Pictures of Us escrita por Ellen Freitas


Capítulo 23
Lovebug || Felicity


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoas!!
Como estão do lado daí?
Mais um capítulo chegando fresquinho para vocês!!

Mas primeiro, preciso deixar meu muito obrigada para LoloBreu3456, por ler, acompanhar e já chegar recomendando. Fiquei surpresa e tão tão feliz!! Esse capítulo é especial para você!!

Espero que gostem, boa leitura!! Bjs*



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― Não, e deixa e eu te dizer, ele ganhou peso, tá mais bonito. ― Parei o corte do meu peixe para contar. ― Objetivamente falando, claro.

― Hm ― Caitlin apenas murmurou, dobrando uma folha de alface do seu almoço com o garfo para colocar na boca.

― Ai, que saudade eu estava do Billy e do nada ele está trabalhando com meu marido? É como se o mundo fosse do tamanho de um ovo!

― Uhum. ― Franzi o cenho para minha amiga, que novamente continuava nos murmúrios monossilábicos, como se nem estivesse atenta ao que eu estava falando. Resolvi continuar então.

― Conversamos um pouco na delegacia naquele dia, mas não deu tempo, Oliver estava cansado na volta ao trabalho, logo fomos embora. ― Dispensei essa parte da história com a mão, foi estranho na hora, ainda era estranho agora. ― Enfim, Billy vai jantar lá em casa hoje à noite.

― E Oliver vai estar presente ou é um encontro só entre você e seu ex? ― Sua pergunta ácida passivo-agressiva me pegou de surpresa, o pedaço de salmão parando na metade do caminho.

― Não estou te entendendo, Cait.

― Está sim, Felicity. ― Estreitou os olhos para mim e sorriu cínica.

― Billy é meu amigo, não precisamos nos odiar só porque terminamos um namoro.

― Concordo, mas até onde me lembro do que me disse, vocês terminaram porque ele foi promovido para a Interpol e foi embora, não porque não se gostavam mais.

― Isso foi há tantas luas atrás, e eu amo o Oliver mais que tudo na minha vida, mais do que não cheguei nem perto de amar o Billy. Não faça disso uma questão, Caitlin.

― Tudo bem, eu sei disso, mas você não parece estar levando em consideração o que eles acham.

― Como assim?

Você terminou com o Billy porque você não lida bem com relacionamentos à distância. Superou, conheceu o Oliver, está casada e feliz, parabéns. Mas ele gostava de você, e se quer minha opinião...

― Não quero ― a cortei.

― Vou dá-la mesmo assim ― continuou reticente. ― Billy talvez ainda goste de você e se falou dele para seu marido com um terço da empolgação que falou para mim, ele deve estar agora morrendo de ciúmes. ― Abri minha boca em choque com a informação. ― Ciuminho fofo de leve, okay. Agora isso entre dois caras bem treinados e armados, perigo.

― Não viaja, Cait, nenhum dos dois é assim. Billy até que tinha as crisesinhas dele, mas Oliver é zero ciúmes de mim, assim como sou zero ciúmes dele.

― Falou a garota que socou outra no meio de um aeroporto lotado em Vegas ― falou baixinho, mas alto o suficiente para que eu ouvisse, escondendo metade do rosto atrás de um copo de suco.

― Eu te odeio ― cochichei de volta, mas ela sorriu.

― Olha, amiga, eu sou totalmente a favor do pensamento de que você pode ter quantos amigos homens quiser e Oliver que lide com isso, mas só pega leve no chamego com seu ex, tá? Pelo que conheço do seu marido, ele vai engolir seco, não falar nada e nem vai te amar menos por isso, mas não seja a responsável por deixá-lo inseguro.

― Quanta sabedoria, Caitlin Snow. ― Tive de reconhecer. ― Eu prometo tentar ser menos... Você sabe.

― Valeu. ― Fez uma reverência encenada com a cabeça e a mão. ― E eu tive que exercitar minha sabedoria, já que você me deixou aqui com aquele bando de loucos por um mês inteiro. Não faz mais isso não, amiga ― suplicou com um biquinho.

― Ótimo gancho para mudar de assunto. ― Arrastei minha cadeira para perto dela, que recuou me olhando assustada. ― O que tá rolando com Barry? ― Cait bufou.

― Oliver já foi fazer fofoca?

― Sim, e eu tive que fingir que já sabia. Como assim? O que eu perdi?

― Não é nada.

