Procura-se uma esposa escrita por mjrooxy


Capítulo 10
Capítulo 10




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Ainda não sabe me dizer direito
Se me deixa ou se me põe no peito eu sei...

Tem medo de se arrepender.

Sabe aqueles dias em que você não sente forças para nada? Era um desses para Elizabeth. Após a aparente rejeição de Darcy, ela juntara a gripe à vontade de ficar na cama. Tipo o útil ao agradável mesmo. Assim sendo, recusou-se a sair do quarto. Como uma criança pirracenta, cujo o brinquedo preferido fora repentinamente arrancado de suas mãos.

Enquanto isso, no outro cômodo. Darcy jazia a ponto de arrancar os próprios cabelos. Tamanho o arrependimento que o corroía por dentro.

"Burro, burro, burro.", pensava consigo mesmo.

Teve Elizabeth nas mãos e a deixara escapar por entre seus dedos, graças a sua falta de tato com as mulheres. Se pudesse prever, teria tido umas aulas com Charles. Para, desse modo, não estragar tudo com a única mulher que mexeu consigo de tal forma. Aliás, por que sentia-se assim? Nem deveria cogitar tal possibilidade, até então, para início de conversa, aquele beijo jamais deveria ocorrer. Claramente haviam quebrado às regras, mais precisamente duas. O que, em sua concepção, era duplamente ruim. Portanto, aquela pequena discussão, foi apenas a consequência do ato em si.

"Regra quebrada com louvor.", suspirou, lembrando da frase proferida por Lizzie ao final do beijo.

Por que seria errado se parecia tão certo?

Afastou o pensamento, estavam misturando as coisas, como ele temia ocorrer. Pensava ser imune, a ter o total controle da situação. Não obstante, pela segunda vez, encontrava-se perdido, sem ter a mínima noção do que fazer. Desculpar-se com Lizzie, sim, esse seria o primeiro passo. No entanto, ela não queria mais desculpas... O que queria?

Elizabeth gostara do beijo? Por isso ficara tão brava diante de sua reação? O que ela esperava que ele fizesse? Todas essas dúvidas o assolavam e, juntando tudo à preocupação que sentia com relação a saúde de Elizabeth. Darcy estava a ponto de explodir, como uma bomba relógio de sentimentos conflitantes.

Saiu do quarto disposto a falar com Elizabeth e tirar àquela história a limpo. Se tinham estipulado regras para a situação, visando a segurança emocional de ambos. Para que colocar tudo a perder, apenas por uma confusão momentânea? Darcy nunca fora assim, impulsivo, pelo contrário, tudo o que fazia era premeditado e devidamente planilhado. Mas, não. Desde que àqueles chineses entraram em sua vida, ele mudara drasticamente, mal se reconhecia. Afinal, nem em um milhão de anos faria o que fez com relação à Elizabeth. Anunciando-a como noiva, em uma sala cheia de executivos? Nunca! Porém, além disso, há pouco, por exemplo, o que fizera? Ficara absoluta e completamente entregue ao momento. Pois, vislumbrar aqueles olhos pidões diante de si, de um jeito tão intenso, o desarmara de todas as formas humanamente possíveis.

Todavia, aquele beijo era tudo o que não podia acontecer, visto que o convívio se tornaria mais complicado se qualquer um dos dois, passasse a ver aquele contrato diferente do que era, um acordo mútuo entre duas pessoas adultas. Sobretudo, diante do tempo em que ficariam casados, um ano somente. Não era muito, apenas o bastante para não levantar suspeitas. Parando para analisar, Darcy achava que aquele período era o suficiente para ele se enrolar ainda mais. Pois, se já sentia-se tão confuso sobre os próprios sentimentos para com Elizabeth em poucas semanas, imaginava como seria quando estivessem definitivamente morando sob o mesmo teto.  

Com tais preocupações em mente, ele saiu em busca de explicações, ademais, não só ouviria; Darcy estava decidido a colocar os pingos nos ís e deixar claro a que pé aquela relação encontrava-se. Não podiam confundir aquele relacionamento em hipótese alguma, estava certo de que, dessa vez, esclareceria esse tópico com Elizabeth. Se um sentimento mais forte viesse à tona em seu coração, não saberia como reagir. Se já não sabia por hora, obviamente a tendência seria piorar. Ponderou que precisava impedir que algo desse nível dificultasse ainda mais às circunstâncias daquele acordo.

Porém, assim que bateu na porta e ouviu uma voz rouca e um tanto chorosa soar do outro lado, sentiu-se miserável. Fizera Lizzie chorar? Ela estava verdadeiramente triste? Qual o próximo passo a dar, frente a essa nova realidade? Porque, vejam bem, como um lobo solitário, não estava habituado a lidar com tal situação. Certo, conviveu um bom tempo com a irmã, Georgiana, mas era diferente. Eles pertenciam à mesma família e isso facilitava as coisas. Aliás, ele a conhecia como a palma da mão, por esse motivo, não era complicado entendê-la. Já Elizabeth, bem, ela era uma incógnita, uma equação complicadíssima, a qual Darcy não conseguia resolver. 

