Legado escrita por Kayko


Capítulo 15
Capítulo 15




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Após muitas fotos e gravações, Vergil teve um tempo para respirar um pouco. Aquilo era mais cansativo do que qualquer batalha contra um demônio de nível mais elevado. Ele havia ganhado a possibilidade de sentar - se na mesa da banda e estava tendo a oportunidade de conhecer um lado maravilhoso da namorada. Agnes era muito profissional e tratava todos ao redor muito bem, além dela parecer ser mãe dos integrantes da banda.

O detentor da yamato estava encantado por ela, pela voz, pela aparência, pela desenvoltura. Tudo em Agnes o encantava e ele estava se permitindo a isso. Ela o serviu com a comida que havia chegado a pouco para os dois:

—Aqui amor, se quiser algo da minha eu posso te dar. - Agnes se ocupava de abrir uma embalagem que continha a sua comida.

—Olha, pra mim é muito estranho ver a Nes chamando alguém de amor. - Sypha falou enquanto observava o casal.

—Vê - la com um namorado é bem mais estranho. - Trevor falou no intervalo de uma garfada.

—Pois então, crianças. Vergil é o homem da minha vida, o cara que ganhou meu coração anos atrás e detém ele até hoje, então dá para respeitar isso. - A vocalista sentenciou.

—Ele é um cara de sorte por isso. - Adrian falou e se retirou da mesa levando a comida consigo.

—Viu só o que a língua grande de vocês dois fizeram? - A morena passou a mão no rosto nervosa. - Vou lá buscar ele e calem a porra da boca! - Ela se levantou e seguiu o caminho por onde Adrian havia seguido.

—O que aconteceu, afinal? - Vergil perguntou  observando Agnes se afastar.

—Adrian é apaixonado pela Nes desde que se conheceram mas ela nunca deu uma chance a ele, porque ele é um mulherengo filho de uma mãe. Ela se casou para poder deixar claro que ela não ficaria com ele, o cara é um para - raio de mulher e a Nes é muito ciumenta. Depois que o marido dela morreu ele tentou diversas vezes ficar com ela, e pra ser sincera eu não sei se ficaram, mas logo ela deu um jeito de namorar uma mulher para mantê - lo longe. - Sypha respondeu.

—Caramba Sypha, era para você ter ficado de bico fechado. - Trevor chamou a atenção da loira.

—Não a repreenda, a Agnes jamais me contaria esse tipo de coisa. - Vergil disse calmo. - E foi bom eu saber disso. Eu respeito o trabalho dela. Ela é incrivel com o que faz e vocês são responsáveis por esse sucesso também, eu realmente fico aliviado de saber que ela tem pessoas que a ama a volta dela, mas no momento eu tenho que me retratar pelos anos que a deixei sozinha sofrendo e espero que entendam.

—Você fala como realmente tivesse acontecido algo muito ruim com ela. - Trevor observou.

—Eu a deixei para trás com um filho meu no ventre e só vim saber disso agora. eu fui um completo idiota com ela e agora que sei de tudo o que ela passou, eu quero fazê - la feliz.

—Ah...isso muda as coisas. - Sypha falou tentando assimilar a informação que havia acabado de receber.

—Nes nunca nos contou que tinha um filho. - Trevor falou pensativo.

—É que até pouco tempo ela também achava que essa criança poderia estar morta. Bem, agora nós três nos encontramos e estamos aprendendo a ser feliz como uma família.

—Cara, isso é surpreendente, mas se isso esta acontecendo para que a Nes seja feliz, eu estou aqui para apoiar.

—Eu também, apesar querer muito que ela e o Adrian ficassem juntos e felizes como eu e o Trevor, eu reconheço quando o amor é verdadeiro e o de vocês deve ser, só por sobreviver tantos anos. - Sypha sorriu. - A Nes esta diferente e eu sei que deve ser por sua causa.

—Vou dar o meu melhor para fazê - la feliz, eu prometo.

Agnes encontrou Adrian sentado embaixo de uma árvore que estava de frente para uma bela vista. Ela se aproximou e sentou ao lado dele, que continuou comendo, ignorando completamente a presença dela:

—Não precisava ter saido daquela maneira. - Ela começou a falar.

