ele me observava, esperando que eu dissesse algo. não dirigia uma palavra a mim, muito menos me olhava. pelo menos, não de verdade. era como se esperasse que eu, e apenas eu, lutasse por nós. 

 mas eu não tinha nada a dizer. não mais. infelizmente para ele. felizmente para mim. eu estava me curando. 

 ele tentava, discretamente, fazer com que eu o olhasse de volta, mas meu olhar estava distante. pela primeira vez, em muito tempo, eu olhava pra frente e não pra trás. e eu não iria sucumbir às suas súplicas silenciosas, pois eu sabia que, no momento em que eu voltasse a olhar pra ele, ele pararia de olhar pra mim. e eu percebia, agora, que eu merecia mais. muito mais. 

 merecia alguém que me olhasse de verdade, que estivesse ali por mim. e eu sabia que, algum dia, iria encontrar uma pessoa que, de fato, valorizasse-me. não podia mais lutar por alguém que só queria atenção. eu estava me curando. e me sentia bem mais eu sem ele.