Um Segredo Entre Nós escrita por Emma


Capítulo 20
Quando eu tive um déjà vu - parte 1


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo fraquinho pra vcs e em clima de natal. Apreciem, nos vemos lá embaixo ☺️



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Um encontro é um acaso, mas um reencontro... ah, esse é o destino”

 

Robin continuou caminhando sem um paradeiro certo, sua mente e alma ainda muito agitadas e o gosto dos lábios de Regina entranhado nos seus só aumentava essa sensação, fazendo com que seu coração batesse acelerado, não lhe dando espaço para colocar os pensamentos no lugar. Estava tão atordoado que só voltou a si quando acabou trombando com uma Zelena distraída com algo em seu celular.

— Ei bonitão – cumprimentou enquanto lhe dava um abraço – você e Lou Lou arrasaram hoje!  – franziu a testa ao observar o quanto ele parecia desnorteado –  tudo bem?

— Obrigado Zel – suspirou balançando a cabeça – sim, claro – forçou um sorriso para tranquiliza-la – estou indo até Louise.

Dando uma boa inspecionada no amigo, a ruiva abriu um sorriso conhecedor e quando avistou a mãe da filha dele virando no mesmo corredor de onde saíra Robin, olhando ao redor como se procurasse alguém e estancando na mesma hora em que vira os dois, não precisou de mais para entender o que tinha acontecido. 

— Então acho melhor você limpar as marcas de batom que a mãe dela deixou, ou você terá que explicar para aquela curiosinha de onde elas vieram – sem palavras, Robin engoliu a seco, encarando-a – não precisa dizer nada, eu entendo – sorriu solidária, espiando por cima do ombro que Regina havia parado e continuava a observá-los sem saber o que fazer. Ao ser notada, a morena se virou e voltou pelo mesmo caminho que havia feito.

— Eu só... Holy shit!  Não sei o que deu em mim... – balançou a cabeça contrariado enquanto soltava outro palavrão.

— Você é de carne e osso Robin! – Zelena sorriu condescendente enquanto alcançava sua mão e deixava ali um aperto – e pelo que pude ver, ela está simplesmente difícil de resistir essa noite – Robin seguiu o olhar de sua amiga, porém, não havia mais ninguém ali.

— Ela me beijou primeiro e... – suspirou fechando os olhos, tentando limpar sua mente das sensações que voltavam a invadir seu corpo com a mera menção – por um momento simplesmente me esqueci de tudo e só me rendi – abrindo novamente os olhos e a encarando, confessou abalado – Não pude fugir... – meneou a cabeça – Meu Deus Zelena, quando Regina encostou os lábios nos meus – outro suspiro seguido de um devaneio – depois do choque, só... mandei tudo para o inferno e a beijei de volta como se minha vida dependesse daquilo. Por um momento foi como transcender e tocar o céu. Ainda estou tremendo – estendeu a mão que Zelena segurava, mostrando o quanto estava afetado.

O sorriso no rosto da ruiva ainda era totalmente solidário. Se ela tivesse a oportunidade brigar com o próprio diabo para beijar os lábios de Ethan uma última vez ela o faria, sem a menor sombra de dúvidas. Abrindo a bolsa, ela logo lhe ofereceu uma espécie de lenço umedecido e um pequeno espelho. 

— Pega – Robin muito voluntariamente aceitou os itens e começou a se limpar. Quando terminou e lhe devolveu tudo, Zelena inquiriu – E o que você pretende fazer agora bonitão?

— Não tem nada a ser feito Zelena! – abriu uma carranca enquanto a encarava  – Regina tem namorado e eu estou seguindo minha vida com Louise. Isso me basta! – sua amiga sorriu arqueando uma sobrancelha.

— Duvido muito que ela tenha iniciado esse beijo se ainda estivesse namorando. Fora que, você fica dando uma de durão mas ainda é completamente vulnerável ao que sente por ela. Tanto que fica todo irritado só porque não sabe o que fazer com isso. Você é tão transparente meu amigo. Eu não gosto muito dela sabe?! Porém, acho que vocês deveriam conversar, esclarecer as coisas. Nenhum dos dois vai conseguir seguir em frente sem colocar os devidos pingos nos “is” – o loiro ia abrir a boca para rebater quando ela foi mais rápida – não estou dizendo que você precisa voltar para ela. Só acho que vocês ficam andando em círculos em vez de abrirem os corações e dizerem como se sentem em relação a tudo o que aconteceu. Vivem de suposições e achismos. Não faz bem a ninguém!

