Supremo Amor escrita por SENHORA RIVERO


Capítulo 1
💕💕💕💕 V & H 💕💕💕💕 1 💕


Notas iniciais do capítulo

Segue mais uma para vocês, um beijo grande!



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MÉXICO 2019

− Deixe sobre a mesa, Antonieta e vá embora!− a voz de Victória era diferente. O cansaço, a exaustão, tudo ali com ela em sua imaginação. Era quase como implorar que deixassem que ela ficasse um pouco com si mesma.

Victória Sandoval, ou rainha da moda, senhora dos tecidos, Diva das passarelas, Deusa da alta costura, tudo isso eram os apelidos da jovem de 26 anos que tinha construído um Império com seu trabalho. Ela era a referência de tudo e de todos ali naquela empresa. Victória sabia a hora de chagar, sempre cedo, sempre com o rosto maquiado, a roupa bem escolhida, tudo em perfeição.

Ela não faltava ao trabalho nem mesmo quando estava doente. Victória era escrava de sua atenção com aquela casa de modas e todos sabiam que ela seria assim para todo sempre. Estava lá com todos os motivos e situações. Ela era a mulher que não bebia, que não se desviava e que tão pouco aceitava namorar alguém ou sair daquela rotina louca.

− Já chega por hoje, Victória, você também vai embora comigo e vamos tomar alguma coisa.− Antonieta a enfrentou com o rosto todo tenso. Ela não tinha medo de Victória, parecia ser uma das poucas que tinham intimidade para dizer algo assim.

Victória era mulher de muita beleza, seu coração estava sempre cheio de educação e cuidado com o que fazia, mas ela tinha se tornado alguém carrancuda e com o coração fechado para tudo.

− Até amanhã, Antonieta, até amanhã! Você pode ir para seu encontro com esse tal aí que você tanto quer fisgar.− ela disse num bufo de total indiferença e revirou os olhos com o rosto voltando aos croquis sobre a mesa.

− Ele é um ator, Victória, ele é lindo e você vai adorar conversar com ele quando eu o fisgar!− ela disse sorrindo e Victória olhou para ela rindo daquela besteira toda. 

− Vá até lá e cuide desse homem com atenção.− ela sorriu e Antonieta entendeu que não ia conseguir ajudar Victória ou tirá-la dali daquele espaço.

Ela saiu e Victória suspirou. Antonieta era uma boa amiga, mas ela precisava de solidão e tempo. Fechou os olhos e sentiu as lembranças tomarem conta de sua mente. As mãos intensas de João da Cruz estavam em seu corpo. Ele a tocava e ela gemia e sentia o corpo dele nu colado ao seu. Aquele devaneio durou alguns segundo e isso foi o que fez a jovem estilista ficar suando e com as pernas molhadas.

− Victória, tenha vergonha em sua cara, ele não merece seu sofrimento. Ele é só alguém que você precisa manter longe, alguém que não merece sua dor e nem seu amor.− ela dizia para si mesma, tentando esquecer tudo e pensando nas coisas que tinham o valor real.

Victoria tinha absoluta certeza de que as coisas poderiam ser muito menos complicadas se ela e João Paulo tivesse ficado juntos no momento correto quando ele a seduziu. A palavra correta era essa, em sua inocência, ela tinha sido seduzida e levada a luxúria por causa dele. Ela tinha pecado e entregado seu corpo por amor a ele e ele nunca se importou de verdade.

João não tinha sido homem o suficiente para reconhecer que ela precisava do seu amor e para cuidar dela com toda atenção que Victória merecia. Tinha sido a pior barra desse mundo saber que o homem para quem ela tinha se entregado com tanto amor e tanta verdade não estava do lado dela e nem tinha escolhido estar com ela.

Victoria tentou pensar que aquilo não era o assunto para estragar o resto de sua noite porque o trabalho sempre ficava mais pesado quando ela se lembrava o que  tinha se passado e como tinha se dedicado a amar um homem que não deu valor a ela. Tudo que ela tinha sofrido aqueles anos anteriores e as buscas que ainda seguiam eram culpa do descaso de João Paulo com ela.

Victoria suspirou fundo e tentou jogar para fora todas aquelas imagens e não pensar em nada que pudesse ser bom ou ruim ao lado daquele homem. Ela queria ter paz, trabalhar mais uma noite até a exaustão sem pensar que nenhuma pessoa poderia sobreviver daquele modo que ela estava vivendo. O descanso que todas as pessoas tinham sob seu comando nunca era o mesmo descanso que ela mesma tinha pois estava sempre chegando cedo saindo tarde de sua empresa.

