Pictures of Us escrita por Ellen Freitas


Capítulo 14
Sara || Felicity


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoas!!
Fielmente na terça feira, aqui estou eu!!

Esse capítulo está diferente. Segurar Tommy sem fazer piadas por cinco mil palavras é difícil, mas vocês vão ver que faz sentido com tudo que está acontecendo. Então, sem dar mais spoiler aqui, espero que não tenham feito as unhas, podem querer roê-las durante a leitura.

Até as notas finais!! Bjs*



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― Cinco minutos para isso e já seguimos para o próximo objetivo, então nada de distrações ― orientei Oliver, que concordou com a cabeça, logo que estacionou na delegacia. ― Temos vinte e três fornecedores do casamento para visitar, e em doze horas fazer o trabalho de uma semana, já que hoje é o nosso único dia de folga em comum, então, foco!

― Eu consigo ser focado, amorzinho ― falou rindo como se nem mesmo ele acreditasse, como sempre, utilizando o apelido carinhoso para me dobrar.

― E eu te conheço melhor, peixinho. ― Segurei em sua mão enquanto caminhávamos para dentro. ― Hey, Sara. Olha pra você, toda chique.

Ao contrário dos seus jeans e jaqueta de sempre, e apenas o distintivo e a arma o identificando como da polícia, agora a loira usava capacete, colete e jaqueta com o símbolo da SCPD, e pelo menos duas pistolas a mais.

― Mentira que você vai para alguma operação especial! ― Oliver exclamou.

― Desarmar a central de produção e distribuição de Vertigo, morra de inveja, Ollie!

― Por que as batidas legais só acontecem quando eu não estou de plantão? Isso é tão injusto! ― reclamou, cruzando os braços como uma boa criança birrenta. ― Me deixa ir com você, só dessa vez?

― Nem que eu pudesse, esse caso é só meu e dos outros policiais mais legais das delegacias da cidade ― gabou-se, e Oliver deu um soco de revolta no ar. ― E você não está de folga pra arrumar as coisas do casamento ou coisa assim?

― Ah, é. ― Fez uma careta.

― Que empolgado! ― ironizou.

― Nem me fala ― concordei.

― E vocês, o que vieram fazer aqui? ― nos questionou.

― Pegar as medidas certas do Tommy para o smoking de padrinho. Ele passou tudo errado antes, melhor eu me certificar pessoalmente.

― E porque ele mesmo não faz isso? ― Olhamos para o fundo da sala, onde o moreno, com os pés sobre a mesa, soprava bolhas de sabão para cima e depois tentava estourá-las com uma caneta. ― Ah, entendi o seu ponto.

― Vou deixar a confusão somente para a prova final. E seu vestido também está ficando pronto ― avisei.

― Oliver… Você disse que ia convencê-la a não me colocar nessa roubada de novo! ― apelou. Ele abriu a boca para explicar, mas falei primeiro.

― Relaxe, Sara, o vestido é lindo, Caitlin cuidou deles pessoalmente. E você só precisa aparecer no dia toda gata, eu e Cait vamos cuidar dos detalhes chatos.

― Ah, pronto, agora vou ficar parecendo uma freira! Por que meus amigos me detestam?

― Detetive Lance, vamos! ― Alguém a chamou do lado de fora.

― Sem babados ou rendas! ― determinou antes de entrar no carro.

Consegui as medidas do Tommy com uma certa dificuldade, já que todo o tempo ele ficava reclamando que eu estava passando a mão nele e, nas palavras dele, violando seu belo corpo e correndo pela sala de descanso sempre que eu me aproximava com a fita métrica, servindo como a diversão para Oliver.

Depois disso, seguimos a empreitada que durou o dia todo, indo por local, convite, cerimonialista, buffet, bar, lembrancinhas, florista, alfaiate, sapataria, DJ, e mais um par de locais.

― O que eu não entendo é porque precisamos de uma lembrancinha com cinco mini lembrancinhas dentro ― Oliver questionou ao volante. Já tinha escurecido e só agora tínhamos terminado o programado para o dia.

― Vai me dizer que não ficou animado com nossos rostos estampados em um biscoito de chocolate. ― Ele riu, entregando que estava tão animado quanto eu.

