Minha humana havia saído.

Antes, ela encheu muito mesmo meu pote de ração. Tanto que, eu tinha certeza, não comeria tudo. Ela tinha um sorriso triste, mas seus olhos brilhavam. Pelas músicas e choradeira, pude deduzir: minha humana estava no cio e não tinham machos para copular.

Eu estava deitada apreciando o sol, quando a humana subiu saindo. Ficou um bom tempo me acarinhando dizendo coisas doces.

"Eu vou voltar amanhã, tudo bem, meu quindinzinho?" mentiu ela amavelmente.

Miei num deboche ao que ela sorriu.

Fiquei a tarde no sol e, quando anoiteceu, entrei pela janela que ela sempre me deixava aberta. Tinha deixado realmente muita ração. Fiquei feliz, mas...

O tédio me consumia de um jeito engraçado. Os brinquedos voadores eram muitos entretanto sem uma lâmpada à noite, eles não vinham. Cada barulho do portão me despertava o interesse e, por dois dias, não foi minha humana.

No terceiro dia escutei o arfar dela ao longe e subi ansiosa.

"Minha humana! Minha humana!", miei.

Quando ouvi o portão que ela entrou eu sorri. Ela também.

"Pelo menos alguém parece me amar de verdade..." então soltou sua mochila e se abaixou em minha direção oferecendo seu amor.