― Eu bem que vi vocês dançando no casamento, e agora essa nova informação? Me conta tudo!

― Não tem nada pra contar, ele ainda estava meio na bad pelo término com a Iris, eu e Kara estávamos tentando animá-lo, saímos algumas vezes.

― E... ― a incentivei a continuar.

― E nada, já disse. ― Desviou o olhar do meu e suas bochechas coraram um pouco. A encarei longamente, cobrando uma reposta. ― Okay, foi só uma quedinha.

― Sabia! Impressionante como fiquei melhor em saber disso do que o Oliver ― falei para mim mesma. ― Mas rolou alguma coisa? Pelo menos uns beijinhos?

― Não viaja! Fora o fato de não conseguirmos quase nenhum segundo a sós por causa do pé no saco do Merlyn, vi que só poderíamos ser amigos. Barry é um fofo, mas conhecê-lo melhor, vi que não é pra mim. Fofo demais.

― Desenvolva.

― Não quero.

― Qual é, amiga, me conta a fofoca toda! Ou melhor, se não quer falar disso, me fala sobre o misterioso número 95, o melhor sexo da sua vida que, por acaso, você encontrou na minha festa de casamento. Como eu posso não conhecê-lo?

― Deve ser por que eu não conheço, você está exagerando, eu nem lembro da cara dele!

― Mas lembra de como se sentiu, você disse, me disse que foi excelente, não negue! O termo excelente não deve ser usado levianamente, você sabe. Talvez possa ser algum dos caras que estavam trabalhando lá, ou algum hóspede! Podemos pegar uma lista das pessoas que...

― Também não quero falar disso! ― interrompeu meu pensamento investigativo recém adquirido em Aruba. ― O estranho 95 é... Misterioso demais. ― Rolei olhos para todos os critérios extremos que ela determinava para namorados, então a ideia veio na minha mente como um estalo, que arfei em excitação.

― Ah, já sei! Billy não é fofo demais, nem misterioso demais.

― O quê?

― Billy é legal, sem ser fofo demais. Billy é o máximo e perfeito para você. Como eu não pensei nisso antes, meus amigos incríveis namorando, a gente pode visitar Paris juntas, e de quebra ainda resolve o problema com Oliver ― falei em um só fôlego.

― Não sei se gosto desses encontros arranjados.

― Qual é, Caitlin, você nunca teve um relacionamento sério depois do inconstante Ronnie Raymond e merece mais do que isso.

― Ronnie não era inconstante e Billy ainda é um policial. Você abriu mão dos seus princípios ao ficar de vuco-vuco com o Queen, não eu. ― Entortei meu nariz em uma careta. De fato, ela tinha passado tempo demais com Tommy durante minha lua de mel.

― Billy é um agente internacional, totalmente diferente ― defendi meu ponto. ― Às vezes um jantar pode ser só um jantar, conhece ele e daí a gente vê, que tal?

― Tá bom! ― se rendeu, já parecendo prestes a perder a paciência comigo. ― Mas sem expectativas, e promete deixar o Oliver cozinhar.

― Eu vou comprar comida pronta, sua antipática! Ai, isso vai ser tão divertido! Oito horas na minha casa, sei que não preciso dizer, mas não se atrasa, Billy nunca se atrasa. Não vê como isso é perfeito?

― Só promete que isso não vai virar um circo.

― Juro de mindinho.

~

― Uh, a louça chique do casamento! A rainha vem aqui? ― Sorri para Oliver que entrava na cozinha, depositando a bolsa em uma das cadeiras. ― Espera, eu te ajudo. ― Se apressou em ir ao meu alcance, me auxiliando em pegar os itens da prateleira mais alta.

― Temos convidados hoje, você não lembra?

― Deveria? ― Franziu a testa, colocando os pratos em cima do balcão.

― Billy.

― Ah. Isso é hoje? ― Suspirou. ― Tem certeza que não é bom adiar? Eu passei o dia com ele em campo, e posso dizer por nós dois que estamos cansados. Pelo menos estamos concluindo isso.

― Então nada como uma boa comida e uma taça de vinho para animar, peixinho. ― Peguei sua bolsa e prendi a alça em seu ombro, o empurrando em direção às escadas. ― Vá tomar um banho, ele e Cait já devem estar chegando. Por falar nisso, convidei Caitlin também.

― Ótimo, agora é uma festa ― resmungou, indo tomar seu banho.