—Vai tirar meu apetite também?

—Não é essa a minha intenção, até porque você tirou o meu.

—Por que trouxe ele até aqui? Não fizemos um trato de que vida pessoal e profissional não se misturam?

—Certo, eu errei trazendo ele até aqui, mas eu queria que vocês conhecessem o meu futuro marido.

—Agnes, é sério que você veio aqui esfregar isso na minha cara?

—Não foi essa a intenção.

—Tudo bem, eu sempre soube que você nunca olharia para mim, então só me resta aceitar.

—Ele é o pai do meu filho perdido...eu encontrei o meu filho e ele recentemente… - Agnes confessou.

—Que bom, fico feliz que não vai ser morta e esquartejada pelo seu futuro marido que te aguarda em nosso clã porque você não quis se casar comigo que sou seu primo! - Adrian falou irritado. - Vamos terminar essa porcaria de ensaio logo, tenho um encontro hoje a noite.

—Desculpe por não conseguir te corresponder. - Ela se levantou. - Estarei te esperando lá.

Agnes voltou para mesa da banda, onde Vergil a recebeu com um doce abraço, o qual ela se aconchegou. Percebendo o clima pesado, Sypha e Trevor sairam da mesa alegando que iriam conversar com o diretor. O Sparda beijou a fonte da namorada carinhosamente, percebendo que ela não estava tão bem:

—O que houve? - Vergil perguntou ainda a abraçando.

—Acabei me lembrando de coisas desagradáveis ao conversar com o Adrian. Mas eu prometi a mim mesma que não iria nunca mais me sentir mal pelas minhas escolhas. Eu amo você e nosso filho, e apesar de todas as nossas dificuldades agora eu posso dizer que eu sou feliz.

—Eu também estou muito feliz em ter você comigo. Termine de comer, acredito que temos muitas fotos para tirar ainda.

—Eu estou amando você aqui comigo hoje.

—Mas vai ser só hoje, não quero criar problemas  com seus colegas de trabalho.

—Sim, vai ser melhor não misturar as coisas.

Após o choque inicial da manhã, a tarde a banda aceitou melhor a presença de Vergil, interagindo com ele e sempre implicando com Agnes pelo relacionamento. Segundo os fotógrafos e cinegrafistas, tudo ficou perfeito, tão perfeito que eles poderiam encerrar os trabalhos por ali. A comemoração foi adiada para o dia do lançamento do album. com isso o casal voltou para casa ao fim do dia.

Ao chegar em casa, Vergil logo foi tomar um banho para retirar os resquícios de maquiagem e a tinta do cabelo, enquanto Agnes havia ido para o escritório onde faria alguns contatos. A cantora estava em ligação quando o mordomo entrou anunciando a visita de Dante e ela displicente apenas avisou que logo estaria com ele, assim que encerrasse a ligação. 

Dante se acomodou no luxuoso sofá ao lado de Agathe que sentia - se desconfortável naquele lugar, aliás, ali era a casa da irmã exilada dela e que ela jamais deveria ter contato. Ela segurava a mão de Dante, tentando conter o nervosismo:

—Calma querida, assim você vai ter um colapso. - Dante  a puxou para si e a abraçou.

—Eu não a encontro pessoalmente desde os meus oito anos de idade quando ela foi expulsa do clã, é claro que vou estar nervosa.

—Vamos nos casar e ela é minha cunhada, você a encontraria de toda maneira e terá de conviver com ela. Agora acalme - se. - O Devil hunter puxou a noiva para si e a beijou.

 

Vergil havia tomado um banho e se livrado da tinta temporária dos cabelos. Ele havia optado por usar uma roupa leve, queria relaxar um pouco degustando de um bom jantar e ler um bom livro. Ele imaginava que Agnes iria querer o mesmo, por isso já tinha deixado a banheira preparada para ela.

Ele saiu do quarto suíte e rumou para sala, onde esperaria pela cantora, porém o que ele viu fez seu sangue ferver. Ao entrar na sala, ele se deparou com seu irmão beijando a sua, até então namorada. Sem pensar duas vezes, utilizando suas habilidades, ele foi até Dante e o puxou pelos cabelos para fora do sofá. Cego pela raiva, ele passou a desferir socos no rosto do mais novo.

