Pictures of Us escrita por Ellen Freitas


Capítulo 4
Pictures of Us || Felicity


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoas!!

Como estão? Eu ainda estou jogada aqui depois do episódio de ontem, não consigo nem falar sobre sem que brote uma lágrima. Odiei dizer adeus.

Mas por aqui, as coisas estão um pouco dramáticas, já que nosso casal passa por sua primeira crise, mas relaxem... Não faria nada ruim com eles, não depois de todo drama que nós fãs estamos passando essa semana.

Enfim... Quero agradecer tanto a todos os acompanhamentos, reviews, favoritações. Como disse em um dos reviews, POU está virando meu vício, escrevendo em qualquer lugar que estou, meu bloco de notas do celular ficando super lotado dessa história que tem me encantando tanto. Espero que também estejam gostando.

Como já perceberam, esse capítulo leva o nome da fic, e vai explicar um dos motivos que ela recebeu ele. Boa leitura. Até as notas finais!! Bjs*



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― E concluindo, eu preciso dizer aos colegas do júri: os Estados Unidos se consideram um país que valoriza a liberdade de expressão. Minha cliente é uma jornalista boa e destemida o bastante para desafiar uma grande empresa de telecomunicações, abrindo mão do próprio bem-estar para denunciar o que ela encontra de errado e não deve ser punida por isso. A defesa encerra ― finalizei minha fala, voltando à minha cadeira.

― E agora, doutora? ― Kiera Ward, minha cliente, questionou preocupada. Ela era uma jovem e idealista jornalista acusada de espionagem, quando vazou algumas informações sujas da empresa que trabalhava para a mídia aberta.

― Eles vão deliberar, pode demorar, o que é um bom sinal ― expliquei, segurando seu ombro, tentando lhe passar um pouco de confiança. ― Você aguentou firme, Kiera, só mais um pouco agora. ― Ela acenou com a cabeça concordando, antes de ser levada para aguardar em uma área reservada.

Recolhi todos meus documentos, os organizei na minha pasta junto com meu computador, e guardei meus pertences pessoais na bolsa de mão, pensando no que almoçar hoje. Sorri quando encontrei Oliver vindo em minha direção.

― Hey, babe. ― O abracei. ― Faz tempo que está aí?

― O bastante para ver que você foi implacável demais apenas comigo naquele dia e até bem fofa agora.

― Eu estava flertando naquela vez ― falei forçando um olhar sensual, que o fez rir.

― E eu estava com saudades. ― Oliver segurou minha cintura e me beijou.

― Eu também, peixinho.

Fazia quase uma semana que não conseguíamos sair ou sequer nos ver. Um dos nossos advogados que detinha mais processos havia sofrido um acidente e entrado de licença, o que levou à sobrecarga em todos nós, mas principalmente em mim e Caitlin. Os banhos corridos, almoço de fast food e praticamente morar na defensoria e no tribunal havia se tornado minha rotina esses dias.

― Então, você pode sair para almoçar comigo? ― convidou sem me soltar.

― Oh, eu te mataria por comida de verdade! ― Fiquei tão animada apenas com a ideia que apertei ele mais forte. ― O júri deve ainda deve demorar, podemos ir agora.

― Show! ― Oliver pegou minha mão e começamos a andar para fora da sala de audiência. ― Eu tenho uma coisinha especial preparada para você. Precisamos conversar.

Se até o momento eu não havia notado nada estranho com ele, era impossível ignorar agora. O pequeno vinco entre as sobrancelhas, a mandíbula e ombros tensos, o meu sorriso preferido não tão constante como eu estava acostumada.

― Aconteceu alguma coisa, Oliver? ― questionei apreensiva.

― Não, nada. Nadinha ― negou prontamente, que me mostrou que claramente tinha acontecido algo.

― Queen…

― Eu juro. É uma surpresa.

Meu namorado não falou mais nada, e quando chegamos ao estacionamento, ele pegou uma grande cesta de piquenique que estava no banco de trás do seu carro e me acompanhou até o meu.