— Não tenho nada além de coisas que envolvem Louise à tratar com Regina – a mulher fechou os olhos puxando a respiração profundamente. Robin sabia ser tão teimoso quanto uma mula as vezes.

— Você sabe tão bem quanto eu que isso não é verdade, por isso está fugindo dela. O estado que eu acabei de ver você fala muito sobre como tudo é tão latente aqui dentro – Zelena tocou seu peito e sentiu o coração batendo ainda agitado – Pare de ser teimoso e na próxima vez que ela vier falar contigo – enfatizou – a ouça. 

Robin ficou em silêncio, fitando-a. Louise apareceu saltitando entre eles ainda muito eufórica pela apresentação, pedindo para ir ao banheiro e encerrando ali o assunto.

 

 

* * *

 

 

O que eu fiz? 

Continuava a repetir a frase em sua mente.

Robin realmente estava com a tal Zelena? Se sim, ela o tinha colocado em maus lençóis?! Mas ele tinha retribuído o beijo... e sinceramente, a ruiva que a perdoasse, tinha sido tão bom sentir os lábios dele nos dela outra vez, o encaixe era único... O gosto... era de pura perfeição!

 Céus, como ela queria ter conseguido alcança-lo e falar com ele! Por que eles tinham que ter um timing tão horrível?! Robin disse que não aconteceria uma segunda vez, entretanto, não conseguia aceitar aquele destino. Senti-lo novamente, nem que fosse tão pouco, tinha acordado um sentimento adormecido tanto tempo dentro dela que muitas vezes acreditava nem existir mais, aquela sensação que tinha sido calada e acorrentada por tantas suposições e mentiras, o momento tão íntimo, profundo e infelizmente tão rápido, havia despertado uma torrente e Regina estava cansada de lutar contra tudo o que estava sentindo. Até porque, se existiam dúvidas do que se tratava aquilo, agora parecia muito claro. 

Mills o amava e estava se apaixonando novamente pelo homem que Locksley tinha se tornado. Ele já era incrível antes, agora, Robin era simplesmente maravilhoso. Havia amadurecido tanto, tinha tanto altruísmo e bondade em seu coração e vê-lo em seu meio, com seus amigos, tão relaxado e feliz estava mexendo com ela... Só tivera um vislumbre e fora suficiente para fantasiar todo o resto. 

Sem falar na sensação de pura realização que assistir a ligação que ele tinha criado com Louise naqueles poucos meses havia lhe causado. Se aquele sentimento não fora o bastante, o beijo tinha selado seu destino. O modo cheio de desejo e paixão que as mãos dele tinham percorrido seu corpo... Não poderia ter imaginado aquilo, não, não... Tinha sido real, a eletricidade que ainda percorria seu corpo só o comprovava.

Sempre soube que amava a memória do que tinham vivido, a memória do jovem rapaz que tinha lhe dado sua filha e concedido suas lembranças mais doces e também as mais dolorosas. 

Em seu coração, era uma coisa irrevogável. Mas muitas pareceu que amava um fantasma, um personagem que irreal que havia criado em sua mente e conter seus sentimentos quando a pessoa era apenas um “devaneio”, uma recordação, era gerível. Só que Robin tinha provado ser tudo o que era e muito mais. E... ah! Aquilo tinha provado ser incontível, porque agora ela o queria. Muito. 

Preciso falar com ele. 

Sua mente continuava a repetir, enquanto tocava os lábios e percebia ter voltado para o exato lugar onde tudo acontecera. Tornou a si quando percebeu uma bela mulher com um bebê muito pequeno enrolado em uma faixa contra seu peito e uma garotinha loira que lhe parecia familiar. 

— Oi – a mulher cumprimentou – você deve ser a mãe de Louise, certo? 

— Sim – Mills balançou a cabeça e sorriu curiosa – Regina – confirmou  estendendo a mão. 

— Ela lembra muito você. Não foi difícil adivinhar – apertando sua mão a loira mais alta continuou – Ester, sou esposa do amigo e sócio de Robin, Jhon – Regina levantou as sobrancelhas em reconhecimento. Sua menina havia falado muito do “tio Jhon e da tia Ester” – essa é minha filha Amanda – e claro, da amiguinha. Havia até mesmo recebido uma foto delas juntas em seu celular.

— Ah – Regina direcionou o olhar para a pequena e se abaixou para ficarem na mesma altura – então você é a famosa Amanda de quem sempre ouço minha filha falar quando volta para casa depois dos finais de semana em Nottingham?!

Amanda concordou acenando muito feliz. 

