Yu Yu Hakusho: A Relíquia Perdida escrita por Ocarina, LuisaPoison


Capítulo 8
Segredo Revelado


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoal! @Ocarina aqui!

@LuisaPoison e eu pedimos desculpas pela demora. Tá difícil arranjar tempo hehehe

Boa leitura!



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— Mas como isso é possível? – Kuwabara se aproximou de Kurama, revezando o olhar entre ele e Koenma — Como pode estar faltando tal informação? Isso é o básico do básico!

Antes que o líder espiritual pudesse responder, Yusuke também se aproximou, coçando a nuca num sinal de confusão.

— Kurama, se te conheço bem, você deve alguma teoria sobre isso. Não é? 

Tão intrigado quanto os outros, o kitsune não respondeu de imediato, e somente o fez depois de ponderar o assunto por alguns instantes.

— Tenho várias hipóteses, mas prefiro não falar sem ter certeza. A verdade é que tudo o que está acontecendo nos últimos dias é um mistério até mesmo pra mim.

— Vou verificar no Reikai mais informações a respeito da garota — Koenma voltou a dizer — Existem bancos de dados mais específicos com relatórios de cada ser humano que já existiu nesse planeta. A informação referente ao seu nascimento tem que constar em algum lugar.

— E eu vou voltar para casa — Kurama retrucou — Yue já está sozinha há muito tempo. Tenho medo que resolva sair e termine sendo descoberta. 

— É mesmo...eu tinha esquecido disso! — alarmado, Yusuke arregalou os olhos  — Como faremos para que eles não a rastreiem?

— Não se preocupe com isso. Ontem lhe ofereci um chá capaz de suprimir sua energia. Desde que Yue continue o tomando, será muito difícil que a encontrem. 

O seu amigo então relaxou, suspirando aliviado. 

— Ainda bem que você sempre tem uma carta na manga.

~*~*~

Apressada, Yue saiu do escritório e voltou para a sala. Sentou-se sobre o sofá e colocou sobre as pernas uma das almofadas ali presentes. Ainda se recriminava pelo que havia feito há minutos atrás, mas também refletia sobre a situação, visivelmente incomodada. Por que aquele som havia lhe atraído tanto? O que será que Kurama escondia ali? Aliás...tinha mesmo algo escondido ali? Talvez ele tivesse trancado a gaveta somente por motivos pessoais. Motivos que certamente não lhe diziam respeito. 

— Para de pensar nisso, sua idiota! — ela se xingou mais uma vez — O que você fez foi muito errado!  

Prestes a se levantar, a lembrança do estranho pesadelo que havia tido naquela noite fez com que permanecesse no mesmo lugar. Tensa, mais uma vez sentiu um arrepio percorrer a sua espinha. 

Nervosa, ela agarrou a almofada sem perceber.

— O que era aquele lugar? Parecia tão familiar, tão real…— murmurou, levando as mãos ao rosto, enquanto tentava se recordar de onde o conhecia — Que bobagem! Foi só um sonho, isso sim. Um maldito pesadelo — disse por fim, tentando convencer a si mesma daquelas palavras. 

Absorta em seus pensamentos, Yue nem sequer notou que já não estava mais sozinha. Ao sentir um toque em seu ombro, pulou do sofá assustada.

— Aiii! — gritou levando as mãos ao coração descompassado — Que susto!

— Desculpa, eu te chamei assim que entrei, mas você não respondeu — Kurama disse forçando um semblante sério, ainda que na realidade estivesse segurando o riso — Parecia distraída. Está tudo bem? 

— Hã? A-Ah...sim. Está! — desconcertada, Yue tentou disfarçar, embora a mentira estivesse evidente em seu tom de voz.

— Tem certeza? — o kitsune insistiu, sabendo que Yue escondia alguma coisa.

— Sim — ela confirmou ao desviar o olhar — E você, está bem? Seu ferimento melhorou? Alguma novidade sobre os kamaitachi

— Estou bem melhor, e não. Infelizmente eu não tenho nenhuma novidade — diferente de Yue, Kurama não deixou qualquer sinal de mentira transparecer em suas feições ou entonação.

— Que droga — a jovem lamentou — Kurama, sei que é perigoso, mas preciso ir ao hospital. Daqui a pouco meu turno começa e...