Agathe entrou em pânico ao ver o namorado sendo espancado por um homem idêntico a ele. O grito da empresária atraiu Agnes que entrou correndo na sala e ao ver Vergil batendo no irmão com tanto ódio, logo ela usou sua habilidade para chamar atenção dele:

—Vergil! O que esta fazendo? - A morena falou e logo o meio demônio parou para observá - la. - Afaste - se do Dante agora! Isso aqui não é campo de batalha.

Vergil olhou para cantora com muito ódio, mas mesmo assim ela não recuou. Ele deixou Dante de lado e se aproximou dela:

—Como você pode… - A voz dele saiu ameaçadora.

—Sinceramente eu não sei do que você esta falando. Acho bom você me explicar o que houve aqui.

—A quanto tempo esta me traindo com ele?

—Com ele quem, Vergil?

—Vai se fazer de idiota agora Agnes? Você e Dante estava se beijando bem aqui, nesse sofá, você quer enganar a quem?

—Você esta ficando louco? Eu estava no escritório o tempo todo, só vim aqui por causa do barulho e do… - Então Agnes vê a mulher amparando o cunhado, a reconhecendo imediatamente. - Agathe?

—Agathe? - Vergil repetiu confuso e então direcionou o olhar para onde a cantora olhava, percebendo o quão parecida com Agnes a mulher era.

—Agathe? Não é possível… - Agnes deixou Vergil para se aproximar da mulher que aparava Dante, que tinha um sorriso presunçoso no rosto.

—Eu também achava impossível, mas olha só, descobri que sou sua cunhada. - Agathe amparou Dante.

—Nunca imaginei que você pudesse cruzar o caminho com alguém que eu pudesse conhecer...vivemos vidas tão diferentes…. 

—Pois é, o destino é mesmo algo estranho. Eu vou me casar com esse cara.

—Boa sorte e Dante, acho bom você respeitar a minha irmã, ou eu te mato pessoalmente.

—Pode ficar tranquila, eu vou cuidar muito bem dela. Assim que me recuperar dessa surra de graça que levei. - Dante falou olhando para Vergil, que observava a cena incrédulo.

—Então foi por isso que você resolveu me visitar tão de repente, Dante? Para minha irmã me encontrar após tantos anos? - Agnes tinha um doce sorriso no rosto.

—Ela estava morrendo de medo da sua reação, veio cheia de histórias, precisava ver o desespero. - Dante brincou.

—Eu imagino o tamanho da insegurança, até porque eu sou alguém que não sou bem vinda em nosso clã. Me perdoe Agathe, por tê - la deixado.

—Se não fosse por seu sacrifício, eu não seria quem sou hoje. Obrigada por tudo, irmã. - Agathe devolveu o sorriso.

Vergil observava as duas mulheres a sua frente, elas realmente eram bem parecidas, mas Agnes era mais magra e os cabelos eram menos encaracolados, além de ter uma aparência bem mais cuidada que a outra. Ele sentiu - se mal por duvidar da namorada, mas para ele que a via ser tão simpática e cordial com todos, e ainda mais passar o dia sendo testemunha dos olhares felinos de Adrian para ela, não iriam ajudar no momento. Por fim, ele suspirou derrotado e a abraçou pelas costas:

—Desculpe. - Vergil sussurrou no ouvido de Agnes.

—Sei que estamos a pouco tempo juntos e sei também de suas inseguranças, mas eu só quero você, eu só amo você, eu sou sua. Entenda isso de uma vez por todas. - Agnes falou ao se virar para ele e encará - lo.

—É inevitável a minha insegurança.

—Inevitável o caramba, você tem que confiar em mim!

—Agnes, você não vai ficar brava por isso, vai?

—Já estou muito brava.

—Temos um acordo quando estamos bravos um com outro, se lembra?

—Me lembro perfeitamente, mas a minha resposta agora é: tartarugas de chocolate. 

—Devo ter uma reserva escondida em algum lugar pela casa.

