— O que está fazendo? - meu pai me encara com uma expressão dura.

Nitidamente me repreendendo com o olhar, enquanto isso, Hina já está em pé. Arrumando as coisas.

— Pai, eu só estava explicando uma coisa pra Hina, nada demais. - tento me explicar e meus olhos param em Hinata, com a mochila nas costas.

— E-eu já vou, Neji está aqui perto com Tenten, ele vai me levar para casa.

Hinata está extremamente vermelha e olha para os próprios pés. O que aconteceu aqui, afinal? Ela iria me corresponder? Hinata queria me beijar? Será que estou tendo alucinações?

— Eu posso te levar, Hina. - digom já me levantando.

Eu preciso entender o que quase aconteceu há pouco, tenho que falar com ela.

— Naruto, deixe-a ir, nós dois precisamos conversar.

Droga!

Por que ele quer falar comigo logo agora? Não pode esperar eu me resolver com a Hinata?

— Mas pai... - tento argumentar, mesmo sabendo que será uma causa perdida.

Minato nunca volta atrás em uma decisão, ele é meu pai, afinal.

— Agora, Naruto. - ele é incisivo, eu só posso suspirar e aceitar.

— Até mais, Hinata. - me despeço, a contragosto.

— Até, me desculpe qualquer coisa. - ela faz uma mesura rápida e sai pela porta.

Eu encaro meu pai, completamente emburrado e me jogo no chão, com as mãos na cabeça.

— Sei que você deve estar me odiando agora, por ter feito isso, Naruto. Só que tenho um motivo.

Vejo meu pai se juntando a mim e permaneço em silêncio. Qual motivo seria esse? Nesse momento, não consigo imaginar nada mais importante do que descobrir o que Hinata sente por mim, aliás, também preciso entender com clareza o que sinto por ela.

— Não falei nada antes sobre isso, por que pensei que você fosse demorar um pouco mais para perceber o que estava acontecendo entre vocês. - ele inicia o assunto e eu ergo uma sobrancelha, curioso para ouvir o que virá a seguir. - Não queria influenciar seus sentimentos, então esperei. Entretanto, depois de vê-lo quase se jogando para cima da Hinata hoje, acho que já posso falar o que penso desse assunto.

Meu pai coloca a mão sobre minha nuca e eu sinto o peso das suas palavras me atingirem. Ele percebeu?

— Tenho te observado Naruto, nas últimas semanas, sua mãe e eu vemos você suspirar pelos cantos, sorrir feito bobo e balbuciar o nome da Hinata incontáveis vezes. - eu arregalo os olhos envergonhado, mas os olhos do meu pai não demonstram julgamento. - Já até ouvi você murmurar o nome dela enquanto dormia, pelo visto está gostando dessa menina, estou certo?

Ele quer falar de sentimentos? Sou tão transparente assim para meu pai me ler dessa forma? Achei que era discreto sobre o que sentia!

— Tenho medo de estar confundindo tudo de novo, assim como fiz com sakura! - despejo, passando as mãos pelos cabelos.

Se é para falar disso, então vamos falar, quem sabe meu pai não pode me ajudar a entender o que está sendo tão difícil para mim, afinal.

— Sakura fazia você sentir as mesmas sensações que a Hinata faz?

A pergunta me pega de surpresa, mas não preciso pensar muito para responder.

— Não. - afirmo, categórico.

— Então acho que já tem sua resposta.

— Pai, as coisas não são tão simples assim, não sei se Hinata sente o mesmo por mim. Aliás, será que eu não estou misturando minha gratidão com amor? E se eu estiver confundindo meus sentimentos? - me sinto extremamente confuso.

— Você já tem idade para identificar o que sente, pode muito bem descobrir o amor. Basta olhar para dentro de si e se perguntar o que verdadeiramente sente pela Hinata. - eu respiro fundo e faço que sim com a cabeça. - Sobre o outro ponto, essa garota gosta de você, Naruto. Sua mãe e eu percebemos assim que colocamos os olhos nela. - eu encaro meu pai com o cenho franzido, como assim?

— Vocês estão enganados, acho que ela gosta do Kiba.

— Naruto, está nos olhos dela, meu filho. É só você se esforçar um pouco mais e conseguirá enxergar também.

— Será mesmo? Então por que vi ela e Kiba tão próximos um do outro?

— Você perguntou a ela o que aconteceu nesse dia? - a pergunta me faz refletir por alguns segundos.

— Não. - assumo, envergonhado.

— Você deveria conversar antes de tirar conclusões precipitadas, também precisa expor o que sentiu quando a viu tão perto de outro garoto. - me aconselha e eu assinto.

— Obrigado pelos conselhos, pai.

— Eu ainda não terminei. - claro, lá vem bomba. - Sabe como Hiashi Hyuuga é, não? Lembra que eu precisei pedir permissão pessoalmente para Hinata te ajudar aqui em casa, sob minha supervisão, não se lembra? Não vá estragar tudo, é minha palavra que está em jogo. - respiro fundo e sinto um arrepio na espinha, o pai da Hina realmente me assusta. - Primeiro tenha certeza do que sente com relação a ela, antes de tomar qualquer liberdade com essa menina. Depois, vá conversar com Hiashi e peça permissão a ele para ficarem juntos. Hinata é uma boa garota e gosta de você, não quero que saia machucada disso, estamos entendidos?

— Sim, pai. - concordo, pensando em tudo que ouvi.

— Além disso, sua mãe e eu não queremos que você se machuque também. Nós sabemos o quanto você ficou triste por não ser correspondido pela Sakura Haruno.

— Tem razão, preciso descobrir o que sinto aqui dentro. - coloco a mão no meu coração e vejo meu pai suspirar em resposta.

— Algo me diz que você já sabe, filho. Só precisa aceitar. - ele dá um meio sorriso e passa o braço direito sobre mim. - Eu também tive essa mesma dificuldade para reconhecer o que sentia pela sua mãe, acho que não somos tão diferentes.

Eu sorrio ao ouvir isso e fico imaginando meu pai passando pelo mesmo dilema que estou tendo agora. Será que todos os homens dessa família são tapados para o amor?

— Será que é a Hinata, pai? - questiono, achando que ele pode me dar mais essa resposta.

— Isso é você que precisa descobrir, meu filho. Porém, acho que se ainda não a ama, está correndo sério risco de vir a amar.

Eu o encaro, sentindo meu peito acelerar imediatamente.

— Amar a Hinata... - repito para mim mesmo.

— Você está crescendo, Naruto. A vida adulta é complicada, mas Kushina e eu estaremos sempre aqui para o que precisar.

Depois de me jogar essa bomba, meu pai me dá um abraço e sai para buscar minha mãe na casa de uma amiga. Me deixando sozinho com meus próprios pensamentos. Minha cabeça não para de pensar em tudo o que ouvi. Estou realmente gostando da Hina? Ela sente o mesmo por mim?