Young Justice - Light In The Shadow escrita por Dhuly


Capítulo 6
Iceberg Lounge


Notas iniciais do capítulo

Para todos os fãs da Celeste e todo mundo que gosta da personagem.
Mostrando as consequências das atitudes dela no finale da primeira temporada. Gotham não perdoa!
Boa leitura!



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g o t h a m

Celeste se movia sensualmente na batida da música que preenchia seus ouvidos e cada canto daquela balada no centro da cidade. Ela precisava daqueles pequenos prazeres que estava tentando encontrar dia após dia nas boates noturnas daquela que agora sua vida, já que durante todo o dia ela mal se dignava a levantar da cama ou fazer algo que sugerisse muito mais do que dez passos. A garota que sempre fora o melhor de si mesma não queria admitir, mas estava quebrada.

A cidade inteira a odiava, pelo que tinha feito a favor de sua irmãzinha e por ter feito sua equipe de merda comer poeira naquele dia. Alexis não estava blefando quando havia dito que não deixaria aquilo passar batido, havia colocado uma recompensa sobre sua cabeça e a filha da Mulher Gato agora tinha que olhar duas vezes por cima do ombro com medo de qualquer pessoa que se aproximasse. Roubar com seu alter ego de Kitty era impensável no momento, já que competir com os outros vilões de Gotham era suicídio.

A jovem Kyle ignorou aqueles pensamentos, tinha que ignorar ou a situação ficaria pior do que estava. Dançou e dançou mais, mexeu o quadril grudada em uma bela garota de cabelos negros como os dela mesma, depois pulou para os braços de um rapaz tatuado e por fim se viu na garras de mais uma menina, porém essa fez ela dar gritinhos de alegria quando percebeu quem era.

— Fauna! — Ela exclamou por cima da música altíssima, porém percebeu que a ruiva apenas entendeu o que disse por leitura labial. Logo Celeste achou melhor levá-la até o banheiro feminino onde a música era mais baixa e menos alucinante.

Duas garotas estavam se agarrando no canto do banheiro e gemidos estranhos vinham de um dos boxes, mas a de cabelos negros apenas ignorou levando a amiga para o canto mais escuro.

— O que você está fazendo aqui? — Celeste perguntou mas foi surpreendida por um abraço da outra seguido por um soluço choroso. — Por que está chorando sua louca?

— Porque eu estava sentindo sua falta! — A ruiva com pele em um tom mais esverdeado secou as lágrimas nas mangas de seu vestido musgo e colado no corpo. — Você fugiu de seu antigo apartamento e não me deixou nem mesmo uma mensagem. Eu e o Steven estamos procurando você a semanas e…

— O Steven? O que ele tem haver? — Ela não queria se lembrar do lunático que amava ela e que ela também gostava um pouco, por mais que aquilo nunca fosse sair de sua boca a menos que estivesse com uma arma apontada na face.

— Como ele não estaria? O pobrezinho está mais pirado do que nunca desde que colocaram sua cabeça a prêmio, ele também está louco atrás de você e até arrumou briga com o Ethan. — A filha de Hera Venenosa explicou ainda secando as lágrimas e com a voz chorosa. — Por isso que estive te procurando igual uma louca, o Ethan prendeu o coitado do Steven e disse que vai matá-lo se você não aparecer para resgatá-lo no Iceberg Lounge.

Celeste levou uma mão a têmpora pensando na merda que aquele louco havia se metido daquela fez e o pior de tudo: por causa dela. Ela respirou profundamente três vezes para manter a calma e colocar sua cabeça no lugar, agradecendo muito por não ter tomado ou ingerido nada aquela noite.

— Vamos por partes, porque para início de conversa ele foi arrumar confusão com o Ethan?