Entortei o pescoço, olhando em dúvida suas costas se afastarem.

Oliver costumava ser o ser humano mais sociável e o melhor anfitrião do planeta, ele amava receber visitas, não importava o dia ou a hora, não à toa nossa casa havia virado quase um centro de eventos desde que começamos a namorar, e agora dizia que estava "cansado"?

Aquele comportamento incomum me fez pensar sobre o que Caitlin falou para mim no almoço, e finalmente conseguir ver algum sentido em suas palavras. Mas Oliver não poderia estar com ciúmes, ele nunca tinha demonstrado nada nem perto disso. E ao contrário de Helena, Billy era uma ótima pessoa.

Terminei de colocar a mesa e desligar o forno do jantar pré-pronto que comprei, e já subi para trocar o roupão pelo vestido que havia escolhido, até encontrar Oliver apenas com seus jeans, olhando para dentro do closet como se houvesse algum monstro nojento lá dentro.

― Amor, ainda assim? ― Passei por ele, colocando o vestido preto soltinho e anabelas que havia escolhido para a ocasião.

― Não sabia quão chique seria o seu jantar.

― Nosso jantar ― o corrigi o mais calma que consegui. Se eu tinha dúvidas, elas se extinguiram ali, com certeza havia tocado em um nervo. ― Coloca essa azul, destaca seus olhos.

Oliver vestiu a camisa de malha azul marinho que indiquei e puxou as mangas até os cotovelos, sentando em um puff para calçar os tênis, seus movimentos tão lentos que era como se ele estivesse retardando ao máximo ficar pronto.

― Eu não aguento mais isso. ― Tirei o pente de suas mãos quando ele já estava batendo a marca dos cinco minutos na função de arrumar o cabelo. ― Nós temos um problema, qual é?

― Não temos um problema ― retrucou, pegando o celular e digitando algo nele, ou apenas usando isso como desculpa para me responder diretamente.

― Temos sim. É porque chamei Billy para jantar conosco? Pensei que gostasse dele, você estava tão animado ao trabalhar nesse caso.

― O que tem para não gostar do Billy, ele é perfeito.

― Oliver… Você está com ciúmes?

― Não estou com ciúmes, Felicity, eu só acho que talvez eu não queria ver também à noite a pessoa com quem eu passo o dia inteiro trabalhando ― respondeu rápido demais.

Ah, tá. Como se metade do regimento da SCPD não ficasse mais aqui do que em suas próprias casas. Mas resolvi não dizer mais nada, ou pioraria ainda mais o clima do jantar.

― Okay, desculpa, devíamos ter discutido mais o convite. Não vai mais acontecer. ― Lhe cedi aquela vitória. Eu devia realmente ter falado com ele antes, mas fiquei empolgada demais ao reencontrar meu amigo.

― Não, também não precisa se desculpar… ― Seu rosto assumiu uma feição de culpa. ― É só que foi um dia intenso, estou cansado e não lembrava que isso era hoje. ― Segurou meu rosto e beijou meus lábios rapidamente.

― Não será um jantar longo, prometo. Vamos? ― Ofereci minha mão, que ele pegou prontamente para irmos para baixo.

― Então, você chamou Caitlin.

― Acho que ela e Billy fariam um bom par.

― Quando eu tento formar casais, você me diz pra largar, e você pode?

― Você tentou Caitlin e Tommy, o Capitão e minha mãe. Nem que fossem escolhidos por sorteio seria mais aleatório.

― Só porque eles são pessoas diferentes? A gente está indo bem. ― Ele beijou o dorso da minha mão que segurava. ― Como por exemplo, eu sei cozinhar e você não consegue esquentar uma simples comida sem acionar o alarme de incêndio.

― Quê? ― Oliver largou minha mão e terminou de descer as escadas apressado até a cozinha. Quando cheguei lá, só havia um torrão onde deveria estar a carne e o cheiro de queimado dominava tudo. ― Eu podia jurar que tinha desligado o forno. Que merda!

― Oh, babe. ― Me olhou com piedade.

― Será que ainda dá tempo de... ― Me assustei com a campainha tocando.

― Pedir uma pizza? Acho que sim. ― Beijou meu rosto decepcionado quando passou por mim para ir atender a porta. ― Agente Malone, pode entrar. ― Coloquei meu melhor sorriso no rosto como se o jantar não estivesse arruinado e fui até eles.

― Hey, Billy.

