A Origem da Energia - As Crianças do Caos escrita por OrigamiBR


Capítulo 4
Fanatismo


Notas iniciais do capítulo

Um capítulo que as coisas começam a acelerar (e talvez sair um pouco dos trilhos, hehe). Digam a opinião de vocês depois.



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De manhã, perto da hora de saída, Vergil sentiu um distúrbio na Energia das proximidades. Geralmente era sinal de um carro ou moto passando pela rua, mas dessa vez a presença era de tamanho menor, mas de muito mais Energia. Se preparou, lembrando de todas as palavras que havia praticado e ativando sua Percepção, olhou para fora.

Para sua surpresa, viu Niéle caminhando por sua rua. Imediatamente ela virou o rosto para si, e seu sorriso se abriu, parecendo iluminar. Não escondendo sua surpresa, Vergil se viu desarmado.

— Err, oi? – começou, titubeante.

— Oi! – respondeu a garota alegremente – Estava passando por aqui. Não sabia que morava aqui.

— Err, e-eu também não sabia que você morava por perto...

E assim a conversa se seguiu, com eles caminhando até a escola. A avenida estava cheia de carros. Aparentemente havia tido algum acidente, pois o trânsito não fluía. As calçadas tinham pouca gente, o que era estranho considerando que era uma sexta-feira. Normalmente, para se livrar logo do expediente, muitas pessoas chegariam cedo para serem liberados mais cedo e então curtir o final de semana com suas famílias e/ou amigos, ou se preparar para uma jornada no final de semana, tudo para atender à demanda de seus empregadores.

Os dois caminhavam tranquilos, mas sempre atentos ao ambiente. Conseguiram chegar ao colégio sem problemas, indo para a aula logo em seguida. De repente, escutou um barulho fora da sala. Fora tão alto que até o professor de Física parou o assunto, indo olhar. Os garotos ficaram confusos, olhando para os lados e depois para o professor, que estava abrindo a porta. Nesse momento, ele deu um grito e caiu sentado. Ao observar com mais atenção, viu que ele estava com um machucado no braço, que estava manchado de sangue. Na porta, estava uma figura muito estranha: era humano, pois tinha braços e pernas, mas estava coberto de retalhos, parecendo muito maior do que deveria. Suas mãos e pés eram normais, mas tirando isso, parecia uma camuflagem de atirador de elite, só que com panos multicoloridos ao invés de cerdas cor de grama. Em sua mão direita estava uma lança bem fina, mas reforçada com tiras de aço pelo comprimento e uma ponta um pouco larga. Havia um pano amarelo na divisa do cabo com o metal.

A figura olhou para a sala, e imediatamente quando viu os seis garotos, gritou incompreensivelmente em frenesi e começou a correr em direção a eles, lança em postura baixa, pronta para fazer a melhor impressão de Vlad, o Empalador com Vergil. Em instantes, como se tivesse feito isso a vida toda, o garoto se levantou, jogando a cadeira para trás com força, se apoiou com os braços na carteira de estudo, deu uma cambalhota e desviando da lança por um fio esticou os dois pés em direção ao rosto da pessoa fantasiada, que com a velocidade que vinha, foi nocauteado num instante e jogado para trás e fora da sala.

A confusão se instaurou no recinto. Enquanto alguns alunos gritavam em desespero, outros gritavam em euforia e mais alguns ainda tentavam entender o que acontecia. Ficando de pé em cima da carteira, Vergil correu para fora, sendo seguido por Cole, Kenneth, Suzan, Jane e Claire. Ao checar o corredor, a confusão era generalizada: esses “humanos” estavam atacando todas as salas de aula e de coordenação. Não sabia quem eram e tampouco importava isso, pois pessoas estavam sendo atacadas e possivelmente mortas.

Vergil olhou para seus amigos e deu um aceno de cabeça. Iria acabar com aquilo. Entendendo o que se passava, Cole pegou a lança do inimigo caído e foi lhe ajudar. Um dos inimigos viu a cena e correu, gritando dessa vez algo que eles entenderam.

Terrenus Telum!— e sua lança imediatamente brilhou com Energia. Arregalaram os olhos, mas Cole foi mais rápido. Já havia concentrado Energia na sua própria arma e fez um movimento circular, cortando de cima para baixo, e enviou uma lâmina amarela pelo ar, que interrompeu o avanço do oponente, forçando-o a bloquear.

— Droga, eles são Sensitivos também! – exclamou Vergil, e tomou uma postura, concentrando Energia no corpo – Terrenus Contumelia!— girou o corpo num chute circular, que fulgia com uma luz vermelha. O golpe acertou a lança, e o vento gerado foi suficiente para atordoa-lo. Chutou com o outro pé na cabeça dele, mas não foi o suficiente para pará-lo.

Caelesti Telum!— e com um perfurar da lança, Cole enviou um projétil que atravessou o braço do inimigo, mas não causou nenhum dano visível.

O oponente estava caído e não se mexia. Imediatamente, Vergil usou sua Percepção, sentindo sua Energia. Cole olhava para os arredores, mas só via as pessoas correndo desesperadas.

