Pictures of Us escrita por Ellen Freitas


Capítulo 3
Wanna Be || Oliver


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoas!!

Como estão do lado daí? Do lado de cá estou lutando para passar pela deprê que foi o final do Crossover e as fotos do último episódio que saíram. Vocês também sofreram comigo nessa?

Mas por aqui em POU as coisas estão mais do que bem, então espero que gostem e aproveitem o capítulo. Muito obrigada a todos os favoritos e reviews, vocês são os melhores!! Até as notas finais... Bjs*



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― Isso é bom! ― murmurei pegando outra garfada do suflê de chocolate que dividíamos.

― Tão bom! ― Felicity exclamou, soltando um pequeno gemido de prazer, me fazendo sorrir. Estava pra nascer alguém tão doida por doce como ela.

― Hey. ― Deslizei do meu lugar no lado oposto da mesa para sentar no espaço ao seu lado, passando o braço por seus ombros. ― Percebeu o que escolhi para nosso jantar hoje? ― Ela franziu a testa, dobrando o pescoço levemente para o lado. ― Peixe e chocolate. ― Seu sorriso aumentou e seus olhos brilharam.

― Você é um fofo, peixinho, quem diria. ― Fez um carinho na minha barba, então beijou meus lábios de leve.

Hoje a gente completava um mês de namoro e, como ela descreveu a sobremesa, estava sendo tão bom. Não tínhamos muito tempo, nossos empregos exigiam muito, mas cada segundo juntos eram aproveitados ao máximo.

Claro que ainda tinha o pequeno detalhe que o nosso relacionamento era parcialmente secreto. Minha irmã sabia e já amava minha namorada, a mãe de Felicity que não morava em Star também sabia, mas as pessoas com quem passávamos maior parte do dia, nossos amigos e colegas de trabalho estavam totalmente por fora da situação. Foi o meio termo que concordamos para levar isso à frente nesse início sem todas as críticas que viriam. Ninguém da delegacia pouparia comentários negativos, eu tinha certeza disso.

― Quem viu a gente naquele tribunal, não diria que chegaríamos tão longe ― comentou terminando de comer sozinha a sobremesa.

― E desviar dos nossos amigos tem sido até divertido. ― Escapar de todos os encontros marcados por Tommy e as saídas para boates com Sara com basicamente o mesmo objetivo, estavam sendo um desafio a parte, mas Felicity não precisava se preocupar com isso ou detestaria ainda mais meus amigos. ― Quem diria que eu seria tão bom em mentir e escapar? Eu deveria me tornar um criminoso?

― Daí eu te tiraria da cadeia quando fosse preso ― completou entrando na brincadeira, segurando minha mão em cima da mesa.

― Eu não seria pego, amorzinho. ― Minha mão livre enredou-se por seus cabelos e logo desci minha boca para a dela.

― Ollie? ― O chamado interrompeu nosso beijo no meio, e quando olhei na direção da voz, engoli seco.

― Laurel. ― Ela parecia feliz em me ver, já fazia um tempo que não nos encontrávamos, e estava acompanhada de um moreno alto, que supus ser o namorado novo que Sara havia falado sobre.

― Que coincidência você... Ow! Doutora Smoak. ― Só então ela pareceu reconhecer minha companhia. Felicity sorriu sem graça e soltou minha mão para dar um aceno nervoso.

― Doutora Lance.

― Espera aí um segundo… Vocês estão juntos juntos? ― Apontou para nós dois com um sorriso divertido, então abrindo a boca demais em um gesto encenado.

― Sim.

― Não. ― Felicity me olhou levemente magoada e confusa com a minha negativa diante da afirmação dela sobre nosso relacionamento.

― Ops, isso é ruim.

― Quer dizer, sim. Estamos juntos, só combinamos de não contar pra ninguém ― falei a última frase para Felicity, quase como uma explicação.

― Uau, um policial e uma advogada de defesa! Isso é como…

― Peixe e chocolate? ― Felicity murmurou escondendo a cabeça no meu ombro. ― Deus!

