A Herdeira escrita por Nany Nogueira


Capítulo 12
Dividindo a cama




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No dia seguinte, Anita e Heitor acordaram cedo, tomaram o café da manhã apressados e partiram para visitas às pequenas propriedades rurais da Capital de Seráfia e região. Todos os agricultores, passando dificuldade, reagiram bem à proposta de produção para exportação ao Brasil.

De volta ao Palácio, jantaram e logo se recolheram, exaustos. Ambos banhados e de pijama, não conseguiam conciliar o sono. Anita chamou Heitor:

— Tá acordado? – perguntou alto, para que ele pudesse ouvir do quarto de vestir, na sua cama improvisada.

— Sim – respondeu ele, também alto.

— Vem aqui! – chamou ela.

Heitor se levantou, ascendeu a luz do quarto e parou diante da cama dela:

— O que quer?

— Conversar sobre assuntos do reino...

— Essa hora? Tá de brincadeira!

— Não foi você que já me chamou de preguiçosa por querer dormir em vez de me preocupar com o reino?

— Era outra situação...

— Não, é a mesma situação. Senta aí – apontando para a cama ao lado dela.

Heitor olhou desconfiado e ela insistiu:

— Senta aí, eu não mordo!

Ele pensou: “Quem tem vontade de te morder sou eu”. Mas, afastou o pensamento e obedeceu a rainha. Recostando-se na cabeceira da cama, ao lado dela, com um travesseiro que ela ofereceu.

— Eu estava pensando que esse projeto vai ajudar os produtores rurais da região da Capital, mas e quanto aos demais? São muitos espalhados pelo País, passando as mesmas necessidades ou até mais! O que faremos?

— Ninita, melhor resolvermos uma coisa de cada vez...

— Do que me chamou?

— De Anita, mas se te incomodo, te chamo de Rainha Anita...

— Não, você me chamou de Ninita, como me chamava na infância.

— Desculpe, foi um ato falho.

— Não há o que desculpar...

— Como eu estava dizendo, não podemos resolver todo o mal do mundo de uma hora para outra. Vamos por partes. O nosso projeto é bom, já é um bom começo.

— Eu acho que poderíamos tentar o mesmo acordo com outros países da América latina e, assim, conseguir manter a produção de outros proprietários rurais pequenos pelo País. Talvez a Argentina ou o Uruguai... – Anita continuou expondo suas ideias, mas Heitor pegou no solo.

Anita percebeu que o rei havia adormecido ao ouvir o primeiro ronco.

“Ainda por cima, ronca” – pensou ela, rindo. Teve vontade de cutucá-lo para que acordasse e voltasse ao quarto de dormir, mas o fitou por um instante e sentiu seu coração aquecer, apreciou a beleza do rapaz adormecido. Cobriu-o com um lençol, apagou a luz do quarto e se deitou, adormecendo ao lado dele.

Heitor foi o primeiro a acordar pela manhã. Deu-se conta de onde estava e se surpreendeu. Anita dormia ao seu lado, respirando profundamente, com o peito arfando e a barriga subindo e descendo. A parte de cima dos seios se destacava no decote da camisola. Os longos cabelos estavam espalhados pelo travesseiro. Ele teve vontade de tomá-la nos braços, mas não o faria antes de ter certeza que ela também desejava isso.

Anita despertou com o olhar dele, admirando-a:

— Que horas são? – perguntou sonolenta, dando um bocejo.

— É tarde, dorminhoca – respondeu ele, rindo.

— Pelo visto não fui a única a perder a hora, já que o senhor ainda está na cama.

— Desculpa, Anita.

— Pelo o quê?

— Por eu ter dormido na sua cama.

— Teoricamente a cama é nossa.

— Apenas teoricamente.

O rapaz levantou-se e a moça chamou:

— Heitor! Você tem se mostrado um bom amigo, respeitoso, eu confio em você. Sei que fica mal acomodado naquele colchão improvisado no quarto de vestir. Pode dormir aqui se quiser.