— Você sabe onde a a Lou Lou ? A gente trouxe pra ela – a garotinha levantou uma sacolinha de presente que havia em mãos. 

— Oh muito gentil da sua parte querida – agradeceu o gesto se inclinando e pegando sua mãozinha livre – Mas eu infelizmente ainda não a encontrei, estava atrás de alguém que soubesse me dizer aonde poderia achá-la.

— Ô tia, você sabia que tá com o batom borrado?! – observou Amanda. Sendo rapidamente repreendida por sua mãe:

— AMANDA! – a menina a olhou como se dissesse: “o que fiz de errado?” enquanto Regina ruborizava. 

— Regina, me desculpe – Ester pediu envergonhada.

— Tudo bem, as crianças são mesmo sem freios ? E ela me fez um favor ao me alertar – sorriu já abrindo a pequena bolsa que tinha portado consigo vendo se havia qualquer lencinho para ajudá-la. 

— Se você quiser tenho lenços umedecidos na minha bolsa de fraldas – ofereceu Ester. 

— Eu te agradeceria muito. 

Enquanto Ester apoiava a bolsa que havia pendurada no ombro sobre a caixa de algum instrumento e procurava pelos lenços, Amanda questionava  a mãe algo a respeito do irmãozinho que finalmente parecia ter acordado, Regina riu reconhecendo a familiaridade da situação. 

— Esse deve ser o Liam? – pediu Regina dando uma espiada no bebezinho.

— Sim, imagino que Louise tenha comentado sobre ele?! – a loira tirou sua atenção da bolsa por um momento e fitou Regina.

— Oh sim, devo dizer que desde que o viu, está insistindo na ideia de um irmão – a morena soltou uma risada nervosa. 

— Você não sabe o que ela me pediu outro dia... 

— Oh meu Deus – Regina colocou a mão na testa já esperando pelo que viria.

— Perguntou se eu podia emprestar um dos meus filhos pra ser irmão dela, desde que não fosse o Liam porque ele é muito chorão – a morena segurou o riso, realmente as crianças eram sem freios – Você precisa dar logo um irmãozinho pra ela  – Ester brincou finalmente lhe entregando o pacote com os lencinhos – pois meu filho está pegando má fama e nunca mais conseguirei encontrar uma babá quando precisar. 

— Isso... – Regina rapidamente pegou o espelho que sempre portava consigo –será realmente uma coisa difícil de acontecer. Acho que você vai ter que me emprestar um dos seus mesmo  – brincou a advogada terminando de remover todo o borrado e dando uma retocada rápida no batom.

Se entediando de toda aquela conversa Amanda pediu:

— Posso ver se acho a Lou Lou na salinha dos lanches?

— Claro querida – permitiu Ester e a pequena saiu correndo.

— Muito obrigada – disse Mills devolvendo o pacote a Ester.

— Não foi nada – Ester abanou a mão sorrindo. Dando uma boa inspecionada ao redor, não viu ninguém acompanhando-a,  sua curiosidade estava falando mais alto e queria confirmar se suas suspeitas estavam certas e tinha sido seu amigo a borrar o batom daquela mulher já que o namorado não parecia estar mais em cena.

— Seu namorado também veio? 

— Na verdade... – Regina vacilou um momento, afinal era um assunto pessoal e aquela mulher era praticamente uma desconhecida. Mas que mal tinha? Não era um segredo o fato dela e Daniel não estarem mais juntos – nós terminamos alguns meses atrás. 

— Ohh, me desculpe, não quis ser intrometida.

Bingo! Tinha sido Robin. 

Pensou a mulher de Jhon segurando o sorriso malicioso que queria escapar de seus lábios.

Regina pode perceber que Ester estava para questioná-la a respeito de algo, entretanto, estava se contendo. Possivelmente pela falta de intimidade entre elas. Suspeitava até o que seria uma vez que a pegou literalmente com a boca suja. Até que Amanda voltou avisando ainda de longe: 

— Olhem quem eu achei! – as duas mulheres viraram-se na direção em que ouviram o chamado e avistaram a loirinha correndo com Louise em seu encalço.

— Mamãe! – exclamou sua filha pulando em seu colo – você veio!

— Eu não perderia por nada meu amor! Fora que estava morrendo de saudades da minha girafinha – Regina distribuiu beijinhos em suas bochechas enquanto a menina enlaçava seus bracinhos envolta do seu pescoço.

— Eu também senti sua falta mamãe. Muuuuuito – ela abriu os braços para reforçar o que dizia. Olhando ao redor perguntou – meus avós também vieram?