— Não é prudente você ir — ele a interrompeu — Os kamaitachi já sabem onde você trabalha. Você pode ser pega.

— Mas há pacientes precisando de mim! Eu tenho que ir! Além disso, nunca faltei um dia sequer. Como os meus colegas de trabalho farão sem a minha ajuda?

— Yue, eu sinto muito. Você pode me odiar por isso, mas não deixarei que vá e coloque sua vida em risco novamente — ele retrucou com firmeza — Enquanto não soubermos o que querem com você, não poderá viver normalmente.

A médica suspirou entristecida. No entanto, apesar de chateada, ela sabia que Kurama tinha razão. Se ela fosse atacada de novo, ele talvez não estivesse lá para ajudá-la novamente. Teve sorte na primeira vez, mas não poderia arriscar uma segunda. Mesmo assim, ela estava preocupada em descobrir como explicaria o seu sumiço depois que tudo voltasse ao normal. O que ela diria a todos os seus conhecidos? Exausta, antes de respondê-lo, voltou a desabar o seu peso no sofá.

— Eu vou perder o meu emprego por isso.

Kurama sorriu desacreditado, sentando-se ao seu lado.

— É com isso que está preocupada?

— Sim! E com o que minha família e amigos vão pensar também. Pra eles, eu estou desaparecida. 

Uma única lágrima silenciosa escorreu pelo seu rosto.

— Fique tranquila, Yue. Eu juro pra você que darei um jeito nisso — Kurama se aproximou, dando-lhe conforto para reerguer a cabeça — Vai ficar tudo bem.

— É sério? Pode mesmo dar um jeito?

— Sim, farei com que não se preocupem. Mas o que importa agora é a sua segurança. 

— Eu sei — ela limpou o rosto úmido — Prometo que não vou sair sem permissão. Obrigada por tudo que têm feito por mim.

Emocionada, Yue deixou-se levar impulso e abraçou o kitsune com força. Pego de surpresa, Kurama retribuiu o gesto suavemente, fazendo com que, envergonhada, ela o soltasse. 

Ignorando o estranho clima que  havia permanecido entre eles, Kurama se levantou para buscar duas xícaras de chá. Em seguida, voltou a sentar ao lado da garota.

— Tome. Por que não continuamos a conversa de onde havíamos parado ontem? Assim podemos ver se não deixamos passar nenhum detalhe despercebido? 

Yue concordou, tomando um gole da bebida fumegante. 

— Tudo bem. O que quer saber? 

— Por que não começa do início? Me conte mais sobre a sua família. O que os seus pais fazem? Quais as suas origens? De onde eram os seus avós ou bisavós?

— Nossa! Vamos investigar até os meus antepassados? — Yue sorriu, achando graça da situação.

— Se for necessário, sim. Toda informação pode nos ser útil. A propósito, não estranhe se eu fizer perguntas meio esquisitas.

— Por exemplo...? — sem desfazer o riso do rosto, ela questionou confusa.

Enigmático, antes de respondê-la, Kurama encarou-a diretamente nos olhos.

— Por exemplo: em que maternidade você nasceu?

˜*˜*˜

Hiei saltava de árvore em árvore, se embrenhando cada vez mais para dentro daquela densa floresta, enquanto se distanciava de seus companheiros. A ordem de Mukuro era clara: descobrir se a lendária relíquia capaz de derrotar até mesmo os Reis do Makai era verdadeira. O youkai de fogo acatou a missão de bom grado, sem esconder o seu interesse pelo objeto. No entanto, ele não estava disposto a aguentar a companhia dos demais subordinados de sua superior. Por isso, mantinha-se o mais distante que possível deles.

Ao sentir o cheiro pútrido da atmosfera tornar-se ainda mais forte, fechou os olhos escarlates para concentrar-se no seu entorno apenas com o uso do Jagan. Sem conseguir detectar nenhuma anormalidade naquele lugar, desceu da árvore em que estava e, cauteloso, levou a mão até a bainha de sua katana, preparado para usá-la. Seguindo os rastros daquele odor insuportável, lentamente se aproximou do que parecia ser uma clareira escondida por detrás de árvores gigantes. Dentro dela, um misterioso barranco parecia ser a origem daquele daquele cheiro insuportável. Sem hesitar, Hiei adentrou à passagem, seguindo em direção ao subsolo.

