Cupido, Traga Meu Amor escrita por Tricia


Capítulo 6
Noite de Estreia


Notas iniciais do capítulo

Olha eu voltando depois de um tempinho considerável, como vocês estão? Espero que bem.
Boa leitura a todos



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Adrien acomodou-se no banco de cimento do jardim da antiga casa em frente a estatua da mãe. Olhar a estatua da matriarca Agreste ou os quadros dela era tão agradável quanto melancólico.

Uma das características mais marcantes da mansão Agreste era o silencio, era raro ver um dos membros da família elevar a voz se quer dentro daqueles cômodos. Saber se comportar era essencial de modo que o silencio se tornara parte da própria personalidade dos Agrestes.

 O silencio acabava sendo agradável, mas após a perda do único membro da família que ocasionalmente fugia a regra esse mesmo silencio começara a ficar incômodo pouco a pouco para ambos os Agrestes que ficaram sem saberem bem como se ajudar a lidar com a dor que se apoderara deles.

Um homem perdeu sua esposa.

Um filho perdeu sua mãe.

Mas nenhum dos dois sabia conversar sobre.

— Se estivesse aqui provavelmente diria que esta um dia agradável para um desfile – pelo menos era o que sempre a ouvia dizer ao pai quando este estava trabalhando fiscalizando sem necessidade áreas que não lhe dizia respeito necessariamente apenas pela precaução de evitar desastres. Eram os dias que o Adrien criança evitava cruzar se quer o caminho com o do patriarca. Bons tempos se comparados aos que vieram depois.

Amelie Agreste ficaria decepcionada com o filho e o marido se visse o resultado do tempo neles, Adrien tinha certeza absoluta disso.

Uma movimentação chamou a atenção do loiro para o lado de dentro de sua antiga casa, pelas janelas grandes de vidro pode ver o pai adentrar o escritório com um tablete nas mãos e a assistente dedicada lhe explicando algo logo atrás, pois os lábios da mulher eram os únicos a se moverem freneticamente. Ele estava fazendo de novo.

Em meio ao seu monologo a assistente o percebeu observando-os, maneou a cabeça em um cumprimento sem parar de falar com o chefe.

— Ele não mudou nada, mãe – tornou a falar olhando a estatua da mulher em tamanho real sentada exatamente como a própria costumava ficar quando estava no jardim admirando seu local favorito. Observou o vento trazer uma folha da arvore alta fora da propriedade, pousando nos pés da estatua.

O tempo se tornava insignificante quando estava ali.

— Faz tempo que não vem aqui – a voz do pai soou calma, indiferente enquanto este se aproximava, sozinho dessa vez.

— Estive ocupado com o trabalho. O resultado você deve já estar vendo a essa altura.

Gabriel não respondeu e o silencio tão conhecido por ambos se apoderou enquanto fitavam a estatua feminina, até Gabriel decidir o quebrar.

— Esta um dia agradável para um desfile, não concorda?

— Concordo.

 

~&~

A porta do carro foi aberta por Gorila, os flashes piscavam enlouquecidos do lado de fora. Ajeitando uma falha imaginaria na gravata negra, Adrien saiu do veiculo, os flashes se intensificaram enquanto andava pelo tapete vermelho e algumas perguntas eram gritadas por repórteres clamando atenção.

“Qual é sua expectativa para o desfile desta noite, senhor Agreste?”

Parou. Localizando a repórter que gritara a pergunta em meio aos demais, uma jovem baixa de pele clara e pálida com cabelos ruivos e encaracolados. Aproximou-se até poder alcançar o microfone que esta segurava. Emissora TVK, pode ler no objeto, a mesma emissora de Alya.

— Um sucesso – soltou com um sorriso confiante e até charmoso – Menos que isso eu não aceito.

A jovem repórter sorriu levemente ruborizada trazendo o microfone de volta para si na intenção de fazer outra pergunta, mas fora interrompida por outra repórter, Nadja Chamack. Essa ele conhecia bem, infelizmente graças aos escândalos que esta parecia farejar a quilômetros de distancia sobre qualquer um que aguçasse sua curiosidade e sexto sentido.

— O anjo de Kang estará esta noite como modelo principal?

A curiosidade da repórter havia caído mais uma vez sobre alguém.

Os microfones vieram para si aguardando a resposta para a pergunta.

— Essa pergunta deveria ser feita ao próprio Kang. Tenho certeza que ele gostaria mais de dar essa resposta do que qualquer outra pessoa – respondeu dando um ultimo sorriso e acenando antes de retornar o caminho para as portas guardadas por dois seguranças tão grandes quanto Gorila vestindo ternos pretos com escutas nos ouvidos e olhares duros.

Os homens abriram as portas para entrar. Mal pisara no saguão e Rose logo surgira em um vestido de festa rosa que a fazia parecer muito uma formada do ensino-médio.

— Meu pai e Kang já chegaram?

— Apenas o senhor Agreste chegou, o senhor Kang esta a caminho nesse momento.

