Um Segredo Entre Nós escrita por Emma


Capítulo 19
Quando a gravidade nos atraiu um para o outro


Notas iniciais do capítulo

Oi pessoal, tudo bem? Como sempre, eu esqueço de atualizar os capítulos aqui sorry! Vou colocar todos os capítulos novos e deixar igual no Spirit. Boa leitura :)



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Você pode ouvir meu coração batendo?
Você pode ouvir o som?
Porque eu não posso deixar de pensar
eu não vou parar agora

E então, eu olhei para o Sol e eu pude ver
Oh, o jeito que a gravidade nos puxa
,
Você e eu

Gravity – Coldplay 

 

 

 

O outono tinha se despedido e levado consigo todos os últimos tons quentes e terrosos da capital francesa. Tudo agora era meio cinza esbranquiçado, as árvores estavam nuas e as temperaturas baixas, aquele com certeza seria um inverno intenso e as meninas Mills não viam a hora da neve cair.

Enquanto se movia com o carro, Regina sorriu ao perceber todas as lojas adornadas com temas natalícios. Adorava o quanto Paris conseguia ficar ainda mais charmosa. A torre imponente brilhava com as luzinhas, um verdadeiro show. 

Louise estava no banco de trás, observando cada detalhe encantada. Tanto que até em silêncio estava. O que era atípico para aquela matraquinha. Amanhã Robin chegaria para levá-la por pelo menos uma semana e a advogada estava aproveitando os últimos momentos com sua filha para tomar um chocolate quente com croissants. 

Pensando em Locksley, soltou um suspiro quase inaudível. Ao mesmo tempo em que eles estavam bem, tinha um abismo entre eles, a ponte que ela tentava construir para criar contato de um lado, ele derrubava do outro, refutando todos as tentativas de abordagem para uma conversa que não envolvesse Louise. Regina simplesmente entendeu que ele precisava de um tempo e respeitou. Afinal, ela também tinha precisado e agora era sua vez. 

— Você está ansiosa para passar o recesso de natal com seu pai filha?

— Estou sim mamãe. Mais ainda para a apresentação – com um sorriso de orelha a orelha continuou – Eu e o Robin vamos cantar Coldplay – disse orgulhosa e Regina fingiu ser a primeira vez que escutava aquilo.

— Oh é verdade, eu tinha me esquecido. Qual é a música mesmo? 

— A sky full of stars – um sorriso nostálgico desenhou os lábios de Regina, voltando 6 anos antes, naquele show inesquecível de Coldplay no Brasil. Do modo apaixonado em que eles cantaram um para o outro aquela mesma música. Totalmente alheios ao que lhes aguardava poucos meses depois...

— Você sabe que essa é uma das minhas preferidas, certo? – Louise balançou a cabeça contente enquanto Regina manobrava o carro na vaga que tinha achado. 

— Sim mamãe, eu amo essa e o papai também! – exclamou feliz – e tem outras que vamos cantar com as outras crianças da ONG. 

— Tenho certeza que vai ser tudo muito lindo – a mãe procurou o olhar da filha pelo retrovisor, sorrindo. 

— Você vem né mamãe? – pediu com expectativa.

— Claro amor – respondeu sem hesitar.

— Na verdade mamãe, você podia vir comigo e com o Robin amanhã. Tenho certeza que ele não vai se importar se a gente pedir com jeitinho... – sugeriu já esbatendo os cílios e tombando a cabecinha sobre o ombro. Mesmo que quisesse sorrir da expressão de pura malandragem no rosto da filha ao dizer a última sentença, Regina se limitou a dizer:

— Eu não posso meu amor, estou trabalhando ainda. Meu recesso começa só daqui uns dias.

— Ah, poxa – lamentou-se a menina, bufando. E recordando-se de algo, suas expressões mudaram de decepção para entusiasmo.

— E o vovô e a vovó? Eles vêm também? – Regina não sabia dizer. Não tinha falado com Henry desde o dia da descoberta. Com sua mãe sim, ela até mesmo tentou criar uma conciliação entre pai e filha, mas fora inútil. A advogada estava irredutível, ao menos pelo momento. Sua mágoa ainda era muito latente. 

Louise, ao contrário dela, mantinha contato semanalmente com os dois quando ligavam e os havia convidado para a apresentação. Regina duvidava que seu pai teria coragem de aparecer e encarar Robin, e até ela mesma, assim. Pelo menos pelo momento. Tudo indicava que seria um natal bem estranho. Muito possivelmente o primeiro sem Louise, sem Emma, já que aquele ano eles passariam com os pais de Kilian e só viriam para o réveillon. Provavelmente aquele ano seria somente ela. 

— Eu não sei meu bem, o que eles disseram para você na última vez em que falou com eles?

