Querido professor escrita por mjrooxy


Capítulo 5
Supera




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— E o seu estágio? - Naruto questionou, após alguns torturantes segundos de silêncio.

— Vai bem, nada tão assustador quanto você mencionou hoje. - brinquei.

— Sinto muito, minha intenção não era te assustar.

— Que isso, não me assustou, eu só achei que era uma completa incompetente e que poderia abandonar minhas chuteiras de jornalista, antes mesmo de começar. - respondi novamente em tom de brincadeira.

— Nossa! - ele exclamou pesaroso. - Me sinto péssimo ao ouvi-la dizer isso, você pode me desculpar?

— Relaxa, Naruto. - eu o encarei por um momento, notando sua mandíbula marcada, que lhe atribuía um certo quê de charme. - É como disse, eu não sei o que vou enfrentar, penso que seu tratamento foi bom para o meu amadurecimento.

— Você me surpreendeu agora. - ele devolveu o olhar, depois desviou para a pista. - Achei que me odiaria pra sempre.

— A vida é muito curta para se odiar pra sempre.

Ele riu.

— Fico feliz em saber disso.

— Droga, é a Sakura. - falei mais para mim mesma, do que pra ele.

— Sua amiga está te ligando?

— Sim.

— Por que não atende?

— Digamos que eu teria que mentir pra ela e eu não gosto de fazer isso. - confessei dando de ombros.

— Por que teria de mentir? - inquiriu curiosamente.

— Posso ser sincera? - rebati olhando-o de lado.

— Claro.

— Sakura acha que você tem uma queda por mim e se eu contar que peguei uma carona contigo, capaz de a faculdade toda saber e se tornar um boato, o que te prejudicaria. Enfim. - despejei tudo de uma vez só e suspirei.

Ao ouvir-me confessar tal pensamento, porém, Naruto começou a tossir descontroladamente e o carro até deu um leve solavanco.

— Sakura acha isso? - ele perguntou, ainda um pouco vermelho, enquanto fazia esforço para parar de tossir.

Esse é o problema com pessoas desbotadas, qualquer coisa ficam vermelhas, eu odeio isso. Quando era criança, eu corava por tudo. Bom, no caso de Naruto, acho que eu o assustei um pouco.

— Acha sim, por isso eu prefiro não contar sobre a carona.

— E o que você pensa sobre o assunto? - a pergunta me surpreendeu, confesso.

— Nada. - eu disse de pronto. - Eu não acredito que tenha interesse em mim, para falar a verdade, acho você bastante sério para se interessar por uma aluna. - Naruto assentiu. - Se bem que, se dependesse delas...

— O que quer dizer?

— Não me diga que nunca percebeu todas as alunas se jogando em cima de você? - indaguei surpresa.

Naruto riu, parecendo envergonhado.

— Eu não tenho tempo para perceber essas coisas, e não seria ético da minha parte encorajá-las. - notei que ele se remexeu no banco, parecendo desconfortável.

— É proibido, né? - eu queria sondá-lo, para descobrir se teria alguma chance com o Kakashi.

— Estritamente proibido.

— Que pena. - falei baixinho.

— Pena? - ele me olhou curioso e, podemos dizer, com expectativa?

Não, estava ficando louca.

— Nada não. - desconversei.

— Tem interesse particular em alguém? - insistiu no assunto.

— Talvez. - mordi a língua, por ser tão boca aberta.

— Eu conheço?

— Acho que sim, ele é professor na turma de letras.

— Ah! - exclamou, apenas.

Silêncio.

— É o Kakashi, você sabe me dizer, se... - eu enrolei buscando coragem interna para perguntar o que queria.

— Se ele namora? - Naruto completou, impassível.

— Isso. - mexi no meu cabelo, um pouco constrangida por fazer esse tipo de pergunta ao meu professor.

— Não, não namora. - respondeu frio. - Bom, acho que chegamos.