Eu ia o abraçar, daí lembrei do que a Caitlin disse sobre despertar sentimentos ruins em Oliver de propósito, então parei na metade do caminho e lhe estendi a mão, o que no final virou um meio abraço com mãos dadas, os dois me olhando estranho pelo comportamento esquisito.

Cadê minha amiga que não chega?

― E, detetive Queen, pode me chamar de William, ou Billy. Não estamos trabalhando.

― É só Oliver então. ― Meu marido sorriu simpático e trocaram um aperto de mão, e torci para eles não ouvirem meu suspiro aliviado.

― Então, tenho uma boa e uma má notícia, Billy. ― O conduzi até o sofá maior e sentei no braço da poltrona que Oliver ocupou. ― A ruim é que nosso jantar virou carvão, mas a boa é que você vai poder matar a saudade de uma das melhores pizzas do mundo. ― Coloquei uma dose extra de entusiasmo para disfarçar a tragédia.

― Babe, você sabe que ele morou na Itália antes de ir para a França, não sabe?

― Quieto, peixinho. ― Belisquei seu braço, que descansava sobre minhas pernas.

― Tá tudo bem, Oliver, às vezes bate uma saudade da pizza de casa. Minha artérias sentiam falta de toda a gordura e sódio mal distribuídos.

― Que maravilha, vou fazer o pedido! ― Saltei do meu lugar, pegando o telefone. ― Vocês dois, conversem!

Caitlin chegou pouco depois e abrimos uma garrafa de vinho que Billy trouxe, nosso assunto se resumindo a Paris enquanto esperávamos a pizza chegar. Os meninos já conheciam bem a cidade, mas eu e Caitlin não, então eles se ocuparam em falar sobre ela, especialmente Billy, que havia se apaixonado por cada detalhe dela nos meses que morava lá.

― Opa, nosso jantar! ― Andei animada até a porta, pegando a carteira no aparador para pagar o pedido, quando abri a porta e meu queixo quase caiu. ― Tommy? ― O moreno abriu um sorriso descarado.

― É o mesmo entregador da outra vez? ― Caitlin perguntou curiosa, quando neguei com a cabeça.

― Não, é o nosso Tommy.

Nosso não, você me respeite. Sou só do Oliver. ― Entrou antes que eu pudesse falar qualquer coisa. ― Hey, todo mundo. Agente Malone, Ollie, Satanás.

― O que faz aqui, peste?

― Ollie me chamou.

― Não chamei não ― se defendeu, quando o encarei em repreensão. ― Você perguntou o que eu iria fazer hoje à noite e eu disse.

― Mesma coisa na minha cabeça. ― Deu de ombros. ― Então, o que minhas crianças resolveram aprontar hoje? ― Ocupou o pequeno espaço vazio entre Billy e Caitlin. Okay, parece que não tínhamos escolha e havia mais um convidado. ― Sobre o que estamos falando?

― Eu estava falando de um chateou francês que descobri antes de vir pra cá.

― Não gosto de comida francesa. ― Fez uma careta, franzindo o nariz.

― É só a melhor culinária do mundo, mas okay ― Cait o recriminou. ― Mas ninguém esperava que você tivesse um gosto refinado para qualquer coisa.

― É a comida mais superestimada do mundo, isso sim. Mas ninguém espera que você entenda.

― Tudo bem, parou os dois. ― A campainha tocou, finalmente nosso jantar. ― É uma noite de adultos, discussões infantis não serão toleradas ― os alertei, indo pegar a pizza.

― Ela é tão mandona, como vocês dois conseguiram namorá-la? ― Tommy soltou o comentário, que apenas rolei olhos.

Eu já meio que previa que nossa noite calma tinha ido pelos ares quando Tommy Merlyn passou por aquela porta, mas estava sendo mais difícil do que achei sem Oliver para ajudar a controlar o amigo.

A parte boa era que Billy, que no início se esforçava para ser simpático, depois já estava se tornando amigo de Tommy, participando das brincadeiras e compartilhando histórias policiais emocionantes, para total desgosto de Caitlin. Talvez meu casal não fosse mesmo rolar.

Já meu marido estava cada vez mais calado. Apenas confirmando com murmúrios quando era cutucado sobre algum caso pelo melhor amigo. Mas foi quando, após a pizza e metade do primeiro filme de Duro de Matar, ele pediu licença, alegando uma dor de cabeça forte.