Avistou ao longe o pai em um terno branco acompanhado de Natalie em um terninho vinho conversando com Clara, uma cantora que surgira a pouco mais de um ano e se mostrava muito promissora e o agente Bob, avistou também Nino e a namorada conversando com Jagged Stone, outro cantor que possuía seu eterno respeito e por fim Chloé Bourgeois em um belo vestido branco vindo em sua direção, especificamente, fugir não seria uma opção.

— Adrien.

— Chloé.

— Sua assistente se esforçou bastante em criar desculpas para você nunca me atender esses dias – a mulher comentou levando a taça que segurava aos lábios de batom marrom da maquiagem marcada e bem feita, de relance notou a assistente se remexer ao lado desconfortável evitando olhar para qualquer um dos dois – Devo me sentir ofendida por isso?

— Se vai me pedir para demiti-la, eu não irei.

— Eu sei que quem deu a ordem foi você – a loira sorriu de forma sínica – Só não imaginava que você seria o tipo de pessoa que deixaria uma amizade longa como a nossa por um simples encontro ruim.

— Foi um encontro terrível, Chloé – pontuou sem se conter ou perceber.

— Você também não se esforçou em tentar fazer as coisas funcionarem – Adrien queria poder revidar as palavras da loira, mas precisava admitir que ela tinha razão quando se lembrava daquela noite em que o trabalho havia lhe tomado muito da paciência e ouvi-la falar do hotel, dos tempos de escola e planos para o futuro não estava melhorando as coisas, muito pelo contrario.

— O carro de Kang acabou de chegar – a assistente avisou segurando o celular próximo ao ouvido e o tablete na mão enquanto ainda tentava ficar invisível o máximo de tempo possível dos dois.

— Verifique se esta tudo em ordem. Começaremos em alguns minutos.

Rose concordou desaparecendo entre as pessoas.

— Você não vai me dizer nada para tentar consertar as coisas, Adrien – a loira chamou-lhe a atenção cruzando os braços abaixo dos seios.

— Não há nada que precise realmente ser consertado aqui, Chloé.

A amiga bufou transtornada. Talvez houvesse alguma coisa, mas ele não admitiria ali e sem mais querer esperar ela se afastou pegando a primeira taça que viu da bandeja de um garçom que passava.

Uma musica suave tocava e muitas das cadeiras estavam ocupadas. A equipe de planejamento e Market haviam feito um trabalho excelente na decoração e preparação do evento, pode constatar com satisfação.

As portas foram abertas em pouco mais de cinco minutos, Kang entrou com sua jovem acompanhante, Hana, uma atriz japonesa em ascensão pelo que sabia.

— Deve ir para os seu lugar, o desfile irá começar – Nathalie surgiu parando ao seu lado, funcionários guiavam as pessoas aos seus lugares. Os olhos da morena foram para Kang – Ele sempre chega no último minuto, quase sempre faz o evento atrasar em algum momento.

— Vamos torcer para hoje não ser uma dessas vezes – Adrien soltou acenando para Kang, girando sobre os calcanhares em seguida e indo para seu lugar acompanhado de Natalie que logo desaparecera tão rápido quanto surgia. Era quase bizarro.

Alya estava sentada na cadeira ao lado da sua.

— Esta aqui como jornalista ou acompanhante?

— Espera que eu escreva algo sobre esta noite amanha? Talvez sobre o tal anjo de Kang.

— Esta aqui apenas por ela?

— Não, obviamente, mas ouvi comentários – a mulher morena de pele em um tom chocolate com uma perspicácia invejável desde os tempos do colegial quando a conhecera tombou a cabeça para o lado com os braços cruzados e aquele olhar, ele conhecia bem aquele olhar – Atiçou minha curiosidade.

Claro que atiçou.

As luzes se apagaram por alguns minutos, ao voltarem uma musica começava a ser tocada elevando o volume gradativamente. Clara Nightingale foi ao meio do palco fazendo um discurso de abertura do evento. Palmas. Ao final as cortinas foram puxadas bruscamente e as batidas da musica se intensificaram dando inicio a musica da cantora em parceria com Nino que controlava sua estação animadamente como uma criança sentada à mesa de brinquedos.

A primeira modelo surgiu, Aurora, desfilando perfeitamente enquanto a Clara cantava.

— É estranho como sempre acabo impressionada com o que seu pai consegue criar. O talento dele não parece ter limite – Alya comentou em meio ao desfile.

Gabriel se mostrara muito animado em trabalhar com Kang depois de tantos anos, isso afetara positivamente a criação da coleção.

— Ele se empenhou bastante.

Jagged Stone subiu ao palco cantando a faixa principal de seu novo álbum acompanhando a modelo morena que estava no momento até metade da passarela tocando sua guitarra. A troca de cores das luzes se tornavam mais constantes aos refrães agitados da musica.

— Senhor – Rose surgiu com seu tablete – Kang esta no camarim.

— Aconteceu algo?

— Ele mudou a ordem das modelos, Marinette esta prestes a entrar, ele esta com ela nesse momento.

O loiro deu de ombros. Isso não afetaria tanto as coisas.

— Certo.