— Porque o Pinguim Júnior também está colocando os capangas deles por toda a cidade atrás de você e o Stevenzinho não ficou nem um pouco feliz com isso. — Fauna contava do jeito distorcido dela e com muita empolgação. — Ele foi tirar satisfação e as coisas saíram do controle. Como você não ficou sabendo de nada disso?

— Talvez porque eu estou tentando proteger meu pescoço e me manter longe dos holofotes, sua anta? — A Kyle já havia perdido sua paciência e estava pronta para quebrar a cara da primeira pessoa que entrasse na sua frente.

— Tecnicamente eu não posso ficar ofendida com esse xingamento porque tem muito haver com meu nome, sabe…

Celeste a parou com uma mão levantada.

— O que o Ethan quer especificamente?

— Pelo que eu sei, o prêmio em dinheiro que sua cabeça está valendo.

— Ok… — Pensa Celeste, pensa! — E até quando eu tenho para aparecer lá? Porque eu poderia roubar alguns lugares e conseguir o dobro da quantia, sendo que…

— Amiga, o prazo é até hoje, daqui a duas horas é meia noite e a cabeça do Steven vai rolar se você não aparecer no Iceberg Lounge.

A respiração dela falhou e Celeste sentiu as pernas cederem sob seu peso, sendo que ela teve que se sentar naquele banheiro sujo e fedido colocando as duas mãos na cabeça em um mini ataque de pânico. ESSA PORRA NÃO PODIA ESTAR ACONTECENDO!

 

 

O táxi atravessava a cidade devagar, como se tentasse dar a Celeste os últimos momentos de liberdade ou de vida, ela não tinha total certeza de qual. A garota olhava os prédios que se erguiam ao seu redor e conseguia contar as batidas rápidas de seu coração. Ela queria a mãe dela ali, por mais que odiasse Selina com toda suas forças e a mulher provavelmente deveria estar numa praia paradisíaca do outro lado do mundo, sem se importar com a filha caminhando para o abatedouro.

Talvez ela pudesse pedir ajuda do seu pai. O Batman com certeza colocaria medo naquele Ethan filho da puta e deixaria ela livre da perseguição. Porém pedir ajuda para ele era desesperado demais, até mesmo para aquela situação. E sabia que aceitar a ajuda de Bruce Wayne viria com um preço, um que ele não estava disposta a pagar, nem que sua vida dependesse daquilo. Ela não abriria mão da liberdade que tanto prezava, mesmo que o valor para mantê-la levasse até o covil do leão.

Ou melhor, o iceberg do pinguim.

Celeste e Fauna desceram do táxi e olharam para a construção a frente delas com um misto de adrenalina e medo. O letreiro com o nome do local brilhava na rua escura e o Iceberg Lounge nunca pareceu menos convidativo como naquele momento. A ruiva apertou sua mãe e Celeste apertou de volta, finalmente deixando um pouco do desespero transparecer.

— Calma amiga, não vamos cair tão facilmente, ainda tenho meus poderes e você suas habilidades. — A garota comentou como se aquilo fosse realmente um plano de última hora, o que definitivamente não era. Celeste apenas queria salvar o idiota do Steven, ela não poderia deixar ele morrer por conta dela. — Só precisamos colocar a mão no Stevenzinho…

Celeste largou a mão da amiga de longa data e seguiu andando a frente. O salto alto ecoando no asfalto e depois nos degraus que levavam até a porta gigante que dava espaço ao grande salão. A entrada estava protegida por quatro guardas vestindo ternos de gravatas azuis e ela sabia que dentro daqueles paletós havia mais armas do que poderia ser possível em tão poucos bolsos. A ladra apenas tentou manter a respiração calma, sem demonstrar a loucura interna para nenhum deles.

