And we danced while the band played "Yesterday". escrita por antônia


Capítulo 1
it's a perfectly good way to ruin those silk shoes




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¬ AND WE DANCED WHILE

THE BAND PLAYED “YESTERDAY” ¬

a ronks story and a gift.

 

É claro que Nymphadora Tonks tinha uma lista – aos 20 anos, eram poucas as pessoas que não tinham uma – e, por se tratar dela, não era uma grande surpresa que Remus Lupin, de 27, estivesse no topo dela.

 

Mas, mesmo não sendo um segredo de estado ou qualquer coisa do tipo, não é como se o homem – que ela tentava, inutilmente, flertar com – precisasse saber que ele liderava a sequência de nomes que seguia o título PESSOAS QUE EU QUERO BEIJAR— exatamente dessa forma, porque, de acordo com ela, texto em negrito e em letras maiúsculas eram uma boa forma de começar um título, mas, talvez, ela devesse ter escolhido uma forma mais discreta –.

 

E eu apenas digo que teria sido melhor ser discreta em relação a tal assunto porque convenhamos: nunca se sabe o que o destino guarda para nós. Por exemplo, qual seria sua reação se, durante uma apresentação de trabalho sobre Jane Austen – que, por sinal, você se encontrava extremamente ansiosa para – você, acidentalmente, abre o arquivo errado e em vez de ser um documento sobre Persuasão, você acaba por divulgar (em uma sala de 32 alunos) uma lista de pessoas que você quer beijar.

 

Acredite, caro leitor, eu gostaria muito de poder afirmar que isso não foi o que aconteceu com Nymphadora Tonks nas vésperas do Natal, mas, infelizmente, se fizer isso mentiria. A única coisa que posso dizer – provavelmente para piorar a situação – é que lá estava o documento de 22 páginas, com Remus John Lupin no topo, seguido por Harry Styles, Henry Cavill e outros nomes e na primeira fila da classe estava Daniel Thrope.

 

Claro que esse nome não remete nada a você, até porque não remete nada a ninguém, portanto, deixe-me explicar – com uma redução dos números de detalhes, pois ninguém quer ter detalhes sobre Daniel Thrope – o elo entre o homem de 21 anos e nossa protagonista.

 

Tudo começa com um beijo (por que não?) trocado em uma festa em que todos estavam ali para ficarem provisoriamente loucos e esquecerem de tudo que tinha acontecido na manhã seguinte. E foi isso que aconteceu com Nymphadora Tonks: ela não se recordava de nada e tampouco as suas amigas, mas Daniel Thrope não teve a mesma sorte e desde então tinha criado essa incrível realidade alternativa, na qual eles eram feitos um para o outro.

 

O que acontece é que ninguém que ser a cara-metade de Daniel Thrope – por motivos que não cabe a mim listar e você terá que confiar plenamente me mim – e fora por isso que, após duas semanas de pura insistência com encontros e etc., Nymphadora Tonks mentiu sobre estar em um relacionamento. Daniel, com um coração partido (apesar de muitos duvidarem de tal afirmação), precisou de provas e, assim como Remus Lupin era o primeiro em sua lista, ele também era o primeiro nome que veio na cabeça da mulher e antes que pudesse pensar no assunto, o estrago já estava feito.

 

E acredite ou não, Thrope recuou (como não recuar quando ela mostrou ao menos 12 fotos do rapaz e dela em pubs e outros locais) até conversar com os seus botões e chegar a conclusão de que: Se uma pessoa se encontra em um relacionamento então por quê ela teria uma lista daquelas? E foi o bastante para ele recordar das fotos (por ser um homem bastante insistente) e que em nenhuma delas eles pareciam, de fato, namorados.

 

Aqui é que começamos nossa história.

 

 

.

 

“Eu estou ferrada. Ele sabe que eu não estou namorando e vai voltar a me encher o saco. Eu sei disso, é um fato. Ninguém sorri daquela forma se não planeja fazer a vida de alguém um inferno.” – Nymphadora disse, encarando o copo de cerveja de Fleur Delacour. – “Eu não deveria ter mentido, minha mãe sempre disse que é isso que acontece com mentirosos.”

