—Emmett, você é um anjo. - Ele sorriu sem graça com o elogio. Jared e Embry não perdiam a oportunidade de tocá-lo e Emmett costumava evitá-los, mas não conseguiu escapar daquela vez. Teria que pedir uma ajuda da mãe, ela conseguiu fazer com que Victoria parasse de implicar com Edward. - Obrigado por ter trazido o Seth. Ele e a Ellie são tão amigos. 

—Acho que um dia serão muito mais do que amigos. - Embry completou o pensamento do marido e deu uma risadinha apertando o outro braço de Emmett. 

—Ellie, precisamos ir. - Chamou pela irmã, que parou de correr atrás do amigo. Ele se desvencilhou do casal.

—Já? 

—Você dois já brincaram demais no parquinho e você precisa urgentemente de um banho. - Ellie tinha rolado na areia e deixado cair sorvete na roupa, a mãe não ficaria nada feliz com o estado de imundice da filha. 

—Tchau, Ellie. - Seth deu um abraço na amiga e Emmett rosnou. 

—Não gosto nada desse garoto. - Reclamou quando se afastaram da casa. 

—Por quê? O Seth é tãoooo legal. - Ellie parou e ergueu os braços. - Me leva de cavalinho? Tô cansada. 

—Agora você está cansada, né? - Ele ergueu a irmã e a colocou nos ombros. - E eu não gosto desse garoto porque ele é muito atrevidinho. Fica te abraçando e cheio de risadinhas… vou ter uma conversinha com ele. 

—Emmetí! Ele é meu amigo. 

—É assim que começa. - Resmungou pensando em maneiras de assustar o garoto. Tinha que conversar com Edward sobre o assunto. - Preciso ir mais vezes ao parquinho para ficar de olho nesses garotos. Quem ficar de gracinha pra cima de você vai se ver comigo. 

—Emmetí, você não pode brigar com as pessoas e nem com as crianças. - Ele riu da forma que ela falou. 

—Não vou brigar, só vou assustar um pouco esses atrevidinhos. Exibir os meus bíceps. 

—O seus o quê? 

—Os meus músculos. - Ele flexionou os braços. - Você tem um irmão muito forte. - Ellie concordou com ele. 

—Você é mais forte que o meu papai, mas o meu papai é mais bonito. 

—Não é mesmo. - Emmett a provocou. - Eu sou muito mais bonito que o seu pai. 

—Você é bonito, mas o papai é mais. E quando eu crescer vou ser bonita igual a mamãe e a tia Rose. Emmetí, quem é aquele homem? - Apontou para o carro parado em frente à casa dele. Emmett cerrou os punhos quando viu quem era. 

—Merda! - Xingou se esquecendo que a irmã estava nos ombros dele. 

—Você falou palavra feia, não pode. - Ellie o repreendeu. 

—Foi mal. - Emmett olhou em volta tentando achar uma solução para aquela situação. Edward ficaria muito bravo se Ellie conhecesse Jacob, mas não havia como escapar. Jacob acenou, alegremente para o filho. - Ellizinha, me espera ali na varanda, enquanto eu converso com o meu pai. - Ele a colocou no chão.

—Ele é o seu pai? - Ela encarou o homem e mostrou a língua para ele, depois foi se sentar na varanda. 

—Bem educada, ela. - Jacob resmungou se aproximando do filho. - Ainda bem que você apareceu. Fiquei com medo de bater na porta e aquele garoto ficar nervosinho. Ele tem certeza de que a garota é dele? 

—Espero que não esteja insinuando que a minha mãe é uma mentirosa. - Emmett mantinha os punhos cerrados. - E caso não tenha percebido a Ellie se parece bastante com o Edward. – Mesma cor dos olhos e dos cabelos.

—Calma, garoto. - Jacob ergueu as mãos em sinal de paz. - E bem, você não se parece comigo e é o meu filho. Pelo menos o exame de DNA diz que é. 

—DNA? - Eles tinham feito um exame para saber se ele era mesmo filho de Jacob? 