— Que esse ano talvez só a vovó venha – fez um biquinho frustrado ao terminar – você e o vovô brigaram, não é mamãe? – Regina, que tinha acabado de desligar o carro se virou, a encarando. A veia na testa se sobressaiu, mostrando seu desconforto sobre o assunto, porém, foi em frente.

— Sim Lou Lou. Eu estou muito triste com o vovô, por causa de algo que ele fez sem minha permissão. Odeio que isso afete seu relacionamento com ele, mas no momento eu não me sinto pronta para vê-lo – Louise torceu os lábios e abaixou a cabeça, bufando em seguida – o que foi bebê?

— Ehh... – a boquinha tremeu, denunciando o choro que estava por vir – só que eu achei que esse seria o primeiro natal que eu teria toda minha família juntinha agora que finalmente achei meu papai – os olhinhos estavam cheios de lágrima quando a mãe se aproximou, pegando seu pequeno queixo com o polegar e igualando seus olhares. Regina sentiu seu coração se partir em incontáveis parte. Não tinha nada que a quebrasse mais do que ver sua garotinha triste. Sempre se sentiria a pior mãe do mundo e a causadora de toda aquela confusão, mesmo que não fosse.

— Sei que esses últimos meses foram de muitas mudanças para você, sei que você também esperava muitas coisas, coisas que talvez não possa ter esse ano – explicou pacientemente, deixando um beijo em sua testa – Entretanto – e com um sorriso genuíno nos lábios, Regina a estimulou – porque não temos fé que o próximo será diferente, huh?!

Como se acompanhasse o raciocínio da mãe, Lou Lou voltou a sorrir, cheia de esperança. 

Ah, o coração cheio de fé das crianças... pensou Regina.

— Você tem razão mamãe, talvez eu até tenha meu irmãozinho ano que vem, né? – Regina segurou o sorriso. Aquilo já era esperança demais. Ela não pretendia engravidar tão cedo. Mas decidiu não falar nada, já que a filha parecia bem insistente com a ideia de um irmão ultimamente, apenas sorriu concordando.

— Quem sabe né filha?! – piscou – Agora vamos tomar nosso chocolate quente e comer nossos doces preferidos?

 

 

* * *

 

 

Nottingham tinha um clima bem estranho. Há dois dias tinha nevado, o que não era atípico para a terceira semana de dezembro. O incomum era um dia ensolarado como o que estava fazendo, parecia até primavera. O que caiu como uma luva, já que eles estavam na nova casa de Will e Anastacia para o chá de bebê do pequeno Jacob.

A temperatura estava tão agradável que eles até mesmo se arriscaram a estarem fora. Todos bem agasalhados, acenderam uma fogueira e assavam marshmallows enquanto tomavam chá e chocolate quente. As crianças corriam pelo espaçoso quintal, com as bicicletas que Jhon havia levado. Robin percebeu que Louise ficava de longe, observando os outros. Tinha algo errado. Se aproximou perguntando:

— Oi lindinha, porque você não pega uma das bicicletas que o tio Jhon trouxe para vocês brincarem?

— Porque todas estão sem rodinhas Robin – o loiro a olhou enternecido. 

— Oh bebê – ele a tomou no colo – Você quer que eu te ensine a andar sem rodinha?

— Você faria isso? – pediu com os olhinhos brilhando.

— Claro filha, eu sou seu pai, e sempre que você precisar de ajuda com qualquer coisa pode vir até a mim, ok?

—  bom. Obrigada papai – sempre se derreteria inteiro ao ouvi-la chamando-o de papai. Era simplesmente perfeito.

Ele passou a próxima hora ensinando-a a equilibrar-se sobre a bicicleta, não soltando a cela até que ela o liberasse para tal. E quando finalmente se sentiu pronta, lhe direcionou um olhar cheio de confiança e gratidão, dizendo para soltá-la e deixá-la ir sozinha. Por um momento, um milésimo de segundo, hesitou, com medo que ela caísse e se fizesse mal, mas o fez e ela foi. Sorriu, vendo-a guiar o meio de transporte de duas rodas de maneira vacilante, até pegar coragem e finalmente controlar seus movimentos, seguindo seu caminho. 

— Um dia vai ser assim na vida real amigo – Tuck, o mais velho deles, aproximou, dando um tampinha nas costas dele. Robin acenou sem tirar os olhos de Louise.

— Eu sei que sim. E não estou preparado – sorriu. 

— Aproveite bem esses momentos. Eles são como a brisa fresca do verão, reconfortantes, deliciosos, mas passam muito rápido – Locksley desviou os olhos da filha para encarar seu amigo. Sabia que o homem barbudo tinha uma filha adulta. Não havia se casado depois de deixar a ordem, todavia, eles todos sabiam da existência da garota. Era uma história um pouco complicada e o homem falava muito pouco a respeito. 