― Para seu conhecimento, peixe e chocolate é muito bom, acabamos de comer um salmão maravilhoso e um suflê divino!

― Okay ― concordou me olhando esquisito. ― Como isso aconteceu? Quando? Quem já sabe? Caramba, Tommy já sabe? ― A última pergunta foi feita em tom mais sério. Todos sabiam quem seria meu maior desafio com a novidade.

― Tudo bem, querida, acho melhor guardar o interrogatório para o tribunal ― o namorado dela apaziguou lhe acariciando as costas. Já gostei desse aí. ― Prazer, Ray Palmer.

― Oliver e Felicity ― nos apresentei.

― Por que não nos juntamos a vocês? ― Laurel já foi logo puxando uma cadeira. ― Estou mesmo muito curiosa para como isso aconteceu. ― Fez um gesto amplo com as palmas para nós dois e em seguida segurou o pulso de Ray o forçando a se sentar também.

― Amor, tem certeza...

― Então, Oliver... Felicity… ― começou com as duas mãos unidas sob o queixo, como uma criança prestes a aprontar. ― Isso é alguma penitência mútua que estão pagando, ou…

E eu achando que ela seria a pessoa com a qual eu não teria problemas. Laurel, apesar de compor a equipe da promotoria, era a mais mente aberta de todos os meus amigos e não costumava se importar em nada com a vida amorosa de ninguém. Como esquecer quando Sara começou a sair com um "ex" criminoso e ela foi a única a não se opor, apenas aconselhar todos a deixar rolar que logo ela deixaria aquilo para lá? Mas parece que se divertir às minhas custas era mais prazeroso.

― De onde vocês se conhecem? ― Ray apontou para mim e Laurel. Cancela, não quero mais ser amigo de Ray Palmer. Eu ainda não tinha tido a conversa estranha sobre os ex com Felicity.

― A gente namorou. ― Com a resposta de Laurel, Felicity tirou a cabeça do meu ombro para me olhar. ― Duas vezes. ― Suas sobrancelhas franziram. ― Ah, e meu pai é capitão dele. ― Se eu achei que isso fosse irritá-la, não poderia estar mais enganado. Ela começou a rir, de verdade.

― Você é completamente pirado, peixinho.

― Peix...

― Querem saber? ― interrompi o que seria outro comentário impertinente de Laurel. ― Melhor a gente ir nessa, amor. Vamos pagar a conta direto no caixa, que tal? ― Fiquei em pé, pegando a mão de Felicity.

― Ei, espera, agora quero conversar com a Laurel!

― De jeito nenhum. Tchau, Laurel. Foi um prazer Ray.

― Nos vemos pelo tribunal, Felicity. ― Minha ex acenou animadamente, e para meu desespero, foi retribuído de pronto. Tô ferrado.

~

― Oliver, eu estava pensando...

― Hm? ― O tecido macio da camisola verde de seda sob as minhas mãos era uma delícia, mas eu não via a hora dele estar fora.

― Devíamos contar para nossos amigos sobre a gente.

― Amigos? ― murmurei meio distraído, entre os beijos que deixava pelo pescoço alvo de Felicity.

― Sua barba faz cócegas. ― Ela começou a rir e contorcer o pescoço, segurando em meus ombros.

― Em que parte do corpo vai querer sentir cócegas? ― O sorriso dela ficou maior, e quando comecei a subir o tecido de suas pernas, ela balançou a cabeça como se tentasse se focar e segurou minhas mãos.

― É sério, Oliver, dois minutos. ― Suspirei, saindo de cima dela e apoiando a cabeça na mão e o cotovelo na cama para realmente prestar atenção no que falava.

― Tá bom, o que quer fazer sobre isso?

― Se o fiasco do fim do jantar de hoje for algum indicativo, devemos contar a eles logo.

― Tão ruim assim? ― Fiz uma careta.

― Eu estou acostumada a fazer as perguntas, não respondê-las ― se justificou. ― Não me leve a mal, Laurel é uma ótima profissional, sempre levou a promotoria com honestidade, e não vejo a hora de compartilhar histórias constrangedoras sobre namorar você, mas...