Todos ficaram meio sem jeito, menos Tommy, que não pegou o climão, mas esperaram concluir o filme para não passar recibo de mal-educados.

― A noite foi ótima, obrigado pelo convite, Lissy. ― Acompanhei Billy até a porta.

― Claro, obrigada por ter vindo. Desculpa pelo Oliver, ele tem reclamado de cansaço desde cedo.

― Foi um dia puxado, eu entendo.

― E sobre Cait, uh? ― cochichei, olhando de relance para minha amiga, que disputava o último pedaço de pizza com Tommy. ― Acho que vocês seriam um casal incrível.

― Pensei que ela tinha alguma coisa com o detetive Merlyn, não tem?

― Implicância e desagrado há dois anos, só. Devia chamá-la pra sair. Eu vou ajudar.

― Não, não precis…

― Cait, vem cá! ― a chamei, e ela deu um último tapa em Tommy quando ele lhe roubou a pizza, vindo até nós. ― Você está de carro, certo? ― Olhei sugestivamente para Billy.

― Precisa de uma carona, William? ― perguntou educada, entendendo minha deixa.

― Eu preciso, eu preciso!

― Sua moto está logo ali, Tommy. ― Indiquei para o veículo estacionado na minha calçada.

― Está, mas ela deu um probleminha quando eu estava vindo para cá. Morreu, tadinha.

― A tempo de estacioná-la perfeitamente?

― Sorte do azar, sabe o que dizem. ― Deu de ombros. ― Deixa de ser desumana, Snow, meu apartamento é no caminho para o seu, não te custa nada.

― Tá bom, peste! E você, William?

― Estou com um dos carros da sede Interpol aqui em Star City, mas obrigado ― explicou enquanto agradecia. ― Mas nós dois poderíamos jantar amanhã, que tal?

― Claro, seria ótim…

― Ela não pode amanhã.

― Eu posso sim, vaza daqui, Merlyn!

― Uma palavrinha, Tommy? ― O puxei pelo braço para a cozinha. ― Dá pra parar?

― Parar com o quê?

― Você e Oliver com essa crise besta de ciúme do Billy.

― Eu não estou com isso aí, e ainda bem que notou o Ollie em seu estado não-normal. Nunca vi ele com ciúme de ninguém.

― Então você sabia e mesmo assim provocou a noite toda?

― Claro que sim, ou não seria eu, parece que não me conhece. ― Estalou a língua. ― Agora me deixa ir ali salvar o pobre agente Malone da Medusa.

Quando voltamos, Billy apenas se despediu da gente e foi embora, os outros dois indo em seguida, mas apenas depois das várias recomendações do Merlyn para que cuidássemos de sua filha, a motocicleta que guardou na garagem.

Tranquei a porta e subi para o quarto, encontrando Oliver deitado com o antebraço sobre o rosto. Não sabia se ele estava dormindo ou não.

― Você me deixou sozinha com toda a loucura lá embaixo. Não foi legal.

― Desculpe ― murmurou ainda sem abrir os olhos. Parecia mais abatido do que quando subiu.

― Peixinho, você está bem? ― Sentei na cama ao seu lado. ― Primeiro achei que fosse implicância, depois drama, agora realmente acho que está ficando doente.

― É só uma indisposição, meu corpo deve estar se adaptando com a volta ao trabalho.

― Não, não é só isso. Todo mundo viu como você estava desconfortável a noite toda ― contra argumentei. ― Olha pra mim, por favor.

― O que quer que eu diga, babe? ― Abriu os olhos, sentando com um gemido com as costas apoiadas na cabeceira.

― Seja sincero sobre o que está sentindo.

― Tudo bem, eu estou com ciúmes, incomodado e muito desconfortável. Feliz?

― Não, porque agora nem sei porque está assim. Eu sei que posso ter parecido muito empolgada ao encontrar o Billy, mas ele é meu amigo que não vejo há tempos, não tem mal nenhum nisso.

― Claro que não tem mal nenhum nisso, é só que... ― Respirou fundo. ― Você tinha mesmo que ter namorado o cara mais perfeito do mundo? Sabe quão frustrante é passar tão longe desse padrão?

― Padrão? Eu não...

― Billy é bonitão, gente boa, super inteligente e organizado como você, além do que, tem a minha idade e é tão bem sucedido que já chegou onde eu queria estar em décadas! Até Tommy gostou dele no final, e Tommy não gosta de ninguém, talvez até devêssemos dar o nome dele ao nosso filho! E conhecê-lo só me fez pensar que um dia você vai querer estar casada com alguém como ele, não como eu.