As portas se fecharam atrás delas em baque surdo, ecoando no grande salão principal que no momento estava vazio, o que era incomum já que sempre que ela fora ali o local estava lotado de capangas, apostadores, ladrões e os piores de todos, super-vilões. Porém ela lançou um olhar rápido e minucioso pelo local, não vendo ninguém a não ser uma pessoa de costas, presa a correntes em uma cadeira. Celeste reconheceria aqueles cabelos castanhos em qualquer lugar, ela havia passado a mão por aqueles fios inúmeras vezes e não se esqueceria da textura da cabeleira de Steven.

Ela correu, o máximo que os saltos dela permitiam e chegou até ele. Virou a cadeira e mordeu o lábio com lágrimas subindo aos olhos. Hematomas, mais do que ela podia contar na face do rapaz, um supercílio cortado, lábios inchados, olhos roxos, um pedaço da orelha faltando, um corte no queixo…

Celeste nem quis pensar no resto do corpo dele quando outra porta se abriu do outro lado do saguão.

Ethan saiu de lá. Bem vestido, com o cabelo castanho dourado arrumado como sempre, barba bem feita e olhos azuis gélidos fixos na recém chegada. Ele sorriu, mostrando os dentes brancos como neve e favorecendo as covinhas que o filho do Pinguim possuía. O rapaz bem apessoado se aproximou descendo alguns degraus e colocando uma mão no bolso, a outra usou para articular no momento que resolveu abrir a boca.

— Sabe, por um momento eu achei que você não fosse vir e realmente tivesse menos sentimentos do que acreditava. — Começou com seu tom bem colocado e de uma pessoa que teve dinheiro a vida toda para estudar dicção e como conseguir colocar a voz numa posição que preenchia toda uma sala com perfeição. — O pobre do Steven deve ter pensando o mesmo, ainda mais depois da maneira brava que ele achou que podia tirar satisfações logo comigo.

Ethan moveu a cabeça em negação.

— Ele deve ter se esquecido de quem eu sou, só pode ter sido isso, mas com essa cabeça quebrada dele eu dúvido que ele lembre de muitas coisas. — Eram palavras frias e duras, vinda de uma pessoa moldada em gelo. — Mas enfim, aqui está você, pronta para salvar seu amado, ou o que quer que vocês sejam um para o outro. Eu não me importo, conquanto que ganhe meu merecido prêmio por sua bela cabeça.

— Liberte ele! — Ela tomou coragem para dizer, na verdade ordenar, pois a face de Ethan se contorceu em uma careta.

— Você não está em posição para dar ordens aqui, gatinha.

— Aí que você se engana seu pinguinzinho de merda! — Fauna gritou tomando a frente das duas. — Amiga, pegue o Steven, com cadeira e tudo, eu vou abrir uma passagem para nós três.

A garota de pele esverdeada levantou os braços fazendo com que as plantas presentes em vasos espalhados pela comodo começassem a tremer e então a crescer. Fauna sorriu, mas sua animação durou pouco tempo quando as plantas, fora de seu controle a prenderam no lugar de seguir seu poder.

— O que? — Fauna gemeu tentando se libertar das plantas que deveriam estar obedecendo suas ordens.

— Desculpa maninha, mas ele me pagou bastante e me prometeu que não faria nada com você se eu cooperasse. — Flora surgiu das sombras com as mãos erguidas, aparentemente ganhado uma luta mental com a própria irmã para controlar a vida vegetal daquela sala. — Nada pessoal Celeste.

E então os outros começaram a surgir. Jerome com seu sorriso sádico pintado erradamente e sua pistola a postos, tão parecido com seu pai, o Coringa; Jeannie Quinzel colocando seu martelo de madeira sobre os ombros, uma bola de chiclete se formando em seus lábios antes de estourar; Terrence, o maldito filho do Catman também em seu ridículo uniforme e por fim o pior entre todos eles, Victor Crane. Os três estavam encurralados, pelas mesmas pessoas com que já haviam lutado lado a lado e feito roubos juntos. Todos contra ela e Celeste soube que era seu fim.

— Sabe Kyle, um gato tem várias vidas, não?