— Obrigada pela carona, Naruto.

— Não foi nada, Hinata. Boa noite. - concluiu, por fim, e o vi estalar os dedos da mão esquerda, como se refletisse sobre algo importante.

— Boa noite. - com isso eu desci do carro.

Naruto ainda esperou eu entrar em casa, para ir embora. Não antes de cantar pneu.


Inferno, inferno, inferno!

O que essa garota estava fazendo comigo?

Eu meti o louco hoje, tentei me aproximar, ofereci carona, pedi desculpas por ter sido um otário desde que assumi àquela turma e para que? Para ouvi-la dizer que gostava do Kakashi!

Também, o que eu esperava? Tratando-a mal todo esse tempo, obviamente que Hinata não teria interesse nenhum em mim.

Talvez fosse melhor assim. Visto que já estava quase enlouquecendo por causa dela! Por Deus, eu precisava tirá-la da cabeça, ou colocaria tudo a perder. Só que como eu faria algo assim? Se desde que bati meus olhos nela, não consegui mais deixar de imaginá-la minha.

Pior foi Hinata me chamando de senhor, sendo que eu ainda sou mais novo que o Kakashi, o que eu fiz para merecer essa tortura? Eu a queria em cima de mim, gemendo meu nome, não me chamando de senhor!

Nos primeiros dias, eu já senti uma atração incontrolável e visceral por ela, a ponto de me desconcentrar todinho nas aulas. No entanto, com o passar do tempo, as coisas só vinham piorando, eu já não mais conseguia disfarçar o meu interesse. Tanto que até a Sakura sacou.

Eu não podia dar vazão a isso, que tipo de homem eu seria? Tendo fantasias com minha aluna? Certo, era impossível não ter pensamentos impuros quando ela aparecia com aqueles decotes generosos, que quase me levavam à beira da loucura. Eu nunca se quer estive em situação parecida. Claro que percebia algumas alunas se jogando em cima de mim, se debruçando sobre minha mesa. Principalmente a Shion, ela sempre fazia isso quando estava com alguma blusa decotada. Só que nada, eu não sentia nada, nem por nenhuma outra, apenas a Hinata me tirava o sono, sem nem ao menos se dar conta disso.

É que ela não se oferecia pra mim, pelo contrário, era reservada, discreta, centrada, inteligente, cheirosa, linda, gostosa... Céus, fiquei maluco!

Passei as mãos pelos meus cabelos, eu precisava descobrir o que fazer, eu tinha que parar de pensar nela daquele jeito. Pelo bem da minha saúde mental e profissional, eu teria que vê-la apenas como uma aluna qualquer.

Mas como?

E, ainda mais quando Hinata falou àquilo, sobre orgasmo intelectual. Eu imaginei um zilhão de coisas impuras por segundo. Tudo o que eu gostaria de fazer com ela e não podia. E não posso.

Eu tinha que me controlar, se quisesse manter meu emprego. Contudo, não estava sendo fácil. Até o cheiro dela me embriagava, eu estava me sentindo um adolescente na puberdade, fazendo idiotices só para chamar sua atenção.

Que diabos!

Por que a chamava de Renata? Só para pirraçá-la? Nem me reconhecia mais, eu estava no limite. Precisava agir, hoje mesmo, quando ela deu a entender que gostava de algum professor, meu coração saltou no peito de um jeito. Que, se fosse eu o alvo do seu interesse, capaz de eu cometer uma loucura naquele carro e que se dane emprego, prestígio, carreira. Eu jogaria tudo para o alto por um dia com ela, pelo menos isso, um dia todinho com Hinata, amando-a sem pudor, acariciando aquela pele macia de porcelana. Mesmo que depois ela me chutasse, ou eu fosse parar no olho da rua sem carta de recomendação ainda por cima. Eu não me importaria, pois valeria a pena.