― Isso não tem nada a ver, eu nunca ia querer…

― Vai sim ― me interrompeu. ― Não consegue ver isso agora porque está cega de amores por mim, mas um dia vai acordar querendo estar morando em Paris, com crianças super dotadas de boina e lencinho no pescoço falando bonjour maman, peux-tu m'offrir un croissant au chocolat et du thé?

― Sério, quantos idiomas você fala? ― comentei impressionada com sua pronúncia em francês.

Oliver apenas franziu os lábios e eu sorri complacente, também apoiando minhas costas na cabeceira da cama e entrelaçando nossos dedos ao pegar sua mão.

― Acabou a crise? ― Ele balançou a cabeça dizendo que sim. ― Okay, então espero que agora que se ouviu falando tudo isso consiga entender como soa ridículo.

― É, um pouco ― concordou, encolhendo os ombros.

― Oliver, que se dane onde a gente vai acordar, desde que seja com você, pra sempre. Eu te amo.

― Ele é brilhante como você, e…

― Você é brilhante, e de tantas maneiras diferentes. É criativo, gentil, empático, leal, engraçado, e meu melhor amigo. ― Deitei minha cabeça em seu ombro, sorrindo para a imagem de nós dois refletida no espelho da penteadeira. ― E, peixinho, se olha no espelho. O homem mais bonito do mundo deve aos outros não ser inseguro.

― Só que a ideia de que eu não seja a pessoa que possa te fazer a mais feliz é assustadora. Você merece ser tão feliz quanto possa ser. ― Suspirou pesadamente. ― Foi mal o piti.

― Tá falando com a garota que socou a ex do noivo em um local público, diante de dezenas de pessoas. Te entendo, parceiro. ― Lhe dei um soquinho amistoso.

― Estamos bem, então?

― Estamos bem, nem pensa mais nisso ― confirmei, lhe dando um selinho. ― Agora me deixa ir arrumar aquela bagunça lá em baixo. Ideia maravilhosa chamar o Tommy, sempre me dá a chance de experimentar meus produtos de limpeza em manchas diferentes. ― Ele riu.

― Eu te ajudo.

― Não, fica aí ― o cortei quando Oliver fez menção de levantar. ― Você parece alguém que precisa de descanso.

~

O dia seguinte chegou preguiçoso. Acordei com uma vontade enorme de ficar deitada por mais alguns minutos, talvez o dia todo, mas levantei, tinha de trabalhar, mas deixei Oliver apagado na cama. Quando já estava pronta para sair e ele ainda não havia descido nem para o café, decidi subir e acordá-lo, o encontrando na mesma posição que deixei.

― Oliver, amor? Já está na hora de levantar. ― O loiro soltou um resmungo seguido por um gemido de dor quando ele se virou na cama na direção da minha voz.

― Só mais alguns minutos.

― Sinto muito, peixinho, mas você não tem mais alguns… ― Quando toquei em suas costas, foi que senti a temperatura altíssima que emanava de lá. ― Você está queimando.

― Eu tô bem. ― Tentou levantar, mas logo levou a mão à testa, deitando novamente.

― Não, você está mesmo doente. ― Conferi a temperatura de seu pescoço e testa. ― Sabia que seu cansaço ontem tava estranho. Fica aí, vou buscar um termômetro. ― Foi só medir a temperatura e já comprovei minha ideia. ― 38,5°C. O que mais você está sentindo?

― Eu estou bem, amor, só vou tomar um remédio e…

― Nada disso. ― Peguei meu celular na mesinha de cabeceira. ― Estou ligando agora para seu Capitão e para o meu chefe informando que não vamos trabalhar. Vamos ao hospital.

― Não precisa disso tudo, eu posso ir trabalhar. ― Em sua tentativa de sentar, teve se segurar firme nas bordas do colchão, parecendo tonto e fraco.

― Não discute, Oliver, você nem consegue ficar sentado. Está com muita febre, dor de cabeça e sei lá mais o que, vamos ao hospital.

― Eu não preciso de hospital e você não deve faltar ao trabalho por minha causa. ― Deitou novamente. ― Tudo bem, eu fico por aqui, mas você pode ir. Já estou te atrasando.

― Oliver, deixa de drama, okay? Eu vou ficar.

