A Herdeira escrita por Nany Nogueira


Capítulo 10
O merecido descanso




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No Recife, Dora conversava com Felipe à mesa do café da manhã:

— Há um mês Anita é Rainha de Seráfia e nem sinal de mudança de tal situação...

— Entendo o quer dizer, também estou preocupado. Temo que o caminho tomado por nossa filha não tenha mais volta.

Jorge ouviu o final da conversa, deu bom dia aos pais, sentou-se à mesa e deu a sua opinião:

— Anita é inteligente, deve estar arquitetando algo, mas essas coisas levam tempo.

Dora respondeu:

— Falei com ela ontem ao telefone. Parecia muito envolvida com a questão social de Seráfia no pós-guerra. Nem mencionou qualquer plano de fuga.

— Isso é nobre – comentou Jorge.

— É nobre, mas, quanto mais ela se envolver com as questões do reino, mais difícil vai ser ela se desvencilhar disso tudo depois – falou Felipe.

— Foi assim que o senhor conseguiu se distanciar de Seráfia, não se envolvendo com as questões do reino? – indagou Jorge ao pai.

— O reino não precisava de mim.

— Mas, talvez agora precise da Anita e ela está sendo nobre não apenas de sangue, mas também de alma.

Todos se calaram ao último comentário de Jorge.

Em Seráfia, Rei Augusto determinou aos jovens reis durante o almoço:

— Hoje vossas majestades estão proibidas de trabalhar. É sábado e vocês não tiram folga há mais de um mês, nem mesmo aos finais de semana. Acordam cedo e dormem tarde, vivem exaustos, suas olheiras atestam isso...

Heitor interrompeu:

— Vovô, temos muito a fazer. Queremos ajudar a melhorar a situação de Seráfia antes de nos afastarmos definitivamente...

— Anos de guerra não se resolvem em meses e um dia de descanso não faz a situação de Seráfia ficar pior. Já estou em contato com outros reinos para pedir empréstimos, mas nossa economia não anda confiável, o que pode redobrar pedidos de garantias. Mas, estou acostumado a negociar. De qualquer forma, nenhuma resposta chegará antes da segunda-feira. Logo, o melhor a fazerem é descansar.

Anita concordou:

— Heitor, seu avô tem razão. Eu já me sinto até doente de cansaço. Temos dormido tão pouco e sem nenhuma diversão. Minha dedicação à faculdade não chegava a 1/3 disso aqui. Eu só queria dormir – bocejando.

Maria Cesárea se manifestou:

— Tire um bom cochilo depois do almoço, Rainha Anita. E, se posso dar uma sugestão de diversão para um final de tarde de verão em Seráfia, temos o passeio ao lago do Palácio. A água fria é refrescante nessa época do ano.

— Gostei da sugestão, adoro água – empolgou-se Anita.

— Mas, leve Heitor junto, porque o lago pode ser traiçoeiro. Sempre é bom nadar acompanhada – completou Maria Cesárea.

— Eu sei nadar. Mas, se ele quiser ir, não ligo – respondeu Anita, com desdém.

— Você poderia ao menos ser gentil e me convidar – falou Heitor para a jovem.

— Nem sei se eu vou, acabo de me lembrar que minhas roupas de banho ficaram no Brasil.

Maria Cesárea disse:

— Isso não é um problema. Temos ótimas lojas de roupa de banho por aqui, basta que me diga que tamanho usa que quando acordar do seu cochilo encontrará os representantes com muitas mercadorias para que você escolha.

— Basta uma loja, não precisa deslocar tanta gente para cá se nem vou comprar tanta coisa.

— Como queira, Rainha!

— Agora vou me deitar, se me dão licença.

Quando Anita se levantou, todos se levantaram também.

Anita falou:

— Esse costume é muito chato. Não é porque um rei não tem mais fome que todos devem parar de comer. Sentem-se, por favor, continuem a comer ou conversar, tomar café, sei lá, façam o que quiserem, só não deixem de fazer por minha causa. Com licença.

Todos se sentaram novamente e a moça subiu.

Anita tirou uma deliciosa cesta e às 14h, quando acordou, encontrou Maria Cesárea com o representante de uma loja de roupas de banho. Escolheu 3 peças e se despediu do homem.

Ela saiu do banheiro do seu quarto já trajando um maiô. Heitor entrava e presenciou a cena:

— Quer dizer que você vai mesmo nadar?

— É claro.

— Então, aguarde um minuto, vou pedir um calção de banho emprestado para o meu avô e te acompanho.

Heitor saiu do quarto antes que Anita pudesse responder. Voltou trajando um calção e uma camiseta. Ambos pegaram toalhas e se dirigiram ao lago.

Enquanto isso, no Brasil, Doralice passava pelo corredor do Palácio do Governo quando viu a porta do quarto de Anita aberta e a luz acesa, entrou e deu de cara com Verena.

— O que faz no quarto da minha filha? E ainda por cima espalhando as roupas dela sobre a cama?

— Oi, sogrinha! Desculpa o mau jeito. Eu queria te avisar, mas Jorge disse que não estava em casa...

— Não, eu estava trabalhando no meu escritório! Mas, minha ausência não é carta branca para você!

— Pensei que não teria problema, afinal, Anita agora é Rainha de Seráfia, não precisa de mais nada disso. Em vez de jogar fora, a senhora poderia me dar, eu faria bom proveito!

Dora tomou uma blusa da mão de Verena e a expulsou:

— Saía do quarto da minha filha agora! Não tem nada para doação aqui!

Como Dora falava alto chamou a atenção de Jorge e Victor, que vieram correndo.

Ao ver Jorge, Dora disparou:

— Avisa para a sua namoradinha que as coisas da sua irmã ainda pertencem a ela e que é falta de educação entrar no quarto dos outros sem ser convidada!

— Mãe, a senhora está exagerando. Eu sei que sente falta da Anita, mas isso não lhe dá o direito de ser grosseira com a minha namorada!

— Eu tenho todo o direito, estou na minha casa!

Verena fez cara de choro para Jorge e disse:

— Melhor eu ir embora, não sou bem-vinda aqui.

Jorge olhou feio para a mãe e correu atrás da namorada.

Victor perguntou:

— Mamãe, quando eu crescer e tiver uma namorada, a senhora também vai brigar com ela?

— Só se você tiver um gosto tão ruim para escolher namorada quanto o seu irmão. Agora, chega de conversa e vai tomar banho! Aposto que passou a tarde rolando no jardim.

— Ah, mãe! Depois eu vou.

— Não, agora!

Ele foi bufando.

Heitor e Anita chegaram ao lago. Ele era lindo, com vegetação em volta, água cristalina e patos a nadar.

Anita perguntou a Heitor:

— Será que esses patos atacam?

— Acho que não, afinal, nobres e empregados desse palácio têm o costume de vir nadar aqui com frequência.

Anita empurrou Heitor na água sem prévio aviso. Ele mergulhou com tudo. Retornou à superfície tossindo meio afogado e ralhou:

— Sua louca! Poderia me afogar!

— Ora, queria testar o quanto você é bom na água, afinal, veio para me proteger – rindo.

— Eu vou te mostrar o quanto sou bom – puxando ela para água também.


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