Não lembro quanto tempo passou. A humana mais velha se tornou minha humana. E minha humana sumiu.

Eu quase não lembrava dela. Ouvia minha humana falando na pedra lisa sobre a antiga humana. Eu não entendia nada.

Às vezes minha humana chorava por um amor perdido. Mas enquanto minha antiga humana chorava por um amor que nada valia, minha humana chorava pela antiga.

Com minha nova humana, os dias eram tediosos. Ela não brincava, só fazia-me carinho se fosse em seu colo: um passo de distância que sua mão não alcançasse, ela não vinha a mim.

Foi num desses dias pacatos que minha humana saiu cedo. Era raro ela sair de casa. Antes de sair, me pegou no colo e me abraçou.

"Ela está vindo, Zara..." falou.

Quem?

Voltou tarde acompanhada de outra humana. Miei muito tentando entender quem era a outra humana que me chamava com tanto carinho e saudade que eu não conhecia.

"Acho que ela não te conhece mais..." Minha humana falou.

"Então é só dar um tempo para conquistar ela de novo, não é, Soquete?"

O cheiro dela era familiar. Cheguei perto aos poucos quando ela me ofereceu carinho. Era o cheiro da antiga humana...