos que relutavam a ser abertos, quando vi entre os flashes da manhã o sorriso de Caleb e seu olhar azul acizentado em mim, sorri cordialmente para ele, senti puxar meu corpo para o dele, me afundando em seu peito, logo senti um beijo carinhoso no meu cabelo e seu carinho no mesmo, ele estava calado, pensativo e carinhoso demais. Eu me reconfortei na situação, sentia meu corpo pesado mesmo tendo dormido bem, podia notar que estava ficando doente, com o carinho de Caleb adormeci. Acordei com o vento gelado invadindo o quarto, abri os olhos sentando na cama e procurando Caleb, puxando o lençol para meu corpo, o ouvi na sacada em um telefonema, ele parecia deprimido enquanto falava, tentei disfarçar e não ser a pessoa enxerida, mas era perceptível o olhar triste e perdido dele. Logo batidas frenéticas na porta me fez pular no susto em ser pega, coloquei o hobbie por cima do corpo e abri a porta vendo Ellie e Peyton com suas olheiras da noite passada. Eles foram entrando e olhando em volta, arqueando a sobrancelha vendo Caleb na sacada de samba-canção e sem camisa, sorrindo maliciosamente, revirei os olhos rindo e pulando na cama, abraçando o travesseiro que ele tinha dormido.

— Porque vieram embora cedo ontem? Perdeu o próprio aniversário. – Sorri sem graça ouvindo Peyton questionar o fiasco da noite de ontem.

— Clima nada favorável ontem lá, mas agora está tudo bem. – Falei vendo ambas me olharem em questionamento.

— Miga, ontem um tanto alterada pela grande quantidade de álcool, eu posso ter dado seu número para o Deus grego britânico. – Ellie falava relutando, meus olhos de espanto sobre o que ela falou me fez sentir o estomago embrulhar.

— Para quem? – Questionei. – John? – Perguntei exaltada e elas apenas afirmaram e logo uma mensagem apitou em meu celular e era John, me chamando para um café, meu estomago e todo meu corpo gelar não contendo o excesso de saliva formado na boca, corri para o banheiro sentindo a boca amargar com o vomito que despejava no vaso. Após uns minutos saí do banheiro lavando a boca e secando em uma toalha com o olhar de espanto de ambas em mim.

— O que foi isso? – Questionou Peyton com os olhos arregalados.

— Eu com uma crise de ansiedade? – Respondi em questionamento.

— Ou você gravida né? – Ellie disse em bom humor e tentei forjar um riso, mas  senti um frio gelar minha barriga só de imaginar. Caleb entrou no quarto e ambas sorriram para ele. – Bom, vamos indo, nosso voo sai no anoitecer e quero comprar algumas coisas. – Ellie foi empurrando Peyton para fora que olhava Caleb me fazendo rir. – Até mais. – Ellie disse fechando a porta.

— Aconteceu algo, está tudo bem? – Caleb questionou me puxando pela cintura e me abraçando, senti um beijo terno no topo da cabeça e afirmei com a mesma positivamente.

— Estou sim, só preciso deitar mais um pouco. – Eu disse manhosamente e ele sorriu gentilmente. – E com você? Parecia uma ligação tensa. – Questionei e o vi desviar o olhar.

— Negócios. – Ele disse me afastando e respirando fundo. – Vou tomar um banho e depois vamos tomar um café tudo bem? – Ele disse deixando o celular sobre o criado mudo, afirmei novamente sorrindo e o vi entrar no banheiro enquanto me jogava na cama sentindo meu corpo afundar na mesma. Estava em um sono leve, ouvi o celular de Caleb vibrar em constância e respirei fundo sentindo um certo receio em olhar quem seria. Parecia que eu ia cometer crime federal, a adrenalina invadia meu corpo, sentei na cama e logo olhei franzindo a testa e vendo o nome escrito. “ Sr. Johnson”, um arrepio pelo meu corpo era inevitável, eles mal se olhavam nos olhos, o que falariam por telefone? Respirei fundo sentindo minha boca secar e ouvindo o chuveiro cair, relutei em pegar o celular, mas o impulso tomado pelo corpo foi mais forte. Meu pai tinha deixado um recado na caixa postal, respirei fundo apertando para escutar e colocando lentamente o celular no ouvido.