― Oba, piquenique! ― Busquei parecer entusiasmada, quando na verdade queira mesmo meu bife, ao invés de mais sanduíches, mas não o deixaria pensar que estava decepcionada com a surpresa. Estava feliz em apenas poder vê-lo. ― O que você fez, Oliver? ― Joguei minha chave do carro para ele dirigir, porque detestava fazer isso, entrando no banco do carona, logo ele também estava no banco do motorista.

― Eu não fiz nada! Por que te parece que fiz algo?

― Surpresa no trabalho, cesta de piquenique, "precisamos conversar". ― Fiz sinal de aspas com os dedos. ― Você não me traiu não, né? ― brinquei.

― Claro que não, Felicity ― retrucou levemente mal-humorado com minha sugestão. ― Só vamos, lá a gente conversa. ― Resolvi não pressionar mais, mesmo morrendo de curiosidade.

Paramos às margens da baía de Star City, usando uma toalha que Oliver também levou e colocando as sanduíches, sucos e frutas em cima dela.

― Vai, me conta ― pedi segurando suas mãos quando nos sentamos no chão.

― Não quer nem comer antes?

― Oliver!

― Okay. ― Respirou fundo. ― Tem uma coisa que eu preciso te contar, e preciso que você seja mente aberta sobre. ― Todo o bom o humor com o qual eu tentava levar a situação se esvaiu de vez, e pela primeira vez, de verdade, comecei a cogitar uma traição.

― Oh, Deus, você está mesmo me traindo?

― Já disse que não, Felicity, meu pai traía minha mãe e vice-versa, isso é uma coisa que eu não admito.

― Então o que é, Oliver, você está me deixando preocupada. ― Soltei sua mão para colocar meu cabelo nervosamente atrás das orelhas.

― Vou te mostrar uma coisa.

De dentro da cesta, ele tirou um álbum de fotos. Comecei a folhear, me encantando em cada página com um Oliver bebê, um Oliver no primeiro dia na escola, um Oliver banguela e até uma pequena Thea. Um casal que parecia muito distinto sempre aparecia nas fotos e até um garotinho que julguei ser o Merlyn, deu as caras por lá.

― Por que está me mostrando isso? ― Eu ainda sorria quando voltei a olhá-lo.

― Eu não fui completamente sincero sobre minha família quando você me perguntou sobre eles quando começamos a sair.

― Como assim?

― Meu pai realmente morreu uma década atrás e não tenho mais contato com minha mãe, mas o que eu não disse, é que sou filho de Robert e Moira Queen. ― Estreitei os olhos para ele, deixando o álbum de lado.

― Esses nomes deveriam significar algo?

― Consolidações Queen.

Os nomes das pessoas realmente não me diziam nada, mas o nome da empresa não passou despercebido. As Consolidações Queen eram uma das maiores empresas do ramo de desenvolvimento de novas tecnologias da cidade, e mesmo que eu não trabalhasse diretamente com isso, era impossível ignorar o arranha céu no centro de Star City. Mas nunca associaria meu namorado detetive que alugava um apartamento de quatro cômodos com aquela família ou aquela empresa.

― Você é um fodido herdeiro bilionário de uma multinacional? ― o indaguei chocada.

― Não, eu não sou.

― Você não está fazendo sentido, Oliver.

― Eu era, mas minha mãe me deserdou quando saí de casa três anos atrás.

― Deus, tanta informação! ― Levei as mãos aos cabelos. ― Te deserdou quando entrou na polícia? ― Tentei dar algum sentido naquela história absurda, mas minha mente só começava a focar que o que ele me disse antes era mentira.

― Antes disso. Eu achava que as infidelidades do casamento Queen eram exclusividades do meu pai, e nós dois brigamos por isso logo antes dele morrer, foi horrível e isso me segue todos esses anos. Só que três anos atrás, descobri que minha mãe também não era tão perfeita quanto eu achei que fosse ― explicou. ― A coisa é que, ela achou que tirando tudo que eu tinha me teria sob seu controle de novo, o que não aconteceu. A empresa da família de Tommy tinha falido na mesma época, ele não tinha mais os pais e ia entrar na polícia, eu meio que o segui nessa.

― Uau, isso é que é história, eu jamais imaginaria. Mas por que não me contou isso antes?

