Meu querido sonâmbulo 2 escrita por Cellis


Capítulo 17
Minha querida promessa


Notas iniciais do capítulo

Demorei um pouco? Um pouquinho, eu confesso, mas isso é culpa dessa maré de falta de criatividade que eu tenho estado presa nas últimas duas semanas! Esse capítulo foi uma obra do acaso, eu simplesmente ouvi uma música que me inspirou e fez tudo fluir (para a nossa alegria).
Enfim, sem mais delongas, espero que gostem.

Boa leitura!



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Era a terceira vez que Kim Namjoon se encontrava sentado no sofá da sala de estar de Shinhye, contudo, era a primeira na qual ele tinha a chance de realmente reparar no ambiente — mais especificamente no carpete sob os seus pés, na verdade. Por debaixo e também ao redor das sandálias azul-marinho que a dona do apartamento lhe cedera emprestado, havia um enorme tapete de cor marrom e que parecia ser muito bem cuidado e limpo, o que ia de encontro a uma suposição que o próprio Namjoon, há algum tempo, inconscientemente fizera sobre a Kim: a de que ela deveria ter uma vida corrida e ocupada demais para conseguir cuidar de coisas banais do dia a dia, como um simples e felpudo tapete de meio de sala. As explicações para aquilo eram infinitas, desde que Shinhye pagasse alguém para cuidar tão bem do seu apartamento até a possibilidade de que, talvez, a terapeuta conseguisse organizar o seu tempo melhor do que o Kim esperava. Ela poderia ser alguma espécie de supermulher multitalentosatambém. 

O fato era que Namjoon não tinha como ter certeza de muita coisa sobre a vida de Shinhye, já que mal a conhecia. Poderia fazer quantas suposições bem quisesse e até tentar decifrá-la, mas jamais descobriria a verdade por trás daquele carpete bem cuidado ou sobre outras particularidades da sua vida.  

Ao contrário da verdade sobre si mesmo. 

Na realidade, Namjoon estava com os olhos presos ao tapete marrom porque simplesmente não conseguia levantá-los. A própria Shinhye estava de pé diante de si, porém, o que lhe faltava não era apenas a coragem tão necessária naquele momento para encarar a terapeuta depois de ouvir tudo o que ela tinha lhe contado sobre ele próprio, mas sim para encarar a si mesmo. Seus olhos doíam, cansados de tanto segurarem as lágrimas que ele tinha começado a prender no início da história que a Kim tinha para lhe contar, e os pensamentos rodavam pela sua cabeça feito piões desesperados. Sua respiração, profunda, estava começando a perder o seu habitual ritmo humanamente normal. Por um breve momento, o Kim apenas desejou ser como aquele tapete marrom tão bem cuidado e que escondia tão bem a verdade sobre si ao ponto dele mesmo não conseguir desvendá-la.  

Quis ter permanecido um mistério. 

— Isso tudo... — Namjoon iniciou com a voz quase inaudível, já que estivera em silêncio por alguns longos e intermináveis minutos. — É mesmo verdade? 

Shinhye tinha lhe contado absolutamente tudo — além de estar exausta em ter que sustentar uma mentira que ela sequer havia começado, acreditava cada vez mais que o Kim tinha completo direito de saber sobre o próprio passado. Começou por onde acreditava ser o verdadeiro início de toda aquela história e se esforçou ao máximo para conseguir se manter imparcial durante toda a sua fala, apesar da enorme vontade de acusar Min Yoongi sobre coisas das quais ela sequer tinha provas. Contou sobre como Namjoon conhecera o Min, qual o tipo de amizade que a sua família acreditava que eles tinham, sobre todos os problemas envolvendo Hoseok e Seokjin e, por fim, sobre tudo o que estava acontecendo no presente; sobre o qual Namjoon também não fazia a menor ideia. As mortes, a sua própria investigação... Só não soube dizer de quais informações a polícia tinha posse, afinal, também havia acabado de descobrir que Namjoon rapidamente tinha se tornado o principal suspeito pelos assassinatos, mas contou todo o resto que sabia.  

Enquanto isso, Taehyung apenas permaneceu em silêncio em um canto da sala durante todo o monólogo da irmã mais velha. Shinhye sequer cogitou perguntá-lo alguma coisa, afinal, sabia que o Kim mais novo preferiria ser morto a entregar qualquer informação sobre uma investigação tendo o próprio investigado presente na sala. 

A Kim respirou fundo.  