No início ele até parecia estressado com todas aquelas decisões, mas da metade para o fim, a gente já estava tornando tudo divertido, como uma maratona matrimonial.

― Eu adorei os biscoitos ― confessou. ― Mas é muito contra mão todas as mini coisinhas serem de cinco delicatesses diferentes. E só pra constar, aprendi essa palavra hoje, acho que estou ficando louco.

― Peixinho, eu sei de cor os nomes de todos os tipos de fontes para os convites e marcação de lugares. Se você acha que está ficando louco, eu já cheguei lá faz tempo.

― E sobre a organização dos lugares? Deus!

― É como um cálculo sem solução, encher um salão de policiais e advogados sem que que eles se matem, organizando os casais, solteiros, mantendo ex namorados e desafetos longe um dos outros, e ainda as crianças e os adultos com paladar de criança longe da mesa dos doces. Parece um maldito algoritmo da NASA!

― Aquela cerimonialista me odeia do fundo do coraçãozinho amargurado dela. O que eu fiz pra receber aquele tratamento, todo mundo gosta de mim!

― Atrapalhou a explicação dela umas mil vezes com perguntas do tipo "quando acabou a cerimônia do bem-casado, eles trocaram um beijinho"?

― Ah, admita que essa foi engraçada, o auxiliar dela amou! ― Não se rendeu, e não consegui mais esconder o sorriso. Era tão bobo que acabava sendo engraçado.

― Ele estava a fim de você, Oliver! Hey, onde estamos indo? ― questionei quando ele tomou uma rua que não ia para nossa casa.

― Pra delegacia, preciso saber como acabou a história lá da batida do Vertigo.

― Fala sério, Oliver, daqui a pouco eles vão estar todos lá em casa na noite do filme. Vocês conversam lá.

― É só um segundo, amorzinho.

― Me chamar de "amorzinho" não resolve tudo, cara.

― Mas resolveu dessa vez? ― Bateu os cílios fazendo charme, e eu apenas rolei olhos, lhe concedendo a vitória. ― Te amo.

― Rápido, as pessoas já devem estar quase chegando lá em casa.

― Dois minutos, prometo. ― Me deu um selinho, saltando para fora do carro.

Só que se passaram, dois, cinco, dez minutos e nada do Oliver voltar, foi quando decidi ir buscá-lo, já que devia ter se envolvido em alguma discussão besta com Sara ou brincadeiras com Tommy.

Mas ao entrar, o que encontrei foi o oposto do ambiente descontraído de sempre, Oliver e Tommy gritando com o Capitão Lance, enquanto Diggle tentava amenizar a situação, ficando no meio dos três, praticamente os separando de uma briga física.

― Se acha que a gente vai ficar aqui de braços cruzados enquanto nossa amiga está em perigo ou talvez morta, está muito enganado, capitão.

― Você sabe que não fazemos isso ― Tommy completou a fala de Oliver, mas quando ambos tentaram passar, Lance os barrou com as mãos.

― Se derem mais um passo, eu vou ter que suspender vocês! ― Os dois soltaram um bufo coletivo, o moreno dando um soco na mesa ao lado.

― E vocês não vão ficar aqui, vão pra casa ― Diggle falou tentando manter a calma. ― Não há nada que possam fazer na delegacia.

― Exato, não há nada que a gente pode fazer aqui, mas lá sim. Por favor, capitão ― Oliver implorou.

― Não é não! Já temos problemas demais para ter que nos preocupar com dois detetives de cabeça quente tentando bancar o John McClane lá fora! ― O Lance também tomou uma respiração profunda, ele já gritava, o que só parecia irritar mais os meninos. ― Como vocês acham que eu estou, é minha filha! Acham que eu não quero pegar uma arma, encher um colete de granadas e sair explodindo a porra toda naquele lugar? Mas o momento é de pensar racionalmente.

― Se algo acontecer com ela, é culpa sua! ― Tommy apontou, tomando um dos corredores.

― Queen, conversa com ele…

― Não, estou completamente com Tommy nessa! ― E entrou na sala de repouso, batendo a porta com força. Capitão Lance soltou um suspiro cansado.