Suspirou.

— Lizzie, está magoada?

— Não se preocupe comigo. — ouviu em resposta.

— Claro que me preocupo! — retrucou inconformado. — Você é importante pra mim, abra a porta, por favor. — suplicou, ouvindo um muxoxo contrariado. — Elizabeth, seja razoável.

— Razoável, Fitzwilliam Darcy? — ralhou e a porta foi aberta num rompante. — Não temos nada a falar!

— Claro que temos! — retorquiu, trincando o maxilar quadrado, ato que o deixava ainda mais atraente aos olhos de Elizabeth.

O que a fez irritar-se ao extremo, ela não estava ali para achá-lo atraente. E, para ser sincera, nem entendia o porquê de estar tão fula da vida. Não tinham nada, afinal de contas, era obvio que Darcy iria retroceder ante a um beijo não planejado. Já que, tudo o que pisava fora de sua linha de controle imaginária, não era visto com bons olhos por ele.

— O que, por exemplo? — o desafiou, colocando as mãos na cintura.

— Eu.. Bem... — não conseguia achar as palavras certas, sempre que estava de frente para Elizabeth, ficava aturdido, sem saber como proceder. 

Ensaiara todo o discurso mentalmente e, quando estava cara a cara com ela, não conseguia formular nada decente para dizer. Pelo contrário, olhando-a de perto, vislumbrando sua boca carnuda, seus grandes olhos escuros... Tudo o que conseguia lembrar era na pele macia de seu rosto. Tanto que imaginou como deveria ser tocá-la em outros lugares do corpo. Mais precisamente naquelas coxas grossas e bronzeadas, que tanto chamavam sua atenção.

Balançou a cabeça, tentando recobrar o controle dos próprios pensamentos.

— Não tem nada a dizer, nesse caso, vou embora. — Elizabeth virou de costas e fez menção de ir até o banheiro.

— Embora? Como? — exasperou-se. — Você não está bem!

— Estou ótima. — retrucou confiante.

Sua aparência, contudo, ainda entregava que aquela confiança era apenas da boca para fora.

— Não, não está. — objetou, indo em direção à Elizabeth.

— Eu não quero saber se estou bem ou mal, você me beijou e me chutou em seguida! — despejou e sua voz soou levemente alterada.

Darcy não sabia, no entanto, Elizabeth já estava sentida, ela avisara que durante a TPM, poderia virar um gremlin bem feroz. Portanto, seu comportamento em si, foi apenas o estopim, ou a cereja do bolo, em outros termos.

— O que eu preciso fazer para me redimir? — questionou avançando um pouco mais. — Me deixe cuidar de você, Lizzie — pediu, esquecendo-se novamente do que fora fazer ali, além de desculpar-se por seus atos de outrora.

— Cuidar de mim? — ironizou, eu sou apenas um contrato pra você!

Darcy sentiu como se mil adagas afiadas fossem cravadas em seu peito naquele instante, ao ouvi-la dizer aquelas palavras com tanto ressentimento. Fechou os olhos e respirou fundo.

— Não diga mais isso, por favor...

— Por que não? — devolveu empinando o nariz um tanto vermelho graças ao choro e o recente resfriado. — Vai me dizer que não veio aqui, para jogar na minha cara que não devíamos dormir juntos e nem nos beijármos, pois temos um contrato em que isso não está estipulado? Pensa que não sei? — riu-se de um jeito sarcástico. — Só que a vida não pode ser estipulada em um contrato! As pessoas mudam, pensamentos se renovam e sentimentos se transformam. Ninguém pode impedir isso, sabia? Aliás, só você não percebe porque está preso nessa sua casca metódica. Que não pode pisar um centímetro se quer fora do que foi planejado. Você prefere deixar de viver, de ser feliz, apenas para seguir regras idiotas, que mais te prendem do que te libertam. Eu não sei aonde estava com a cabeça, quando aceitei participar de tudo isso... — um segundo após, ela foi calada com outro beijo.

Foi rápido e direto, apenas o suficiente para que Elizabeth parasse de dizer tantas coisas incoerentes, que o magoavam um bocado. Darcy, por sua vez, a abraçou apertado, querendo muito que ela não fugisse e nunca mais repetisse que era apenas um contrato para ele.

— Nunca, ouviu bem? Nunca mais diga isso, Lizzie! — Darcy a puxou ainda mais para si, fazendo-a enterrar a cabeça em seu peito, de forma que não pudesse escapar. — Jamais pense que não me importo, ou que você é somente um contrato. Você é muito importante pra mim. — segredou, beijando-lhe o topo da cabeça.