― Minha mãe ainda tenta de vários meios me fazer voltar e assumir todo aquele maldito império, e você seria apenas mais munição para ela me atacar, Felicity. Thea até me disse pra contar, mas eu…

― Espera um segundo ― o cortei. ― Você tem mentido deliberadamente para mim todo esse tempo, Oliver?

― Não é uma mentira, eu apenas não contei.

― Para quem detesta advogados, você sabe muito bem manipular palavras, detetive. ― Fiquei de pé, pegando minha bolsa. Nosso almoço já era.

― Ei, você não pode ter ficado chateada só por isso. ― Ele também se ergueu, me detendo pelo braço.

― "Só por isso"? Oliver, eu não ligo pras suas histórias malucas com ex namoradas. Não ligo pros seus atrasos crônicos ou desatenção eterna, e estou lidando até bem com o fato de estarmos em lados opostos do nosso sistema de justiça, mas do jeito que você não suporta traição, eu não suporto mentiras. Quase não ficamos juntos por aquela sua mentira de quando nos conhecemos e você guarda essa enorme para agora?

― Eu estava te protegendo da minha mãe!

― Que me protegesse com a verdade então, e não me enrolando por mais de dois meses e querendo me amansar com piqueniques no parque.

― Fala sério, Felicity, nada do que te falei era mentira, e eu te contar agora não vai mudar nada do modo como eu vivo ou como a gente é quando está junto.

― Claro que muda, por que quer saber o que parece? Que me escondeu que era podre de rico com medo de levar golpe.

― Eu não sou rico, você não entendeu? ― apelou, elevando a voz. Não era agora, mas poderia voltar a ser quando quisesse, até onde eu sabia.

― Acho melhor eu ir. ― Tirei sua mão do me braço. ― Essa conversa não vai a lugar nenhum com nós dois de cabeça quente.

― Eu não fiz nada de errado aqui.

― Se achasse realmente isso, não teria vindo falar comigo todo acuado desse jeito.

― Eu estava assim porque sabia que você poderia reagir bem desse jeitinho, exagerando as coisas.

― Ah, me desculpe, não lidei com sua mentira de um jeito calmo o bastante pra você, Oliver Jonas Queen? ― Encenei com a mão no peito.

― Viu? Lá vem o sarcasmo e os comentários passivo-agressivos.

― Eu não faço...

― Faz sim! ― me cortou. ― Eu não falei antes porque não queria quebrar a bolha que a gente estava, mas cada dia que passa eu me apaixono mais por você, Felicity, então só queria compartilhar tudo, mas parece que estamos em níveis diferentes de comprometimento e esforço para esse relacionamento. ― Opa, opa! Ele nunca tinha falado sobre estar apaixonado e vem dizer isso logo no meio da nossa primeira briga?

Golpe baixo.

― Eu estou me esforçando sim, eu contei para os meus amigos sobre a gente, mesmo sabendo que eles iam odiar isso!

― Que amigos? O Roy, que acho que já está quase cogitando entrar para a polícia de todas as vezes que o vi me seguindo como uma sombra, ou o Curtis, que não perde uma oportunidade de dar em cima de mim? ― apontou. De fato, fora Cait, meus amigos tinham lidado até bem com tudo isso e agora nem se incomodavam mais, ao contrário, Oliver já os havia encantado com mais facilidade do que fez comigo. ― Meus melhores amigos não falam direito comigo há semanas! Eles eram minha família e eu praticamente abri mão por você, enquanto em retorno não consigo nem ser desculpado por estar te protegendo.

Foi então que entendi. Moira Queen não era mais a família dele, aquelas pessoas da delegacia eram. E se ele estava com tantos problemas desde que nos assumimos e ainda assim queria continuar, eu devia dar algum valor àquilo. Era duro admitir que estava errada, mas talvez eu estivesse mesmo exagerando.

― Oliver… ― Meu celular começou a tocar, quando eu me aproximava dele para pedir desculpas. ― É do tribunal, o júri voltou. Eu preciso ir. ― Quase me esmurrei por ter que sair justo agora.

― À vontade. ― Apontou em um gesto amplo para a direção que meu carro estava. ― Deus me livre querer entrar na sua lista de prioridades, doutora. E outra, se está tão preocupada em contar para seus amigos, não se preocupe. Por mim, não há mais nada para contar. ― Senti como se levasse um soco no estômago.