― Sério, não precisa. Me dá um remédio e pode ir. Deve ser só uma virose besta, posso apostar que depois do almoço estarei novo em folha.

― Tá bom, mas só porque tenho uma audiência inadiável hoje. ― Fui até o banheiro, peguei um antitérmico e um analgésico e lhe entreguei com um copo de água. ― Eu vou te ligar a cada hora e nada de ir ao trabalho doente. Vou ligar para o capitão Lance e ele terá que se virar sem você um dia.

― Mas…

― Sem discussão, teimoso. O remédio ― cobrei, e ele tomou os dois comprimidos de um gole. ― Bom garoto! Fica bem, e me liga se precisar de algo. ― Beijei seu rosto. ― Nossa, você tá muito quente. Quando sentir melhor pra levantar, toma um banho, okay?

― Sim, senhora. ― Assenti e fui até a porta, parando com a mão na maçaneta.

― Droga, eu não deveria te deixar assim.

― Pode ir, babe. Eu vou ficar bem, só preciso de mais um beijinho e dormir mais um pouco. ― Fiz uma careta em deixá-lo, mas voltei e lhe dei um selinho.

― Promete que vai me ligar se piorar?

― Prometo. Agora vai. ― Sorriu fracamente, me beijando mais uma vez.

Só que com o passar do dia, ao invés de Oliver melhorar e ir trabalhar, eu passei a não me sentir bem. Aparentemente, o que quer que tenha atingido Oliver, pegou em mim também, já que minha vontade de continuar deitada de quando acordei, evoluiu para uma dor forte no corpo, dor de cabeça e o início de uma febre. Nem consegui terminar o expediente do dia, depois da audiência já fui para casa, sendo um alívio quando estacionei na garagem.

― Peixinho?

― Aqui. ― O encontrei deitado no sofá. ― Chegou cedo.

― Como você está?

― À beira da morte ― me respondeu bem diferente da manhã, fazendo aquele nível de drama que só um ser humano do sexo masculino consegue. ― Tudo dói, amorzinho ― gemeu.

― Pelo menos sua febre passou ― constatei ao checar sua testa, deixando meus saltos em algum lugar pelo caminho. ― Vou fazer um chá.

― Ei, espera. ― Segurou meu pulso quando ia até a cozinha. ― Sua mão está quente. Você está bem?

― Meio que não. ― Dei de ombros. ― O que pegou em você, pegou em mim também, mas não é nada de mais.

― Se nós temos a mesma coisa, não sei como ainda está em pé. ― Sentou-se no sofá com um certo esforço, me puxando para sentar o seu lado. ― Deixa que eu faço o chá e pego algum remédio para você.

Não sei se ele achava que estava em sua velocidade normal, mas apenas o movimento de levantar levou quase um minuto inteiro.

― Quer saber, peixinho, fica aqui. ― O impedi de sair de perto. ― Uma boa soneca com meu amor vai me curar rapidinho.

― Sabe que é uma ótima ideia?!

Deitamos juntos no sofá e não demorou muito eu já estava dormindo, até ser acordada, o que pareceu ser dias depois, pela campainha soando insistente. O corpo de Oliver sob o meu estava mais quente, ou o meu estava mais quente, eu não sei dizer, só sei que todo esse barulho estava fazendo minha cabeça querer explodir enquanto girava.

Como eu havia ficado tão doente em tão pouco tempo? Nem lembrava a última vez que isso aconteceu.

― Amor, a porta ― falei baixinho, sem sair do lugar, já que cada pequeno movimento doía.

― Deixa baterem, logo desistem. ― Balancei a cabeça em concordância, deitando novamente em seu peito.

Eu sei que estão aí, quero pegar minha moto!

― É o Tommy ― falei entre gemidos. ― Ele não desiste.

― Ele entra para o meu funeral. Não passo dessa noite, babe ― dramatizou, cobrindo os olhos com o antebraço ao tentar abri-los. Sorri e isso fez meu rosto doer.

― Não sabia que fazia tanto drama com doença, peixinho. ― Me forcei a levantar, já que aquele homem só tinha tamanho.

― Isso é sério, amorzinho, me deixe aqui e encontre alguém novo pra casar. Vou morrer feliz.

― Que tal eu abrir a porta, depois discutimos isso.

Fui quase me arrastando até a porta. Não havia mais luz alguma do sol entrando pelas janelas, a noite havia chegado junto com a sensação de morte que Oliver descrevia.