Elizabeth suspirou e rodeou o corpo de Darcy, sentindo-se infinitamente melhor diante daquele gesto de carinho tão espontâneo e caloroso.

— Era só isso que eu queria. — sussurrou e, como era um tanto quanto baixa comparada a ele, conseguia ouvir perfeitamente seu coração acelerado.

Darcy afastou-se um pouquinho, apenas o suficiente para olhá-la nos olhos. Levantou seu queixo e mergulhou naquele olhar.

— Me desculpe, eu não sei muito bem o que fazer — confessou envergonhado. — Você me desestabiliza em um grau, bagunça tudo aqui dentro, Elizabeth. — ele colocou a mão dela em seu peito, onde jazia um coração bastante confuso com toda aquela aproximação.

— Você ainda não sabe o que sente por mim ao certo. — Elizabeth objetou. — Eu também não sei o que sinto por você. Portanto, acho melhor não misturarmos mesmo as coisas e pararmos aqui, do contrário, um de nós pode acabar magoado ou ferido.

— O que está querendo dizer? — Darcy indagou, ainda absorto demais para racionar qualquer coisa.

— Quero dizer que, se um de nós se apaixonar e não for correspondido, tudo irá por água abaixo. Afinal, você mesmo me falou que era mais seguro fazer isso comigo, por não nos conhecermos. Assim o risco de tudo dar errado seria mínimo. — jogou às cartas na mesa, não era de fazer rodeios. — Por este motivo, acredito ser mais sensato esquecermos o que aconteceu.

— Esquecer? — sua voz soou grave e exultante.

Darcy abrira seu coração e o que ganhara em troca?

— Sim. — reafirmou sem tanta convicção. — Você precisa de uma esposa de mentirinha, eu serei. Podemos continuar amigos, não podemos?

Darcy assentiu, mesmo sem entender o que significava aquilo. O que Elizabeth queria dele, afinal de contas? Por que era tão confusa?

— Farei o que quiser que eu faça. — respondeu, por fim, ainda tentando assimilar o que ouvira. — Só me deixe cuidar de você...

Lizzie fez que sim com a cabeça e ele pegou-a pela mão, levando-a em direção à cama.

— Tenho que ficar aqui? — resmungou Elizabeth.

Era muito hiperativa, não conseguia parar quieta. Permanecer deitada era como uma tortura chinesa.

— Eu vou cuidar de você, já falei. — Darcy reafirmou. — A menos que prefira o sofá?

— Prefiro. — disse de pronto. — Podemos terminar o filme de ontem, o que acha? — seu humor já havia mudado consideravelmente. Apesar de ainda sentir um aperto no peito, ao imaginar-se apaixonada por Darcy.

Que, estava nítido, não sentia o mesmo. Pensava ela que aquele beijo fora apenas por solidariedade. Por vê-la tão aflita e angustiada. Não era o que Lizzie queria.

Na realidade, Elizabeth estava totalmente confusa sobre os próprios sentimentos e, antes que tudo piorasse, preferiu cortar o mal pela raiz. Não queria um homem pela metade, aliás, de início, nem queria um homem. Porquanto, descobrir-se apaixonada por Darcy, àquela altura do campeonato não estava nenhum pouco em seus planos.

— Vem cá, vou cuidar de você e te dar alguns chocolates...

Elizabeth riu, ante a observação de Darcy.

— Está insinuando o que? — perguntou divertida.

— Nada, você me alertou de algumas coisas, obrigado. — riu para Elizabeth, enquanto caminhavam em direção à sala. — Georgiana sempre me obrigava a estocar chocolate para ela, mas, como há tempos não a vejo, o estoque acabou. Vou comprar algumas coisas e já volto pra você, está bem?

— Arrã. — ela concordou animada. — Eu gosto do meio amargo.

Darcy sorriu e deixou um beijo casto na testa de Elizabeth.

— Só vai ganhar chocolate porque tomou o café.

— Agora sim está agindo feito meu pai! — exclamou, ajeitando-se no sofá enorme e confortável. — Por mais que esteja brava, não consigo deixar de comer. — fez uma careta, sentindo-se um pouco envergonhada.

Estava tão irritada com ele, que comeu tudo sozinha e depois se jogou na cama, emburrada.

— Fico feliz por não estarmos mais brigados. — Darcy acariciou a bochecha de Elizabeth, que fechou os olhos por alguns segundos, apreciando o toque.

— Eu também fico. — afirmou-lhe.

Contudo, sabia, a partir daí, que precisava se policiar referente aos seus sentimentos para com Darcy. A caso não o fizesse, poderia se machucar. Visto que, não se apaixonara com facilidade, era um fato e temia mudar essa característica logo agora.

Até riu da ironia, ela, que se achava a insensível e inalcançável. Receando gostar de alguém que não lhe correspondia.

Não tenha medo de dizer alguma coisa pra fazer a minha vida mudar.

E quando eu te ver, só quero uma chance pra ficar...

 


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