― Estou indo para a prefeitura para desenharmos nosso plano de ação, tudo bem ficar aqui no comando, tenente? ― perguntou a Diggle.

― Pode ir tranquilo, eu cuido de tudo. ― Cada um tomou seu rumo, o capitão passando por mim para a saída, e Diggle me dando um aceno triste antes de entrar na sala do Lance.

E só quando toda aquela cena terminou, foi que sentir minha respiração fluir novamente. O que diabos estava acontecendo? Algo com Sara, com certeza, em perigo de vida ou pior.

― Felicity, nem havia te notado aí ainda. ― Kara chegou até mim, em tom de desculpas. Empatou, porque eu não a vi até ela estar do meu lado. ― Tudo bem? Você está pálida.

― O que aconteceu aqui? Com Sara?

― Vem até minha mesa, te pego uma água.

Quando eu já estava sentada, com um copo de água em mãos, percebi meus dedos tremendo, meu estômago doía. Eu estava muito nervosa, pelo que tinha visto e por imaginar o que poderia ter levado a acontecer aquela cena.

― Eu nunca tinha visto os dois assim, tão… Eles estavam transtornados! O que houve com a Sara?

― Sara caiu em uma emboscada na ação conjunta em que esteve hoje ― começou a explicar depois de tomar um fôlego de coragem, como se ordenasse a si mesma que não chorasse. ― Deveria ter durado algumas horas apenas, mas agora a pouco chegou a notícia que havia sido uma armadilha. Até agora se sabe que, dos policiais que entraram, dois já estão mortos, e os outros ainda presos lá dentro, mas não dá pra saber se foi ela ou não.

― E Oliver e Tommy…

― Querem meter o louco, entrar atirando com metralhadoras ou coisa assim, mas o capitão não deixou eles saírem. Já está sendo feito um plano de ação, como era uma ação conjunta, todas as autoridades da cidade estão envolvidas, mas eles não entendem, só querem fazer algo para ajudar a amiga.

― Eu preciso falar com ele ― falei já ficando em pé e indo em direção à sala que Oliver havia entrado. Não impostava meu nervosismo, Oliver precisava de mim.

― Agora não, Felicity. ― Kara me barrou.

― Não vou deixá-lo sozinho agora, Kara.

― Não vai, só lhe dê alguns minutos para processar a frustração de estar de mãos atadas.

― Eu nunca parei pra pensar em como o trabalho deles é uma merda! ― Voltei a sentar na cadeira em frente à sua mesa. ― Hoje pela manhã eles estavam brincando sobre querer participar de ação mais empolgante, e agora isso. ― A loira sorriu triste pra mim.

― A verdade é que eles três fazem esse trabalho parecer bem mais legal do que realmente é, mas na maior parte do tempo é só perigoso. Desarmar bombas, situação com reféns, desbaratar cartéis, assaltos a banco... Eles querem fazer parecer que estão protagonizando o próprio filme, mas na realidade, a maioria das vezes é como você disse, só uma merda.

― Eu nunca tinha pensado por esse lado.

― Meu conselho é que comece a se acostumar com essa sensação, Felicity. Oliver é um policial, um dos bons que ama a profissão, e que quase sempre coloca a segurança dos outros na frente da dele. Por isso não namoro policiais.

― Ótima coisa para se falar pra quem vai casar com um daqui a duas semanas ― murmurei pesarosa, sorrindo sem graça e girando meu anel de noivado, foi então que ela pareceu se dar conta do que havia acabado de dizer.

― Meu Deus, me desculpa, Felicity! Não foi o que eu quis dizer, tenho certeza que se Oliver tiver alguma escolha, a sua segurança vai ser prioridade acima de tudo, não se preocupe quanto a isso.

― Tudo bem, Kara, entendi o que disse. É só que eu ainda não havia analisado por esse ângulo, mas está tudo bem. ― Não estava nada bem, mas de que valeria encher a cabeça da coitada de culpa por algo que nem teve a intenção de dizer?

― Posso te conseguir alguma coisa?

― Não, obrigada, não quero atrapalhar seu trabalho. Vou só ficar quietinha aqui até falar com o Oliver.