“ Caleb, Zoey é sua responsabilidade, te pago para protege-la. Não pode simplesmente se demitir e querer se afastar dela porque esse joguinho de adolescente foi longe demais para você. Te paguei uma boa quantia adiantado. Agora cumpra seu dever e seja homem“.

Meu corarão estava batendo tão forte que sentia uma certa canseira, assim como o choro estava entalado na garganta, meus olhos estalados olhavam para a porta do banheiro, olhei todas as chamadas de Caleb e maioria teria sido para meu pai, era com ele que ele falava na sacada, lagrimas escorriam isoladamente pelo meu rosto paralisado. Olhei a porta se abrindo e ele esboçando um sorriso, vindo em minha direção. Mas parando ao me ver com lagrimas no rosto e o celular dele na mão.

— Zoey. – Ele disse em pesar e eu engoli seco.

— Como pode fazer isso comigo? Minha voz se alterou e lagrimas escorriam como nunca pelo meu rosto. – Eu confiei em você, acreditei em você, amei você. Para saber que está sob contrato com meu pai? Sério isso Caleb? Meu segurança?  Me diz como foi foder a filha do chefe por tanto tempo?

— Zoey, eu iria te contar quando chegássemos de viagem, tudo fugiu do controle, não queria...

— Queria o que? Que eu descobrisse e acabasse com sua diversão? – Eu tentava controlar, mas me pegava gritando. – Você é um idiota. – Joguei o travesseiro nele, assim como na sequencia joguei o celular. – Eu te odeio, me odeio. -  O choro era fluido e não conseguia controlar, ele estava paralisado me vendo, logo tentou se aproximar, o encarei limpando as lagrimas. – Você não tem ideia de como te amei, e você me enganou, se aproveitou disso e nada foi real. – Eu falava olhando as lagrimas cair sobre o lençol.

— Você tem que me ouvir Zoey, não é como pensa. – Ele se aproximou sentando na ponta da cama me encarando. – Eu te amo Zoey, eu realmente te amo muito. – Ele dizia um tanto espantado. – Não pretendia que te amar assim, mas você é complicada em deixar as pessoas se aproximarem, e como queria sua liberdade seu pai pediu para não te contar. – Nos encaramos, podia ver os olhos azuis dele marejados, respirei fundo limpando as lágrimas e trincando os dentes.

— Mas eu não te amo Caleb. – Eu disse com os dentes trincados. – Na verdade te odeio e não acredito em nada que me diz, não posso acreditar em você, sabendo que a maior parte foi mentira. -  Eu me levantei caminhando indo para o armário e jogando as coisas dele no chão. – Faz o favor de sair desse quarto e como um bom empregado, mantenha a distancia.  Não quero que dirija a palavra a mim, não quero que respire perto de mim. EU NÃO PRECISO DE SEGURANÇA – Eu jogava histericamente tudo no chão, quando ele me olhava assustado. – Se foi pago para me proteger, deveria me proteger de você, antes uma bala de qualquer atentado, do que fazer o que você fez. Agora pegue tudo isso e suma daqui. – Eu gritei e ele levantou com a toalha envolvida no quadril me olhando, foi em direção a porta a abrindo e saindo do quarto, não levando nada. Assim que ele fechou a porta, fui até a mesma trancando e sentando atrás da mesma chorando e ficando ali por alguns minutos.  Meu peito doía, minha respiração parecia pesada e me faltava ar, me levantei indo até o banheiro e lavando o rosto, que estava com os olhos inchados e vermelhos, senti um enjoo e não contive em vomitar, mesmo sem nada no estomago. O estresse estava fazendo meu corpo doer, me fazendo vomitar, fazendo minha cabeça doer como nunca, fui para a cama e deitei na mesma afundando meu rosto no travesseiro e chorando até dormir, passando o dia ali, deitada até a hora de pegar o avião. 