Ficou de pé e foi até a janela pensar em todas as coisas que tinha vivido e como queria ser feliz quando ainda era jovem o suficiente para acreditar que qualquer beijo de amor poderia compensar a dor ou qualquer outra coisa que o amor dela fizesse. Mas estava provado e comprovado que o amor não podia mudar o destino de ninguém e amar alguém só servia para estragar e destruir o coração da outra pessoa.

Tudo que Victória mais queria era ser feliz do jeito que ela não tinha sido antes e  do jeito que não estava sendo agora. Todas as coisas que tinha desejado viver como uma jovem sonhadora tinham ficado para trás e agora só se importava em ser a melhor estilista que era possível ser. O sonho de riqueza, e poder que agora pertenciam a ela por mérito e por seu trabalho tinham sido realizados.

Ela suspirou olhando a rua enquanto mordia seus lábios e assim, minutos depois, de volta a mesa, Victória se apegou a seus papéis e se fundiu ao tempo. Três horas depois estava saindo da casa de Modas. Entrou em seu carro, estava sozinha, ia dirigir e foi embora. Quando parou em sua casa um carro estava lá. Ela ficou com medo, mas depois perdeu. Olhou o homem parado na porta dela e identificou aquele olhar. Algo nele estava diferente.

O estômago dela pareceu revirar de tão estranho que sentiu que os acontecimentos eram. Dor e medo, raiva e tensão, tudo nela estava cheio de raiva quando parou em frente a ele o observando. Os olhos lindos que ele ainda tinha, aquela beleza viril que ele até poderia manter discretamente escondida, mas que deixariam qualquer mulher louca de desejo.

− João..− ela disse com o coração saltando, mas mentindo com sua expressão para que ele não visse seu momento de nervosismo.

João Pablo de Iturbide, homem que ela amou e para quem sua pureza tinha sido entregue. Victória o olhava, estava complemente triste o olhar dele e com um gesto terno segurou a mão de Victória.

− Precisamos conversa, Victória, eu posso entrar?− ele disse com a voz intensa e Victória se tremeu toda, aquele homem depois de tantos anos ainda podia mexer com ela. Estava com tanta raiva de sia mesma por sentir-se assim.

− Não há o que conversar, não há o que dizer! Você precisa ir embora, nós dois não temos nada para falar um com o outro.− disse fria soltando da mão dele.

− Eu não vou demorar, apenas quero conversar com você, Victória.− ele disse com calma e colocou as mãos no casaco. Ela o olhou e num suspiro pesado mandou que entrasse.

A casa de Victória era linda, estava decorada, tinha um clima alegre e elegante. João sorriu, ela havia prosperado e a menina doce e Inocente que ele conhecera era agora uma mulher poderosa e rica. Nada disse era importante para ele, o dinheiro só trouxera tristeza na família dele.

− Você quer comer ou beber algo?− ela disse colocando a pasta sobre o sofá, não estava surpresa, não era a primeira vez que eles se viam. Não era a primeira vez que eles estavam frente a frente. Ela o olhou em busca da resposta.

− Eu deixei a batina, Victória, quero que você saiba disso.− ele estava sentado e apenas suspirou enquanto via o rosto de Victória mudar naquele momento. Ela estava mesmo com o rosto cheio de amor por aquela revelação? Ela ainda o amava? Era isso?

− Eu não me importo.− disse fria  mentirosa.− Você pode fazer o que achar melhor para aplacar a sua culpa. Eu seguirei em busca de minha filha, em busca de saber onde ela está e porque não a tenho em meus braços.

O ponto fraco, o ponto doloroso da vida deles. Victória e João tinha uma menina, uma bela menina perdida a dez anos, que fazia Victória nem ter paz. Eles dois tinham medo, medo por saber que ela poderia estar morta. Todos os dias desde que ele soubera de tudo, estava mortificado. João tinha ficado tantos anos em isolamento para sua formação como padre que só soube do bebê quando voltou, cinco anos depois.

Victória o condenou por não estar com ela naqueles momentos. O condenou por não ter ficado com ela e amado como precisava. Agora não era importante mais.  Ela tinha seguido em frente e ele podia ser o que quisesse.

− Victória, eu quero que você me dê uma chance.− ele pediu se aproximando dela com atenção, ela recuou e o olhou.

Conhecia o toque dele, aquele homem era convincente, era um bom homem quando deseja ter o que queria de uma mulher. Ela não podia cair de novo em tentação, ela não ia ser tomada novamente por aquele homem. João ficou mais perto e sussurrou.