― Imagina, não atrapalha, qualquer coisa é só chamar.

A secretária foi até a sala do capitão onde Diggle estava, e eu fiquei ali remoendo a história. Kara estava certa, se tivesse escolha, Oliver jamais nos colocaria em perigo, mas e se não tivesse? Ainda assim, o medo que esfriava meu estômago no momento só me fazia querer estar mais perto dele. Ele era durão, mas eu também era, passaríamos juntos por tudo.

Entrei na sala de descanso onde Oliver estava depois de alguns minutos. Ele olhou para a sua companhia indesejada e seu olhar foi de raiva por ter seu momento a sós interrompido a pesar, e o pedido de desculpas já veio em seus lábios.

― Me perdoa, Felicity, eu te deixei lá no carro e nem fui avisar que... ― Neguei de leve com a cabeça, desculpas não eram necessárias.

― Tá tudo bem, eu soube. ― Sentei ao seu lado, deitando a cabeça em seu ombro e lhe fazendo carinho nas costas. ― Tudo vai ficar bem com Sara.

― Eu não sei se vai ― falou baixinho, desolado e com raiva. ― O que me deixa puto é ser obrigado a ficar aqui sem notícias, quando poderia estar lá, ajudando minha amiga.

― E podendo piorar a situação, meu amor? Ela não está sem ajuda, há uma reunião para conseguir esse resgate, o melhor que você faz é tentar ficar calmo.

― Então eu deveria estar lá!

― Olha, Oliver, eu sei como você ama isso aqui, sei como é bom e como poderia ajudar sim, mas agora está com o julgamento nublado ― Tentei fazer com que ele entendesse a decisão do capitão.

― Talvez se fosse eu e não ela, isso não estaria acontecendo. Ou se eu estivesse lá também...

― Você sabe que estamos falando da Sara, a pessoa mais foda que todos nós conhecemos, e provavelmente a mais foda que existe, não sabe? ― questionei retoricamente. ― Isso que você está sentindo é culpa, não deveria tê-la. ― Beijei seu ombro. ― Esperança e paciência, isso devemos ter.

Ele não argumentou, mas também não estava convencido. Meu telefone começou a tocar, uma chamada de Caitlin, foi quando lembrei que não havia cancelado nossa noite do filme.

― Hey, amiga ― atendi, tomando um pouco de distância de Oliver.

― Onde vocês estão, estamos na porta da sua casa, e… Espera, sua voz está estranha. O que aconteceu?

― Uma coisa péssima, e não poderemos mais ter nossa noite do filme.

― Pelo amor de Deus, Felicity, você está me deixando nervosa. Fala logo! ― exigiu.

― Sara esteve uma missão complicada, e agora a gente não sabe se ela está bem. Estamos na delegacia, Oliver e Tommy surtados, Kara e acho que Barry, ainda por aqui trabalhando. Ninguém vai sair até ter notícias.

― Entendo. Segura aí um segundo. ― Ouvi murmúrios de outras vozes do outro lado da linha, então logo Caitlin estava de volta. ― Estou aqui com Curtis e Roy, estamos indo aí.

― Não precisa, Cait.

― Brigando ou não, somos todos amigos, claro que precisa. Até daqui a pouco. ― E desligou. Voltei a sentar ao lado do meu noivo.

― Você pode ir pra casa, babe, foi um dia cansativo.

― Óbvio que não, Oliver, entendo que você precisa ficar aqui, então se você não vai, eu não vou.

― Obrigado.

Ele beijou minha testa, e se inclinou para frente, os cotovelos apoiados nos joelhos e as mãos unidas sob o queixo. Deitei a cabeça em suas costas, fazendo carinho em seus braços, e ficamos ali por um bom tempo, até que Caitlin, Roy e Curtis chegarem. Não demorou muito e Thea também chegou, sentando do outro lado de Oliver abraçando o irmão. Kara e Barry logo estavam lá também. Ninguém falou nada, apenas sentamos em silêncio.

― Ei, galera, eu tenho… Uau, estão quase todos aqui! ― Diggle se surpreendeu ao entrar na sala e todos entraram em alerta.

― Alguma novidade, tenente? ― Meu noivo ficou de pé ansioso.