 

“Você ‘tá exagerando.” – a mulher disse, movimentando o cabelo tentando fazer com que William Weasley, no outro lado do bar, olhasse para ela. – “É só sair com o amigo do seu primo que ele vai achar que vocês são namorados.”

 

“Uh, não? Nós não conversamos tanto assim… a última vez que o vi foi no aniversário do Harry… que foi em julho. Imagine só chegar lá e dizer ‘olá, Remus! Bem eu sei que você anda ocupado com tudo porque é – você tem um emprego e uma vida, mas eu meio que menti e disse para o garoto que tava me perseguindo que somos namorados.’, todos vão achar que eu sou uma completa maluca.”

 

“Sim, mas então eles vão ficar: ‘Oh, mas se isso é pra salvar a priminha do meu melhor amigo, então eu farei isso.’”

“Não, eles vão ficar ‘O que essa garota seis anos mais nova que eu quer dizer? Ela realmente colocou o meu nome na lista de caras que eu quero beijar?’”

 

“Bem, você aprendeu hoje que a honestidade é a melhor lição… talvez ele te beije e você possa riscar o nome dele.” - disse - “Só estou dizendo que todas nós sabemos como aquele convencido do Thrope é… ele não aceita ‘não’ como resposta e vai ficar atrás de você até sabe-se Deus quando.”

 

“Mas mesmo na melhor das hipóteses, mesmo que eu peça para Remus para fingir ser meu namorado ou qualquer coisa do tipo: eu não quero ficar até meu último período fingindo estar em um relacionamento.”

 

“Você não precisa disso. Dora, você pode fazer um acordo de agora vocês saírem, flertarem na frente do Thrope e essas coisas e ele vai se convencer como se convenceu no passado e se ele duvidar você pode falar ‘nós terminamos, mas já estou com outro cara’. E trate de apagar aquela lista, é deprimente.”

 

“Você fala como se não tivesse uma.”

“Eu tenho, mas não é o primeiro arquivo no meu computador. Está no meu diário e o Weasley nunca vai saber que eu tenho todo nosso casamento planejando e os possíveis nomes para os nossos filhos.”

 

“Ok, você não precisa contar tudo de novo para mim, eu já sei. Duas meninas e um menino na melhor das hipóteses, uma casa no campo e todo aquele blá blá blá.”

“Ele é tão bonito. Eu só queria entender metade das coisas que ele diz, talvez ele esteja flertando comigo mas eu não percebo pois toda vez que ele abre a boca e sai aquele incrível sotaque irlandês eu fico perdida em pensamentos… a forma que ele diz a palavra amor é tão desconcertante.”

 

“Faremos um acordo então. Eu ligo para Remus explicando a situação e você vai até o Weasley e chama ele pra sair.”

“Não posso fazer isso.”

 

“E eu não posso ligar para o melhor amigo do meu primo. A conversa então está terminada e não vamos falar mais disso, eu vou esperar o pior e socar o Thrope se for necessário.”

 

As duas ficaram alguns momentos em silêncio, com Fleur observando o ruivo no outro lado do bar. Seria uma vergonha chamar o garoto que o ajudava com inglês para sair e ser rejeitada, mas ela realmente achava que o melhor modo para Nymphadora sair daquela situação era transformar as mentiras em verdades. Suspirando, ela disse:

 

“Ok. Eu vou lá.”

“O que?!”

“Eu sei que você duvidou da minha coragem, mas estou fazendo isso por você. Enquanto eu estiver lá, sendo rejeitada pelo cara mais bonito da universidade, você vai ligar para Remus e se mentir para mim, com toda a reputação que eu estou colocando em jogo, eu mando um e-mail para ele com todas as mensagens sórdidas que você me enviou sobre ele.”

 

“Você não pode estar falando sério.”