― Hey, não façam isso! ― Me apressei em dizer, mesmo sabendo que não adiantaria.

― Mas aquilo aconteceu porque não estávamos preparados.

― Não é um julgamento, babe. ― Sentei no meio colchão, e ela ajustou as costas melhor à cabeceira. Aparentemente, aquilo ia durar mais que dois minutos. ― Você já pensou em algo, não é? ― Seu sorriso dessa vez foi animado, e até bateu palminhas.

― Com Laurel não deu muito certo porque fomos pegos de surpresa, num jantar com outro propósito, em um local discreto​ demais onde era possível sermos interrogados. Eis minha ideia… Precisamos de um ambiente, horário e cronograma controlado por nós, assim poderíamos dar a notícia no nosso tempo e nos nossos termos, e ainda com um escape fácil se tudo não sair como planejado. ― Okay, o sexo era excelente, mas eu também poderia ouvi-la tagarelar por horas. Eu devia parecer patético enquanto a admirava nesse momento. ― Então, o que acha?

― Você é muito do tipo A, amor ― murmurei sorrindo.

― Tá dizendo que sou obsessiva e controladora? ― Engoli seco. Eu tinha acabado de irritar minha namorada e acabado com minhas chances da noite?

― Só um pouquinho assim. ― Mostrei meu polegar e indicador separados por uma pequena distância, mas ao contrário do que achei ela sorriu maior.

― Ainda bem que você já sabe ― respondeu sem dar a mínima para o que irritaria a maior parte das mulheres. Primeiro ela não tem ciúmes da minha ex, e agora nem se importa com isso. De fato, ela era diferente. ― Resolvido isso, se puder voltar ao que estava fazendo, tem um lugarzinho bem específico que sente falta da sua barba. ― Sorriu maliciosa, e sem esperar por um segundo convite, puxei suas pernas para estar completamente debaixo de mim, seu gritinho surpreso e nossas risadas ecoando pelo quarto.

― Eu realmente gosto de você, Felicity.

― Eu também, Oliver. ― Seu sorriso agora foi doce, mas os olhos me encantaram mais dessa vez. Eles brilhavam e nunca senti tanta reciprocidade de alguém na vida. ― Agora desce. ― Ergueu uma sobrancelha, e deixou um selinho em meus lábios, empurrando meus ombros para baixo e separando os joelhos.

~

Analisar uma cena, coletar pistas, identificar suspeitos, eram coisas que eu fazia todos os dias no meu trabalho. E era o que eu estava fazendo agora, naquela boate barulhenta e mal iluminada.

― Nossa, essa sua touca é ridícula, Felicity vai odiar. ― Thea chegou com uma garrafa em mãos e passava um pano no balcão, limpando a água que se acumulou ali, enquanto gargalhava às minhas custas. ― Minha cunhadinha do coração já chegou? É hoje que vocês farão a grande revelação?

― Não, ela não chegou, e sim, será hoje.

― Você sabe que ainda tem revelações a fazer para ela, não sabe? Sobre nossa família. ― Torci o nariz para a ideia.

― Só estamos juntos há um mês, acho que ainda é cedo para toda a coisa da grande família Queen cair em seu colo.

― Só não demore muito ou ficará estranho pra contar, ela vai achar que você estava escondendo e não a protegendo da mamãe ― aconselhou. ― E as vítimas de vocês, já chegaram? ― Mudou se assunto, acenando um "já vou" para um cara que a chamou com o dedo em riste.

― Já sim. ― Virei de costas para o balcão para olhar melhor a pista de dança como um todo. ― Sara está ali no meio, dançando. Tommy naquele canto dando em cima daquela loira, e Diggle, Barry e Kara, na área VIP, onde é "mais silencioso".

― E os amigos dela?

― Curtis, aquele ali com alguém que acredito ser o namorado pela proximidade e intimidade. ― Apontei para um ponto mais distante no balcão. ― Tem aquele andando meio perdido no meio de tudo, Roy alguma coisa. A melhor amiga, Caitlin, está chegando com ela.

― Já sabem o que vão fazer?