― Time dos cuidados aos doentes terminais se apresentando! ― Me surpreendi ao abrir a porta e encontrar Tommy com uma bandeja de comprimidos, xaropes, lenços e chás. ― Nossa, Felicity, você está horrível! ― exclamou rindo, e só uma olhada rápida e eu concordei com ele. Toda descabelada e com as roupas do escritório, só que desalinhadas, eu estava a bagunça. E nem queria ver minha cara. ― A gente pode entrar?

― Não é uma boa hora, Tommy, eu e Oliver estamos péssimos.

― Ah, eu soube. Por isso fui forçado a vir aqui por ela.

― Por mais que as vozes na sua cabeça sejam parte do seu charme, melhor pegar sua moto e ir, se não quer pegar o que temos também.

― Eu disse pra ele colocar uma máscara! ― uma terceira voz se manifestou.

― Eu não planejo trocar saliva com nenhum dos dois hoje, então vou ficar bem. E se você estava com tanto medinho, por que tá aqui? Não tem um pobre coitado para transformar em pedra mais tarde? ― Se referiu ao jantar com Billy.

― Porque eles são meus amigos e eu fiquei preocupada! Vai dar tempo. ― Caitlin, que só agora percebi que usava Tommy como escudo, saiu de trás do moreno, tomando alguma distância de mim. ― Nossa, amiga, você está péssima!

― Sempre tão gentis ― ironizei. ― Obrigada pelos remédios, mas vamos ficar bem. Isso se o drama de Oliver não o matar antes.

― Mano? ― O moreno empurrou tudo para as mãos de Caitlin e foi até Oliver.

― Tommy?

― Eu estou aqui, parceiro ― falou se ajoelhando ao seu lado no sofá e pegando sua mão. ― Vai ficar tudo bem.

― Não, não vai ― retrucou com a voz rouca. ― Você pode ficar com meus casos em aberto, com meu armário e tudo que encontrar nele. Sara pode ficar com minha mesa.

― Obrigado, cara, obrigado! ― Tommy deitou a cabeça ao lado da de Oliver, parecendo fazer algum tipo de despedida de filmes.

― Dá pra acreditar nesses dois? ― Um pequeno apito soou perto de mim, e me virei para Caitlin que apontava um termômetro infravermelho em minha direção, de uma distância segura, claro.

― 38°. Okay, já chega ― determinou. ― Vocês dois, parou o drama, Oliver não vai morrer, ele está gripado. Thomas, você vai ajudá-lo em um banho frio, depois vou dar remédios.

― Tá doida, eu não vou dar banho em homem adulto!

― Como se ele nunca tivesse feito isso para te ajudar em suas ressacas. Você vai sim! E você, amiga, vai logo depois, enquanto isso, eu preparo alguma sopa para vocês comerem, posso apostar que não se alimentaram hoje.

― Mas…

― Sem discussão, Felicity! Estão doentes, precisam de ajuda. E, Thomas, coloca a droga da máscara, a gente não sabe se eles estão com algum tipo de gripe caribenha rara. ― Ela mesma prendeu os elásticos em suas orelhas, quando os dois já subiam para fazer o que ela mandou.

Tommy e Cait só foram embora já bem tarde, quando estávamos alimentados, medicados, quase sem febre e prontos para dormir, nos deixando com fortes recomendações da minha amiga sobre o horário dos remédios e a importância de tomá-los. Ela fez até uma tabelinha fofa e colorida para facilitar, como se fôssemos crianças que ainda não sabiam ler.

― Estou começando a concordar com você, eles fazem uma boa dupla ― comentei com Oliver, aconchegada nos lençóis e em seus braços.

― Eu te disse.

― Dupla, não casal. Não compre seu terno de padrinho ainda, peixinho.

― Por enquanto. Mas no momento, só quero ficar agarradinho a você, parece que nossas férias vão se estender por mais alguns dias até conseguirmos sair da cama. Um saco que seja por motivo de morte iminente.

― Não vamos morrer, e se quer saber, não tem mais ninguém com quem eu queira estar na cama ― parafraseei minha própria fala. ― Na saúde e na doença.

― Até que a morte nos separe. ― Beijou meus lábios rapidamente, e logo estávamos dormindo novamente.


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Notas finais do capítulo

É como dizem: casal que adoece junto, permanece junto!! Vírus do amor rolando solto!!
Espero que estejam gostando, nos vemos nos reviews!! Bjs*



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