— Você sente falta da sua menina?

— Sim, ela já é uma mulher agora, está terminando a faculdade na Austrália e agora tem a vida dela – a expressão borbotão do homem mais velho era de pura nostalgia – Mantemos contato sempre, porém, eu não fui o pai que Charlie merecia por um longo tempo e me arrependo muito disso. 

— Tuck man... – Andrew percebeu que ele iria consolá-lo e o interrompeu gentilmente.

— Não se preocupe meu amigo, errei e sei disso, mas andei por lugares sombrios quando deixei o monastério. Conheci a mãe dela nesse período, estava tão frustrado e tinha encontrado nas bebidas um “refúgio”. Eu a amava, entretanto, arruinei nossa relação. Não sei como ela me deixava ficar perto de Charlotte, devia ser só porque Emily me amava demais – abaixou a cabeça envergonhado – Hoje  vejo o quanto estava tão atolado no meu vício – suspirou, voltando a encará-lo – Fiz coisas das quais me envergonho e decidi por conta própria me afastar delas até que melhorasse, tinha tanto medo de machucá-las... Fui embora uma madrugada sem dizer uma palavra. Minha menina tinha só 7 anos – fechou os olhos por um instante, franzindo o cenho, enquanto Robin lhe direcionava um olhar cheio de compaixão – Quando consegui voltar, ela já era uma mocinha de 13 e sua mãe estava casada com outro cara. Eu o odiei por muito tempo, é claro. Mas ele era tão bom para elas. A mim, restou somente correr atrás do tempo que me tinha com minha filha. Passou muito rápido e não tenho arrependimento maior na vida do que os anos que perdi com elas.  Mesmo que hoje sejamos muito próximos, eu tenho que dividi-la com seu padrasto. Dave é um bom homem e hoje eu superei o ciúmes – ele riu e Robin engoliu a seco. Não imaginava que a história era daquela forma – Por isso eu repito amigo, aproveite cada segundo, pois o tempo voa e daqui a pouco, ela já não será mais a garotinha pedindo sua ajuda para aprender a andar de bicicleta e você vai ter que soltá-la para viver sua vida como acabou de fazer. 

— Eu vou Tuck, já perdi muito tempo da vida de Louise e não perderei mais nenhum momento – o homem mais velho sorriu conhecedor, acenando.

— Sabe Robin, não é só do tempo perdido com Charlotte do qual me arrependo. Se eu tivesse a chance de voltar lá atrás e mudar algo... 

— O que você está querendo dizer budy?

— Que as vezes nós temos tudo o que precisamos para nos manter sãos bem diante dos nossos olhos, mas não nos damos conta disso e por medo, fugimos – o loiro abriu a boca porém, ficou sem palavras. O que deveria dizer? – Aproveite o que você tem meu amigo – lhe dando um outro tapinha nas costas o ex monge se afastou, voltando para perto da fogueira aonde estavam os outros adultos.

Robin ficou alguns minutos ainda observando Louise, que continuava esforçando-se em se manter equilibrada sobre a bicicleta e agora seguia Amanda, que seguia os dois irmãos mais velhos. Refletindo sobre o que seu amigo tinha dito, pensou: ele estava fugindo? Mas fugindo do que? Regina tinha seguido em frente e ele simplesmente tinha cansado de deixar seu coração ter qualquer migalha de esperança. Tinha passado muito tempo perdido, confuso, magoado, agora ele precisava cuidar de si próprio e de sua filha. Mesmo que afastá-la, quando tudo o que ele queria era tê-la tão perto quanto possível, fosse terrível. 

Voltando para perto do grupo, se sentou no lugar vazio ao lado de Jhon. Ester tinha entrado para amamentar o pequeno. Não demorou muito e Louise chegou largando a bicicleta no chão e sentando-se no seu colo, pedindo por marshmallows e chocolate quente. Após dar uma olhada ao redor e se concentrar em Anastacia por tempo demais, o advogado começou a esperar pela pergunta que viria.:

— Robin, a tia Anastácia tá grávida ? – como esperado, Louise inquiriu o encarando.

— Sim filha. 

— O pai é o tio Will, certo?

— Sim – ele não entraria em detalhes com Louise a respeito da paternidade daquele garotinho. Até porque Will tinha decidido criar-lo independente de conexões sanguíneas.

— E como foi que o tio Will colocou o bebê lá dentro? – Robin, que bebia um generoso gole de black tea, cuspiu metade de volta dentro da xícara. Blood hell! Por que sua filha tinha que ser tão curiosa? Jhon ao seu lado segurava o sorriso.

— Bem Lou Lou – coçou a garganta procurando as palavras – quando duas pessoas sentem algo muito forte uma pela outra, muitas vezes essas pessoas decidem formar uma família. Então... eles se amam de uma forma especial e aquele amor de multiplica em um minúsculo serzinho que vai crescendo até virar um bebê.

