Yu-Gi-Oh Outsiders escrita por mandeslu


Capítulo 1
O jogo banido




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Em um futuro não tão distante, a tecnologia alcançou seu ápice dominando grande parte das esferas públicas, produzindo uma nova geração de pessoas acomodadas com tais regalias. Com isso, a realidade aumentada passou a se tornar o palco perfeito para os famoso Duelos de Cartas que antes se restringiam a ricas cidades isoladas, mas que aprimorados pela globalização proporcionaram um cenário deliberadamente democrático.

Metrópolis se tornou o grande conglomerado tecnológico alocando em grande parte a massa técnica que permite o bom funcionamento de todos os servidores que envolvem essa nova era, além de produzir inúmeras possibilidades de vida entre suas avenidas, também foi a grande responsável por proporcionar a nova evolução do mais famoso jogo de cartas daquele mundo: O Yu-Gi-Oh. Porém, 3 anos atrás, uma explosão durante o estudo de algumas cartas fez com que as pessoas começassem a temer a tecnologia exigindo precauções ao governo quanto ao seu uso desregulamentado, aqueles que estavam na explosão nunca mais foram vistos e todo o assunto foi trancafiado pelo Estado. Deste então, o jogo foi ilegalizado e banido das pautas de discussões da sociedade.

Miwaku Yuno é uma garota de cabelos azuis e brancos que reside em Metrópolis, mas que diferente da grande massa de pessoas, ela sentiu de perto o efeito danoso que tal explosão, principalmente, por ser a responsável por levar sua mãe de perto dela. Hoje, ao completar seus 15 anos, inicia seu dia com um leve sentimento de vazio, como se ainda não tivesse superado a perda dela.

“Toc-Toc”. Ressoava o som oco que vinha de sua porta dominando as 4 paredes do quarto da menina, fazendo-a abrir seus olhos amarelos como verdadeiros vagalumes, tal movimento logo se seguiu de uma leve abertura em que revelava o misterioso autor de tais sons. Era seu pai, um homem de meia idade com cabelos brancos e olhos da mesma cor daqueles de sua filha, possuía rugas de preocupação por trabalhar demais, mas naquele momento estampava um verdadeiro sorriso em seu rosto. Carregava consigo uma bandeja farta e extremamente enfeitada, ele cantarolava uma música que lembrava um “Parabéns para você” em um ritmo um pouco descompassado, mas que não atrapalhava tanto o entendimento da letra.

— Feliz aniversário, Yuno! – Disse ele entregando a bandeja sobre as coxas da menina que se acomodava para descobrir o que havia embaixo de todo aquele enfeite.

— Obrigada. – Dizia a garota, agora sentada em sua cama, enquanto destruía a beleza daquela bandeja revelando um lindo café da manhã. – Uaau, que lindo! Acho que vou fazer aniversário mais vezes no ano. – Completava a garota com uma leve risada.

— Não vá se acostumando – Ele repreende ela em um tom amigável, mas que logo em seguida segura sua mão com seriedade em seu rosto – Então filha, eu sei que já faz um tempo que não damos uma festa, mas são seus 15 anos, acho que está na hora de darmos um passo depois desses 3 anos de luto. – A menina não parecia muito satisfeita com o pensamento do pai, mas depois de uns segundos de silencio decidiu consentir com seu plano.

— Acho que eu posso chamar algumas amigas para passar o dia aqui. – Disse com um olhar um pouco baixo, mas que permitia ver um leve sorriso esbanjando do rosto de seu pai.

— Certo, vou encomendar as comidas. Acho que tem enfeites no meu guarda-roupa, se quiser, pode ir la procurar. – Fala ele um pouco rápido demais enquanto olhava o relógio em seu pulso – Bem, eu tenho que ir, se não sair agora vou acabar me atrasando.

— O senhor vai trabalhar num domingo? – Indaga um pouco confusa.

— Ah, sim. Estamos cheios de trabalho acumulado no escritório, mas eu prometo sair o mais rápido possível para tentar curtir esse dia com você. – Diz ele beijando a testa da menina e saindo pela porta de seu quarto.