― Tem sim, mas… Onde está o Merlyn? ― O loiro bufou, passando os dedos pelos cabelos quando não teve sua pergunta respondida instantaneamente.

― Pode deixar que eu vou chamar ― me apressei em dizer, percebendo quando já estava fora que não fazia ideia de onde o Merlyn tinha se metido nessa última hora.

Você tem que parar, está machucando as mãos batendo nessa coisa sem proteção! ― Ouvi a voz de Caitlin brigar com alguém, quando nem tinha percebido que ela havia deixado a sala.

Já disse pra me deixar sozinho, Caitlin, não estou no humor. ― Era Tommy.

Dei alguns passos à frente, espiando como uma boa fofoqueira aquela discussão. O moreno socava um saco de areia no que parecia ser uma sala de treinos, enquanto minha amiga estava atrás dele, tentando argumentar para que parasse.

― Sara vai ficar bem, temos que ser otimistas.

― Bem, eu não sou. Sou pessimista, tudo vai dar errado porque estão me prendendo aqui, e ela já está morta a esse ponto! ― esbravejou enquanto continuava a esmurrar o saco de areia.

Quando achei que a conversa acalorada poderia se tornar uma briga, se surpreendi ao vê-la se aproximar devagar, estendendo uma mão hesitante antes de lhe tocar nas costas, perto do ombro.

― O que está fazendo? ― Ele olhou assustado para o local do contato.

― Você diz que precisa ficar sozinho, mas ninguém quer ficar sozinho de verdade em um momento desses.

Caitlin era uma cuidadora, se sairia perfeitamente como uma médica ou enfermeira. Ela não conseguia ver alguém precisar de ajuda sem oferecer a sua, estar ferido sem que ela fosse ao menos tentar curar.

Mas mesmo em posse desse conhecimento sobre minha melhor amiga, não deixou de ser surpreendente quando ela envolveu os braços em torno do pescoço de Tommy e o abraçou. Só não foi choque maior do que ele não se afastar, e depois de alguns segundos, abraçá-la de volta, uma lágrima solitária escapando de seu olho, os dentes prendendo forte os próprios lábios para não deixar que outras saíssem.

― Er, desculpa… ― Sem querer interrompi o que quer que fosse aquilo quando esbarrei na persiana. Tommy virou de costas para mim, passando a mão no rosto, e Cait me olhou levemente constrangida. ― Diggle está chamando, parece que ele tem novas informações ou coisa assim. ― Apontei com o polegar para nenhum lugar específico atrás de mim, e Tommy balançou a cabeça em concordância, andando rápido em direção à saída da sala.

― Vou pegar algum gelo para minhas mãos e já alcanço vocês.

Quando ele passou por mim, fiquei no caminho de Caitlin, impedindo que seguisse.

― O que estava acontecendo ali?

― Nada, amiga, vamos?

― Era alguma coisa. ― Não deixei que ela passasse adiante. ― Você e Tommy estavam se abraçando.

― E daí? Ele estava com dor, não consigo ignorar isso, mesmo que seja em Thomas Merlyn. E se estava espionando direito, viu que foi um abraço de empatia, só. ― Não deixou de colocar sarcasmo no "espionando", indo em frente.

― Às vezes um abraço pode levar a muitas coisas. Amiga, Tommy é muito legal, engraçado e, vamos combinar, bem bonito, mas não é o que você procura em seu futuro.

― Viu, aí que você se contradiz! ― Se voltou em um rompante, apontando para mim. ― Não faz muito tempo me veio com "conserte uns idiotas, olhe para mim e Oliver como deu certo, dê uma chance e blá blá blá" e agora isso. Não me peça pra me livrar dos meus preconceitos quando não consegue desapegar dos seus. ― Me encolhi. Nunca pensei que um comentário tão banal fosse acender nela a veia da advogada cheia dos argumentos. Até os que pareciam mais tranquilos, estavam à flor da pele aquela noite.

― Desculpa, não precisa ficar chateada. Falei besteira, estou nervosa.