― Reunir todos na área VIP e dar a notícia. Existem mais detalhes no cronograma de revelação, mas eu não estava mais entendendo. ― Thea ergueu uma sobrancelha, segurando uma risada.

― Existe um cronograma de revelação?

― Tá na porta da geladeira dela, olhamos para ele e o revisamos todas as manhãs, desde o início da semana ― revelei, a fazendo gargalhar alto.

― Você tá ferrado, mano, pescou uma tipo A, igual a mamãe. ― Deu dois tapinhas em meu ombro, indo atender ao cara. Me arrastei a seguindo pela borda do balcão.

― Elas não são iguais e nunca mais fala isso, pelo amor de Deus! ― Sim, Moira era extremamente controladora, mas Felicity não era nada como ela. Minha namorada não me sufocava como minha mãe fazia.

― Amorzinho! ― Felicity chegou passando os braços por meu tronco. ― Hey, Thea! ― As duas se abraçaram por cima do balcão.

― Lissy! Ainda está me devendo aquele dia de compras, hein?!

― Logo que tiver um tempinho do trabalho, vamos sim. Não esquece de levar as fotos do peixinho bebê, que combinamos.

― Claro que não. Falando em trabalho, melhor voltar ao meu, fiquem à vontade. ― Minha irmã já tinha dado alguns passos à frente, quando voltou, com a cara de que ia aprontar, como a que fez antes de jogar meu carrinho de brinquedo preferido do andar de cima da nossa antiga casa. ― Ah, antes de sair, me diz o que achou da touca do Oliver.

― É ridícula, ele não tem mais vinte anos ou é um astro de TV.

― Eu te amo. ― Apontou o indicador para ela e piscou, saindo com o sorriso satisfeito por ter conseguido o que queria.

― Qual é, eu fico estiloso! ― reclamei, ajeitando a coisa na minha cabeça.

― Claro que fica, amor ― retrucou sem nem me olhar direito. ― Legal que sua irmã trabalha em uma boate, encaixou com nosso plano. ― Assenti sem graça.

A coisa é que Thea não trabalhava em uma boate, ela tinha uma boate.

Ao contrário de mim, que havia sido deserdado por minha mãe quando resolvi abandonar todo o legado Queen, Thea ainda desfrutava de algumas regalias de ser filha de bilionários, a maior delas sendo ser a filha única e adorada de Moira Queen. Mas, de onde eu via, nunca tinha sido mais feliz do que quando abri mão de tudo para sair de debaixo do controle da nossa mãe e me tornar policial.

― Então, seus amigos já chegaram?

― Sim, sim ― respondi voltando ao foco dos nossos planos da noite. ― E sua amiga?

― Já, ela está deixando nossos... Oh, não.

Acompanhei seu olhar para ver que Tommy tinha deixado a loira de antes em paz e agora caminhava obstinado na direção de Caitlin, com um sorriso nos lábios que ele considerava conquistador. Isso ia dar merda.

― Oh, não.

― Corre lá, peixinho. Não posso ir tirar ela de lá, seu amigo me conhece.

― Eu vou. Nos vemos daqui a pouco. ― Deixei um selinho em seus lábios e andei a passos rápidos entre as pessoas até lá.

― Porque eu te chamaria de videogame? ― Caitlin perguntava para Tommy, que sorria safado, chegando mais perto dela.

― Pra você me jogar no sof...

― Okay, okay, a moça não precisa ouvir isso ― interrompi a cantada barata do meu amigo. ― Tommy, parceiro, vamos?! Vou te pagar um drink. ― Comecei a arrastá-lo pelo braço para onde Sara estava.

― Ei, cara, atrapalhou meu esquema ali! Logo quando eu ia usar a cantada do Benjamin Button e convidar ela para ter um estranho caso comigo. ― Piscou para mim, me fazendo rolar olhos. Como alguma garota ainda caía naquelas?

― Então agradeça por te salvar de levar um tapa na cara ― falei elevando minha voz quando entramos na pista de dança e o barulho aumentou. ― Ei, Sara.

― Loiro! Moreno! ― gritou para nós dois, jogando os braços para o ar enquanto dançava.

