Procura-se uma esposa escrita por mjrooxy


Capítulo 3
Capítulo 2




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Elizabeth estava animada com a possibilidade de tornar-se intérprete em uma multinacional. Isso sem dúvidas seria um diferencial, visto que não havia trabalhado formalmente exercendo o mandarim antes. E, como estava de férias na universidade, seu tempo, de todo jeito, seria praticamente livre.

Elizabeth odiava.

Ficar ociosa não era com ela, devido a isso, assim que o novo paquera de Jane lhe propôs a oportunidade. Lizzy aceitou de bate pronto.

Só não sabia que o entrevistador seria tão sério e carrancudo. Nenhuma piadinha, ou sorriso, nada. Elizabeth se controlou, ciente de que nem todos os processos seletivos eram iguais e tentou manter a seriedade. Apesar de ser bem complicado para sua personalidade. Ela era expansiva e calorosa, sempre tinha algumas frases para quebrar o gelo em qualquer situação. Como era professora em universidade, isso era mais do que essencial. Do contrário, não ganhava a atenção dos alunos.

E, em todas as entrevistas que participara, era comum o selecionador tentar descontrair um pouco. Para quebrar a tenção. Só que não era o caso.

— Elizabeth Bennet. — Darcy mencionou seu nome e olhou o currículo da moça à sua frente com afinco. — Então leciona na USP de São Paulo?

— Isso mesmo, senhor Darcy. Já tem alguns anos.

— E quais são suas experiências com o mandarim? Vejo aqui que leciona língua portuguesa e é orientadora de TCC. Onde esse outro idioma se encaixaria?

Sua voz era tão grave e aveludada. E ele era um bocado atraente fisicamente. Alto, imponente e olhos muito azuis, como o céu em um dia ensolarado. Exceto que eram frios. Não emanavam calidez de forma alguma. Tudo naquele homem denotava frieza e indiferença.

Lizzy ponderou que deveria ser muito profissional e séria naquele momento, para surpreendê-lo. Profissional ela era, agora séria. Já seria complicado incorporar o papel. Mas Lizzy estava disposta pela experiência.

— Como viu em meu currículo, senhor Darcy. Eu fiz um intercâmbio de dois anos em Xangai, isso aconteceu antes de eu entrar na USP. — Elizabeth ponderou, tentando não fazer gracinhas. — De lá para cá eu tenho praticado em grupos de conversação e também leciono aulas particulares de mandarim padrão.

— Entendo. — Foi tudo o que ele disse. — Bem, vamos analisar e entraremos em contato, tudo bem?

Lizzy assentiu e ambos se levantaram. Darcy ofereceu a mão à Elizabeth e ela a apertou, sentindo que talvez não tivesse dado seu melhor naquela entrevista. Contudo, apesar de ser professora e não sofrer nem um pouco com a timidez. Ainda assim, aquele homem lhe causava um certo desconforto devido a sua seriedade. Lizzy não estava acostumada à pessoas assim.

Todavia, foi embora acreditando piamente que, se tivesse de ser seria.

(...)

Mais tarde, no mesmo dia. Elizabeth estava correndo próximo ao prédio onde morava, enquanto pensava sem parar na entrevista de outrora.

Ela sentia-se ansiosa pela resposta, como nunca estivera antes. E não entendia o porquê disso. Visto que já participara de diversos processos parecidos, ou até mais rígidos. No entanto, Darcy a intimidava de alguma forma.

Toda aquela pompa e altivez, por certo ele deveria repelir qualquer gesto de espontaneidade.

Elizabeth balançou a cabeça, tentando afastar aqueles pensamentos e decidiu voltar para o apartamento. Encontrando Jane no sofá, fazendo as unhas enquanto ouvia Cyndi Lauper.

— Oi, mana. Cansou de correr? — interrogou, oferecendo um sorriso expansivo à caçula.

— Sim, Jane. Está muito calor e eu já estou suando feito um porco no forno. — Lizzy sorriu, ajeitando o coque bagunçado que prendia sua montoeira de fios.

— Então vá tomar banho, que depois pediremos uma pizza para comemorar seu novo emprego.

— Mas eu nem sei se passei. — Elizabeth fez uma careta engraçada.

— Você é a mais qualificada de todas, se não passar será um grande disparate. — Jane objetou, com segurança.

— Ah, Jane. Esse tal de Darcy é muito emproado, não sei se vai me contratar.

— Nossa, Lizzy. Você já encontrou defeitos no pobre coitado? Mal o conhece!

— O tempo que passei com ele naquela sala de entrevista foi suficiente, nunca participei de um processo seletivo assim. — Elizabeth se jogou no sofá. — Darcy não tentou descontrair uma vezinha se quer, me senti enclausurada.

— Será que ele é o recrutador? — Jane divagou, assoprando as unhas recém pintadas.

— Eu creio que não, muito esnobe para ser um simples recrutador. — Lizzy ponderou convicta. — Além disso, o salário da vaga em questão é tão alto que o diretor ou qualquer outro de cargo mais elevado, deve ter sido o responsável pela seleção da intérprete.

— Isso faz sentido. — Jane concordou. — Charles me disse que o amigo precisava urgentemente de uma intérprete, acho que ele me falou o nome do dito. Só que não prestei atenção.

— Claro, mana. Com aquele ruivo na sua frente, duvido que lembre do seu próprio nome! — provocou Elizabeth, recebendo um sorrisinho envergonhado da irmã em resposta.

— Ah, Lizzy. Charles tem sido tão gentil, atencioso e fofo comigo. Eu confesso que estou apreciando muito sair com ele.

— Apreciando? — Lizzy zombou. — Joga a real, mana. Tu já tá com os quatro pneus arriados pelo ruivo.

Jane lhe deu a língua.

— Preciso ir com calma, nos conhecemos há pouco tempo e não quero me machucar.

— Pare de ser tão desconfiada e Carpe Diem!

— Pra você é fácil falar, Lizzy. Não se apega a ninguém. — a loira revidou, pegando o celular.

— Talvez seja porque ninguém me chama a atenção de verdade. Eu me apaixono primeiramente pelo cérebro, depois pelo físico.

— Você é muito exigente, isso sim. Desse jeito acabará solteirona.

— E quem se importa se eu acabar? Estou feliz e realizada, um homem seria apenas um assessório a mais. — Lizzy levantou-se, pretendendo tomar uma ducha.

— Você é terrível. — Jane sorriu, ao ver a silhueta da irmã sumindo pelo corredor do apartamento em que dividiam. — Tome um banho e volte aqui, sim? Vou pedir a pizza.

Todavia, Elizabeth já estava longe, o que fez Jane suspirar consternada. Lizzy era tão expansiva e confiante, Jane admirava em demasia essas qualidades da irmã. Enquanto isso, depois de pedir a pizza, ela aguardou a caçula retornar, matando o tempo com um documentário de história da arte.

 

 


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