— Infelizmente, sim. — respondeu para Namjoon, que ainda não a fitava de volta. — E é tudo o que eu sei, pelo menos por enquanto. 

Mesmo que o Kim aparentasse ter acabado de perder o chão sob os seus pés, Shinhye não conseguia evitar de se sentir um pouco mais aliviada. Sabia que agora havia um verdadeiro caos a esperando do lado de fora do seu apartamento e, inclusive, também dentro do mesmo, porém, se sentia mais aliviada e preparada para conseguir lidar com tudo aquilo. Sua mente estava mais limpa e clara e ela sentia como se pudesse, até mesmo, raciocinar melhor sobre o que fazer daquele momento em seguida. 

— Sabe qual é, para mim, a pior parte disso tudo? — o Kim mais velho perguntou, sua voz soando extremamente vazia. — É ter sido mantido no escuro durante todo esse tempo. Na verdade, se você não tivesse me encontrado no beco ao lado do seu prédio naquele dia, eu ainda não saberia de nada. Jamais teria procurado ajuda e só descobriria toda a verdade quando, por ventura, acabasse preso por assassinatos que eu sequer sabia que tinha cometido. — pausou, ainda de cabeça baixa, e sua última frase quase não foi ouvida pelos outros dois de tão fraca. — E quantas pessoas mais morreriam até lá? 

— Nós ainda não podemos afirmar que você realmente matou alguém. — Shinhye se apressou em dizer com a voz clara e firme, o completo oposto do Kim. — Até porque... 

— Até porque as minhas digitais foram encontradas em um dos cadáveres, certo? — interrompeu a terapeuta e, pela primeira vez em toda aquela conversa, finalmente ergueu a cabeça para fitá-la. Seus olhos estavam mais escuros do que o normal, repletos de confusão e de um rancor mal explicado até para si mesmo. — Qual é a sua teoria, Shinhye? Eu estava perambulando pelas ruas enquanto dormia quando, acidentalmente, esbarrei no corpo de um dos homens que me atropelou e que tirou tudo de mim há anos atrás e, feito o bom samaritano que sou, tentei ajudá-lo? Reanimá-lo? — pausou, sacudindo a cabeça e deixando um riso amargo escapar por entre os seus lábios. — Nem a mais ingênua das pessoas acreditaria nisso... 

— E muito menos eu acreditaria. — a Kim foi rápida em rebater, séria. — Mas a verdade não pode ser tão estupidamente simples, você não acha? Você pega no sono e sai matando pessoas durante a madrugada? Dois homens que você nunca mais viu depois do seu atropelamento? 

— Ninguém nos garante que ele nunca mais os viu. — foi Taehyung quem os interrompeu, se pronunciando pela primeira vez depois de um longo tempo apenas observando e processando consigo mesmo todas aquelas informações. Levantou-se, ficando agora mais perto da irmã. — De acordo com o que você disse, noona, ninguém sabe o que ele faz enquanto dorme, nem o próprio. Ele poderia ter ido atrás das suas vítimas nesse período de tempo.  

— Mas acontece que planejar um crime assim requer um tipo de raciocínio que uma pessoa inconsciente jamais poderia ter. É cientificamente impossível. — Shinhye respondeu. — É por isso que eu não consigo aceitar essa versão da história de que o Namjoon fez tudo sozinho.  

Por isso e porque ela realmente acreditava em Kim Namjoon, mas optou em omitir a última parte pelo menos enquanto Taehyung estivesse por perto, tentando evitar que um atrito ainda maior pudesse desgastar a já tão delicada relação entre os dois irmãos. 

— Isso simplesmente não entra na minha cabeça. — o Kim mais novo insistiu, descrente. — Ele pode matar dormindo, mas não pode planejar? 

— Nós estudamos as mesmas coisas na mesma academia de polícia? — a irmã mais velha retrucou, dessa vez firmando ainda mais a sua voz conforme se dirigia ao irmão. — Matar é um instinto primitivo do ser humano, que são animais caçadores e predadores de natureza. Eu sei que é difícil de aceitar isso, mas é algo que você poderia, literalmente, fazer até de olhos fechados. — afirmou, o que fez Taehyung desviar do seu olhar. — Mas planejar e premeditar coisas, o que quer que seja, requer consciência

Silêncio na sala. Os dois Kim’s pareciam refletir sobre o que Shinhye tinha acabado de dizer, algo que fazia sentido se estudado com cuidado, mas... 