Ao descer pela fenda estreita, ele inevitavelmente se impressionou com o que via. Inúmeros corpos de youkais em decomposição jaziam caídos sobre um lamaçal. Sabendo que aquela região era conhecida por ser desabitada, Hiei ficou confuso. Ajoelhou-se então ao lado de um demônio desmembrado, vislumbrando a expressão de terror contida em suas feições paralisadas. Ao notar que os demais youkais ali presentes também estavam mutilados daquela forma, não conseguiu imaginar quem teria sido brutal o bastante para o causar aquele massacre. Mas estava certo de que, seja lá quem fosse, estava movido por um ódio profundo.

Seguindo aquela trilha de mortos, Hiei chegou ao que parecia ser uma vila, cujo os habitantes haviam sido completamente dizimados. Em busca de uma pista para descobrir o que havia acontecido naquele local, ele invadiu uma casa que se encontrava parcialmente destruída. Enquanto vasculhava cada canto daquela residência a procura de informações valiosas, jogava os pertences inúteis de seus moradores no chão. Porém, ao ouvir um som vindo de trás si, se virou bruscamente com a espada empunhada, deparando-se com um sobrevivente da chacina. Prestes a atacar, deteve-se ao perceber que o demônio ferido não tinha condições de lutar.

Encostado na parede do cômodo, o oni(1) continha cortes profundos em toda extensão de seu corpo, além de ter um braço decepado. Com cautela, Hiei se aproximou, se ajoelhando ao seu lado. 

— M-me ajude…— ele implorou.

— Quem é você? O que aconteceu aqui? — Hiei perguntou ignorando a súplica do demônio.

— Eles nos traíram...— ele o respondeu com dificuldade, cuspindo gotículas de sangue por consequência.

— “Eles” quem?

youkai pigarreou mais uma vez.

— O-os kamaitachi

Espantado, Hiei arqueou as sobrancelhas. 

— Essa raça já não existe. Foi extinta há muito tempo. Diga a verdade, ou eu te mato agora mesmo.

Hiei direcionou a lâmina do sabre para o pescoço do oni. No entanto, convicto que morreria de qualquer maneira, a ameaça não lhe surtiu efeito algum.

— Estou dizendo a verdade! — ele vociferou irritado, forçando uma pausa ao sentir falta de ar — Os kamaitachi sobreviveram. Eles ainda existem. Eles nos atacaram...depois de tudo o que fizemos. Depois de toda a ajuda que demos a eles...

Hiei hesitou e, ao perceber a veracidade de suas palavras, afastou a katana do youkai

— E por que disse que eles traíram vocês?

— Nós os abrigamos quando estavam à beira da extinção. Permitimos que vivessem conosco…

— E então? O que aconteceu? 

Agonizando de tanta dor, o demônio gritou, agarrando a ferida aberta em seu peito. Temendo que aquele fosse o fim do demônio, Hiei desistiu de tantas perguntas. Sem perder mais tempo, invadiu a mente daquele moribundo usando o Jagan, controlando-a seu bel-prazer. Satisfazendo a sua curiosidade, vasculhou então as memórias do ogro.

Através das imagens contidas na mente daquele youkai, Hiei vivenciou desde a chegada dos kamaitachi à vila em que se encontrava, até o momento em que os hóspedes se voltaram contra os anfitriões, os retaliando sem piedade alguma. Assustado, Hiei somente desfez a conexão quando o motivo para tudo aquilo veio à tona nos pensamentos do demônio.

— E-eles querem se vingar...Ningenkai...a relíquia…— o oni murmurou as suas últimas palavras antes de morrer.

Embora aquela frase aparentemente não tivesse nexo algum, por ter invadido as suas memórias, Hiei entendeu perfeitamente o que o ogro queria lhe dizer.

Inevitavelmente pensou em Yukina, vivendo no Ningenkai com Kuwabara e os demais. Apressado, saiu daquele lugar com o intuito de reportar o ocorrido a Mukuro. 

Ele não tinha tempo a perder. Precisava ir para o mundo dos humanos o quanto antes.


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Notas finais do capítulo

1. criatura da mitologia japonesa equivalente a “ogro”.









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Pois é, um segredo foi revelado. Pelo menos foi pro Hiei. Quem sabe um dia ele conta pros leitores, né? hahaha xD



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