— Hmm... – colocando o queixo entre o polegar e o indicador, num gesto muito parecido com o que ele fazia quando estava intrigado continuou – mas no fim eu não entendi como o bebê vai parar lá dentro da barriga se o amor a gente sente no coração?!

— Porque o amor começa ali, depois ele cresce e desce para a barriga até que chega o momento em que ele não cabe mais lá dentro e vem para fora. 

— Parece um pouquinho complicado mesmo – torceu os lábios –  Mamãe tinha razão. 

— Como assim sua mãe tinha razão? – pediu franzindo as sobrancelhas – Por que toda essa curiosidade sobre como um bebê vai parar dentro da barriga da mãe dele agora? 

— Porque eu queria entender o motivo da mamãe dizer que não é tão simples me dá um irmão – lamentou fazendo bico –  Eu tinha até dito que você poderia ajudar, já que me colou lá dentro da barriga dela uma vez. Você pode ajudar ela? – perguntou com expectativa – Pode colocar outro bebê lá dentro pra ser meu irmãozinho?!

Robin queria gargalhar do quanto aquele pedido parecia simples para ela, quando na verdade era puro absurdo. Deus! A inocência de uma criança era algo louvável realmente. Louise o fitava esperando ansiosamente por uma resposta. 

— Lindinha... – buscando desesperadamente Jhon com o olhar, Robin lhe clamou silenciosamente por um intervenção. Seu amigo, que segurava o riso não aguentou mais, soltando uma gargalhada. Lou Lou sem entender perguntou:

— Por que o tio Jhon está rindo?

— Porque ele é um ridículo Lou Lou – disse direcionando um olhar tão afiado quanto adagas ao moreno.

— Papai! – repreendeu Louise enquanto Lockesley observava o amigo que estava para cair do banco de tanto sorrir – Você pode ou não colocar um bebê dentro da mamãe de novo?

— Filha – suplicou com um suspiro – não é tão simples. Não estou mais namorando sua mãe. Ela está com o tio Daniel na verdade, então é mais provável que seja ele o papai do seu irmão caso sua mãe decida ter outro filho. 

— Na verdade papai, acho que ela e o tio Daniel não estão mais juntos – o coração de Robin errou uma batida e depois acelerou. Mas logo ele tentou focar no que Lou Lou falava e não nas sensações que a informação lhe trouxera – têm um tempão que ele não vai lá em casa e algumas vezes eu vi a mamãe triste.

— Ehh... – disse no lugar de uma resposta melhor. Justamente por não saber o que dizer.

— Então tem que ser você mesmo o papai do meu irmão. Como foi comigo. Você já sabe o que tem que fazer, não é mais fácil? – insistiu o fitando.

— Louise – coçou a cabeça perdido sobre como decliná-la da ideia insana –  sua mãe e eu não estamos mais juntos, como eu disse para você, um filho nasce de uma decisão e de muito amor. Não posso fazer isso por você minha lindinha. 

— Eu só queria um irmão... – cruzou os braços chateada.

— Eu te empresto um dos meus Lou Lou – Amanda se intrometeu na conversa e Robin quis sorrir da solução que a loirinha tinha arrumado.

—  bom, mas não quero o Liam porque ele é muito chorão – negociou.

— Vem, vamos lá dentro perguntar pra mamãe se ela pode te emprestar algum deles.

Amanda pegou na mão de Louise puxando-a para dentro da casa, aonde Ester amamentava na sala, já imaginando a reação de sua amiga quando sua filha lhe propusesse o empréstimo, mas muito feliz pela distração bem vinda. Um irmão? Ou melhor: Colocar um bebê dentro da mãe dela? Que raios?! Blood Hell! E ela era insistente, teimosa como só Regina sabia ser. Cristo Santo! Esperava não ter que voltar àquele argumento, porém, duvidava que ela desistiria da ideia.

E Regina? Estava mesmo solteira outra vez? Se sim, por que? Os dois pareciam tão bem juntos. Até mesmo quando os viu um mês antes conversando no corredor do escritório... 

Jesus Robin! Basta seguir sua vida! Maldição homem! 

— Então quer dizer que Regina está solteira...? – questionou Jhon e Robin leu todas as insinuações em seu tom de voz. 

— Não sei Jhon e nem me interessa – o moreno quis continuar a implicar com o amigo loiro que logo colocou uma carranca na bela face, para evitar falar do assunto “Regina”, como vinha fazendo nos últimos meses e Jhon achou melhor deixar quieto.

— Ok bonitão, vou fingir que acredito.