—Não acha que eu iria sustentar uma criança sem saber se ela era realmente minha, ou acha? 

—Não é porque você traiu a minha mãe que ela iria fazer a mesma coisa. 

—Todo mundo trai. Ou vai me dizer que nunca ficou com outra garota desde que começou a namorar com aquela loira? 

—Nunca! Eu respeito a Rose e não trocaria o que temos por uma noite de diversão. 

—Bobagem, você ainda é jovem...

—Isso não tem a ver com idade. Eu vi o sofrimento que a traição causa e não quero isso para a minha vida e nem para a vida da minha companheira. Vou fazer as coisas diferentes. Eu nunca vou ser como você. E você nunca me sustentou.

—Eu errei muito, mas queria que pudéssemos esquecer o passado e...

—Essa historinha de novo, não. – O parou. – É dinheiro que você quer? – Fazia quase quatro anos que ele não falava com o pai.

—Vim para a sua formatura, filho. É amanhã, não é? Encontrei com a Rebecca e ela me contou. Estou orgulhoso de você.

—Eu não ligo e você não está convidado para a minha formatura. Aposto que nem sabe que curso eu fiz. – Jacob coçou a nuca. – Inacreditável.

—Você me cortou da sua vida. Não procura os seus irmãos... A propósito, você tem mais um.  Ele tem seis anos e...

—Espera! Seis? – Os pais dele ainda eram casados nessa época.

—Eles não têm culpa de nada. – Emmett sabia que não, mas não conseguia sentir nenhum vínculo por eles.

—Fala logo o que você quer. – Pediu, impaciente.

—Estou com a pensão dos garotos atrasada e...

—Eles estão passando alguma necessidade? – Ele não os deixaria passando fome.

—Não. Mas as coisas estão difíceis e elas ficam no meu pé. Sabe como são as mulheres.

—Se eles estiverem precisando de alguma coisa, posso ajudar, mas não vou te dar dinheiro. Já está na hora de você crescer. Eu vou ter a minha própria família para cuidar, não posso cuidar da sua. As pessoas dizem que não posso ter ódio de você, que independente de qualquer coisa você é o meu pai, mas eu sinceramente não o considero meu pai. Você pode ter participado da minha concepção, mas nunca foi um pai para mim. – Emmett deu as costas para ele e foi até a varanda onde Ellie o esperava. Ele tentava controlar as lágrimas, não iria chorar na frente da irmã.

—Você tá triste, Emmetí? – Perguntou, preocupada.

—Não. Ei, não conte nada para a mamãe. – Pediu abrindo a porta. – Mãe! Edward!

—Aqui na cozinha. – Edward gritou de volta, ele parecia meio ofegante e Emmett estremeceu. Precisa se mudar o quanto antes.

—A Ellie está indo até aí e vou estar no meu quarto. – Ele precisava ficar sozinho.

Ellie correu até a cozinha e se jogou nos braços da mãe.

—Eloise, o que você andou aprontando? – Olhou para a roupa suja dela. – Foi por isso que o Emmett correu para o quarto dele?

—Ele tá triste. O pai dele tava lá fora. Eu não gosto dele. – Ela estava muito zangada.

—Ele falou com você? – Edward tinha avisado Jacob de que não o queria perto da família dele outra vez.

—Não, mas o Emmetí tava chorando. Eu não quero que o Emmetí chore. – Ellie estava prestes a chorar.

—Calma, filha. O Emmett vai ficar bem. Vamos fazer algo para deixá-lo feliz. – Edward garantiu.

—A gente pode comprar um cachorro pra ele? – Perguntou, animada com a ideia. – Ele gosta de cachorro.

—Não sei. – Emmett sempre pediu por um cachorro.

—Por favorzinho, mamãe. É pro Emmetí ficar feliz. – Ela exibiu as covinhas e Bella soube que não negaria nada para ela.

—Tudo bem, vamos dar um cachorro para o Emmett, mas é surpresa. – Alertou e Ellie soltou um gritinho de animação. – Agora, você precisa de um banho.