Nenhuma mulher me enlouqueceu dessa forma antes, eu mal me reconhecia. Vinha tendo atitudes dignas de pena, ou, de qualquer garoto tolo apaixonado do ensino médio, somente porque não podia tê-la e isso estava acabando comigo.

Eu tinha vinte e nove anos e Hinata uns vinte, vinte e um no máximo. O que eu queria? Se bem que, ela não parecia se importar, pelo menos no que dizia respeito ao Kakashi.

Que ódio!

Por que ele e não eu?

Adotei aquela atitude hostil desde o início, mais para me defender de seus encantos. Eu era narcisista e iludido ao extremo, achava que Hinata se interessaria por mim, assim como as outras alunas e eu não conseguiria resistir. Portanto, como é estritamente proibido ter qualquer tipo de relacionamento afetivo com as alunas. Essa foi minha tática. Idiota, infantil, estúpida, eu sei, eu sei. Era tudo o que eu dispunha no momento, tá legal? Por isso a tratava daquela forma, pensando assim, estar protegido. Só que apenas dei um tiro em meu próprio pé, já que, agora, eu daria qualquer coisa para Hinata se interessar por mim e isso não iria ocorrer. Ela não era como as outras, eu fiz tudo errado.

Pior, eu já vi Kakashi olhando para Hinata como um leão vislumbrando sua presa e eu me corroía de ciúmes, só de imaginá-los juntos! Claro, se isso ocorresse de fato, eu poderia estragar tudo, relatando à direção, mas que tipo de homem eu seria?

Precisava de um banho. Um banho frio, ainda por cima.

Me enfiei embaixo do chuveiro, sentindo as gotículas de água escorrerem por meu corpo, me trazendo uma certa sensação de paz momentânea. O que não durava muito. E o alívio da água gelada em mim, também era temporário, pois logo a imagem de Hinata preenchia meus pensamentos. Ela sorrindo, ela brava, ela gemendo meu nome... Imediatamente meu corpo todo reagia. A única coisa que eu não gostava mais de vislumbrar, era seu olhar afiado e sua expressão de raiva, quando eu a magoava ou a diminuía. Foi por isso que decidi não fazer mais esse tipo de coisa.

Desci minha mão até meu amiguinho, ainda pensando nela, que já dava sinais visíveis de vida.

"Hinata...", falei baixinho e fechei meus olhos.

Para abri-los alguns segundos depois, eu não iria fazer isso pensando na minha aluna! Que tipo de professor depravado eu seria? Desliguei o chuveiro e peguei a toalha para me enxugar, ciente de que eu estava perdendo meu autocontrole. O que eu estava sentindo era primitivo, chegava a me assustar.

Realmente não estava mais me reconhecendo, inventei aquela história descabida sobre pressão jornalística, apenas para dar algum sentido ao meu tratamento imparcial e sem sentido. Ainda bem que Hinata acreditou, se bem que, não era uma mentira total. Trabalhar em redação, como repórter, não era nada fácil, eu mesmo enfrentei poucas e boas até ser, de fato, reconhecido. Eu também acreditava em Hinata, ela era talentosa e tinha o feeling que todo jornalista precisava ter. No entanto, eu só a tratava daquela forma, visando não jogá-la na parede e tirar toda sua roupa, dentro da sala de aula mesmo.

Suspirei.

Estava completamente perdido!

Não poderia trocar de turma a essa altura do campeonato, iria prejudicar meus alunos e, acima de tudo, eu ainda era um professor, não era? Eu teria que aguentar estoicamente a convivência com aquela tentação por mais alguns meses e depois tudo teria acabado, não mais nos veríamos e eu a esqueceria, estava certo disso. Era só uma atração louca, incontrolável e assustadora, mas, ainda assim, apenas uma atração.

Eu iria superá-la. Tinha que superá-la.

Me joguei na cama, ainda sentindo os efeitos daquela noite e da proximidade de Hinata. Com muito custo eu adormeceria e o outro dia seria melhor.


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