“Estou. Dora, pense que você não precisa contar tudo, diz que tem um cara atrás de você e Remus soou como a melhor opção e que ele não precisa fazer muita coisa, andar de mãos dadas já bastaria. E pense no que eu estou sacrificando: Weasley e eu somos do mesmo curso, ele vai contar para todos os veteranos e eles vão rir de mim até depois da formatura.”

 

Sem dizer mais nada, ela se levantou e Nymphadora Tonks, não acreditando no que via, bateu a cabeça na mesa: ela precisava parar de fazer aqueles acordos.

 

.

 

Mesmo estando naquela situação várias vezes (não a de tentar convencer o melhor amigo do seu primo a ser o seu namorado falso por alguns dias, mas sim de se encontrar com alguém em um café), Nymphadora Tonks se encontrava tão nervosa que a palma de sua mão era protegida por uma grande camada de suor.

 

“Dora! Desculpe o atraso, peguei um pouco de trânsito.” – disse, como se ela se importasse com aquilo. Ele era tão absurdamente bonito que um minuto de sua presença compensaria uma demora de dois anos. Certo, talvez não compensasse tanto assim, mas essa seria a frase que Nymphadora usaria horas mais tarde quando tivesse que descrever o encontro para Fleur.

 

“Sem problemas. Você quer um café ou chá?” – vou me poupar o trabalho de escrever toda essa conversa. Eles conversaram sobre o tempo enquanto esperavam o pedido, ela checou o seu telefone doze vezes e quando foi dar o primeiro gole no café acabou queimando a língua e deixou a bebida cair um pouco na mesa. – “Então, vou só dizer, como um band-aid, ok?”

 

Ele assentiu.

Remus John Lupin achava toda a situação bastante cômica: Dora havia telefonado na noite anterior e mais gageou do que disse palavras. No fim das contas, disse que precisava da ajuda dele e perguntou se eles podiam se encontrar na manhã seguinte e agora ela entrava no mesmo estado de nervosismo que expressou no telefonema.

 

“Eu preciso que você seja meu namorado. Hã. Na verdade um falso-namorado. Como nos filmes e essas coisas. Porque bem… tem esse cara e ele me chama pra sair desde que nos beijamos, mas eu não queria ter beijado ele e disse que eu tinha um namorado, mas ele não acreditou e eu acabei falando que era você porque foi o primeiro nome que apareceu depois de Winston Churchill e, convenhamos, seria bastante estranho dizer que eu namoro o Winston Churchill. Eu sei que isso é muito estranho e que você provavelmente está saindo com alguém, mas nós não precisamos no beijar, só dar as mãos e eu posso explicar toda a situação pela sua namorada. É só por alguns dias, sabe? Depois eu vou falar que nós terminamos durante o feriado e vou pedir para o Charlie ser o meu novo homem falso.”

 

“Você fala muito. Acho que é recomendável respirar as vezes e essas coisas.”

“Eu posso repetir, se você quiser.”

 

“Nah, eu acho que entendi. Você precisa de alguém para ser o seu namorado falso.”

“Bem, quando você coloca assim soa mais estúpido do que parece. Eu não quero envolver você em nenhum drama, então talvez não exatamente um namorado falso, mas um amigo que aja como namorado e todo mundo do campus pensa que eles namoram mas eles se veem como irmãos”

 

“É isso que eu sou para você? Um irmão?” – ele disse rindo e ela congelou no assento. Aquilo era uma piada, uma pergunta ou uma provocação?

“Ahm, não exatamente, mas, bem, é, eu só não quero te colocar em uma posição desconfortável.”

 

“Certo. Eu estou dentro.”

“É fácil assim?”

“Arrependida de não ter dito antes?” – novamente ela gastou alguns segundos com a boca aberta, tentando entender o significado daquelas palavras. – “Como você pretende fazer isso? Temos algumas metas no escritório, mas eu posso dar um jeito de te buscar na faculdade e sairmos para almoçar.”

 

“Isso seria perfeito, para ser sincera. E, você não precisa ir se quiser, mas vamos ter uma pequena festa para comemorar o fim do semestre, seria legal se você aparecesse por lá… é quase na véspera de Natal, mas eu entendo se estiver ocupado.”