 

 

* * *

 

 

Os dias que se seguiram ao chá de bebê de Jacob passaram muito rápido. Com pai e filha empenhados em montar o quarto como Lou Lou desejava. Eles foram em uma grande loja de departamentos no centro e a menina escolheu alguns móveis complementares, objetos de decoração e jogos de cama. Regina tinha mandado uma mala com roupas para deixar na casa de Robin e outras ele tinha comprado.

Eles colocaram o papel de parede em tons pastéis com motivos divertidos e pintaram outras duas paredes fazendo uma pequena bagunça quando ele tentou ensinar a pequena como manusear o rolo. Tinha sobrado tinta até para o Batuffolo. Fora um dia cheio de alegria e depois do banho, os dois pediram uma pizza e se sentaram no sofá, com o coelho no colo dela, enquanto assistiam Rei Leão juntos. 

Louise capotou em meia hora de filme e quando Robin olhou para o lado, agradeceu ao universo por tê-la ali com ele. Seu coração estava cheio de uma sensação de paz que não sentia desde quando era um garotinho, tão jovem quanto sua filha, e se aconchegava exatamente assim com Louis, tomando chocolate quente na frente da lareira enquanto Rebecca, sua avó, lia livros de fantasia sobre a Inglaterra medieval. 

Deus, como ele sentia falta deles! 

Os outros dias foram divididos entre o escritório e idas até a ONG para ensaiar com as crianças. Zelena roubou Louise alguns dias (tinha certeza que Amanda também) para passeios por Nottingham e arredores,  o que internamente agradeceu pois não queria ter que levá-la para o trabalho com ele quando era necessário. Assim ela se divertiria tanto quanto poderia e devia. 

Nos dias livres de Robin, aproveitaram para fazerem muitas coisas juntos. Robin comprou uma bicicleta azul claro com uma cestinha para carregar o coelhinho (pedido dela). Mas infelizmente nevou por dois dias seguidos e pedalar pelas ruas estava fora de questão. Então, desentulhou a velha prancha de escorregar na neve e Louise ficou eufórica, podia-se dizer que nunca a vira tão empolgada desde que a conhecera. Foram dias de muita diversão, estava realmente apreciando passar tanto tempo com ela. Seria terrível quando ela tivesse que voltar, sua presença se tornava cada vez mais forte e significativa em sua rotina e preferiu não pensar agora a respeito daquilo e aproveitá-la tanto quanto possível. 

Finalmente era sábado, 22 de dezembro e o dia da festa de natal da Floresta Encantada. Louise estava fabulosa, tinha que agradecer mais uma vez Zelena que o ajudou a prepará-la para a apresentação. A menina usava um vestido rodado vermelho, meia calça branca e sapatinhos Mary Jane preto. E o cabelo estava preso em um penteado elegante e fácil, que a ruiva tinha aprendido em um vídeo do YouTube. 

Tinha que admitir que ele também não estava nada mal. Havia escolhido um terno azul escuro que contrastava bem com seus olhos, deixando-os mais claros e colocado uma camisa social branca por baixo e para finalizar, uma gravata borboleta vermelha. Afinal era natal. 

A ONG estava toda ornamentada com viscos, guirlandas, luzinhas, tecidos vermelhos e dourados espalhados estrategicamente. Logo na entrada, a majestosa árvore de pinheiro que eles tinham ajudado a cortar do terreno dos fundos, se destacava por estar toda decorada com penduricalhos dos mais diversos temas natalícios, alguns até mesmo feitos pelas crianças.  A casa exalava uma atmosfera mágica. David e Ruby tinham feito um belo trabalho. 

Locksley tinha chegado cedo para repassar as sequências com as crianças, agora todos os colaboradores estavam atrás das cortinas do velho teatro que eles tinham aproveitado e reformado do casarão, tentando conter a euforia dos pequenos.

Espiando por uma fresta, avistou os pais dos alunos, seus amigos com suas respectivas famílias, moradores locais, alguns já conhecidos por ele, haviam também alguns mantenedores de fora e convidados, todos já dispostos nos assentos e Robin não deixou de notar que a senhorita Blanchard estava na primeira fileira, no lugar livre ao lado daquele reservado à David. Sorriu. Nunca imaginou quando aceitou o caso, que no final, os adversários se tornariam amantes. 

Varrendo mais um pouco o local, esperou encontrar Regina, todavia, nem sinal dela. Ele esperava que ela viesse, por Louise é claro, mesmo que no fim, odiasse que tivesse que vê-la com o francês engomadinho ao lado.  

— Papai, você a viu? – ela se aproximou segurando o violão e não precisou especificar quem para ele saber que se referia a sua mãe.

— Não Lou Lou.

— Mas ela vem ?

— Meu amor, acredito que sim. Tenho certeza que ela não perderia sua apresentação.

— Ela me disse que não perderia por nada – sorriu confiante.

— Tenho certeza que sim lindinha – piscou – você se lembra de todos os acordes?