Me levantei com muito esforço, escutando batidas frenéticas na porta. Vi Peyton e Hunter parados me olhando assustados e vendo todas as roupas de Caleb no chão, dei espaço para que entrassem, enquanto ia arrumando minha mala.

— Zoey, ficamos preocupados, está tudo bem com você? Encontramos Caleb no corredor de toalha e ele pediu para que te deixássemos quieta. – Peyton disse me abraçando e eu respirando fundo apenas afirmando com a cabeça.

— Estou bem. – Disse frigidamente e sentei pegando meu celular, vendo ligações do meu pai, Peyton, mensagem de Caleb e algumas de John. – Preciso arrumar minhas coisas. – Eu disse no automático e respirei fundo me levantando, indo até o armário e pegando uma roupa e colocando a mesma, quando saí do banheiro trocada, Peyton e Hunter me olhavam em silencio. – O que foi?

— O que aconteceu com vocês? – Hunter disse engolindo seco, os olhos curiosos de ambos me fizeram forjar um sorriso.

— Apenas terminamos, decidimos que era melhor assim, vou descer para comer algo, se virem Caleb pede para ele vir arrumar a mala dele, quando eu não estiver, já vou levando minhas coisas e se encontramos lá embaixo para irmos para o aeroporto. – Falei no automático e eles apenas afirmavam com a cabeça, peguei minha mala indo para fora do quarto e fechando a porta sob o olhar dos dois em mim. Apenas fui pensando no que esperava com meu pai, tinha que deixar claro o mal que ele me fez, isso teria volta, com toda certeza. Ele deveria ter sido direto comigo e não permitido passar tanto tempo por isso.  

Quanto todos estavam para postos para pegar os carros, entrei em um com Peyton, Hunter, Ellie. Caleb nos olhavam, sentia seu olhar em mim, queria olhar para ele sem chorar, mas só de pensar nele, sentia lagrimas se formarem em meus olhos. Entramos no jato, sentei onde tinha vindo, o vi andando pelo corredor e sentando na poltrona da frente de costas para mim, meu peito se comprimia o vendo ali, respirei fundo contendo as lagrimas, estava um silencio absoluto na viagem de volta, todos sentiam o mesmo desconforto, Peyton estava de frente comigo, Hunter e Annabelle sentados próximo a Caleb. Levantei para ir para o banheiro, precisava lavar o rosto, meu estomago estava um caos, acompanhando minha vida. Quando abri a porta do banheiro Caleb me olhava, franzi a testa e ele não se movia da minha frente impedindo a passagem. Ele puxou a cortina sabendo que todos nos olhavam e me empurrou para dentro do minúsculo banheiro, ficamos nos olhando por instantes, quando o vi engolir seco.

— Quando pousarmos esse avião, saiba que seus serviços não serão mais necessários. – Eu falei com os dentes trincados e ele respirando perto e alto o suficiente para eu escutar.

— Zoey. – Ele sussurrou acariciando meu rosto, fechei os olhos por alguns instantes e senti a respiração dele próxima ao meu rosto. – Não faz assim. – Ele tornou a sussurrar. – Quero te ajudar, visivelmente não está bem.

— Ficaria melhor se você sumisse da minha frente. – Falei o encarando e engoli seco.

— Não sinto verdade em suas palavras. – Ele disse pressionando os lábios. – Obviamente não é isso que sente. – Podia sentir o perfume dele, minha cabeça latejou, assim como meu estomago girou, o empurrei e me coloquei a vomitar, sentia o olhar de espanto dele em mim, quando terminei após uns minutos e novamente fui lavar o rosto e a boca. – Zoey. – Ele disse assustado e nos olhamos. – Você está gravida?