—Eu cuido disso, enquanto você conversa com o Emmett. – Edward pegou a filha no colo. – Rolou no chiqueiro, foi?

—Eu já sei tomar banho sozinha, papai. Sou grande. – Protestou e Edward riu a carregando para o andar de cima.

—Vou fazer cookies. – Um prato de cookies deixaria Emmett feliz.

[...]

—Posso entrar? – Bella perguntou batendo na porta do quarto do filho.

—É claro. – Ele passou a mão no rosto secando as lágrimas. – Cookies?

—De chocolate. Os seus preferidos. – Ele sorriu, pegando um.

—Obrigado, mãe. Você é a melhor. – Deu um beijo no rosto dela. – Já disse que te amo e que sou muito grato?

—Eu te amo, filho e sempre estarei aqui. Sempre.

—Eu sei. Melhor mãe do mundo.

—Emmetí! – Ellie entrou correndo no quarto do irmão. - Você vai ganhar um cachorro e o nome dele é Surpresa. - Ela abraçou o irmão. 

—Filha. - Bella tentou esconder o riso. - O nome do cachorro não é Surpresa. O cachorro era uma surpresa para o seu irmão. 

—Ham? - Olhou para a mãe, confusa. 

—Não era para você me contar que eu vou ganhar um cachorro. - Emmett deu um beijo na testa dela. - Era para ser uma surpresa, Ellizinha. - Explicou e ela deu uma risadinha. 

—Eu não sabia o que era surpresa. 

—Tudo bem, querida, foi um erro meu. Por que não pede para o seu pai te ajudar a se arrumar? Vamos sair logo. - Avisou a ajudando a levantar. 

—Tá bom, mas eu já sou grande, não preciso de ajuda. - Levou as mãos a cintura e inclinou a cabeça balançando os cachos acobreados.

—Precisa, sim. Não quero ver você com um sapato de cada cor. - Da última vez em que ela insistiu em se vestir sozinha, tinha sido um desastre. - Pede ajuda pro papai, enquanto eu converso com o seu irmão. 

—Você sabe que o Edward vai deixá-la usar a roupa que ela quiser, não sabe? – Bella suspirou.

—Eu sei. Ela tem todo mundo nas mãozinhas dela.

—E um talento bem útil. Me conseguiu um cachorro.

—Mais do que merecido, já que ela te faz comer os legumes dela. – Emmett corou. Os dois achavam que eram bons em esconder aquilo da mãe. O engraçado era que Emmett nunca gostou de legumes e agora comia para ajudar a irmã.

—Ela coloca no meu prato e faz aquela carinha, não dá para resistir.

—O que o seu pai queria? – Apertou a mão do filho.

—Dinheiro, o que mais poderia ser?

—Eu sinto muito.

—Tudo bem, mãe. Foi bom vê-lo. Eu tomei uma decisão. – Bella o encarou e Emmett suspirou. – Vou pedir a Rosalie em casamento.

—Vai? – Ela esperava que aquilo fosse acontecer um dia, mas ficou surpresa com a notícia.

—Lembra de quando eu comecei a namorar com a Rose?

—Mãe, o que acha dessa camisa?

—Combina com os seus olhos. Está muito filho, meu amor. – Deu um beijo na testa dele. – Alguma ocasião especial?

—Tenho um encontro com a Rosalie. – Confidenciou, corando.

—Quem é essa Rosalie? – Jacob ergueu os olhos do jornal e encarou o filho.

—A filha dos Hale. – Bella explicou.

—Aquela gos... aquela loira? – Se corrigiu, mas era tarde demais, os dois haviam entendido muito bem o que ele ia dizer. – Ela é bonita. Boa escolha, garoto. – Emmett revirou os olhos, ignorando o pai. – Fiquei com medo de que você fosse gay. Anda o tempo todo com aquele garoto estranho dos Cullen.

—Edward não é estranho. – Saiu em defesa do amigo.

—Ele é muito estranho. Não gosto dos olhares dele para a sua mãe.