― Tá gata, hein?! ― Tommy pegou na mão dela, a fazendo girar em seu tubinho vermelho curto e justo, os dois gargalhando juntos, ele a puxando pela cintura, para falar ao seu ouvido.

― Foi mal, lindinho, já tenho dois encontros para depois. ― Mostrou dois dedos, lhe dando um empurrãozinho para longe. ― Pode ser amanhã?

― O capitão mata os dois se souber que andam se encontrando por aí! ― avisei. ― Vamos lá em cima, preciso conversar com vocês.

― Mas lá em cima é silencioso! ― Sara reclamou, mas acabou me seguindo.

Kara e Barry estavam distraídos em uma disputa de um jogo de adivinhação no celular, ele agitado fazendo uma mímica e ela agoniada por não conseguir adivinhar sobre o que se tratava, enquanto Diggle parecia já entediado de ter ficado de babá das crianças. Sara sentou ao lado do tenente e já ia começar a rir dos outros dois, quando resolvi a interromper, ou nunca conseguiria falar.

― Eu tenho um comunicado a fazer.

― Sim, Ollie vai pagar bebidas para todo mundo! ― Tommy passou um braço por meus ombros, dando tapinhas em meu peito. ― Hoje tá liberado, galera! Wow! ― gritou.

― Não é isso não, Tommy. ― Tirei seu braço de mim. ― Como eu estava dizendo, tem algo que preciso falar para vocês, meus amigos que me apoiam e me amam apesar de tudo. Bom, eu...

― Você é gay? ― Sara, que não conseguia falar baixo nunca, gritou, chamando a atenção de todos na área VIP.

― Quê? ― minha voz subiu uma oitava, tamanha minha surpresa. Pigarreei, engrossando minha voz um pouquinho além do necessário. ― O quê?

― Acho que não estou tão surpresa no fim das contas, com toda a coisa com Tommy... ― começou a explicar como chegara àquela conclusão, apontando para nós dois.

― Eu não sou gay! ― Tommy rebateu, antes que eu o fizesse, dando um passo para longe de mim, também elevando a voz. ― E é mal uma pessoa com quem eu dormi ficar falando isso por aí, Sara.

― Eu também não sou gay, só para esclarecer ― falei estendendo as palmas para ela. ― Qual é, Sara, a gente até namorou um tempo.

― Ah, querido, você ficaria surpreso. ― Fez um gesto de “deixa para lá” com a mão, se encostando melhor no sofá.

― Cara, o que você fez? ― Dig questionou preocupado, quando as risadas pelas gracinhas da minha amiga diminuíram. ― Tá com cara de quem aprontou.

― Não importa! ― Sara pulou no sofá. ― Precisa de identidades novas, mudança de visual, Deus me livre, um advogado? Eu conheço um cara.

― Não foi nada ilegal, gente, mas a parte do advogado não é totalmente mentira.

― Você matou um advogado? ― Tommy arregalou os olhos na minha direção, então sorriu animado. ― Eu não acho ilegal, cara, inclusive chamo isso de dedetização.

― Do que você está falando afinal, Oliver? ― Barry questionou, salvando Tommy de uma resposta rude minha.

― É tipo um pronunciamento, não é? ― Foi a vez de Kara dar opinião. ― Será doença?

― Com certeza deve ser importante. ― Kara tocou o ombro dela no de Barry, os dois especulando baixinho.

― Eu posso falar? ― Finalmente todos calaram a boca e me deram atenção. ― Obrigado. ― Respirei fundo. ― Então, estou saindo com alguém. ― Esperei em silêncio alguma manifestação mais exaltada, mas todos me olharam com cara de tédio, voltando para os próprios assuntos em seguida.

― Só isso? Droga, Oliver eu estava ficando preocupado de verdade! ― Diggle ficou de pé, pegando a jaqueta. ― Eu estou indo embora, quero dar um beijo nos meus filhos ainda hoje.

― Não, Dig, espera. ― Segurei seu braço o impedindo de ir embora. ― Está ficando sério com essa pessoa, e eu queria que vocês a conhecessem.