— Ele tá vivo ainda, mas tem muito mais por toda a escola! CUIDADO!

Interrompeu a fala para interceptar a ponta da lança com o antebraço, defletindo a estocada de um novo inimigo que surgiu do nada. Imediatamente entrou no seu alcance e sussurrou “Terrenus Offensus”. O soco ascendente escarlate fez o pescoço do inimigo ser jogado com violência para trás. Ele caiu desacordado, mas tinham outros pelas redondezas. Reuniu Energia, e visualizou os alvos. Apontou a palma da mão aberta para cima e gritou:

Caelesti Sera Septem! – sete feixes de luz vermelha saíram de toda sua mão e se solidificaram em balas redondas, sendo disparadas imediatamente aos alvos que aterrorizavam as salas. Cada uma atingiu um alvo com precisão, acertando o tórax de cada. A força foi o suficiente para jogá-los para trás, batendo com força nas paredes. Olhou para Cole, e ele entendeu sua intenção. Ambos se separaram, cada um indo por um corredor para uma ala da escola.

Em contraste com a entrada e o pátio, o corredor estava muito silencioso. Ele não tinha janelas, e normalmente era iluminado pelas luzes de teto, mas pela confusão, estavam desligadas, prejudicando a visão. Respirou fundo para se acalmar. Sua testa estava um pouco quente, então teria que ser eficiente. Tocou levemente no chão com a mão e sussurrou “Astral Quaero”. Sentiu um pulso de Energia percorrer as paredes e o chão, enquanto espalhava sua zona de procura por todo o corredor. Sabia que tinha um laboratório de informática e uma sala para materiais de limpeza. Ao ver o laboratório, encontrou duas presenças por lá. Sentiu também outras menores, que supôs ser de reféns. Parando o contato e fechando o punho, ele caminhou furtivamente até a porta.

Controlando a respiração, sincronizou o chute para abrir com um grito que escutou de dentro. De imediato, dois daqueles malucos de farrapos viraram para si. Deu uma cotovelada em um, enquanto desviava da estocada pelo largo do braço do outro. Chutou o de trás e girou o corpo para chutar o da frente. Os dois recuaram, mas não estavam derrotados. Um deles soltou um grito gutural e atacou com o cabo da arma. Vergil bloqueou com o antebraço, mas lhe deixou aberto para o outro que lhe perfurou no abdômen. Sentindo muita dor, cerrou os dentes e gritou:

Terrenus Palma Duo!— com ambas as mãos, atacou com as palmas nos dois, encaixando eles nas paredes como decorações. Logo que passou o flash vermelho, Vergil concentrou-se em passar um pouco de Energia pelo ferimento para acelerar a recuperação. Imediatamente o sangramento parou.

Olhou para as pessoas: eram dois alunos adolescentes e um professor adulto. Um dos alunos estava ferido, e o adulto estava cuidando dos ferimentos dele como podia. Os três se retesaram quando ele chegou mais perto, certamente com medo.

— Tudo vai ficar bem. Estou do lado de vocês... – disse Vergil, se ajoelhando.

— P-Por que eles nos atacaram? – perguntou o ferido. Os outros dois olharam inquisitorialmente, também pedindo respostas.

— Eu não sei, mas não vou deixar eles atacarem mais ninguém. Você consegue se mexer?

— N-Não... Dói muito.

O lutador viu o ferimento. Não era muito sério, mas pela profundidade, o ferimento deveria estar doendo muito mesmo. Chegou com a mão perto e fez Energia circular. Só havia visto Kenneth fazer isso, quando ele cuidava dos machucados do grupo em Ryokun, então teria que tomar cuidado. Fez um pouco de sua Energia fazer contato com a dele, e a direcionou para recuperação.

— Não sei fazer muito, mas pelo menos deve aliviar a dor.

— Q-Quem é você?

— Só um estudante daqui...

E saiu pela porta do laboratório. Se dirigiu à frente do colégio, e notou que Cole também havia terminado do seu lado. Ambos acenaram e saíram da escola. Na frente, estavam inúmeros policiais, de carros bloqueando a rua e armas apontadas para a entrada. Cole tratou de jogar a lança no chão, mas um dos oficiais pediu para não disparar. Veio caminhando para junto deles e foi falar com Vergil.

— Vergil! Você tá bem? – perguntou preocupado.

— Eu tô bem, Scott, mas é bom verificar lá dentro a situação. Não percebi mais nenhum daqueles malucos, mas pode ser que tenha mais. Tem feridos também.

— Certo, certo – e gesticulou para que uma equipe fosse caminhando para dentro.

Scott era um homem novo, de 20 anos apenas, mas que era um proeminente oficial de polícia. Através de determinação e muito trabalho duro, ele ascendeu as posições em menos de dois anos e fez um concurso público, se tornando delegado da cidade. Era um rapaz um pouco baixo, com 1,68m e 62 kg, cabelos pretos e curtos, com olhos azuis-claros, coisa rara de se ver. Bem cobiçado pelas mulheres por sua aparência elegante e rosto de ator, era ele quem dava conselhos para o garoto antes de Cole e Claire, por sua incrível capacidade de ler emoções e entender o estado de pensamento de uma pessoa.