— Obrigada, Anita. Você também é uma boa amiga. Mas, eu já estou acostumado com o quarto de vestir e prefiro continuar lá mesmo.

Heitor pensou: “Se eu dormir todas as noites ao lado dela, não vou conseguir me controlar”.

Anita pensou: “Ele me vê apenas como amiga mesmo, melhor eu perder as esperanças, aquele beijo não significou nada”.

No mês que se passou os jovens reis colocaram os planos de exportação em prática. Chegou o dia da visita do Ministro de relações exteriores do Brasil com a esposa.

O casal, de meia idade, parecia deslumbrado com o luxo do Palácio. Seria a primeira visita diplomática para os novos reis.

Anita se esforçou para ser uma boa anfitriã, mandando preparar o melhor jantar, com iguarias de Seráfia, que seriam exportadas, com a ajuda de Maria Cesária.

Heitor escolheu os melhores vinhos da adega para serem servidos, com a ajuda de Augusto.

O ministro, Benjamin, bem como a esposa, Soraya, eram só elogios durante o jantar.

Depois, Benjamin juntou-se a Augusto e Heitor para beber na varanda, enquanto Anita fez sala para Soraya, que começou:

— Seu Palácio é deslumbrante! Vossa Majestade está de parabéns.

— Quem merece os parabéns é Maria Cesária, eu me mudei há pouco e mantive tudo como estava.

— Quantos meses de casamento?

— Pouco mais de dois meses.

— E já estão encomendados os herdeiros?

Anita se surpreendeu com a pergunta e respondeu:

— Acredito que ainda seja cedo para isso. Temos maiores problemas com os quais nos preocuparmos agora, Seráfia está num momento difícil num pós-guerra, até por isso o apoio da senhora e de seu marido serão de grande valia e certamente nunca iremos nos esquecer...

— Deixe a política para os homens! Vossa alteza, como rainha, deveria se preocupar com a prole, com a garantia das próximas gerações de vossa família no poder. Isso sim deixará o vosso marido feliz, especialmente se vierem filhos homens.

— Eu auxilio o meu marido na política e na economia e ele gosta muito do meu apoio.

— Ainda estão em lua de mel, tudo o que falares a ele nesse momento o fará feliz. Mas, no fundo, todos os homens são iguais, querem os filhos homens. Isso sim os faz felizes. Eu mesma tenho três, meu marido me adora!

— Eu acredito que filhas mulheres também podem deixar um pai feliz. Eu mesma sou muito amiga de meu pai, causo ciúme a meus irmãos.

— Temos duas meninas também, que são as meninas dos olhos de meu marido. Mas, delas ele espera bons casamentos. Já para os meninos prevê carreiras de sucesso! Mas, não se apoquente com o sexo do seu futuro bebê. Aprendi uma simpatia no Brasil que é tiro e queda.

— Eu agradeço, mas, no momento, não estou interessada.

— Pode não estar interessada no momento, mas, no futuro quem sabe. É fácil, primeiro, é claro, você precisa fazer uma tabelinha do seu período fértil, para ter relações com o seu marido nesse período. Tem que fazer sexo à noite. Antes de se deitar com ele, faz uma ducha de bicarbonato de sódio, lavando bem a sua intimidade. Dá café pra ele tomar, bem forte. E, o mais importante, você tem que chegar ao auge do prazer antes dele. Além disso, é bom que ele se libere bem lá dentro. Na dúvida, quando terminar, plante bananeira. Fique de ponta cabeça um tempo. É tiro e queda.

Anita corou e ela percebeu:

— Eu não falo esse tipo de coisa com moça solteira, mas como vossa alteza é casada, só quis ajudar, espero não ter lhe constrangido.

— Sem problema. Nossos maridos estão voltando à sala, melhor mudarmos de assunto.

Ao final da noite, o ministro manifestou-se favorável ao negócio com Seráfia e prometeu a resposta do chefe de Estado em poucos dias.

À noite, Anita se deitou pensando na conversa constrangedora que tivera com Soraya.


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