Eu estava tão deprimido por causa da Sakura, que nem apareci no intervalo hoje. Sabia que ela estaria se acertando com o Sasuke e eu ficaria de lado, não queria vê-los juntos. Mas agora, depois de falar com Hinata, eu me sinto até melhor. Por que será? Nunca a tinha visto pela escola, ou pelo menos não me lembro dela. O que é bem estranho, seria impossível não me recordar daqueles olhos gigantes e perolados.

Como nunca a vi antes? De todo o modo, desde que Hinata me ajudou no dia do desmaio, vira e mexe aqueles olhos de lua aparecem em meus pensamentos. Ela é tão linda! Certo, é extremamente tímida e mal me encara, vive olhando para os próprios pés ou girando os dedos indicadores. Mesmo assim, tem sido bom trocar algumas palavras com ela. A voz da Hinata é tão doce e melodiosa, eu gosto de ouvi-la. Tive muita vontade de chamá-la para sair hoje, só que por algum motivo, fiquei bastante envergonhado quando ela afirmou que também gosta de falar comigo. Não entendo o porquê disso, eu nunca fico envergonhado perto da Sakura. Nem quando entreguei o bilhete reescrito há alguns dias e a pedi em namoro.

Por que Hinata está me deixando confuso desse jeito? E por que tenho pensando tanto nela se meu coração é da Sakura? Aliás, será que ela e Sasuke estão namorando?

Sakura me falou que não poderia corresponder aos meus sentimentos, pois gosta do Sasuke desde criança. O que eu poderia dizer depois disso, ambos são meus amigos, não quero perder a amizade de nenhum dos dois. Só não sei se estou preparado para vê-los juntos.

— Naruto. - ouço meu pai me chamar.

Desço correndo as escadas para encontrá-lo na sala, olhando meu boletim escolar. Meu coração parece falhar uma batida e eu me aproximo, temeroso.

— Sim, pai.

— Suas notas estão péssimas filho, se continuar assim vou ter que tomar providências. - ele diz em tom de ameaça.

Sinto um frio percorrer minha espinha e respiro fundo.

— Me desculpe, vou melhorar.

— Se isso não acontecer, nada de férias com seu padrinho, Jiraiya.

— Mas pai! - tento protestar inutilmente.

Subo para o quarto batendo o pé depois da minha sentença e me tranco, a melhor coisa das férias é viajar com meu padrinho. Como ele quer me proibir disso? Certo, realmente minhas notas estão um fiasco, o que eu devo fazer? Sakura é a garota mais inteligente da minha sala, eu até poderia pedir ajuda à ela. Só que depois do que aconteceu, não sei se seria uma boa ideia. Não sou masoquista e ficar ao lado de Sakura assim, seria uma tortura para mim. Preciso achar uma solução, do contrário, terei as piores férias da minha existência! Bom, tem a Ino e o Shikamaru também, só que os dois são meio chatos, Sasuke também é um gênio, porém nos últimos dias ele está meio emburrado comigo, alegando que eu quis tesourar o lance dele com a Sakura, enfim. Quem poderá me ajudar, afinal?

Me jogo na cama, sentindo meu cérebro latejar de preocupação e tento racionar ao menos uma vez na vida. Quem é inteligente o suficiente e não é tão chato? Não me veem ninguém à cabeça! Levanto emburrado e decido esquecer isso e espairecer, se minha mãe souber das minhas notas, capaz de me deixar de castigo. Melhor eu aproveitar minha liberdade enquanto posso. Deveria ter chamado Hinata para comer ramen hoje, por que fui tão covarde? Não seria um encontro, apenas uma forma de agradecê-la, afinal de contas.

Afasto esses pensamentos estranhos e resolvo dar uma volta, depois penso no que fazer. Como não convidei Hinata, decido ir comer sozinho, não sei nem como desmaiei àquele dia. Para falar a verdade, nem sei se foi por ter saído de casa com a barriga vazia. Não cheguei a comentar o episódio com meus pais, não queria preocupá-los à toa. De qualquer jeito, deixa essa história pra lá.

Sigo andando pelas ruas de Tóquio, então avisto uma garota baixinha, de longos cabelos azulados, ela olha despreocupadamente a vitrine de uma loja com roupas femininas. Eu paro e fico encarando sua silhueta, achando-a muito familiar. No instante seguinte, a garota vira o rosto e meu coração dá uma leve acelerada. É a Hinata.

Devo ir falar com ela? Nesses últimos dias, sempre que a vejo eu tento engatar algum assunto. Talvez Hinata se incomode com isso, acho melhor não importuná-la. Tento mudar de rota, para que Hinata não me veja, mas quando dou por mim, meus pés estão me levando até ela.

— Hinata? - chamo um pouco receoso, vai que ela pensa que estou perseguindo-a.

— Ah, oi Naruto. - ela responde com a típica voz doce e novamente observo suas bochechas adquirirem um tom rosado.

Tão fofa.

— Eu estava passando por aqui e te vi, não sabia se deveria falar com você ou não. Também não queria ser inconveniente. - tento me explicar, ficando ligeiramente nervoso.

Enquanto ela só me olha com aqueles olhos gigantes.

— Você não é inconveniente, Naruto. Eu estava pensando em comprar algo para a minha mãe, mas estou indecisa.

— Hinata profere a frase sem gaguejar e continua me olhando nos olhos, o que eu acho bem incomum. Todavia, gosto muito.

— Bom, já que te encontrei, que tal irmos comer ramen? Eu estava indo fazer isso nesse momento.

Finalmente crio coragem para convidá-la.

— Bom... - Hinata parece refletir sobre meu convite. - Não sei se deveria.

— Vamos, depois eu posso tentar te ajudar a escolher algo para sua mãe. - tento persuádi-la.

— Então tudo bem. - ela aceita e sorri para mim.