—Que olhares? – Bella levou as mãos a cintura.

—Ele fica te comendo com os olhos, Bella.

—Por favor, Jacob. Edward é um bom garoto.

—Sei. Não quero ver você usando biquini perto dele.

—Ela pode usar a roupa que quiser. – Emmett retrucou.

—Cuida da sua mulher que eu cuido da minha. – Voltou a atenção para o jornal.

—Onde vocês vão? – Perguntou desviando o assunto.

—Ao cinema, mas não precisa se empolgar muito. Não é nada sério, não quero me apegar a ninguém. É só um encontro.

—Era para ser só um encontro, mas eu me apaixonei. Eu não queria nada sério porque não queria um relacionamento como o de vocês. Sempre achei que seria um péssimo marido e um pai terrível, mas agora eu sei que não sou como o meu pai. Nunca vou ser. Eu vou ser o melhor marido desse mundo.

—É claro que vai, filho. Você é um homem maravilhoso e a Rosalie tem muita sorte.

—Eu que sou o sortudo, mãe. Eu quero ter um relacionamento como o de vocês. Você e o Edward, é claro.

—Nós não temos um relacionamento perfeito. – Eles se amavam, mas nem sempre era fácil.

—Não, mas vocês se apoiam, tem respeito um pelo outro e são apaixonados. Eu quero passar o resto da minha vida com a Rosalie. Ai meu Deus, eu impliquei tanto com o Edward e agora me tornei um romântico brega. O que acha?

—Eu só quero que você seja feliz, meu anjo.

—Não é cedo demais? – Ele estava um pouco inseguro, precisava do apoio da mãe.

—Tem certeza de que é isso que você quer? – Ele assentiu e Bella sorriu. – Você não precisa provar nada a ninguém filho. Casamento é algo sério. Não quero ver nenhum de vocês dois magoados. Se você tem certeza do que quer e se sente preparado, tem o meu total apoio.

—Obrigado mais uma vez, mãe. Eu vou pedir a Rosalie em casamento e espero que ela aceite.

—É claro que ela vai aceitar. Teria que ser louca em não aceitar. Quando vai fazer o pedido? – Emmett queria fazer o pedido logo, mas Edward já ia fazer o dele e ele não queria atrapalhar o momento deles.

—Quero terminar a casa primeiro. E por falar nisso, será que pode me ajudar? – Ele tinha conseguido uma casa no bairro, mas precisaria fazer algumas mudanças. 

—Estava pensando quando iria me pedir. Mas já aviso que eu recebo adiantado. – Emmett engoliu em seco. Ele tinha conseguido um bom emprego, mas não tinha o suficiente para pagar pelos serviços da mãe e a reforma. – Eu quero um sorriso bem grande e um abraço bem forte. – Emmett abriu um largo sorriso e se colocou de pé para abraçar a mãe. – Tenho muito orgulho de você, filho.

—Mãe, como conseguiu nos sustentar cobrando tão pouco? – Ela riu bagunçando os cabelos dele.

—Esse é o preço exclusivo para familiares.

—Tô pronta. – Ellie avisou entrando no quarto usando galochas amarelas e a fantasia da Elsa.

—Você quer mesmo um cachorro?

—Quero sim. Vai ser o meu presente de formatura.

—O seu presente de formatura é... – Bella colocou a mão sobre a boca da filha a impedindo de estragar a surpresa.

—Precisamos te ensinar o significado de surpresa.

—Emmetí, o seu cachorro pode chamar Olaf?

—Melhor nome de todos, Ellie.

—Mãezinha, eu posso ganhar um cachorro? Pra fazer companhia pro Olaf.

—Ah, mãe, deixa, por favor. – Emmett se juntou a irmã no pedido e Bella respirou fundo.

—O que eu faço com vocês dois?

—Nos dar dois cachorros? – Ellie sugeriu e Emmett gargalhou. Ele tinha uma ótima família e seria feliz ao lado de Rosalie e dos filhos que teriam.