Passados alguns minutos, os policiais foram recolhendo os inimigos algemados. Estavam sem as máscaras de farrapos, e pareciam mesmo pessoas normais. O mais estranho é que eles estavam sem entender o que tinha acontecido, olhando erraticamente para os lados e confusos. Sentado na calçada, Vergil esperou a ambulância e a polícia terminarem o trabalho, interrogando alunos e professores que estavam presentes, levando os feridos para o hospital e acalmando os pais que estavam desesperados. Nisso, Scott lhe abordou, preocupado com o rapaz.

— Pelo menos tudo acabou bem. Não teve nenhum óbito.

— Que bom – confirmou o garoto.

— Como tu soubesse que esses doidos tavam aqui, Scott? – perguntou Cole, curioso.

— Alguém ligou da sua escola. Quando falaram dos fanáticos, viemos o mais rápido que deu.

— “Fanáticos”? – questionou Vergil.

— É. Engraçado como são as coisas: estamos procurando eles há semanas e eis que vejo eles aqui, bem pertinho de você. Vou acabar botando uma escuta em você, garoto – e pegou Vergil por debaixo do braço, pressionando o punho contra cabeça dele.

— Ai, ai, ai... Pera, pera: semanas? – perguntou, tendo um mal pressentimento.

— Sim. Essa seita surgiu há alguns meses. Antes não faziam nada, só um culto ali e acolá, mas de umas semanas pra cá eles têm ficado violentos.

— Isso é perigoso... – disse Cole, pensativo.

— Nem me diga. Já descobrimos que eles estão abduzindo adolescentes e fazendo uma lavagem cerebral, sei lá. Os jovens acabam com poderes especiais, que nem esses Bruxos, e que depois que se prendem eles com algemas, eles não se lembram de mais nada.

— Prender faz eles esquecerem? Vocês mudaram o material das algemas? – indagou Cole, parecendo que descobrira algo.

— Não, por que?

— Será que a gente pode tocar numa delas?

— Sabe que não posso ceder material policial a civis, Cole.

— Eu sei, eu sei! É só tocar mesmo. Você mesmo segura.

Scott hesitou por um momento, afinal havia sido um pedido no mínimo estranho. Tirou o par de algemas que sempre andava e segurou num dos aros, deixando o outro pendurado. Cole tocou de leve no aço frio. Imediatamente sentiu como se sua Energia estivesse esvaindo, mas muito de leve, como se tivesse usando a Fundação para reforçar algo. Vergil entendeu logo o que estava acontecendo.

— Valeu, acho que entendi. – disse Cole, agradecendo.

— Também saquei o que tá acontecendo – comentou Vergil, com a mão no queixo.

— Eu não – disse Scott de olhar inquisitivo, exigindo uma explicação.

— Bem, tenho uma coisa pra te contar então, Scott...

Vergil passou os minutos seguintes falando para seu amigo sobre os Sensitivos, o porquê os chamavam de Bruxos, e sobre a mulher que lhe atacou com um caminhão. Inicialmente, Scott escutou impassível, se contraindo, e até quis botar a mão na arma quando o garoto revelou que era um Sensitivo também. Mas aí relaxou, quando viu que a pessoa que lhe contava as coisas sobre as quais não sabia era o mesmo garoto que acompanhara quando era mais novo, que ele não tinha mudado nada, nem mesmo quando viu que ele estava disparado aqueles raios de energia e lutando bravamente contra os fanáticos. Por fim, não conseguiu duvidar dele, sabendo que não tinha nenhuma intenção por trás de suas ações.

— Então, isso é muito importante. Eu só peço que vocês venham comigo pra a delegacia pra prestar um depoimento escrito. Só tentem omitir a parte sobre... “Energia”.

— Heh, não se preocupe. Não pretendo falar, e não é como se alguém fosse acreditar em mim...

Depois de darem suas declarações para a polícia, eles dois foram para casa. Scott havia dito que iria fazer algo a respeito, para pelo menos eles não serem atacados pela polícia caso sejam vistos. Pediu para informar caso soubessem de mais coisas. Naquela noite, pela internet, Vergil e Cole trocaram informações. O que tiraram disso foi que: os Filhos de Jovái (como Scott deixou “escapar” ao perguntarem mais coisas) não haviam matado mais ninguém; os ferimentos causados foram sempre nos ombros e braços; se usassem Energia ou eles a sentissem, partiam para táticas mais letais; e o aço-carbono das algemas causava um distúrbio leve, mas preciso, fazendo com que o fanatismo sumisse de repente. Tudo isso sugeria um objetivo oculto que não envolvia mortes, mas pânico, caos e confusão. Também falava que estavam sendo controlados por uma Energia. A melhor alternativa que tinham era tentar rastreá-las. O maior problema era “como”.


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Notas finais do capítulo

Nem se preocupem que a história não vai diminuir o ritmo de ação; ainda tem muita coisa por vir.



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