Ele estava terminando comigo?

― Mas, Oliver...

― Só vai. ― E me deu as costas, arrumando tudo na cesta para ir embora também.

Me doeu ter que deixá-lo, mas eu tinha que voltar para minha cliente, veredictos tão rápidos eram péssimas notícias e ela ia precisar de mim agora. Mas o pior era não conseguir dizer com tanta facilidade para ele que também estava me apaixonando.

~

― Tá com cara de bunda. Você perdeu ― Caitlin concluiu quando coloquei minha bolsa com uma força além da necessária em cima da minha mesa e desabei na cadeira, mais tarde, naquele mesmo dia.

― Não, o caso eu ganhei. E ganhei também o prêmio de pior namorada do mundo.

― Não exagera, Felicity, você poderia passar o carro por cima do Oliver dez vezes e ainda seria melhor do que ele. ― Testou uma risada, mas eu apenas bufei, cruzando os braços. ― Okay, sem brincadeirinhas com seu detetive. O que aconteceu?

― Ele me buscou no tribunal, preparou um piquenique super lindo para me contar a verdade sobre a família, e eu agi como uma idiota.

― O que quer dizer que ele mentiu esse tempo todo sobre a família. ― Assim como o meu, o cérebro de Caitlin funcionava como de uma advogada com contra-argumentos sempre prontos. ― Relaxe, ele volta pedindo desculpas.

― Oliver não me deve desculpas, eu sim. Eu fui uma babaca com ele, enquanto ele só estava sendo um fofo, me contando uma história difícil sobre a família. O que eu faço? ― Levei as duas mãos ao rosto, prestes a chorar.

― Eu chamo isso de oportunidade de nos livrarmos daquela legião de anjos do mal, amiga. Você experimentou esse romance proibido, agora podemos seguir em frente como se esse terrível erro não tivesse acontecido, foi só uma parada na lixeira no caminho da sua felicidade eterna.

― Eu não quero seguir em frente, Caitlin! ― exclamei. ― Eu acho que estou me apaixonando de verdade por ele.

― Oh! ― Ela se sentou na cadeira à minha frente como se tivesse levado um tapa, finalmente me levando a sério. ― De verdade?

― Sim! Mas agora acho que ele vai terminar comigo ― murmurei prestes a chorar. Eu sei que isso pode ser considerado exagero, só estávamos saindo há poucos meses, mas em todo esse tempo, realmente acreditei que ele fosse o escolhido. Okay, eu tinha que admitir que conseguia ser uma pessoa bem dramática e Celine Dion era minha musa.

― Não sei o que dizer, Felicity. Peça desculpas.

― Oliver é teimoso, ele não vai... ― Uma ideia surgiu na minha mente, e já pulei do meu lugar, pegando minhas coisas.

― Assumo que pensou em algo.

― Eu vou me atrasar amanhã, pode cuidar daquele depoimento sozinha? ― pedi já com a mão na maçaneta.

― Eu me viro.

― Você é a melhor! ― Lhe soprei um beijo e saí às pressas. Ainda tinha muito para organizar até amanhã.

~

Só que eu não pude resolver as questões com Oliver na manhã seguinte, ou na outra depois desta. Meu chefe me passou um caso urgente em que ele ia trabalhar junto, ou seja, estava impedida de escapar para resolver as coisas com meu namorado. Só que agora já tinham se passado três dias, e ele ainda não retornava minhas mensagens ou ligações, e eu estava prestes a fazer algo que jamais imaginaria.

― É, mais uma camada de álcool em gel não faz mal, né? ― Eu estava procrastinando na porta da delegacia de Oliver há quase dez minutos.

― Felicity, ei! ― o moreno alto e magro daquele dia na boate chegou cumprimentando. ― Allen. Barry. ― Ele entortou o pescoço parecendo pensar melhor sobre o que havia dito. ― Barry Allen, na verdade. Eu sou perito forense.

― Foi um prazer te rever, Barry, mas eu só estava passando. ― Indiquei desajeitadamente para nenhuma direção específica. ― E agora eu já vou.

― Não veio falar com o Oliver? ― questionou confuso, foi quando me voltei para ele com um sorriso sem graça.

― Ele está aí?