― Pessoa, não mulher. Te disse ― Sara cochichou para Tommy, que havia sentado no lugar de Diggle, e ele balançou a cabeça concordando.

― Que merda, Sara, não é um homem! E vocês também vão conhecer os amigos dela, então, comportem-se. ― Apontei o indicador ameaçadoramente para todos, indo pelas escadas que levavam até a pista, já à procura de Felicity.

Minha namorada também conversava com os amigos em uma parte mais isolada, e quando me viu, acenou me chamando para chegar mais perto.

― Galera, esse é o Oliver.

― Mas esse não era o detetive do tribunal que você... ― Curtis levou a mão à boca, impressionado. ― É o gostoso do tribunal!

― Que merda, amiga, você está dormindo com o inimigo? Como isso aconteceu? E quando planejam acabar, por que vocês sabem que...

― Não planejamos acabar, e é por isso que estou contando para vocês. ― Felicity interrompeu Caitlin. ― Eu e Oliver vamos levar essa relação adiante, com ou sem o apoio de vocês, mas eu prefiro que seja com ele.

― Mas, amiga...

― Cait, por favor, é importante. Eu sei que somos diferentes, mas se conseguimos dividir a...

― Cama? ― o menino mais novo falou rindo, o que Felicity disse que era assistente jurídico.

― Vida, Roy. Se conseguimos dividir a vida, vocês poderiam se esforçar para lidar melhor com isso, que tal? Sejam razoáveis.

― Certo, eu vou ser razoável, mas só porque sei que isso não vai pra frente. ― Preferi nem dizer nada, não ia entrar numa discussão logo no início com a melhor amiga da minha namorada, mesmo que me segurar para não rebater a sentença de morte que ela havia dado para meu relacionamento tenha sido muito difícil. ― E você, bonitão... ― Caminhou na minha direção, me apontando um dedinho ameaçador. ― Se for a causa de uma lagrimazinha da Lissy, eu pessoalmente te caço e te jogo na cadeia para sempre.

― Você não... ― comecei.

― Me testa só pra você ver.

― Eu jamais a magoaria. Tá bom assim?

― Cadeia. Para. Sempre. ― falou levantando um dedo por vez, e, de algum modo, acreditei em cada uma das ameaças, tomando um passo de distância.

― Okay, Cait, já chega. ― Felicity ficou como um escudo na minha frente. ― Roy, Curtis, algum comentário? É o único momento que vou permitir que vocês façam. ― Se eles tinham algo para falar, deixaram para depois, pois ficaram calados. Parece que não era só em mim que Felicity jogava suas ordens. ― Olha que ótimo, agora vamos conhecer os amigos do peixinho.

― Ei, ninguém falou em amigos!

― Isso aí, eles devem ser, tipo, policiais. Eca!

― Eu não vou ser amiga de nenhum policial, amiga, esquece!

― Ninguém precisa ser amigo de ninguém, só queremos vocês se conheçam, dá pra ficarem calmos e fecharem a matraca. Eu, hein?! ― Felicity pegou minha mão e começou a caminhar da direção que eu tinha vindo. ― Venham, e comportem-se. ― Os três nos seguiram.

― Não foi tão difícil.

― Imagina ― ironizou. ― Você só teve que lidar com as ameaças da minha amiga.

― Amor, estou acostumado a ser ameaçado, não é grande coisa. Mas se prepare, meus amigos não serão tão compreensivos, e nenhum deles tem medo de mim.

― Por isso temos o plano B, Oliver. ― Piscou para mim.

― Ei, todo mundo! ― chamei a atenção de todos quando chegamos à área VIP. ― Essa é Felicity, e esses são os amigos dela, Curtis, Roy e Caitlin. ― Todos acenaram simpáticos, o que estranhei, até perceber que Tommy não estava mais entre eles.

― E eu vou me despedir antes do banho de sangue. Até mais, Oliver. ― Diggle não segurava a risada, quando passou por mim dando dois tapinhas em meu ombro. ― Bom te ver de novo, doutora.

