— Marinette?! — ele se virou para mim, assustado. — Amor! Eu posso explicar!

— Você escondeu tudo isso de mim esse tempo todo?

— Sim, mas foi pro seu bem.

— Quando você pretendia me contar isso?

— Mari, eu…

— Não. Não precisa responder. Deve ser o óbvio: Nunca se passou pela sua cabeça, né?

— Mari… — aproximou-se, mas eu me afastei, incrédula.

— Você é inacreditável!

Depois que disse isso, fiz a primeira coisa que me passou pela cabeça: Sair correndo casa afora e só parei quando cheguei em casa, adentrei meu quarto e me joguei em minha cama.

 Então, Adrien estava mentindo para mim esse tempo todo? O garoto incrível, inteligente e o meu maior paquera da escola era também o meu parceiro na vida de super-heroína?

Sempre achei Cat Noir e Adrien parecidos tanto na aparência, no sorriso e em algumas atitudes, porém nunca liguei devidamente os fatos.

Abraçada aos meus joelhos, chorei, chorei muito. Me sentia enganada, se ao menos ele tivesse vindo a até mim e revelado esse segredo com calma, talvez até teria coragem para dizer que sou a Ladybug para ele, mas não, ele não pretendia me contar e muito menos aparentava confiar em mim. Como sou idiota! Eu confiaria nele de olhos fechados, estava até mesmo pensando em contar meu segredo a ele...

Eu declarando minha admiração a Cat Noir e ele falando mal de seu alter ego, agindo como se não fossem a mesma pessoa. Cheio de omissões!

O meu parceiro que eu mais confiava também era o cara que eu vivia suspirando pelos corredores da escola e isso eu não conseguia digerir com tanta facilidade...

Senti algo pousar em meus braços, ergui um pouco a cabeça  para cima e vi minha kwami.

— Não fique assim Marinette. Você triste me deixa triste também.

— Que isso — enxuguei rapidamente as lágrimas com as palmas das mãos. — Não é nada, tô bem, tá vendo? — forcei um sorriso.

— Você não tá bem. — concluiu e se aproximou mais. — Você não acha que deveria deixar ele se explicar, Mari? — Tikki sugeriu.

— Explicar o que? Que ele não tem confiança em mim? — suspirei pesadamente.

— Você não acha que está tomando conclusões precipitadas, talvez ele iria falar com você em breve.

— Duvido muito disso… Talvez seja minha baixa auto estima ou coisa da minha cabeça, mas eu sinto que ele não sente confiança, talvez nem amor ele sente por mim, até hoje tento entender porque ele quis namorar comigo, sou tão comum…

— Mari, não diga isso sobre si mesma. Ele te ama e se ele se apaixonou por você, é porque você tem algo de especial que chama a atenção dele.

— Especial tipo?

— Você é inteligente, bondosa, gentil, altruísta, amiga, verdadeira e corajosa. Olhe só quantas qualidades, Mari, sem contar as que eu não disse. Ele tem todos os motivos do mundo para te amar e vamos ser francas, Adrien não se encaixa no perfil de homem que namora com qualquer uma sem amor. 

Sorri ao ouvir os elogios de Tikki.

— Te amo, Tikki. — abracei minha kwami.

Logo cessei o choro, bocejei e adormeci. Acordei com meu celular tocando, era um número desconhecido, de princípio ignorei e voltei a deitei, todavia o telefone tornou a tocar até que eu atendi a muito custo.

— Alô?

— Marinette? — era a voz de Cat Noir do outro lado, o Cat Noir Agreste…

Suspirei fundo e revirei os olhos.

— O que quer?

— Conversar, deixe-me explicar o ocorrido.

Ele estava certo, eu realmente precisava de uma explicação.

— Por telefone? — questionei arqueando uma sobrancelha. — Prefiro pessoalmente.

— Tudo bem. Abra a porta da sacada fazendo favor. — franzi o cenho e virei para trás.

Cat Noir estava em pé, com o celular no ouvido e com uma bolsa de lado, batendo de leve na porta de vidro e depois deu um leve aceno com a mão.

— Adrien… Você é mesmo inacreditável! — falei ainda pelo telefone.

Peguei a chave e caminhei até a porta, abrindo-a devagar.

— É bom você ter uma boa explicação! — cruzei os braços, irredutível.

Ele pegou delicadamente pelas mãos e me conduziu para a sacada. Ele se sentou na cerca da sacada e eu fiquei em pé ao seu lado, debruçada na cerca.

She said, where'd you wanna go?

How much you wanna risk?

I'm not looking for somebody

With some superhuman gifts

Some superhero

Some fairytale bliss

Just something I can turn to

Somebody I can miss

I want something just like this

I want something just like this

— Então… Por que não me contou antes? — perguntei encarando a enorme Torre Eiffel iluminada. A noite já havia caído.