— Sim.

— Ótimo. Vamos repassar? Só por segurança? – sugeriu e Louise logo pegou o violão, sentando-se em um banquinho e ele pegou o seu, sentando-se ao lado dela e cantando a sky full of stars baixinho enquanto ela o acompanhava. 

 

 

 

* * *

 

 

 

Às oito horas em ponto, como qualquer bom britânico, David deu início a cerimônia. Regina tinha chegado naquele exato momento, tentando ser o mais silenciosa possível passando entre as fileiras até encontrar um lugar discreto no meio. Tinha uma boa visão do palco e passaria sem incomodar ninguém. 

Quando se sentou,  Robin entrou com sua turminha animada, todos segurando seus instrumentos e se colocando em suas posições, ao lado dele estava sua garotinha, sorrindo de orelha a orelha e a morena sentiu o peito se encher de amor ao vê-la. Estava morrendo de saudades, já eram quase duas semanas sem a filha e ela estava graciosa naquele vestido. 

Locksley cumprimentou a todos e olhando para as crianças atrás dele começou a dedilhar o violão, iniciando os acordes conhecidos de jingle bells sozinho, ao terminar a primeira estrofe, todas as crianças começaram a tocar seus instrumentos, que misturavam-se entre flautas, violões, uma bateria e um teclado. Ele tinha criado uma melodia única para eles e todos os sons se casavam maravilhosa e alegremente bem. 

Ao terminar a primeira música, algumas crianças saíram (incluindo Louise) e outras entraram, dando seguimento a outra canção natalina. Após mais um giro de canções de natal, Louise voltou ao palco e Ruby levou um banquinho para ela se sentar ao lado do pai, Regina destravou o celular, procurando novamente  o aplicativo da câmera e iniciando um vídeo. 

 Robin se aproximou do microfone começando os versos:

 

 

“...'Cause you're a sky, 'cause you're a sky full of stars
I'm gonna give you my heart
'Cause you're a sky, 'cause you're a sky full of stars
'Cause you light up the path..”

 

 

A advogada fechou os olhos, fora impossível não voltar no tempo, no baú das memórias, daquelas doces recordações, de quando eles era tão livres e felizes, quando eles se amavam com as estrelas como testemunha, quando se perdiam nos braços um do outro ao som de Coldplay, quando tudo era tão simples e descomplicado e não existia esse abismo entre eles...

 

 

“...I don't care, go on and tear me apart
I don't care if you do, ooh ooh, ooh
'Cause in a sky, 'cause in a sky full of stars
I think I saw you...”

 

Louise iniciou o segundo refrão e Regina quis chorar ao ver a perfeição que eram aqueles dois cantando e tocando juntos. Sua menina era afinada e muito ágil no violão. Ela buscava sempre os olhos do pai, que sorria a estimulando enquanto alternava entre olhar o público e a filha. Era muito delicioso vê-los juntos porque era algo totalmente natural, mais do que uma apresentação, ambos pareciam se divertir lá em cima, como se fossem apenas eles e ninguém mais.

 

 

“...Cause you're a sky, 'cause you're a sky full of stars
I want to die in your arms, oh, oh
'Cause you get lighter the more it gets dark
I'm gonna give you my heart...”

 

 

Cantaram juntos o terceiro refrão e fora impossível que uma lágrima de pura emoção não escorresse de seus olhos. Pois, a voz deles juntas era harmônica e doce, invadia seus poros e entrava em sua corrente sanguínea, correndo rápido até atingir seu coração que batia agitado no peito.

 

 

“...And I don't care, go on and tear me apart
I don't care if you do, ooh ooh, ooh
'Cause in a sky, 'cause in a sky full of stars
I think I see you
I think I see you...”

 

 

Era um sentimento já conhecido, era algo que a atingia em cheio todas as vezes que testemunhava Robin com Louise. Era forte, intenso, começava em seu coração, descia para o estômago e depois voltava novamente ao seu peito. E aquilo martelava, subindo e descendo dentro dela como se quisesse sair para fora, como se fosse tomar uma forma humana e envolvê-la.

Deus, ela os amava juntos! 

Amava Louise e amava Robin também. Depois de tudo pelo que tinham passado, depois de tudo o que tinha descoberto, era impossível não sentir tudo por ele. E agora, ela estava vagarosamente se apaixonando por um outro lado de Robin que ela não conhecia. O Robin pai, o Robin responsável e independente. O Robin amigo, abnegado, apoiador da causa dos necessitados. O Robin do coração gigante que ela sempre soube que ele tinha, mas era muito cercado de privilégios e do seu mundinho nobre para colocar para fora.