— Mas isso não vai funcionar com a polícia. — Namjoon foi o primeiro a concluir aquilo em voz alta, ainda que todos estivessem pensando a mesmíssima coisa. Em seguida, voltou-se para Taehyung. — Por que vocês só trabalham com evidências, certo? 

Apesar de ter sentido a alfinetada, o Kim mais novo balançou a cabeça positivamente. 

— E as evidências, nesse caso, estão todas contra você. — completou. 

Namjoon poderia ter respondido Taehyung, mas a verdade era que o mais novo tinha razão. Levando em consideração tudo o que tinha acabado de descobrir, não deveria haver uma única evidência sequer capaz de ajudá-lo. Nem ele mesmo acreditava que poderia se ajudar, pois nem ao menos tinha certeza se era culpado ou não pelos assassinatos. 

Contudo, ainda havia uma pessoa que acreditava. 

— Então tudo o que eu preciso fazer é encontrar a evidência a favor. — Shinhye concluiu o próprio raciocínio em voz alta, sua mente já viajando por entre as suas possibilidades naquele momento.  

— O que você disse? — Taehyung foi o primeiro a se pronunciar, já que Namjoon ainda fitava a Kim num completo misto de espanto e admiração. Mesmo depois de tudo, ela ainda estava disposta a fazer aquilo por ele. — Você não pretende continuar o ajudando, pretende? 

Shinhye fitou o irmão.  

— Por que eu não continuaria? — questionou. — A única diferença agora é que a polícia sabe o que eu já sabia há uma semana.  

— Eles vão prendê-lo! — o Kim mais novo berrou, revoltado com a cegueira da irmã. — Céus, você não percebe que vai acabar indo junto com ele se continuar com isso? E se quem tiver que colocar as algemas em você for... eu

Shinhye franziu o cenho e virou-se para o irmão, intrigada. Taehyung poderia e provavelmente estava preocupado com ela, porém, a sua última frase não fazia sentido. 

— Como assim? — a mais velha perguntou. — Esse caso não pertence à sua jurisdição.  

O Kim respirou fundo, parecendo angustiado em ter que colocar aquilo para fora. 

— Mas eu pertenço a ele agora. — respondeu, sério. — Uma equipe foi formada e eu acabei sendo recrutado. Recebo ordens diretas do investigador no comando e também do promotor responsável pelo caso.  

— Montaram uma equipe especial para esse caso? Isso não faz sentido.  

Fazia, na verdade, mas Shinhye ainda se encontrava no estágio de negação em relação a mais aquela novidade. 

— Parece que um deles era filho de um desembargador importante ou algo tipo, o que significa que o culpado tem que ser pego, custe o que custar. — dito isso, Taehyung fitou Namjoon de relance, que ainda estava assustado com o fato de terem colocado um prêmio pela sua cabeça, mas logo voltou o olhar para a irmã. — Mas essa não é a pior parte. O promotor do caso é um velho conhecido nosso... 

Shinhye não precisou pensar muito, já que o olhar do irmão lhe dava de bandeja a resposta para a pergunta que ela sequer precisava fazer.  

— Lee Jihoon. — afirmou e, um por momento, sentiu um arrepio gélido percorrer toda a extensão da sua espinha. O irmão mais novo apenas balançou a cabeça positivamente, incapaz de responder àquilo em voz alta. — Como isso foi acontecer? 

A Kim, na verdade, estava fazendo um desabafo repentinamente ansioso enquanto coçava as têmporas, nervosa, mas Taehyung encarou aquilo como uma pergunta de verdade. 

— Eu disse que algumas pessoas poderosas estão sofrendo e com raiva. O caso já foi até compartilhado com a imprensa, está passando em todos os jornais. — disse, imaginando pela expressão espantada da irmã que ela não tinha sequer ligado a televisão naquele dia. Se aproximou da mais velha e a fitou com olhos que lhe imploravam para serem compreendidos. — Você entende agora porque não pode continuar com isso? 

Um tanto alheio àquela conversa, Namjoon se perguntava se a sua família já tinha visto algum telejornal lhe acusando de assassinato naquela altura do campeonato. Sua respiração acelerou e ele se viu desesperadamente perdido em meio a todo aquele caos, de novo

— Eu sinto muito, Taehyung. — foi a única coisa que Shinhye disse e, pela primeira vez naquela conversa, não conseguiu encarar o irmão de volta. 