Diante daquele silencio, a menina voltou-se aquela bandeja cheirosa com a comida recém preparada e decidiu que realmente estava na hora de seguir em frente. Com isso, decidiu começar a jornada na busca dos enfeites de festa que seu pai havia mencionado. Porém, ela não esperava se depara com 3 caixas exatamente iguais empilhadas em uma prateleira acima de sua cabeça.

Em um movimento descalculado acabou arrastando a caixa errada e provocando a queda daqueles 3 caixotes de papelão sobre si. Entre aquela mistura de cores e o forte odor de naftalina, acabou reconhecendo dentre toda aquela confusão de malhas e texturas as roupas antigas de sua mãe, que despertaram uma forte sensação de vazio na pequena menina. Com um leve abraço sobre aquele tecido pode relembrar de fato aquela sensação nostálgica de estar junto dela, fazendo-a com passos suaves e um pouco desajeitados dançar com aquela peça por todo o quarto. No entanto, o show foi interrompido por um tombo em uma das caixas que ainda estava no chão, mas que parecia bem mais pesada que as outras. De alguma forma, a garota voou sobre o piso aterrissando de ponta cabeça sobre uma pilha de roupas próximas ao pesado objeto.

“O que será que tem nessa caixa?” pensou a menina ao se levantar. Instigada pelo misterioso conteúdo da caixa, começou afastando aquelas roupas para isolar o caixote e assim tornar o caminho livre para focar apenas naquele enigma. Ao abri-lo ela encontrou um conjunto de livros diversos, mas que ao adentrar um pouco mais ao fundo acabou achando um livro de retratos da família que estampava entre suas páginas fotos de uma mulher de cabeços azuis com um disco de duelo enfrentando diversos oponentes, entre elas, uma chamou a atenção de Yuno, aquela que podia-se ver sua mãe contra um inimigo de cabelos roxos e pele pálida, apesar de parecer bastante imponente o semblante dela destacava uma força interior que parecia despertar um forte sentimento para aqueles que o viam. “Minha mãe era incrivel!” sussurrava Yuno. Acompanhando sua mãe podia-se ver uma outra mulher extremamente exuberante, sua aura azulada sobre todo o corpo tornava ela uma figura de destaque naquela fotografia.

Ao passar um pouco mais as páginas, ela percebeu que as fotos começaram a diminuir até que se extinguiram em páginas completamente brancas, mas uma leve elevação entre elas despertava uma curiosidade em Yuno que não a deixava parar. Ao chegar ao fim do álbum, uma imagem chamou a atenção da menina que espantada percebia que a última foto na verdade não era de fato uma foto, mas uma carta. Nela podia-se ver uma figura familiar, uma donzela de cabelos rosados e roupas em tons de azul e branco.

— A mulher que acompanhava minha mãe! – Falou Yuno boquiaberta com a descoberta. – High Priestess of Prophecy.

A carta parecia brilhar à medida que se movimentava nas mãos tremulas da garota, ela ria de alegria e ao mesmo tempo chorava enquanto repetia o nome da carta para todos os cantos do lugar. Ainda com a carta em mãos continuou explorando aquele caixote retirando outros álbuns que contavam a infância dela, o casamento de seu pai, alguns momentos de sua adolescência, até chegar num caixote de madeira em forma de uma caixinha de música. Parecia bem cuidado, apesar de um pouco empoeirado, ele não tinha nenhuma tranca especial apenas um local onde se apoiava os dedos para levantar sua tampa.

Lá dentro, no entanto, guardava-se o maior tesouro que sua mãe podia ter proporcionado. Um conjunto de 75 cartas diversas, um pequeno bracelete e um suporte azul em formato retangular, ela estava encantada com tudo aquilo, e logo despejou todas aquelas cartas em 3 filas de 25 colunas. Ao passar o olho sobre aquelas inúmeras cores a adolescente acabou por se sentir ainda mais inspirada e curiosa para saber a história por trás daqueles magos e livros estampados a sua frente.