 

 

“...'Cause you're a sky, you're a sky full of stars
Such a heavenly view
(Ooh, ooh, ooh, ooh, ooh, ooh)
You're such a heavenly view
(Ooh, ooh, ooh, ooh, ooh, ooh)
Yeah, yeah, yeah, ooh...”

 

 

E Regina nunca imaginou que ficaria tão feliz em dividir sua filha com outra pessoa, amaldiçoando o destino e até ela mesma, porque deveria ter sido assim desde o início. Enxugando outra lágrima, ela encerrou o vídeo quando eles terminaram a música e Robin deixou um beijo na testa da filha e ambos saíram do palco. 

 

 

* * *

 

 

 

David voltou, fazendo uma pequena apresentação sobre a ONG aos novos convidados e deixando as contas para doações, dando assim tempo a Robin de beber água e reorganizar tudo nos bastidores. 

Locksley voltou com todas as crianças, cantando mais algumas canções e finalizando com “here comes the sun”, dos Beatles. Ela precisou correr ao banheiro e quando retornou Robin estava se despedindo junto dos seus pequenos. Caminhando pelo corredor, pode ver o momento em que os olhos dele fixaram-se nela por segundos, mas logo todos os  presentes começaram a pedir por bis e ele distraiu-se.

— Pessoal, infelizmente nosso repertório acabou, cantamos até uma a mais das que tínhamos ensaiado com as crianças – disse coçando a cabeça.

— Vai bonitão, sabemos que você tem um “as” na manga – gritou uma moça com mechas vermelhas no cabelo. Ruby, se ela não estava enganada. Ela também tinha falado em algum momento com David, ambos eram os responsáveis pela ONG.

— Ehh... – vacilou o loiro.

— Canta, canta, canta... – pediu o público em coro.

Suspirando, ele riu um pouco nervoso. 

— Ok, ok. Me desculpem se não sair tão bom, afinal eu não ensaiei nada....

Voltou para o banco aonde estava sentado, com o microfone no pedestal na frente dele, tentando uma canção de Coldplay, entretanto, não saia, sua mente o levando para suas composições, em especial uma que ele tinha escrito muito tempo atrás, para ela. Balançando a cabeça, tentou mudar o rumo de seus pensamentos, todavia, quando deu por si, já estava dedilhando os acordes da canção no violão:

 

 

Eu quero me agarrar a você
Achar um canto para dois
Quando você envelhecer
Eu ainda serei seu ombro
E vou te ter como minha esposa


Você tem a minha alma, a minha vida
Eu sei 
que acabei de te conhecer
Mas eu quero pegar esse caminho
Você e eu
Nunca, nunca, nunca retornaremos

Tudo que eu peço de você é que
Me deixe ser
Quem te leva
Eu te levarei para casa
Até que eu esteja velho e de cabelos brancos
Tudo que eu peço de você é que
Apenas me deixe ser
Quem te leva
Eu te levarei para casa
Até que eu esteja velho e de cabelos brancos

Eu vejo nossas crianças no parque
Correndo para lá e para cá até ficar tarde
E quando elas crescerem
Nós as ajudaremos a contar as estrelas
De novo e de novo
Eu estarei onde você estiver
Nunca longe
Você nunca, nunca, nunca estará sozinha

Tudo que eu peço de você é que
Me deixe ser
Quem te leva
Eu te levarei para casa
Até que eu esteja velho e de cabelos brancos
Tudo que eu peço de você é que
Apenas me deixe ser
Quem te leva
Eu te levarei para casa
Até que eu esteja velho e de cabelos brancos

 

 

Regina ainda se sentia meio atordoada. Robin tinha cantado a música, aquela música que tinha feito para ela na casa do Maine, no fim de semana onde tinham sido um pela primeira vez. Enquanto ele cantava cada verso, ela sentia o coração batendo forte no peito. Parecia um tambor, ecoando dentro dela. Por um momento, não parecia ter mais ninguém naquele ambiente além deles. 

Robin tinha fechado os olhos ao iniciar e assim foi até a última estrofe. Quando terminou, abriu os olhos ofegante. Agradeceu o público (que continuava a aplaudir) rapidamente, como se quisesse escapar dali o quanto antes, saindo em seguida. David e Ruby subiram no palco, agradecendo mais uma vez a todos e finalizando o espetáculo. 

 

 

* * *

 

 

Passando pelas cortinas, Robin sacudiu a cabeça, querendo batê-la contra a pilastra logo mais a sua frente. Não deveria ter cantado àquela música, não com Regina ali. Louise correu até ele, pulando em seu colo e o parabenizando pela canção.

Ruby apareceu, pegando sua filha pela mão e chamando as outras crianças para um lanche que haviam organizado, em uma sala ao lado do teatro. Lou Lou perguntou se podia ir, Robin apenas acenou sorrindo, dizendo que a encontraria logo e a menina seguiu com a mulher mais velha. Suspirou grato por estar sozinho, pois precisava de um momento para reorganizar os pensamentos. 