A musica de Stone terminou, iniciando outra de Nino antes de Clara subir ao palco novamente junto com outra modelo. As luzes coloridas diminuíram gradativamente até restar apenas duas cores e ela finalmente surgir na entrada da passarela sob a melodia suave e pouco dançante de Clara.

Marinette Dupaim-Cheng não parecia um anjo com o vestido branco repleto de correntinhas e uma tiara na cabeça sobre os cabelos, estava mais para uma deusa grega, mas independente disso...

— Ela é realmente linda, Adrien – Alya soltou ao lado inclinando o corpo para frente para ver a jovem modelo.

— Sim, ela é.

Marinette sabia encantar sem abrir a boca, apenas sorrindo e andando. Se beleza era uma dadiva dada por Deus naquele momento ele podia apostar que Deus havia dado muito para a mestiça.

 

~&~

 

O estourar de duas garrafas de champanhe foi seguido por palmas das modelos enquanto taças com a bebida era espalhadas para os que estavam ali, dentre eles Agreste e Kang.

Aquela empolgação proporcionada pela passarela, musicas e uma emoção estranhamente incrível e nova ainda pulsava dentro do corpo da cupido.

— Vocês trabalharam bem hoje – o loiro arrumou os óculos por pura força do habito erguendo sua taça, sendo acompanhado pelo coreano.

 – Foi maravilhoso do começo ao fim em todos os aspectos – Lang completou.

A cupido fitou sua taça de bebida borbulhante com a leve curiosidade do suporto sabor. Aurora bateu em sua taça em um brinde lhe direcionando um sorriso e comentando baixinho antes de ingerir um pouco da sua.

— Os champanhes são sempre deliciosos.

A cupido tornou a fitar sua taça questionando-se se havia alguma possibilidade de cupidos ficarem bêbadas com aquilo.

Cupidos não deveriam nem beber, sua consciência gritou.

— O doce anjo de Kang não bebe? – Lila se aproximou falando tão baixo quanto Aurora. 

— Lila – a loira advertiu pela quarta ou quinta vez do dia porque estranhamente a morena parecia realmente gostar de pegar no pé das pessoas. Em especial a modelo Marinette que tomara seu lugar de modelo principal ao que entendera. O tipo de humano que a cupido não gostava muito mesmo tendo conhecido tantos. Poucos mudaram com ajuda de um amor em suas vidas.

— Eu só fiz uma pergunta a ela, Aurora. Não seja tão superprotetora – Lila revirou os olhos com desdém ao passo que a cupido viu a expressão da loira ficar mais dura em uma raiva contida, mas muito aparente ainda sim.

Tocou o pulso da colega loira.

— Se quiser pode beber a minha taça, Lila. Eu realmente não bebo.

— Que boa mocinha você é – o sorriso da morena alargou um pouco e a cabeça tombou para o lado – Cuidado para não ser contaminada por nós.

— A festa pós-desfile já esta acontecendo, troquem-se e apareçam por lá. Só lembrem-se de manterem a linha, pois vocês são os rosto da Gabriel e agora do senhor Kang também hoje – o aviso de Natalie soou para todos ouvirem, Gabriel e Lang já haviam ido embora e logo após tais palavras a mulher partiu imediatamente.

— Não fique sempre abaixando a cabeça para a Lila ou ela sempre irá pegar para te atormentar como uma adolescente frescurenta – Aurora comentou enquanto as modelos começavam a se trocar e a morena se afastava para fazer o mesmo.

— Vou tentar na próxima vez.

A loira concordou fazendo um sinal para irem junto com as outras. Mais uma vez tudo pareceu se resumir à garotas andando de um lado para outro se vestindo em roupas maravilhosas e indo embora aproveitar a suposta festa pós-desfile que Aurora garantiu ser algo como uma possível extensão do trabalho e uma ótima maneira de conseguir novas oportunidades de trabalhos diferentes.  

Tudo que Marinette menos queria era um novo tipo de trabalho humano para consumi-la ainda mais.

— Se a Lila começar a te atormentar e você não conseguir se defender peça ajuda para mim ou para Natalie – a modelo aconselhou terminando de abotoar as correias da sandália de salto e pondo-se em pé em frente ao espelho de corpo inteiro.

A cupido concordou subindo a lateral do vestido azul que haviam lhe dado para vestir e se pondo a mexer em suas próprias coisas atrás da coisa mais importante para si, mas que não estava ali.

Deveria estar.

— Mari, você esta ficando pálida.

Ignorando a colega a cupido continuou a mexer nas coisas desesperadamente. O pânico se tornando cada vez mais forte dentro do peito da garota.

— Isso não é bom.

— O que não é bom, Mari? O que esta procurando?

— Meu colar. Ela não esta aqui. Eu preciso dele.

— Tudo bem, vamos falar com a Natalie e logo eles encontrarão para você. Na semana que vem você já estará com ele no pescoço.

Se Marinette não estivesse tão desesperada provavelmente abraçaria a loira por sua tentativa de conforta-la.

— Se eu não achar meu colar hoje, eu não poderei voltar para casa.


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Notas finais do capítulo

Bem é isso por hoje, me contem o que acham que irá acontecer agora com nossa cupido.
Até o próximo
Bjss



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