— Essas devem ser as cartas que minha mãe usava. – Falava ela passando os dedos sobre aqueles papeis sentindo suas diferentes texturas. – Talvez eu consiga também.

A menina então voltou-se ao álbum que havia encontrado a primeira das cartas e começou a separar todas as cartas em que suas artes se assemelhavam as figuras encontradas nas fotos. A pesquisa gerou um resultado de 34 cartas, que juntas formaram um baralho um pouco volumoso.

— Agora como se joga isso? Talvez eu tenha que ler todas elas. – Disse a garota se acomodando sobre o chão e passando os olhos sobre cada carta, notando entre suas leituras um certo padrão e alinhamento entre monstros diferentes e seus efeitos.

Yuno de fato parecia inspirada com aquele achado, horas se passaram e ela continuava lendo e relendo aquelas cartas, brincando com elas de forma aleatória buscando uma iluminação mínima que fosse para tentar desvendar os mistérios por traz delas. A ideia de que sua mãe pudesse ter amado aquilo tudo dava a ela ainda mais ânimo para continuar. No entanto, todo aquele esforço não parecia levá-la a lugar algum, era quase impossível adivinhar uma metodologia de jogo baseado apenas naquelas cartas avulsas e seus efeitos, além de termos que ela não sabia o que de fato significava como “GY”, “Effeito Rápido”, entre outros.

— Droga, parece até que estou andando em círculos. – Diz ela deitando-se sobre aquele monte de roupas. – Talvez eu pudesse perguntar a meu pai, mas eu não quero atrapalhar o trabalho dele para uma coisa assim. – Ela de fato estava falando sozinha, ou talvez apenas pensando em voz alta.

Um tempo em silencio levou a garota a outros devaneios que não geraram resultados. Até que com uma leve tapa na cabeça ela concluiu o obvio.

— Que burra! Esqueceu completamente da internet Yuno! – Diz ela se levantando num salto. – Com certeza deve existir algo sobre isso na internet!

A menina correu, ou melhor, saltou sobre aqueles obstáculos no chão deixando toda aquela bagunça para trás, carregando consigo apenas a caixinha e tudo que estava dentro dela, acabou se direcionando ao seu celular, um smartphone branco com uma capinha em azul clara, lá ela retomou sua busca pelo mistério das cartas, tentando achar qualquer informação que batesse com o jogo, mas tudo parecia inexistente.

— Como não tem nada sobre isso aqui? – Indagou confusa – Devia haver algo aqui!

Percebendo que havia voltado ao estado de início, decidiu voltar e procurar informações dentro da última caixa, mas acabou encontrando os enfeites de festa que nada ajudavam no problema. Até que dos enfeites levou ao lugar e do lugar a inspiração: “Talvez eu encontre nas fotos alguma pista de lugar que possa me ajudar!” pensou.

Voltando-se para o álbum, todos os lugares pareciam fantásticos como se saísse das cartas, por mais que passasse as páginas, todas as áreas eram inconclusivas, não havia nada que ela pudesse usar de base para procura.

— Tudo é inútil, acho melhor eu guardar tudo e desistir de vez. – Disse ela para si mesma. – A única pessoa que poderia me ajudar com isso era minha mãe, que era uma jogadora.

“Jogadora” Ela repetiu em sua mente. “É isso! Um desses oponentes tem que estar vivo, eu só preciso achar alguma informação ou coisa do tipo!” Yuno abriu um longo sorriso e seus olhos novamente brilharam. Puxando foto a foto e fazendo pesquisas por reconhecimento facial, acabou levando a uma série de pessoas. No entanto, a mais precisa foi daquele homem de cabelos roxos que a High Priestess of Prophecy se mostrava como protagonista, uma coisa acabou levando a outra e assim, encontra a rede social dele com todas as informações necessárias, inclusive, seu endereço que não era tão longe assim.

— Tomara que dê tudo certo. – Disse ela para si mesma enquanto guardava o achado numa bolsa.