— Porque eu não imaginava sua reação e estava pensando em abandonar o manto.

— Abandonar o manto? Por quê? 

— Eu não me sinto um super-herói e sim um adolescente mimado embaixo de um manto. — suspirou fundo. — Não me sinto um vigilante digno de meu miraculous. Às vezes me sinto um fracassado. — confessou e arqueou as costas.

— Adrien… — chamei sua atenção. — Não seja bobo, você é a pessoa certa para esse traje. Cat Noir é a esperança para essa cidade, o ídolo das crianças e da garota que vos fala. Sua coragem é admirável, muitos adultos gostariam de a tê-la. Você é bondoso e para ter recebido esse anel em seu dedo — apontei discretamente com a cabeça para seu anel. — é porque existe algo de inovador e revolucionário em você.

Adrien sorriu, sincero.

— Dupain-Cheng, você tem uma magia de sempre me colocar pra cima, não abuse senão gostarei de ser mimado. — disse zombeteiro.

— Mas do que eu te mimo?  — eu ri nasalado, desviei o olhar. Ele também levou na brincadeira.

Silêncio se fez por um breve tempo.

— Sabe… — continuei. — Cat Noir é meu ídolo porque eu me identifico muito com ele… Agora que sei de tudo, eu diria que… — voltei meu olhar a ele. — Eu me apaixonei por você duas vezes, de uma maneira tão intensa que nunca imaginei que me apaixonaria assim por alguém antes. — olhei profundamente para seus olhos, ele sustentou o olhar.

— Me ama mesmo eu não tendo a estética perfeita e os poderes extremamente sobrenaturais do Superman?  A inteligência do Batman? E o controle do Homem-Aranha? — arqueou a sobrancelha.

— Te amo mesmo você não tendo a estética perfeita e os poderes extremamente sobrenaturais do Superman, a inteligência do Batman, e o controle do Homem-Aranha. — respondi risonha. Abaixei o olhar e encarei as flores penduradas de minha sacada. — Aonde você quer chegar? Quanto você quer arriscar? — umedeci os lábios e novamente encarei seu rosto. — Eu não estou procurando por alguém com dons sobre-humanos, um super-herói, uma felicidade inexistente de conto de fadas com um “felizes para sempre” no final. Quero apenas algo para que eu possa recorrer, alguém que eu possa beijar, alguém que eu possa amar! Uma pessoa que seja herói, acima de tudo, de coração! — coloquei minha mão sob o lado esquerdo de seu peito. — E você é o que mais se encaixa perfeitamente nisso. — sorri e aproximei nossos lábios, num beijo doce.

Where'd you wanna go?

How much you wanna risk?

I'm not looking for somebody

With some superhuman gifts

Some superhero

Some fairytale bliss

Just something I can turn to

Somebody I can kiss

I want something just like this

— Te amo, princesa. — ele confessou.

— Eu também te amo. — juntei novamente nossos lábios.

— Antes que eu me esqueça — abriu a bolsa de lado. —, tenho algo para te entregar. — curiosa, vi ele retirar o embrulho pequeno e colorido que estava em cima da cama horas antes.

— O embrulho que estava na sua cama. — soltei um pouco envergonhada. — Eu estava o vendo no seu quarto antes de você aparecer de Cat Noir.

— Eu estava na dúvida se você tinha reparado nele ou não. Ainda bem que você não o abriu. Iria te fazer uma surpresa depois que terminássemos o trabalho, mas não foi isso que o destino nos reservou.

— Verdade — bati de leve a mão em minha cabeça. — E o nosso trabalho?

— Bom, qualquer coisa a gente fala pro professor que ocorreu um imprevisto e pedimos a ele para que possamos entregá-lo na segunda invés de amanhã. — deu de ombros. — Mas isso agora não é importante e também, princesa, você já passou de ano, não tem do que se preocupar.

Voltei minha atenção ao embrulho em minhas mãos e analisei seu formato.

— É um livro? — questionei.  

— Não posso falar. Abra para ver.

Abri com cuidado para não rasurar o conteúdo. Eu estava certa em minha dedução. Meus olhos brilharam ao ver a capa de Orgulho e Preconceito, quase gritei de alegria, só não o fiz para não chamar a atenção de meus pais e da vizinhança.

— Adrien, eu AMO esse livro! Obrigada por me presentear com ele! — pulei em seus braços.

— Que isso, princesa. Você merece isso e muito mais!

Eu estava feliz, Tikki estava certa, eu estava tomando conclusões precipitadas.

Abraçada a Adrien, com minha cabeça encaixada na curva de seu pescoço, com a minha mão direita toquei de leve meus brincos.

— Adrien, eu também tenho um segredo para lhe contar… — apertei-o mais. — Eu sou a Ladybug. — joguei no ar com minha face escondida em seu peitoral.

Oh, I want something just like this

Oh, I want something just like this

Oh, I want something just like this