 

“Vamos levar Harry para patinar, mas eu posso tentar dar uma passada por lá.”

“É realmente assim tão simples?”

“Hã, acho que sim. Você é a prima do Sirius e eu imagino que deve ser uma situação bem desconfortável para você… não me importo. Na verdade, fico até feliz em poder ajudar de alguma maneira.”

 

Incerta, Nymphadora Tonks deu um gole no café. Em sua cabeça, entrava em uma discussão consigo mesma: parte dizia para ela seguir com o plano normalmente, Remus Lupin era o melhor amigo do seu primo e não faria ela passar nenhum vexame em praça pública (sem contar que ele era um adulto, pelo amor de Deus) e a outra parte duvidava que alguém pudesse se comprometer a algo de forma tão simples. Tentou inverter a situação (agora, na sua mente, Remus estava precisando de ajuda) e, mesmo estando perdidamente apaixonada, ela faria uma lista de prós e contras.

 

Mas então, ela finalmente percebeu o acordo que havia sido firmado ali e levou alguns segundos para absorver o choque. Pelos céus, ela seria – por alguns dias – a namorada falsa de Remus John Lupin. Aquilo, provavelmente, era o mais longe que uma mortal como ela poderia chegar em relação a ele então deveria fazer como Fleur tinha sugerido: aproveitar a chance para satisfazer o seu desejo de beijá-lo.

 

“No que você está pensando?”

“Só no que vamos fazer… talvez seja estranho para você em me beijar, então estou tentando achar substitutos. O que você acha de mãos dadas?”

 

“Por que seria estranho te beijar?” – ele disse, novamente com o sorriso enigmático. Céus, era apenas um sorriso… desde quando sorriso podem significar coisas além do que são?

“Hã, porque eu sou a prima do seu melhor amigo? Isso quase nos faz da mesma família, não?”

 

“Bem, se você diz. Mas eu nunca te vi como um membro da minha família.” – para uma mulher de 20 anos, Nymphadora Tonks se sentia um fracasso. Não era difícil perceber as segundas intenções nas falas e ações de outros rapazes, mas quando se tratava dele, as coisas se tornavam um desafio. – “Digo, eu sempre te vi como uma mulher, nunca como um parente.”

 

Certo.

“Eu também. Talvez eu tenha dito isso mais rápido do que deveria, mas… eu nunca te vi como um irmão mais velho ou coisa do tipo. Só estou insinuando que você teve esses pensamentos porque Sirius e James me tratam como se eu fosse uma criança patética e adorável.”

 

“Hahaha. Tenho que dizer que eles estão errados na parte de criança e patética, mas não posso negar a parte do ‘adorável’.”

 

.

 

“Ele está claramente flertando com você.” – Fleur Delacour disse quando Dora terminou de relatar todo o “encontro” pelo telefone. – “Sério, você sabe que eu sou uma profissional nisso. Ele deixou tantas dicas! Primeiro ele falou que não quer ser um irmão para você, depois que te vê como uma mulher e, além disso, ele basicamente disse que quer beijar você. Só estou dizendo que se você não aproveitar a chance você vai se arrepender pelo resto da vida.”

 

“Igual você com o William?”

“Por favor, não fale sobre isso agora, o foco é você e apenas você.”

“Isso é injusto! Eu contei a minha história toda e você não disse nada depois que voltou a mesa. Eu não sei se ele disse sim ou se disse não. Talvez você tenha mentido que ia o chamar para sair apenas para me fazer ligar para o Remus.”

 

“Dora, acredite: se o Weasley tivesse dito sim, eu teria pulado no pescoço dele naquele momento e não teria voltado para mesa para conversar sobre cachorros com você. Agora podemos focar? Por favor? O que vocês vão fazer amanhã?”

 

“Nada demais. Ele disse que vai me buscar na faculdade e me levar para almoçar. Devemos andar de mãos dadas caso vejamos o Thrope ou alguma coisa assim.”