Diggle foi a pessoa que me mandou ir atrás de Felicity naquele dia no tribunal. Ele me disse que não me via tão feliz e interessado de verdade em alguém há muito tempo, e que eu devia apenas seguir meu coração, mesmo que ele ainda não estivesse totalmente okay com a ideia de me ver com uma pessoa tão diferente de mim.

― Espera, doutora? ― Barry perguntou confuso. ― Você é médica?

― Não! ― o grito chamou a atenção de todos para Tommy, que quase derrubou as bebidas que tinha em mãos. ― Quem deixou essa paquita do capeta entrar aqui e porque ela está segurando sua mão, Oliver?

― Surpresa! ― Mostrei uma alegria exagerada, e o queixo dele quase foi ao chão em um gesto encenado. ― Você lembra do Tommy, não é Felicity?

― Hey, Merlyn!

― Não, não fala meu nome e fica bem longe de mim, não quero essa sua urucubaca a menos de... Oh, meu Deus, não me diz que vocês estão... Que ela é a sua...

― Não estou entendendo essa implicância, Tommy, achei a nova namorada do Oliver bem gata. Prazer, Sara Lance, ex do Oliver. Duas vezes. ― A loira ficou de pé, apertando a mão de Felicity, que me olhou curiosa. Droga, esqueci de contar esse detalhe sobre Sara e Laurel antes.

― Ela é a advogada de defesa que acabou com o Ollie no tribunal mês passado! ― Tommy explicou.

― Eca! ― Sara soltou a mão de Felicity rapidamente. Todos os outros também soltaram murmúrios de nojo quando descobriram de toda a história.

― Okay, nada de “eca”! Eu e Felicity nos gostamos muito e planejamos levar essa relação adiante, com ou sem o apoio de vocês, mas eu ia preferir que fosse com, então...

― Sério que você só vai copiar o que ela disse pra gente? ― Caitlin questionou, saindo de trás da gente. ― Não me chame de surpresa.

― Cait!

― Ei, você ― Tommy franziu o cenho para a morena. ― Eu dei em cima de você ainda a pouco. Não me diz que também é... Acho que vou vomitar. ― Colocou a mão na boca e outra no estômago.

― Eu que deveria vomitar, seu tarado! Você é um idiota, péssimo em cantadas e sua certidão de nascimento deve ser um pedido de desculpas da fábrica de preservativos!

― Ninguém fala com Tommy assim, só eu! ― Sara o defendeu. ― E se quer xingar alguém, deveria fazer isso com quem te vendeu essa roupa!

Foi a partir daí que as coisas saíram totalmente do controle. Curtis entrou na briga para defender Caitlin, Tommy voltou para discussão, e até Barry e Kara começaram a defender o lado da delegacia, forçando Roy a participar. De repente, a área VIP estava mais barulhenta que a pista de dança e eu sabia que a qualquer minuto alguns seguranças da minha irmã subiriam para nos expulsar dali.

― Amor, se tem mesmo um plano B, melhor usar agora, não vai ficar melhor do que isso. ― Franzi o nariz quando Caitlin pegou os copos que Tommy trouxe, jogando um na cara dele e entornando o outro no cabelo. E ele não deixava ninguém mexer com aquele topete ridículo.

― Tem razão, vamos. ― Começou a me puxar para as escadas.

― Para onde?

― Fugir daqui, oras. Peixinho, já nos resolvemos, deixem que eles façam isso.

― E se não fizerem?

― Tem advogados e policiais aí o bastante para não terem problemas de verdade se forem presos. ― Deu de ombros. ― Vamos para minha casa, podemos aproveitar a noite melhor sem toda a barulheira, o que acha?

― Partiu.


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Notas finais do capítulo

Então?

Ali loucura pouca é brincadeira, mas me divirto horrores com esse povo seriamente pertubado. E em meio à toda a confusão, e depois de como foi o último capítulo, quem diria que Oliver e Felicity seriam os mais tranquilos sobre tudo?!

Bom, espero que estejam gostando!! Se acham que a história merece uma chance, favoritem, recomendem, indiquem para os amigos que curtem Arrow.
Até os reviews. Bjs*



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