A garota saiu então com sua bicicleta o mais rápido possível, sentia que estava cada vez mais próxima de sua mãe cada vez que descobria algo mais sobre aquelas cartas. Chegando no endereço, após um insistente toque de campainha, um homem de cabelos roxos e barba da mesma cor sai daquele lugar, ele olha para a menina como se buscasse algo conhecido nela, mas que não soubesse de fato o que seria.

— Não quero biscoitos! Vá vender em outro lugar. – Ele fala com uma voz rouca, mas em um tom levemente autoritário.

— Ah não! Eu não estou vendendo biscoitos. – Diz ela, um pouco envergonhada.

— Está perdida? – Interrompe a menina, estranhando um a atitude dela. – Olhe aqui, se for um golpe para instalar vírus na minha casa saiba que eu tenho um ótimo firewall.

— O que? – A menina se espanta.

— Eu sei muito bem como vocês bandidinhos fazem! Vou chamar a polícia. – Diz o homem tirando o celular do bolso.

— Espera!! Não é isso! Não é isso! – Yuno extremamente sem jeito faz uma movimentação aleatória com os braços, tentando impedir que ele tome atitudes precipitadas, apesar de isso deixar ele ainda mais irritado, ela consegue o parar – Eu só quero saber, a que jogo pertencem essas cartas e como faço para jogar ele!

Ao tirar da bolsa a caixa com as cartas, a expressão no rosto do homem muda e de raiva transita a uma grande tristeza, até que se deposita em uma cara fechada e seria em que usa para intimidar a garota.

— Não devia se meter com isso, é um jogo ilegal. – Disse ele.

— Por isso não achei nada na internet. – Yuno conclui.

— É uma pena que tenha chegado tido esse resultado, mas ele se tornou muito perigoso. – Ele retoma sua expressão triste. – Na época todos se divertiam com ele.

— Sim, eu pude ver isso nas fotos. – Diz a menina.

— Então foi assim que me achou? – Ele indaga.

— Sim, minha mãe parecia adorar esse jogo, te achei numa foto jogando com ela. Ela usava este monstro. – Ela entrega a carta ao homem que se surpreende, podia-se ver um leve sorriso nostálgico em seu rosto.

— A filha da Doutora Miwaku... – Ele sussurra para si mesmo. – Estou realmente surpreso por ver que o mundo é tão pequeno assim. Achei que desde o acidente com ela, nunca mais veria essas cartas ou algo do tipo.

— O que quer dizer? – Pergunta a menina.

— Sua mãe, era uma importante cientista da nova corporação de otimização de discos, ela foi uma das cabeças no desenvolvimento dos suportes de disco. – O homem falou pegando o aparelho retangular azulado que estava junto das cartas. – Colocávamos nossos celulares nesse espaço e juntávamos o suporte a esse bracelete para poder duelar.

— Nossa! – Os olhos de Yuno brilhavam ao saber disso.

— Mas hoje não tem mais sentido – Ele entregou para a garota o aparelho. – Por mais que você tenha tudo, o jogo se tornou ilegal, então é inútil.

— Que pena. – Falou ela. – Mas não existe nenhum meio?

— Na verdade...- Ele olha para a garota, diminuindo o volume da voz. – Existe um local em que ouvi dizer que ainda era possível jogar, a entrada é no metro do nosso bairro mesmo, próximo aos banheiros. Eu cheguei a entrar lá, mas não quis arriscar.

— Entendi...

— Se eu fosse você faria o mesmo. Eles se intitulam de Outsiders. – Fala o homem de barba. – Isso é tudo que sei, mas foi muito bom rever algo tão especial, sua mãe me proporcionou um grande duelo naquele dia.

A menina abriu um grande sorriso ao ouvir aquilo, por mais que não parecesse certo seguir aquele caminho, ela estava decidida que queria experimentar o jogo da sua mãe. Ela queria abraçar aquilo como sua mãe também havia abraçado.

— Obrigado por tudo. – Disse a menina em forma de adeus enquanto guardava tudo novamente na bolsa, mas antes de sumir da vista daquele homem se vira para uma última pergunta. – A propósito, qual nome desse jogo?

— Yu-Gi-Oh! -Disse ele.


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