“Deuses, garota, se você vir o Daniel só beije o Remus logo de uma vez.”

“Mas isso não vai fazer com que o Thrope desista?”

 

“Oh, isso é novo: você não quer que ele desista?”

“Claro que quero, é só que… bem no momento que Thrope desistir eu e o Remus vamos ‘terminar’ e não sei se quero ‘terminar’ tão rápido.”

 

“Nymphadora Tonks, olhe só para você! Então o plano é, na verdade, sair com o Remus como se ele fosse seu falso namorado, mas, ao mesmo tempo, evitar que o Thrope veja vocês dois juntos para você adiar o inevitável?”

 

“Sabe, para uma pessoa que ainda tem aulas de inglês você pega as coisas bem rápido.”

“É o meu poder de romântica.”

 

.

“Você está bonita.” - a voz de Daniel Thrope soou atrás de Nymphadora e ela, a contragosto, virou para agradecê-lo. Parte dela gostava de receber um elogio, mas outra parte não gostava do porquê aquela frase tinha sido dita.

 

Vê, até o momento, Daniel Thrope soa como um secundário, o famoso cara que não faz nenhum mal durante toda a história e que você, como bom leitor, apenas espera e torce para que ele não tenha o seu coração partido. Ele não é esse tipo cara. Daniel está tão perto de ser digno a receber sua comoção como o diabo está perto da cruz.

 

Não cabe a mim dizer (até porque não é o foco da história), mas, por mais que ele soe apaixonado e simpático, ele é, provavelmente, a pessoa mais manipuladora e controladora de toda a universidade. Ele faz garotas chorar (assim como William Weasley, mas, novamente, não cabe a mim dizer) com um estalar de dedos e é como se possuísse uma legião de garotas atrás dele – sendo que ele não merecia nenhuma delas.

 

E é por isso que Nymphadora Tonks fugia tanto. Toda a conversa de almas gêmeas era apenas uma estratégia, assim como elogios, flores, piadas, beijos roubados. Daniel podia ser tão encantador quanto Mr. Whickham em Orgulho & Preconceito e Dora, certamente, não queria ser mais uma Lydia – o que ela tinha certeza que seria se continuasse próxima do rapaz –.

 

“Obrigada.” – falou, aproveitando para olhar o que vestia. A roupa tinha sido separada no dia anterior, quando, inconscientemente, ela quis se vestir melhor. (E é claro que, se você perguntar, ela vai negar que Remus Lupin teve alguma participação nisso.)

 

“Vai em algum lugar hoje? Pensei que poderíamos ir tomar um café ou coisa do tipo… como amigos, é claro.” – Nymphadora Tonks duvidava muito que eles estavam perto de serem amigos.

“Sinto muito, Daniel, já tenho um compromisso essa tarde. Totalmente inadiável… quem sabe na próxima?”

 

E é claro que ela poderia ter especificado, dito que almoçaria com o seu namorado, mas passara a noite inteira treinando diálogos para que não deixasse escapar logo a informação. Pensava que era abusivo da parte dela, afinal de contas, Remus estava fazendo um favor e provavelmente esperava que toda a situação se resolvesse o mais rápido possível, mas uma garota podia sonhar e Dora sonhava em passar o maior tempo ao lado do rapaz.

 

“Eu vou cobrar.”

“Certo.” – falou, com um olhar inocente (que ela não sabia ao certo como tinha aparecido pois na sua cabeça montava um plano mirabolante: o quão errado era pedir a ajuda de Remus para se livrar de Daniel, mas, ao mesmo tempo, usar Daniel para passar mais tempo com Remus?)

 

.

 

“Vai a levar para almoçar? Meu Deus, Moony, você pode fazer melhor que isso.” – Sirius Black disse, colocando mais um pacote de biscoitos para chá no carrinho. Era o preferido dele e quem poderia julgá-lo?

 

“Já é o suficiente, não? Ela disse só para eu aparecer por lá e já seria o suficiente.”

“Então nada de beijar minha priminha.”