― Nesse horário, geralmente sim. Vem comigo, eu te levo até ele. ― Barry ajustou melhor ao ombro uma enorme maleta e começou a subir os degraus que levavam até a delegacia. O segui.

― Uau, pensei que todo mundo aqui me odiasse e reprovasse nosso relacionamento.

― Não, só metade de nós. ― Deu de ombros, sorrindo. Esse cara era legal, tinha que admitir.

― Me sinto tão amada agora ― brinquei, me abraçando e ele gargalhou.

― Relaxe, ninguém vai atirar em você aí dentro. Só não faça movimentos bruscos e evite Tommy e Sara ― orientou fingindo seriedade.

― Obrigada por ser legal sobre isso.

― De boas. Teve o impacto inicial de “Oliver não é gay”, para então “Oliver namorando” então o seguinte de “Oliver namorando uma advogada de defesa”, mas a gente meio que se acostumou com tudo isso. ― Tudo isso? Abri a boca para perguntar sobre o que aquilo tudo se tratava, mas ele continuava a tagarelar, enquanto abria a porta da frente para mim. ― Digamos que eu sei como é estar um relacionamento que meus amigos não aprovam. Ah, ei Kara, olha o que eu achei na calçada! Quer dizer, não na calçada como o que o gato deixa, mas na calçada, parada encarando nossa delegacia.

― Barry, para de falar! ― pedi entredentes, forçando um sorriso.

― E aí está a frase mais dita por aqui. ― Kara, que também estava na boate aquela noite, levantou de trás da sua mesa para me cumprimentar. ― Kara Danvers.

― Felicity...

― Smoak. Eu sei.

― Não deixa Kara te enganar por ser fofa e não usar um distintivo, ela manda em todo mundo aqui ― Barry confidenciou como um segredo.

― Não exagera, querido. ― Ela passou um braço pelos ombros dele, então gesticulou com os lábios apenas para mim “é verdade”.

― Vocês são fofos, não entendo porque os amigos de vocês não aprovariam esse namoro. ― Os dois arregalaram os olhos em minha direção, se afastando na hora.

― Não, não, a gente não... ― Kara mostrou os dois com indicador em gestos rápidos.

― Eu tenho uma namorada e não é ela.

― Eu e Barry, só amigos, melhores amigos!

― Super amigos! A gente apenas compartilha amor por karaokê, você gosta? A gente podia marcar um dia para ir, eu conheço um ótimo no centro, com ótimas bebidas, e...

― Para de falar, Barry! ― Ele fechou a matraca na hora. ― Eu não disse?

― Me desculpem a confusão, então.

― Tudo bem, vivem falando isso pra gente ― Barry justificou. ― Estou subindo para meu laboratório para terminar aquelas análises do caso Hudson que o capitão pediu. A gente se vê, Felicity.

― Obrigada pela ajuda. ― Acenei um tchauzinho.

― Em que posso te ajudar, Felicity? ― Kara perguntou solícita, sentando em seu lugar e me convidando a sentar na cadeira em frente à dela. ― Oliver?

― Ele está? ― De repente, toda a tensão que me fez ficar parada na calçada tinha voltado enquanto aguardava a resposta dela. A loirinha olhou ao redor rapidamente antes de me dar minha resposta.

― Acho que ainda no interrogatório com Tommy. Não deve demorar agora.

― Então eles já estão bem?

― Melhores, eu acho. Fizeram as pazes nos últimos dias.

― Ah. ― E aí estava a prova, eu só precisei me afastar e Oliver teve sua família de volta. ― Então acho melhor eu ir. ― Fiquei de pé.

― Eu acho melhor você ficar, Felicity. Olha, eu sei o que você está pensando, modéstia à parte, consigo ler bem as pessoas, então preciso te dizer que não deve ir. Deve ficar e resolver as coisas com o Oliver.

― Como você... Ele disse alguma coisa?

― Detetive Oliver Queen, falando de sentimentos? Acho que não. ― Totalmente dispensou a ideia com um gesto de mão. ― Eu só sei que ele está meio pra baixo esses últimos dias, inclusive foi o que fez Sara e Tommy inconscientemente se aproximarem de volta, mas não é bastante para ele. Oliver sente sua falta e precisa de você.

