Levanto e termino de arrumar minhas coisas para ir para a escola. Pego com um carinho especial o meu violão. Só Albus e Amélia sabem, mas costumo tocar escondido em bares durante as visitas a Hogsmeade, esse é o bom de ser invisível, ninguém repara que nunca estou no três vassouras, então é só colocar uma peruca preta e eu me torno Alice, a não Potter. Além de Hogsmeade eu costumo fazer isso em bares trouxas durante as férias. Gosto muito dessas saídas, pois além de cantar ser minha paixão, consigo ganhar um dinheiro extra, o que é bom, pois mesmo eu pertencendo a uma das famílias mais ricas do mundo bruxo, Rose sendo Rose, não duvido que convencesse meus pais a não me darem mais um galeão, melhor estar preparada.

Quando chegamos ao Expresso de Hogwarts me despeço rapidamente de meus pais e entro no trem, indo para as cabines mais do fundo atrás de Amélia. Quando a encontro sozinha em uma cabine lendo um livro me sinto tão melhor, ver todas essas pessoas juntas nesse trem e me sentir tão sozinha nunca me fez bem, entro na cabine e a dou um abraço demorado. Amélia é uma pessoa única, ela tem cabelos pretos e pinta mechas coloridas sempre, hoje elas estão roxas, tudo parece que fica lindo nela, ela tem um corpo bonito e usa roupas que mostram isso, mas apesar disso ela se esconde atrás de livros, por ser o tipo de pessoa que não quer ser lembrada pelo seu corpo e sim por suas conquistas e acredite, ela consegue tudo o que quer.  

— Oi Amy, que saudades, como foram as férias? – eu disse ao me sentar no sofá a sua frente.

— Foram legais, as mesmas coisas sabe? Fiquei a maioria das férias na casa da minha avó na França. E as suas? – ela pergunta já esperando a resposta.

— Nem preciso dizer né, Rose a todos os momentos me lembrando como sou inútil.

— Ai essa menina não me desce. Você continua tendo crises de ansiedade?

— É pior quando estou em casa, mas acho que agora melhora um pouco.

Ela pega meu pulso e levanta com cuidado a blusa de manga comprida e vê as marcas de cortes ali presentes. Amy é a única que sabe desse meu problema, comecei a cortar os pulsos quando essa história toda com Rose começou e as crises de ansiedade e depressão também, a dor física era melhor do que ver todos se afastando do jeito que fizeram. Amy descobriu na metade do segundo ano quando estranhou meu comportamento e me seguiu até o banheiro depois de uma das provocações de Rose com James ao lado. Ela me impediu aquele dia, me abraçou e escutou, também prometeu não contar ao Albus.

— Ai Lily, sabe o que eu penso disso né? Você tem que contar, precisa de uma ajuda que eu não consigo te dar, precisa...

Ela foi interrompida pela porta da cabine abrindo e Albus entrando. Me soltei dela rapidamente e arrumei a manga.

— Ela precisa do que? Por que eu preciso de amigos novos – disse rindo – posso ficar com vocês? Estava com Scorpius, mas ele começou a se pegar com uma menina do sétimo ano e preferi sair antes que a amiga dela tirasse minha roupa a força ou eu acabasse vendo demais depois daqueles beijos deles – ele terminou de falar se sentando ao meu lado no sofá.

Meu irmão sempre foge quando Scorpius começa a ficar com as garotas, muitos se perguntam por que ele não aproveita as amigas delas, afinal, ele é muito bonito também. De vez em quando ele fica com algumas, mas sei que é mais por imagem, conheço meu irmão, vejo que ele tem certo nojo dessas coisas porque olha com encanto para meninos. Essa é uma conversa que ele evita ter, principalmente por ter medo de se assumir para nossa família.

— Bem-vindo a cabine das desajustadas – disse Amy rindo.

— Ah para Amy, você sabe que com a aparência de vocês, dava para ser muito bem do grupo dos populares.

— Ah claro, eu com certeza quero ser conhecida pelo meu corpo, não sou Rose Weasley, Albus – ela respondeu rindo – mas assim, mudando de assunto, cadê o James hein?

— Amy, ainda isso? – eu disse, sabendo que minha melhor amiga era apaixonada pelo meu irmão mais velho.

Albus ia responder, mas na hora a porta da cabine abriu, revelando uma Rose que se trocara no trem e estava com uma saia que a qualquer brisa dava para ver seu útero, acompanhada de suas amigas, ela olhou para os integrantes da cabine com desdém e sorriu para cinicamente para Albus:

— Nossa Albus, caiu o nível? Você andava com companhias melhores.

— Ai Rose, me poupe, veio aqui só pra incomodar é? – Albus respondeu.

— Não, só queria perguntar se você sabe onde está o Socorpzinho.

Não consegui evitar minha cara de nojo e Rose reparou.

— O que foi Lily? Com inveja por que não tem ninguém? – ela disse com um sorrisinho sarcástico e eu revirei os olhos.

— Ele está na última cabine pegando a Nati do sétimo ano – Albus respondeu se divertindo com a cara de Rose, que começou a ficar vermelha e saiu bufando de raiva.

— Eu nunca sei o que rola entre esses dois, é estranho – diz Amy para ninguém em específico.

O resto do caminho para a escola foi tranquilo, fomos comendo doces e conversando tranquilamente o caminho todo. É bom ter momentos de paz assim.

Ao chegar em Hogwarts, todos já sabiam dos boatos da grande briga entre Rose e Scorpius e que ela tinha batido na menina que Scorpius beijava. Ao chegar ao Salão para o jantar e a escolha das casas dos primeiranistas, Scorpius chegou claramente bravo e puxou Albus para a parte da mesa em que estavam os outros membros do time de quadribol. Ele nem chegou a cumprimentar as duas e saiu reclamando de Rose. Amy e Lily foram para uma parte mais afastada da mesa. Depois do jantar foram juntas para o dormitório da Sonserina, antes de chegar lá viram Rose e Scorpius indo em direção a uma sala vazia.