Ela olhou para ele com nojo e raiva, se tivesse a uma distância mais próxima teria cuspido na cara de Ethan com puro desprezo.

— Você não precisa responder, mas é verdade e eu estou disposto a deixar que você usar de suas muitas vidas.

— Para de enrolar! O que quer? — Ela falou seriamente talvez conseguisse um acordo para fugir da morte e daquela sala cheia de filhos de super-vilões.

— O Victor, me deu informações bem interessantes sobre uma certa paciente que começou a visitar o estabelecimento dele há algum tempo. — Ethan disse dando um aceno rápido para o namorado que Celeste sabia ser bem pior do que ele. — Uma pessoa que conseguiria milhões não só para mim, mas para todos os presentes aqui dentro dessa sala.

A garota olhou confusa, mas uma faísca de esperança piscou dentro dela. Victor deu um passo à frente, as mãos descansando no ombro do namorado enquanto ele olhava interessado para a garota que ainda permanecia do lado de um Steven desacordado e machucado.

— Tal paciente seria Kate Wayne.

Celeste precisou usar todo o poder que tinha sobre os músculos de sua face para não mudar sua expressão ao ouvir o nome de sua irmã. O que Kate estava fazendo visitando um psicólogo como o Crane? Ela que tinha dinheiro para ir nas melhores clínicas do mundo inteiro. Ela tentou a todo custo se manter neutra enquanto esperava que ele continuasse.

— Eu venho guardando informações da riquinha desde a nossa primeira consulta e ela não faz ideia de com quem está se relacionando. — Victor comentou com um sorriso no rosto e Celeste se sentiu muito tentada a quebrar todos os dentes da fuça daquele escroto. — O suficiente para saber da rotina e coisas mais importantes.

— Com que objetivo?

— Não está claro ainda, Celeste? Vamos sequestrar Kate Wayne.

Celeste engoliu em seco e tentou manter ainda mais sua neutralidade.

— E o que eu tenho haver com isso?

— Oras, a Mansão Wayne é um dos lugares mais protegidos de Gotham e sabemos como o tal do Bruce Wayne é tão rico que deve proteger a casa dele mais que a Casa Branca. — Ethan agora explicava tomando a palavra do namorado sádico. — Por isso precisamos de uma boa ladra, pediríamos a sua mãe, mas acho que ela não ficaria muito feliz em ajudar se matássemos a filha dela.

Ela duvidava daquilo, mas gostava de acreditar que sua mãe realmente a amasse daquela forma.

— Então, quem melhor se não você para sequestrar a riquinha e trazer ela até nós? — Ethan explicou já entediado, ela percebia no tom de voz dele. — Em troca você poderia viver livre junto com seu amiguinho aí, não iríamos mais atrás de você e da recompensa.

Era mais do que Celeste podia pedir. É claro que eles não sabiam que Kate Wayne era na verdade uma super heroína, mas mesmo assim era o melhor que ela podia pedir, principalmente vindo daquelas pessoas sem sentimento algum. Era a chance dele.

— Você tem uma semana para trazer ela começando de amanhã. — Ethan avisou e depois complementou com um pequeno sorriso dramático. — Isso é claro se você quiser aceitar.

Celeste se levantou e olhou mais uma vez para o rapaz que ela queria salvar, ele havia feitos tantas loucuras por ela e era o mínimo que podia fazer para retribuir. Embora ainda tivesse muito o que pensar com o tempo que tinha e sabendo que não seria nem um pouco fácil fazer aquilo e trazer sua não tão querida irmãzinha até ali. Ela passou a mão delicadamente por uma parte da bochecha dele que não estava muito machucada antes de dar as costas a todos ali.

Virou-se apenas quando Ethan a chamou uma última vez.

— E Celeste, não tente nenhuma gracinha. — O tom dele fez com que sentisse um tremor subir por sua espinha. — Ainda temos o seu precioso Steven...


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado!



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