“Não pela parte dela, pelo menos.” – disse – “Isso soou estranho, mas é que eu não me importo em beijá-la se for para tirar um stalker em cima dela.”

 

“Então se não tivesse um stalker em cima dela você não a beijaria.”

“Você está distorcendo as minhas palavras. Quer realmente que eu tenha essa conversa com você?”

“Não vejo o porquê não.”

 

“Talvez porque eu teria que dizer que não, mesmo se não tivesse um stalker em cima dela eu a beijaria e ela nem teria que pedir: seria por livre e espontânea vantagem. E isso provavelmente te deixaria desconfortável porque imagino que ninguém quer saber que o seu melhor amigo está afim de uma garota seis anos mais nova e que por sinal faz parte da sua família.”

 

“Se fosse o Regulus, ele talvez ficasse desconfortável, mas, honestamente, não vejo problemas nisso. Vocês estão igual ao James e a Lily, toda vez que se encontram não conseguem tirar o olho um do outro.”

 

“Eu duvido que estamos nesse nível de envolvimento.”

“Ah, mas vocês estão. Sério, vocês nem se veem com tanta frequência assim, a última vez que eu lembro foi no aniversário do Harry, mas vocês ficaram a festa inteira conversando e sorrindo um para o outro como dois maníacos. Eu e a Lils já apostamos, por sinal, ela acha que vocês ficam juntos na festa do Ano Novo, eu, por outro lado, disse que vocês ficam juntos no Natal. Vai ser bom ganhar umas libras.”

 

“Agora é você que está falando nonsenses.”

“E você não para de sorrir. Droga, eu quero me apaixonar também.”

“Você vai encontrar alguém.” – disse. – “Isso não é uma afirmação de que eu estou apaixonado.”

 

“Mas você está e, sério, não precisa me dar um discurso sobre o porquê está gostando dela ou dar alguma justificativa, essas coisas acontecem e aconteceriam mesmo se vocês fossem mais velhos ou tivessem a mesma idade.”

“Isso é você me apoiando? Nada de um aviso ‘se você quebrar o coração dela eu te mato’ ou coisa do tipo?”

 

“A gente se preocupa com as consequências quando elas chegarem.” – Black falou, agora colocando todas os biscoitos na esteira. Remus sorriu, colocando as mãos no bolso do casaco, o amigo estava certo, não valia a pena projetar um futuro em que ele e Nymphadora não dessem certo, simplesmente não era necessário. Não havia chances de prever o que aconteceria, se seria amor, se seria apenas um romance de inverno.

 

E por quê não tentar?

 

“Sabe, a gente fica falando como se fosse recíproco, mas talvez ela não queira entrar em nenhum relacionamento, eu certamente não estava procurando por um nos meus anos de ouro da faculdade. Sem contar que, se bobear, ela nem gosta de mim tanto assim.”

 

“E essas são hipóteses que só vamos descobrir quando você se declarar. Mas, por favor, faça isso antes do Natal, eu realmente quero aquelas libras.”

 

Novamente, Remus Lupin sorriu. Sirius tinha dito que não precisava de um discurso, mas ele achava que precisava se explicar porque tudo soava como básico e simples sendo que todos os seus sentimentos eram tudo menos básicos e simples.

 

Ele não sabia ao certo quando tudo aquilo tinha acontecido porquê as pessoas dificilmente são capazes de explicar ou de datar a aparição do sentimento talvez-eu-te-veja-mais-do-que-como-um-amigo-ou-conhecido-ou-parente-e-gostaria-de-passar-muito-mais-tempo-com-você, mas tinha acontecido e ele tinha entrado em um estado de loucura. No entanto, não podemos criticá-lo: esse, provavelmente, seria o mesmo estado que você entraria caso estivesse gostando de uma garota que pelas regras da amizade não deveria gostar de.

 

E, Remus John Lupin acreditou, de fato, que tinha esquecido dela. A última vez que a tinha visto fora em agosto, quatro meses de distância sem se falarem, sem conversarem, sem trocarem um olhar ou um sorriso: absolutamente nada. E (perceba que vou ser irônica na próxima frase) não era como se ele tivesse pensado nela durante esse tempo, ou esperava que Sirius ou Regulus ou até mesmo James fizesse algum comentário a respeito da vida dela ou algo parecido.