— Você não pode estar falando sério... — o Kim mais novo murmurou, porém, não obteve nenhuma resposta. Deu mais um passo para frente, ficando ainda mais perto da irmã. — Você sabe que, apesar de tudo, é a única família que ainda me resta, não sabe?  

— E você é a única família que eu sempre tive. — Shinhye foi rápida em rebater e, finalmente, conseguiu voltar os olhos para Taehyung de novo. — Não importa o que aconteça daqui para frente, isso nunca vai mudar. 

Em silêncio, Taehyung permaneceu imóvel durante logos segundos, não movendo um único músculo sequer do seu corpo. Não compartilhar daquela certeza da irmã era, no mínimo, aterrorizante — mas ele acabou optando por não demonstrar aquilo. Passou pela mesma ainda sem dizer nada e, em seguida, foi até Namjoon, que finalmente se colocou de pé diante da súbita aproximação do Kim mais novo. 

— Se alguma coisa acontecer com a minha irmã por sua causa, eu virei atrás de você. — disse, sério, e Namjoon não ousou interrompê-lo. — E não será como policial.  

Dito isso, o Kim deu uma última olhada para trás. Por mais impiedoso e frio que pudesse estar aparentando ser naquele momento, no fundo, ele apenas rezou aos céus para que aquela não fosse a última vez que ele estivesse vendo a irmã mais velha saudável e livre. Em silêncio, ele apenas se dirigiu até a porta da frente, parando somente quando já estava com a mão na maçaneta da mesma.  

— Ao menos arrume um lugar melhor para escondê-lo. — foi a última coisa que disse, sem sequer olhar para trás novamente. 

Bateu a porta, deixando o sonâmbulo e a terapeuta para trás. Em seguida, Shinhye foi a primeira a se deixar ser vencida pelo clima tenso que Taehyung tinha deixado para trás, finalmente permitindo que todo o ar que tinha guardado no seu pulmão escapasse de forma pesada e ansiosa. Caminhou até o sofá e se sentou com hesitação, como se fosse errado fazê-lo naquele momento. Tinha o olhar perdido em algum ponto aleatório da sala quando, de repente, sentiu Namjoon se mexer ao seu lado, ainda de pé. 

— O seu irmão tem razão. — ele quebrou o silêncio. — Eu não posso ficar e envolvê-la ainda mais nos meus problemas, ainda mais agora.  

— Você fica. — ela rebateu, firme. — Pelo menos essa noite, eu não posso tirar meus olhos de você. 

— Por que? — o Kim franziu o cenho, confuso.  

— Porque ninguém sabe ou pode prever o que você vai fazer. — respondeu e, por fim, se virou para poder encará-lo. — Por isso, essa noite, você fica aqui para que eu possa manter meus olhos em você. Amanhã nós podemos pensar em um lugar melhor para você ficar, já que voltar para o seu apartamento está totalmente fora de cogitação. 

Namjoon permaneceu em silêncio durante um segundo.  

— Você acha que a polícia já foi na minha casa? — perguntou. — Em Daegu, eu digo.  

— Pela velocidade na qual as coisas estão acontecendo, é provável que eles tenham chegado logo depois da nossa partida. — ela afirmou, pensativa. — Ou pode ser que estejam lá nesse exato momento.  

O Kim arregalou os olhos. 

— Eu preciso avisá-los! — exclamou. — Preciso ligar para me explicar, dizer que isso não passou de um...  

— A sua família jamais pensaria mal de você, Kim Namjoon. — Shinhye tratou de interromper os seus pensamentos desgovernados. — Depois do que eu vi hoje, tenho certeza absoluta disso.  

E a terapeuta tinha razão. A primeira a negar todas aquelas acusações tinha sido a sua irmã, valente e esbravejante como sempre. Em seguida, sua mãe, mesmo em choque, logo declarou que o filho mais velho jamais teria feito as barbaridades que o par de policiais em sua porta tinha lhe contado e, por fim, o Sr. Kim foi quem logo expulsou as autoridades da sua propriedade. Apesar de aflitos e em completo estado de choque, nenhum membro da família Kim jamais duvidou da inocência de Namjoon. Mesmo estando longe, ele encontraria o apoio do qual precisava de volta em Daegu, lugar onde pertencia.  

E Kim Namjoon sabia disso. 

Mais calmo, ele se sentou ao lado de Shinhye no sofá. 

— Você não tem medo?  

A Kim o fitou de escanteio e, em seguida, deixou uma risada nasalada escapar — a primeira daquele dia, na verdade. 