― Não estou chateada e nem dizendo que era alguma coisa ali, porque não era e nunca vai ser, nunca! ― enfatizou. ― Mas na boa, Felicity, não é o momento para suas paranoias, um abraço pode ser só um abraço, okay? Melhor irmos, estou preocupada com Sara, se há informações novas, eu quero ouvir.

Quando voltamos para a sala de repouso, sentei novamente em meu lugar ao lado de Oliver e Caitlin foi ficar perto de Curtis. Tommy entrou em seguida, sendo engolfado pelo abraço de Thea.

― Como você está, irmãozinho?

― Melhor. ― O olhar azulado dele foi apenas por um segundo em Caitlin, que se eu não estivesse olhando diretamente para ele e soubesse exatamente onde minha amiga estava, não teria nem percebido, como ninguém além de nós duas fez. ― Onde está Dig?

― Aqui. Me desculpem, era uma ligação importante. ― O tenente entrou na sala, apontando para o celular antes de guardá-lo no bolso. Nem preciso dizer como aquela demora estava matando Oliver. ― Tivemos notícias do comando. A operação contava com oito policiais de várias patentes, incluindo nossa representante, detetive Sara Lance. Seria uma ação que finalizaria a produção de Vertigo na fonte, mas a informação vazou de algum modo e eles foram emboscados. Até o momento, temos duas baixas, e a identidade apenas de uma dessas já é conhecida. ― Oliver se empertigou no sofá, sentando mais na ponta. ― Não foi a Sara.

― E sobre a outra?

― Ainda não sabemos.

― Houve mais alguma baixa?

― Não sabemos.

― Quantos estão mantendo os policiais reféns?

― Não sabemos também.

― Uau, tenente! Você é uma fonte de informações tão completa que deveria se chamar Google! ― Tommy cruzou os braços e se recostou no sofá, depois se não conseguiu nenhuma resposta para suas perguntas.

― Fica calmo, maninho.

― Tudo bem, senhorita Queen, deixe-o. Estou na sala do capitão, qualquer nova informação venho falar com vocês, mesmo que ainda recomende que vão pra casa. ― Oliver lançou um olhar tão cortante apenas com a sugestão, que poderia ter derrubado Diggle ali mesmo. ― Kara, pode vir comigo?

Os minutos seguintes foram preenchidos pelas reclamações de Oliver e Tommy sobre querer sair, Thea sendo a única que ainda discutia com eles sobre os motivos para ficar. Eles só pararam com a chegada de Laurel. A promotora chorava muito e estava acompanhada pelo marido, Ray Palmer, que parecia mais perdido que todos em como consolá-la.

― Café e donuts! ― Kara voltou pra sala depois de um tempo, cheia de sacolas e copos de café nas mãos e braços. ― Não é uma vigília na delegacia sem café e donuts.

― Oba, eu te ajudo! ― Barry passou por todos para ir pegar parte das sacolas das mãos dela.

― Querida, acho que vou na prefeitura ― Ray falou para  Laurel depois de um tempo, e ela ergueu a cabeça do ombro dele. ― Oferecer meus recursos para a ação, estava falando agora com seu pai.

― Vou com você. ― Se pôs de pé, passando os dedos por baixo dos olhos para limpar o rosto.

― Tem certeza, amor? Melhor ficar aqui com seus amigos, você está nervosa e vai tirar a concentração do capitão, eu prometo que não demoro. ― Ela assentiu, recebendo um beijo na testa. ― Cuidem dela ― pediu para nós dois. Ela veio sentar com a gente, deitando a cabeça no ombro do Oliver.

― Vocês querem café? ― perguntei a eles, que negaram. ― Alguma notícia nova? ― cochichei para Kara, na mesinha que ela organizava a comida.

― Ainda não ― negou. ― Não aguento ver eles assim, sabe? Tommy nem quis o bolinho especial que trouxe pra ele.

― Eu acho que a gente devia trazer alguns colchonetes pra deixar todo mundo confortável, caso demore mais. Já está ficando tarde, as pessoas vão precisar descansar e ninguém vai sair.

― Boa ideia. Barry. ― Estalou os dedos o chamando e os dois saíram.