 

Mas, no momento em que recebeu o telefonema – e fingiu estar ocupado em uma sexta a noite em vez de revelar a verdade: estava em casa, tomando uma cerveja e escutando James e Sirius discutirem sobre a estatística do jogo do Liverpool no dia seguinte –, tudo veio à tona. Ela tinha ligado para ele, marcado um encontro e ele finalmente a veria.

 

Era patético, de certa forma, ter 27 anos e sentir o seu coração bater tão rápido quando não deveria, porém, ele não podia se importar menos. A veria no dia seguinte e quem sabe por mais dias? E se eles finalmente começassem a conversar e levar aquilo para outro estágio e…

 

Ilusões e idealizações o invadiram, como invadiam agora enquanto ele pensava que, em alguns minutos, a encontraria na faculdade, prestes a levar para um almoço que talvez fosse mais que um almoço, talvez fosse um encontro e talvez ele a beijasse.

 

Um tolo apaixonado, sem dúvidas.

 

.

 

Estava chovendo.

Sempre chove na Inglaterra, mas Nymphadora Tonks sentia que se uma entidade cósmica existisse e fosse responsável pelas chuvas eles seria inimigos mortais.

 

Não sei o que ela estava esperando, para ser franca: faltava dois dias para o Natal e era de se esperar toda a chuva, neve e frio junto com as toneladas de casaco e meias grossas embaixo de uma calça igualmente grossa.

 

Mas, talvez, na máquina de ilusões e Nymphadora Tonks – conhecido popularmente como cérebro – ela tenha esquecido que era quase véspera de Natal e, além disso, era inverno, e procurou inventar um encontro de primavera, envolvendo flores e sol e pequenos insetos.

 

O tal erro de planejamento era, possivelmente, a razão pela qual Dora se encontrava sem palavras, ao lado de Remus John Lupin – o homem que ela gostava – e embaixo do seu guarda-chuva andando próximo ao Tâmisa no pior encontro de primavera de todos e, consequentemente, o pior encontro de todos.

 

“Desculpa, eu meio que esqueci de tudo isso.”

“Esqueceu que estamos no inverno? Duvidei disso assim que foi te buscar e você estava com esse casaco. É a coisa mais fina que eu já vi as pessoas usarem.”

 

“Honestamente, eu duvido disso.” – disse, tentando colocar a malícia na palavra para que ele a interpretasse corretamente. Ele riu e deu pequenas tosses.

“Justo. Mas, de qualquer forma, me avise quando você ficar com tanto frio e o seu sangue não começar a circular direito e você estiver prestes a desmaiar porque eu vou te oferecer o meu casaco se você estará fraca demais para recusar isso.”

“Eu acho que eu prefiro morrer. Seu casaco é essa coisa vermelho sangue e meu cabelo está rosa, vai quebrar totalmente a minha estética.”

 

“É por isso que você está recusando? Você tem que estar de brincadeira, Dora.” – não é o meu papel dizer, até porque soa cliché demais, mas ela gostava de quando ele a tratava pelo seu nome ou por algum dos seus apelidos. Era como se ela fosse única.

 

Certo, eu sei o que você está pensando: ela é única e você só conhecesse uma Nymphadora Tonks nesse vasto mundo, mas o sentimento é diferente. Como explicar? É como se toda a atenção de Remus John Lupin estivesse centrada nela. Não havia necessidade nenhuma dele dizer o seu nome quando na língua existem tantos pronomes que servem como substitutos, mas ali estava ele com Nympadora, Dora ou Tonks e por vir dele soava especial. Um sussurro de: “eu percebo você”.

 

“Eu gostaria de estar.” – e com isso dito tentou esquentar as mãos. Olhando para ela com um sorriso no rosto, Remus não consegui se conter e entrelaçou sua mão com uma das de Dora e as colocou no seu bolso.