Podia ouvir David falando com algumas pessoas atrás da pesada cortina, quando ouviu passos atrás de si. Pensou que talvez fosse Ruby, ou até mesmo Zelena, porque pelo caminhar macio certamente era uma mulher. 

Quando virou-se fora obrigado a suspirar. Ela estava deslumbrante, em todos sentidos da palavra. Vermelho era definitivamente a cor dela. E aquele vestido... oh boy... Holly shit! Por que ainda era tão afetado por aquela mulher? Engoliu a seco, continuando a guardar seu violão na maleta.

— Se você está procurando por Louise ela está na sala ao lado – indicou com o dedo, se esforçando ao máximo para não voltar a olhá-la. Mesmo que uma força invisível o puxasse em sua direção. 

Regina continuou em silêncio, se aproximando. O loiro fingiu ser indiferente, como se não sentisse seu corpo se aquecendo, sua pulsação aumentando e seu coração acelerando no peito a cada passo que a mãe de sua filha dava para perto dele.

O silêncio dela estava começando a incomodá-lo. Então, quando terminou de colocar o violão de Louise na outra maleta, se virou na intenção de ver o que raios ela fazia ali e quando o fez, se arrependeu. Regina estava perto, perigosamente perto. 

 

— Você cantou aquela música no final... porquê? – a jovem mulher o fitava com aqueles grandes e belos olhos castanhos fincados bem dentro dele, dando-lhe aquele olhar suplicante que nunca soube como resistir, implorando por algo que não queria e não deveria responder. 

 

— Porque eu sou um idiota – tentou desconversar e se afastar – Esquece aquilo, ok? – Regina pegou seu rosto entre as mãos, alinhando seus olhares e ele não pode deixar de perceber que os seus olhos agora estavam marejados. 

 

— Por que Robin? – Locksley continuava encarando-a, hipnotizado por aqueles olhos, envolventes e atraentes, que continuavam cravados profundamente nos seus, esperando por sua resposta. 

Abrindo a boca, todavia não disse nenhuma palavra, virando o rosto e se afastando do toque. Regina porém não concedeu a distância, o puxando pelas abas do terno bonito, colando seus lábios. 

O britânico ficou em tanto choque que quando ela se afastou, puxando a respiração, precisou de alguns segundos para entender que sua ex namorada o havia beijado. A encarando por alguns segundos, enquanto ofegava e ela o fitava com aquela expressão de pura apreensão, Robin não se lembrou mais do porque estava chateado com ela, não pensou em tudo o que tinha acontecido desde a descoberta de Louise, não pensou em Daniel e em mais nada. Somente na garota bonita a sua frente, ou melhor, na bela mulher que Regina havia se tornado.

— Inferno sangrento... – murmurou se rendendo enquanto quebrava a mínima distância já existente entre eles, pegando seu rosto entre as mãos e a beijando com necessidade de uma vida. 

Holly shit! 

Maldição!

Como era bom! 

O sabor dela era um afrodisíaco tão poderoso que despertava todos os seus sentidos de uma vez só. Não era só como ele se recordava, era... era incrivelmente melhor. O calor que o corpo dela emanava com a proximidade, a forma como a boca dela se abriu para receber a sua, a maneira como ela se entregava e derretia em seus braços...

Deus! Aquilo certamente era o paraíso! 

Era doce, intenso, repleto de saudades e estava começando a queimar tudo dentro dele, despertando suas mãos, desceu uma pela nuca, enroscando-a e entrelaçando-a pelos fios escuros, tomando posse. A outra fez uma carícia quente pelas costas até envolver sua cintura, enquanto as delas que haviam passeado pelas suas costas em uma dança lenta, agora seguravam seu paletó com força.

 Era bom demais para ser verdade. O gosto daquele encontro, parecia  como o de alguém que tinha passado uma jornada de dias no deserto desesperado e finalmente tinha encontrado água. Queria se perder e absorvê-la, se fundir a ponto de se tornarem uma só pessoa e nunca mais se separarem. Queria esquecer de tudo. Todavia, não podia, não conseguia. E como se lembrasse que aquilo, eles, simplesmente não deveria acontecer, se afastou, não mais encarando a mulher a sua frente e sim o chão. 

— O que foi isso? – ela pediu ainda ofegante, lambendo os lábios e se ele a estivesse encarando, teria visto o começo do sorriso que tinha nascido em sua boca.

— Algo que não vai acontecer uma segunda vez, eu sinto muito – então se virou e partiu sem encara-la, deixando-a para trás com um sorriso morto e uma lágrima escorrendo pela bochecha.


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Notas finais do capítulo

Então, o que acharam? Por favor deixe seu feedback aqui, é muito importante até o próximo.



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