— Por que eu teria medo da polícia? Para quem quase foi uma, eu sei lidar muito bem com eles. — respondeu. — Não se preocupe, se baterem aqui, não passarão sequer da porta. 

— Eu quis dizer... de mim. — disse, hesitando. — Você não tem medo de mim?  

Shinhye não esperava por aquela pergunta, o que fez com que automaticamente se virasse para o Kim. Encarou-o durante alguns breves segundos, ponderando a melhor resposta para aquela indagação. 

Mesmo que só houvesse uma única resposta. 

— Você me machucaria? — respondeu com uma pergunta simples e breve, diferente de todo o contexto no qual os dois se encontravam naquele momento.  

— Não. — Namjoon afirmou rápido, sem precisar pensar. — Eu jamais encostaria em um único fio de cabelo seu, eu juro. 

A terapeuta sorriu fraco, de canto. 

— Se você já tinha a resposta para a sua própria dúvida, então por que me perguntou? 

— Porque eu não sei se posso manter a minha promessa enquanto estou dormindo. — o Kim afirmou, sério. — Se eu realmente tiver feito o que dizem que eu fiz, é perigoso você... 

— Você prometeu, Kim Namjoon. — ela o interrompeu. — A sua personalidade ainda pode ser um mistério para mim, contudo, de uma coisa eu sei: se você prometeu, você vai cumprir. Nunca vai me machucar. 

Dito isso, o Kim a encarou na dúvida se aquela mulher era extremamente fiel aos seus extintos ou se, por outro lado, era apenas louca o suficiente para ignorar a direção na qual todas as estatísticas e possibilidades apontavam.  

E que todas apontavam contra ele, no caso. 

— Como você pode confiar tanto em mim? — ele a questionou, por fim. 

E, novamente, ela esboçou uma risada simples. 

— Porque você está na minha casa e só eu sei onde escondo os objetos cortantes aqui dentro.  

— Eu falo sério. — o Kim rebateu, ainda que tivesse a acompanhado em uma rápida risada. 

Naquela altura do campeonato, ele nem sabia mais que ainda era capaz daquilo. 

— Eu também. — a terapeuta insistiu. — Eu vivia escondendo os objetos cortantes e afiados pela casa por causa do Jungkook, o que acabou se tornando um hábito. Aquele desastrado conseguia se machucar até com papel.  

— Jungkook? — Namjoon perguntou, pensativo. — Por acaso esse seria aquele rapaz... 

— Cujo qual eu acabei com as futuras gerações quando joguei café quente nas suas partes baixas naquele dia, na cafeteria? — ela respondeu. — Sim, o próprio.  

— Eu sinto muito pelo o que aconteceu. — ele desejou, sincero.  

— Não sinta. Foi por causa dele que nós nos conhecemos, não foi? — rebateu. — Além disso, naquele dia, eu percebi pela primeira vez o que é realmente ter empatia por um desconhecido. Você me abraçou e disse que tudo ia ficar bem, e eu acreditei. Foi quando você me ajudou sem pedir nada em troca que eu passei a pensar que, na verdade, eu também poderia fazer aquilo por alguém quando tivesse a oportunidade. 

— Você fez. — Namjoon completou. — E continua fazendo muito mais do que isso por alguém que apenas lhe devolveu a sua bolsa e lhe consolou após um término.  

— Você faz ideia do quanto vale aquela bolsa? Era o mínimo que eu podia fazer... — ela ousou brincar novamente. 

— Como você consegue fazer piadas em um momento como esse? — o Kim questionou, agora realmente preocupado com o que todo aquele caos estava fazendo com a sanidade mental de Shinhye.  

— É o meu jeito de me manter sã, por incrível que pareça. Você deveria tentar encontrar algo também, se quiser levar essa história até o final. — respondeu, totalmente ao contrário do que Namjoon esperava. Por fim, Shinhye se levantou, já se virando em direção ao seu quarto. — Boa noite, Kim Namjoon. Você pode dormir tranquilo sabendo que cumprirá a sua promessa durante a noite. 

Porque ambos sabiam que ele jamais, sob hipótese alguma, a machucaria. 


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Notas finais do capítulo

E então, o que acharam? Eu voto Shinhye para presidente kkkkkkk!
Esse capítulo não teve aquela minha típica "quebra" no meio (meus três amigos asteriscos), então estou ansiosa pra saber como foi a leitura!

Até breve ♥



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