― Não acho que precise ― neguei.

― Pois eu acho que sim. Eu não o via tão feliz há muito tempo como quando vocês estavam bem, e acredite, eu busco ver se todo mundo está bem por aqui, pois facilita muito o meu trabalho. Por isso que tem sempre um bolinho na mesa do Tommy e uma faca afiada na mesa da Sara. ― Apontou para as duas mesas em questão e os itens realmente estavam lá.

― Eu não sei, Kara.

― Você veio aqui por um motivo e com uma sacola enorme. ― Olhou de relance para o item na minha mão. ― Siga seu primeiro instinto, vocês vão ficar bem.

Ela estava certa. Eu só precisava de uns bons minutos para respirar, e...

― Eu te disse. ― Oliver e Tommy entraram no ambiente, braços sobre os ombros um do outro, sorrisos amplos no rosto. Aparentemente, o tal interrogatório havia saído bem. ― Policial bom, policial mau. ― O moreno indicou a si mesmo, então Oliver. ― Funciona toda vez.

― Boa sorte ― Kara murmurou para mim.

― Só acho que você não precisava abraçar o criminoso ― Oliver ponderou sorrindo. Que saudade daquele sorriso!

― Eu estava sofrendo pelo afastamento da minha filha por minha esposa megera ― encenou com uma mão no peito. ― Eu estava mal, cara! Ah, um bolinho! ― Tommy exclamou feliz, mudando totalmente o rumo de sua conversa, pegando o doce.

Olhei de relance para Kara que apenas deu de ombros, nem dando importância por estar certa sobre aquilo. Gostei dessa aqui também. Me preparei para chamar Oliver, mas Tommy me viu primeiro.

― Vai quebrando, Senhor, toda maldição e feitiçaria, em nome do sangue de Jesus, que tem todo o poder! ― começou a recitar com as mãos para cima em prece.

Só então Oliver me viu. E não moveu um músculo do lugar.

― Eu cuido disso. ― Kara correu até onde o moreno estava, começando a arrastá-lo para uma das portas, acho que a sala de descanso. ― Vem, deixa eu te mostrar de onde aquele bolinho veio.

― Vai derrubando por terra, Deus de ministério! Protege meu amigo das artimanhas do inimigo, transforma ele em gay porque, eu, teu filho, estou pedin...

Respirei fundo e comecei a andar na direção dele. Qual é, Felicity, coragem, mulher! Você já passou por julgamentos piores.

― Não sabia que seu amigo era tão religioso.

― Ele não é ― refutou, ainda me olhando como se tivesse nascido outra cabeça em mim. ― O que faz aqui, Felicity, não tinha nada para fazer no seu trabalho? ― Ouch! Começamos com hostilidade então.

― Sim, eu tinha, mas havia algo mais importante para fazer aqui.

― Recuperar alguém que prendemos?

― Recuperar alguém que eu estou perdendo. ― Busquei sua mão com a minha até entrelaçar nossos dedos. Oliver ficou olhando fixamente para o contato. ― Peixinho, podemos conversar? ― Eu conseguia ver que ele ia dizer não. ― Por favor?

― Tá bem.

Oliver me levou até uma sala de interrogatório que estava vazia. Já havia estado em várias dessas, mas como não fazia muito tempo que atuava em Star City, nunca tinha vindo em uma das do distrito de atuação dele, por isso ainda não conhecia nenhuma daquelas pessoas. Ele ocupou uma cadeira, mas para não impor tanta distância entre nós ocupando a do lado oposto, sentei na mesa à sua frente.

― Eu não tenho muito tempo.

― Não vai demorar, só preciso pedir perdão a você por toda a babaquice daquele dia na baía. Eu estava errada, você certo. Ponto final.

― Uau, três dias remoendo para saber disso ― ironizou.

― Não, eu soube no momento que você saiu, mas meu chefe me encheu de trabalho e você não me atendia, e... Bom, não é importante agora. ― Balancei a cabeça, tentando voltar ao eixo do meu discurso preparado. ― Oliver, cada vez que repasso o que você me disse, entendo mais que não deveria ter agido daquele jeito. Exagerei, devia ter apoiado quando tentava me contar algo difícil para você, e não apenas acusado de volta, muito menos ter te deixado daquele jeito para voltar ao tribunal. Você realmente tem sido um ótimo namorado e se esforçado para esse relacionamento mais do que eu, abrindo mão dos seus amigos e até questões de trabalho, enquanto eu cedi bem menos. Estou disposta a mudar isso.