Espalhamos colchões no chão e quando a madrugada foi chegando, cada um foi assumindo alguma atividade para fazer. Thea, Roy, Caitlin e Curtis entraram em algum tipo de campeonato de jogo da velha, Kara e Barry em um de guerra de dedões. Tommy estava com os olhos fechados ouvindo música em seus fones, e Oliver emprestava seus ombros para servirem de travesseiro para mim e Laurel.

― Sabe o que isso me lembra? Quando Sara quase quebrou meu polegar quando eu tentei pegar uma das baratinhas dela ― Barry falou quando, aparentemente, perdeu pra Kara de novo.

― Eu desafio qualquer um a ter mais pontos no corpo por causa dela do que eu.

― Você, Curtis, pode ter mais pontos, mas eu fui mais vezes ao hospital por causa dela.

― Touché, parceiro. ― Curtis e Roy brindaram com um copo de café.

― Tommy, lembra daquela vez que eu flagrei vocês dois… ― Thea começou a contar, um pequeno sorriso com a lembrança surgindo no moreno. ― Meu Deus, Ollie, lembra daquela vez que a mamãe flagrou vocês… ― Arregalou os olhos, apontando de um para o outro.

― Não é estranho que vocês dois já tenha dormido com ela e ainda trabalharem os três, juntos, no mesmo lugar, todos os dias? ― Curtis os questionou.

― Não ― Oliver e Tommy responderam em conjunto, conseguindo o primeiro sorriso de todos, mesmo que discreto.

― Sara me apresentou mais filmes de terror em um ano do que na minha vida toda ― falei.

― Ela também te marcava nesse tipo de postagem? Achei que só fazia pra me assustar ― Cait comentou reflexiva.

― Parem! ― Laurel ficou em pé, nos assustando com o choro que já começava. ― Parem de falar nela como se já tivesse morrido, ela não morreu! ― Oliver se ergueu para abraçá-la. ― Ela não morreu.

― Desculpa, Laurel, a gente não queria te magoar. ― Fiz carinho em suas costas, e ela se afastou de Oliver coçando o nariz.

― É que isso mais parece um funeral do que qualquer coisa, ela não morreu.

― Tudo bem, ela vai ficar bem. Tenho certeza que não vai demorar muito tempo e ela vai entrar por aquela porta, rindo da cara de todo mundo por estarmos fazendo drama.

― Ela com certeza vai falar isso ― concordou comigo.

A madrugada avançou e aos poucos o cansaço foi levando um por um. Metade das pessoas dormiu nos colchonetes no chão, Roy e Tommy apoiados em Thea em um dos sofás, e Oliver dormindo em meu colo. No final, só eu estava acordada, já que a insônia me atingia quando estava sob tanta tensão.

― Eu te amo tanto ― falei baixinho para não acordar os outros, fazendo cafuné nos cabelos de Oliver, finalmente me permitindo chorar. ― Promete que nunca vai fazer isso comigo, peixinho, eu não vou conseguir respirar se um dia isso acontecer com você.

― Eu não sei se posso. ― Me surpreendi quando tive uma resposta dele, Oliver se erguendo para sentar ao meu lado. Seu rosto assumiu uma expressão de tristeza, ao ver minhas lágrimas. ― Eu sinto muito, Felicity.

― Achei que estivesse dormindo, não era pra você ter ouvido. ― Passei a mão no rosto.

― Por que não? A gente tem que conversar sobre essas coisas, babe. ― Segurou minhas mãos. ― Eu sei que meu trabalho pode ser complicado e perigoso e eu às vezes me arrisco demais, mas jamais te colocaria em perigo, você tem que saber disso ― falou, confirmando exatamente o que conversei com Kara mais cedo.

― É o seu trabalho, você é muito bom nisso, e te conheci policial, não posso pedir que mude. É só que situações como essa nunca passaram por minha cabeça, agora a gente vai casar, e eu não... Desculpa ― pedi, já sentindo meus olhos encherem de lágrimas de novo. ― Mas me promete que não vai entrar em casos que coloque nossa família em risco.

― Eu prometo. E prometo também que sempre vou proteger você e proteger a gente, tá bem? Você é minha prioridade. ― Segurou meu rosto, chegando mais perto.

― Você é a minha. ― Aceitei seus lábios naquele beijo confortador.