— Não amor, a vovó não conseguiu ser liberada no trabalho e só vai chegar para o réveillon. Já o vovô não vem esse ano.

— Ah, poxa mamãe – torceu os lábios – eu também estou com saudades deles...

— Logo, logo vamos dar um jeito de você ver os dois, ok? – Regina tentou consolá-la. Louise acenou meio a contragosto e recordando-se de algo, sua expressão subitamente mudou de triste para empolgada:

— E você vai passar o natal com a gente então? 

— Lou Lou, você vai passar o natal com seu pai esse ano, combinamos assim lembra?

— Sim, lembro. Mas você não pode ficar com a gente? – insistiu. 

— Louise... – tentou, porém a menina a interrompeu.

— Mamãe mas se você não vai passar o natal com meus vovós, você vai ficar sozinha? Tia Emma me ligou hoje pra desejar boa sorte e me disse que não vai conseguir vir também – Louise a fitava com aqueles grandes olhos azuis preocupados e tão cheios de ternura. Seu coração se aqueceu de ver o quanto ela se preocupava com seu bem estar.

— Bebê... – estava buscando um meio fácil de explicar à sua filha que simplesmente não podia decidir ficar assim do nada, quando novamente fora interrompida. Dessa vez por Ester.

— Regina, desculpe me intrometer, mas não pude deixar de ouvir. Você vai passar o natal sozinha? – De repente os olhos curiosos de todas as outras três pessoas ali estavam voltados para ela, esperando pela resposta.

— Não sozinha... vai ter uma festa da empresa e eu pensei em ir – desconversou dando de ombros. Aquele ano seria assim, já havia internalizado tanto aquilo que estava até mesmo superando o fato.

— Ah não! – negou Ester balançando o dedo indicador para ela – me desculpe, sei que nós nem nos conhecemos direito, todavia, não posso permitir que você passe o natal sozinha em Paris tendo sua filha aqui. Você virá a minha casa e estará com todos nós.

— Não Ester, não posso aceitar. 

— E por que não? 

— Não quero invadir a privacidade de todos. Sou uma estranha para vocês. Fora que... não sei se o Robin vai ficar feliz com a ideia – ela olhou significativamente para a mulher loira, esperando que a mesma entendesse a situação. Porém, Ester ignorou-a.

— Robin não tem que achar nada. A casa é minha e por mais que eu adore aquele bonitão, como anfitriã tenho a liberdade de convidar quem eu desejar. Você vem e ponto final! – Regina abriu a boca, olhando dela para Louise que haviam os mesmos sorrisos presunçosos nos lábios e viu que mesmo sem querer elas estavam mancomunadas. 

— Quem vem para onde? – indagou a ruiva de braços dados a Robin, eles tinham chegado até elas e Regina nem tinha percebido. 

— Descobri que Regina iria passar o natal sozinha, então a convidei para passar o natal conosco e estava confirmando que ela será bem vinda por todos, não é mesmo Robin?

A advogada lhe lançou um pedido de desculpas silencioso com o olhar. O loiro encarou Zelena por alguns segundos e depois a esposa de seu amigo. Ester tinha um olhar determinado que dizia: “nem pense em ser grosseiro agora ou eu chuto suas bolas!”.

— Claro – balançou a cabeça com um sorriso curto, sentindo dentro de si a verdade de sua afirmação – você será bem vinda! – afinal, era natal, tempo de acolher e compartilhar. Sabia que por mais confuso que estivesse no momento. Não gostaria de saber que ela voltaria a Paris e passaria a data sozinha só porque não era sua pessoa favorita no momento. Se Ester tinha decido abrir as portas de sua casa para uma “estranha”, ele também podia lidar com o fato de tê-la por perto alguns dias.

— Viu mamãe! Eu disse que o papai não se importaria – Louise desceu do colo dela e pulou no de Robin dando-lhe a certeza de que fizera a coisa certa – Obrigada papai, eu  muito feliz que a mamãe vai passar o natal com a gente também – se inclinando, a menina beijou sua bochecha o que automaticamente gerou um sorriso nos seus lábios. Então teve a certeza de ter tomado a decisão certa – Agora só falta meu irmãozinho pra ficar perfeito! Será que o Papai Noel traz todos os presentes da lista ou só o primeiro?? – Ester e Zelena soltaram uma gargalhada enquanto Robin e Regina se encaravam divertidamente sem palavras.


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Notas finais do capítulo

Capítulo duplo hoje hein?! A segunda parte já tá saindo e finalmente teremos a conversa entre eles dois. Mas me deixem saber o que vcs acharam desse aqui tbm, beijos



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