― O que quer dizer?

― Se pra ficar com você, preciso ser amiga dos seus amigos como você tem buscado ser dos meus, tudo bem pra mim, mesmo com todos os apelidinhos e talvez algumas sessões de exorcismo. ― Sorri levemente, e ele também. Suspirei aliviada. ― E se eles continuarem te afastando por estar comigo, estou pronta para brigar também.

― Não precisa ― negou. ― Mas de uma coisa você estava certa, não podemos esconder coisas um do outro. Eu fiquei sensível pela coisa da minha família, mas devia ter entendido seu lado também.

― Isso não importa mais, está tudo bem. Então... ― Coloquei as mãos em seus ombros, subindo devagar até estarem encaixadas em cada lado do pescoço dele. ― Estou desculpada? ― Oliver sorriu amplamente, só aquele gesto aquecendo meu coração.

― Claro, babe. ― E beijou a parte interna do meu pulso, igualzinho fez na manhã depois de quando nos conhecemos. ― Se não tivesse aqui hoje, eu provavelmente estaria batendo mais tarde na porta da sua casa.

― Estivesse ― o corrigi quase no automático. ― Tivesse pertence ao verbo ter, estivesse ao verbo estar.

― Como eu senti saudades dessas correções gramaticais ― murmurou sorrindo e ficando de pé para encaixar os lábios nos meus.

Ah, e eu senti saudades disso!

― Então, você me disse uma coisa naquele dia, e eu meio que não parei de pensar sobre ― comecei a falar ainda agarrada a ele. ― Não sei se foi de caso pensado, ou no calor do momento, mas...

― Ei! ― chamou minha atenção para si, fazendo carinho em meu rosto. ― Sim, Felicity, eu estou apaixonado por você. Eu não devia ter dito daquele jeito, tudo bem se não...

― Eu te trouxe um presente! ― o cortei me soltando para pegar a sacola que havia trago. ― Você me mostrou seu álbum de família, todas as lembranças boas que vocês compartilharam, e mesmo do jeito que as coisas estão agora, ainda são boas lembranças. ― Peguei o álbum gigantesco que havia comprado e estendi para ele. ― Esse é o nosso.

Oliver pegou o livro gigante e o olhava com curiosidade, desde a capa, onde estava escrito em letras enormes “Retratos Nossas” e uns desenhos fofos de peixes de barras de chocolate, então abrindo as primeiras páginas. Eu já tinha colocado algumas fotografias, uma nossa lá em casa enquanto bebíamos vinho e assistíamos Harry Potter na noite que nos conhecemos. Tinha uma do dia do tribunal, essa foi difícil de conseguir, já que envolvia o sistema de vigilância, então algumas outras dos nossos encontros e momentos juntos ao longo dessas semanas, com Thea e até daquela noite na boate.

― Isso é o quanto estou comprometida com a gente, Oliver. ― Fiz com que ele tirasse a atenção do álbum. ― Quero completar as duzentas páginas desse álbum de fotos e então mais duzentas e mais duzentas, porque também estou apaixonada por você.

― Não! ― o grito nos assustou, foi quando a luz por trás do vidro falso se acendeu, revelando um Tommy à beira de uma crise, o homem estava até chorando! Kara e Barry sorriam sem graça e tentavam disfarçar por estarem nos espionando também, mas eu nem liguei. Como disse a Oliver, me esforçaria para lidar com a loucura de todos por ali, sem julgamentos e já estava até achando engraçado.

― Ei, não liga para eles. ― Oliver segurou meu rosto, me fazendo olhá-lo naqueles perfeitos olhos azuis. ― Vamos preencher todas aquelas páginas juntos.

― Juntos ― murmurei antes que ele se inclinasse novamente para um beijo.


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Notas finais do capítulo

Sempre juntos. Para sempre juntos.
E não estou com estrutura para falar mais nada.
Nos vemos pelos reviews.
Favoritem, recomendem, indiquem para os amigos!!
Bjs*



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