― Vocês dois são nojentos de tão fofos. ― Nos separamos olhando para Sara, que tinha acabado de entrar e fazia uma careta. ― Marcamos uma festa do pijama que eu esqueci? ― questionou com o cenho franzido para todas as pessoas na sala, que acordaram no susto.

― Sara! ― Laurel a alcançou primeiro. ― Você tá viva, você tá bem!

― Não tão bem, mana, vai com calma nos abraços.

― Oh, você tá machucada? ― Se afastou um pouco, conferindo a irmã de cima a baixo com minúcia.

― Um pouco. O que aconteceu que todos estão aqui? Harper, tem baba sua no ombro da Thea, aliás, vocês dois estão tendo alguma coisa?

― Calada, Sara ― Thea ordenou, olhando significativamente na direção de Tommy.

― E vocês dois, vocês perderam a coisa mais legal que já aconteceu aqui na delegacia, vão morrer de inveja. ― Apontou para Oliver e Tommy. ― Já era noite e ainda estávamos presos a cadeiras, daí eles saíram e deixaram só dois caras vigiando a gente. Então eu desloquei meu polegar, me soltei, imobilizei os dois caras e salvei todo mundo, bem na hora que o time de resgate chegou pra tirar a gente de lá. Vão até me dar uma medalha ou coisa assim, e eu… ― Ela não pode terminar já que foi abraçada pelos dois ao mesmo tempo. ― Nossa, como estamos carinhosos hoje.

― Você nunca mais vai fazer isso com a gente, sua doida. Maluca, irresponsável! ― Tommy brigou com ela.

― Não fazer mais o que, ser a detetive mais foda da delegacia? Não dá, garotos, vocês já estão muito atrás. ― Afastou os dois. ― E vamos parar com essa coisa dos abraços, antes que Barry e Kara achem que dei permissão, e nunca mais sairemos daqui.

― Qual é, eu ia ser o próximo! ― o perito reclamou e Kara fez beicinho.

― Nada disso. E por que não vamos procurar um bar 24 horas pra comemorarmos minha medalha do melhor jeito? ― Todos olharam para ela como se tivesse dito o maior dos absurdos do mundo.

― Você não precisa ir ao hospital ou coisa assim? ― Caitlin perguntou meio receosa de levar um tapa.

― Claro que não, foi só uma concussão, alguns hematomas, cortes, e três… Não, espera ― Checou algo em seu próprio tórax, por baixo da jaqueta. ― Duas costelas quebradas. Estou ótima.

― Meu Deus, você vai para o hospital agora! ― Laurel determinou, segurando seu braço para levá-la para fora. ― Cadê o papai e o Ray?

― A caminho e não precisa de hospital, que frescura, Laurel.

― Sem discussões. Obrigada pelo apoio, pessoal. ― As duas já estavam saindo, quando Sara voltou.

― Eu não costumo dizer isso, mas… Foram horas bem ruins lá, mas ver as caras de bobos de vocês quando cheguei, me fez sorrir, então obrigada por isso, seus idiotas. ― Pela primeira vez em todo esse tempo, a vi emocionada, mesmo que só um pouco, ainda por baixo do deboche. ― E tchau, antes que tenhamos que lidar com Tommy chorando, ninguém gosta disso.

― Ela é peculiar ― alguém comentou quando as irmãs Lance já tinham ido.

Com certeza peculiar. Mas a parte boa daquilo tudo era que, desde os mais quietos, faladeiros, dramáticos, esquisitos, entre brigas, sustos e machucados, sempre estaríamos um pelo outro. Ali havia se formado uma forte corrente de amizade.


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Notas finais do capítulo

E aí, o que acharam?
Primeiro de tudo, desculpa por trazer tanta tensão para uma comédia, mas faz parte. A vida não é apenas flores o tempo todo.
E o que mais gostaram? Me digam, amo saber!!

Muito obrigado a todos que estão lendo, indicando para os amigos, favoritando e recomendando. Vocês são demais, são parte dos meus momentos de alegria em um momento tão tenso de nossas vidas.

No próximo capítulo, já estamos a três dias do casamento. Está chegando, meu povo!!
Até os reviews.. Bjs*



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