—Agora peça desculpas ao seu irmão e a Agathe pelo seu surto de ciúmes. - Agnes falou firme, mas Vergil permaneceu quieto. - Vergil. - A cantora falou em tom de aviso.

—Certo. - O Mais velho suspirou derrotado. - Foi mal Dante, eu surtei de ciúmes.

—Que gracinha, a Agnes conseguiu te domar. - Dante implicou e recebeu um tapa de Agathe. - Ai!

—Você acabou de levar umas porradas e já quer mais? - A empresária olhou brava para o hunter que apenas riu.

—Pelo jeito não sou apenas eu que deixo me levar pela mulher. - Vergil implicou de volta, mas acabou se arrependendo ao perceber o olhar de Agnes sobre si. -Esqueça o que eu disse.

—As mulheres da família de vocês são todas bravas assim? - Dante perguntou.

—Bem, acredito que seja só as nossas raízes mesmo. A começar que somos a única raíz negra dentro do clã, a maioria é loira de olhos dourados. - Agathe respondeu e logo Vergil se lembrou de Adrian.

—Então o Adrian é do mesmo clã que vocês? - O Sparda mais velho perguntou curioso.

—Sim. Ele foi exilado porque a mãe dele se casou com um vampiro. - Agnes respondeu.

—A história de vida de vocês é tão interessante quanto a nossa, mas nós não viemos aqui para isso hoje. - Dante enlaçou a cintura de Agathe. - Eu vou me casar com essa mulher e preciso que alguém seja testemunha na hora de assinar os papéis lá, quero que seja vocês dois.

Vergil e Agnes trocaram olhares por alguns instantes, até que Vergil tomou a palavra:

—Vocês vão ter que servir de testemunha no nosso também.

Foi a vez de Agathe e Dante trocarem olhares para em seguida sorrirem:

—Aceitamos! - O casal respondeu junto.

Os casais acertaram as datas para o casamento para antes da turnê de Agnes, que passaria seis meses fora.  Os dias se passaram muito rápido e chegou o dia do casamento. Seria algo apenas para formalizar a união deles, com um almoço para a família e amigos mais próximos.

Dante e Vergil estavam no altar montado no jardim da casa de Agnes. Tudo estava decorado com flores brancas e eles utilizavam roupas leves e brancas. Mesmo não querendo admitir ambos estavam nervosos, cada um com suas preocupações. Dante imaginava se daria conta de proteger a mulher que amava, agora Vergil tinha dúvidas sobre estar seguindo o caminho certo em relação a sua redenção.

Foi então que os acordes de guitarra preencheu o ambiente. Adrian havia se oferecido para tocar a marcha nupcial, e se mostrou uma boa pessoa para Vergil ao longo daqueles dias. Os gêmeos olharam para o início do tapete vermelho e lá estava Nero, acompanhado da mãe e da tia, cada uma de um lado.

Elas não usavam um vestido de noiva tradicional, mas sim uma saia longa pérola e um corpete trançado na frente com detalhes dourados. Agnes estava com os cabelos soltos, lisos, cuidadosamente penteados para trás. Já Agathe tinha os cabelos presos em um coque alto, onde uma pequena coroa repousava. Ambas estavam descalças, usavam maquiagem em um tom dourado que dava um ar divino a elas.

O trio atravessou o tapete, e após Nero gentilmente ameaçar o pai e o tio de morte caso magoasse a tia e a mãe, ele as entregou e seguiu para o lado de Kirye que não parava de chorar junto das crianças do orfanato. O juiz fez um breve discurso e após assinarem o livro de registros, os casais trocaram alianças.

Nero se surpreendeu com a mãe e tia, que ao invés de jogar o buquê, como tradicionalmente é feito, elas apenas entregaram a Kirye, que gritou de emoção e abraçou as duas. Porém a surpresa não acabou ali. Mesmo ele achando que ninguém havia se lembrado do aniversário dele devido ao casamento, mais uma vez ele foi surpreendido. Agnes anunciou para todos na festa e puxou um coro cantando parabéns para o filho, junto da nora e em seguida as duas cantaram para ele. Um dueto que o jovem devil hunter jamais iria se esquecer.


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