− Eu demorei para entender que queria uma família com você, Victória, me dê uma chance de consertar o erro. Eu quero provar a você que podemos ser felizes.− ele disse com calma.

Victória sentiu as mãos de João em seu corpo, ele estava firme, perto, perfumado, Deus, como Victória gostava de homens cheirosos e como ele cheirava bem! Ela sentiu o calor de seu corpo aumentar, estava se odiando por não dar um empurrão nele, por não mandar que fosse embora, mas quando finalmente os lábios iam se tocar, um forte barulho foi ouvido.

− O que foi isso?− ela correu a janela e viu um carro batido na árvore em frente a sua casa na rua.− Meu Deus, alguém sofreu um acidente! Vamos ajudar!− ela gritou com medo e saiu com o celular na mão em direção ao local sem nem pensar nos perigos.

Quando chegou lá a cena a deixou nervosa, o homem no volante estava desacordado e ela viu um outro carro correndo, provavelmente tinha causado o acidente. Ela olhou o banco de trás e viu um menino chorando, loiro, lindo, príncipe!

 

− Mamãe! Mamãe!− o menino gritava nervoso e Victória ligou para emergência.

No desespero, mesmo sabendo que ela não devia mexer na cena do acidente, ela acolheu o menino em seus braços, chorando e gritando pela mãe. O homem estava com uma ferida no rosto e desacordado. 

− Fique com ele, Victória, eu vou acelerar o socorro.− João disse sendo um homem bom como ele era.

Victória olhou o homem com o rosto virado, ele estava numa posição diferente porque na hora do acidente devia ter virado para trás para ver o filho. A ambulância chegou e o paramédico disse nervoso assim que parou diante do homem.

− É o doutor Heriberto! Vamos levá-lo logo!− ele disse com desespero como se aquele homem fosse alguém muito importante.

Os outros foram até eles e ajudaram e Victória segurava o menino que agora chorava, mas já mais baixo.

− Venha comigo, Max, você precisa ir ao hospital.− a enfermeira disse e Max a olhou com lágrimas.

− Ele morreu? Meu papai morreu?− ele disse nervoso.

− Não, Max, ele está vivo, mas precisa vir comigo. Vamos levar o papai para ser examinado e você também.− ela estendeu os braços e Max não foi, se agarrou mais a Victória que suspirou, ela entendeu.

O menino sussurrou baixinho em seu ouvido, como um sussurro de anjo, como ela achava que seria se anjos falassem com ela. 

− Não me deixa sozinho, por favor!− ele pediu enquanto agarrava o pescoço dela e Victória apenas suspirou segurando a cabeça dele.

− João, pegue nosso carro.− ela olhou a enfermeira e disse com calma.− Você pode vir conosco, ele conhece você vai ajudar a acalmá-lo.

A enfermeira assentiu e os quatro saíram logo em seguida da ambulância. Victória sentia as lágrimas de Max e com todo cuidado ela o olhou, era um menino lindo, bem cuidado, uma criança como ela nunca tinha visto.

− Vai ficar tudo bem, não precisa mais chorar.− ela disse amorosa.

− A minha mamãe morreu, eu só tenho o meu papai!− ele disse limpando os olhos.− Você sabia que ele salva a vida de todo mundo? Meu pai é um herói.− ele disse com o rosto dando uma aliviada.

− Eu tenho certeza que seu pai é um herói.− ela disse emocionada e sabendo que se aquele homem criava o filho sozinho, ele era o maior dos heróis.

LONGE DALI...

− Vovó Bernarda, eu vou dormir! Tenho aula amanhã!− disse amorosa e beijou a senhora que a abraçou com todo amor.

− Vai, minha linda neta, você é um exemplo de estudante!− ela sorriu e tocou o rosto da menina com mais amor.

− Eu quero ser como você vovó! Uma mulher importante e inteligente! E quando eu crescer, vou mostrar a todo mundo que eu sou uma pessoa forte! 

− Você é, minha princesa, vovó sabe que você é a mais forte de todas!− ela disse com o rosto firme.

− Eu te amo, vovó, obrigada por cuidar tão bem de mim! Eu te amo muito!− ela disse com amor e olhou  foto na parede. Era de um casal, aqueles eram seus pais mortos, ela queria tê-los conhecido, mas eles morreram logo assim que ela nasceu.

− Não mais do que a vovó ama você! Não mais!− disse amorosa e beijou a menina.− Minha pequena Maria...


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