 

“Isso rompe com a sua estética?” – o sorriso irônico dele era tão provocante e encantador e que a mulher levou alguns segundos para negar com a cabeça. – “Você é está suando. Eu te deixo nervoso?”

 

“Pare de me provocar, Remus Lupin. Eu acho que você tem pleno conhecimento dos efeitos colaterais que você causa em qualquer garota.”

“Só achava que você fosse imune a eles.”

“Dificilmente. Pelo contrário, na verdade, acho que estou mais propensa a sofrê-los.”

 

“O que isso quer dizer?” – ele falou, parando na ponte e forçando ela a parar também e o encará-lo.

 

E certamente era tudo que Nymphadora Tonks precisava: ela precisava que Remus John Lupin a olhasse daquela forma e agisse daquela forma. Mesmo nublado, mesmo chovendo e mesmo que o guarda-chuva preto impossibilitasse a luz de iluminar alguns detalhes do rosto dele, ela poderia vê-lo nitidamente.

 

É claro que sim.

 

.

 

Estática, Nymphadora Tonks observava Fleur Delacour tirar papais-noéis de uma grande caixa de papelão. Ela deveria mesmo fazer aquilo?

 

Permita explicar: quando amanheceu e Dora se levantou da sua macia e quente cama, ela só conseguia pensar em uma coisa – ou em uma pessoa – e, em todos os momentos seguintes (ou seja, durante o banho, enquanto vestia roupa, enquanto penteava o cabelo rosa chiclete e enquanto escutava a sua mãe reclamar da ausência de Dora no jantar da véspera) ela tentou encontrar as palavras certas para se declarar.

 

Ela sabia que não era o momento. Nymphadora não era exatamente a pessoa mais romântica de todas e conseguia ser impulsiva boa parte do tempo, mas sabia que tudo tinha um tempo certo e nada mais certo do que aquela noite, quando eles se encontrassem e pudessem conversar.

 

“Um centavo pelo seus pensamentos.” – Fleur disse, estralando os dedos na frente da amiga. – “Deixa eu pensar, começa com Remus e termina com Lupin.”

“As coisas dificilmente não envolvem ele nesses últimos dias. Eu decidi que vou me declarar hoje a noite.”

“Isso é um grande avanço para uma garota que disse que ele só a via como uma irmã mais nova há 48 horas.”

 

“Sim e ela estava totalmente errada. Sério, Fleur, talvez eu esteja fantasiando tudo isso, mas eu acredito que eu e Remus não tenhamos feito nada além de flertar um com o outro nos últimos dias. Ontem ele segurou a minha mão ‘porque eu estava com frio’ e então entramos em um pub e ele colocou a mão dele em cima da minha e ficou me olhando dessa forma e dizendo umas coisas. Se isso for só atuação e mentiras, ele é um monstro.

 

“Não acredito que a minha pequena garota vai arranjar um namorado e me largar.”

“Talvez a gente possa fazer aqueles encontro duplos quando o Weasley perceber que ele é um idiota e aceitar o seu pedido.”

“Acho que é mais fácil a França virar monarquia de novo do que isso acontecer. Você tem uma ideia do que vai dizer?”

 

“Estava pensando em: yo, Remus, eu gosto de você. E então beijá-lo até ele esquecer sobre tudo.”

“Uma ideia brilhante, mas que tal adicionar um pouco mais de drama nisso. Quem sabe um eu me apaixonei por você no momento que eu te vi e eu não consigo me concentrar em nada sabendo que estamos separados?”

“E finalizar com um quero ser a pessoa que você pensa quando você acorda e antes de dormir.”

“Viu? Digno de um filme da netflix.”

 

“Mas mesmo assim careta demais. Sei lá, acho que vou tentar não pensar nisso ou então vou entrar em pânico e acabar não dizendo nada e bem… tem que ser hoje. Não posso ver ele se afastando para nos encontrarmos só daqui a quatro meses. Sei lá, antes eu achava que fosse ser capaz ficar sem ele, mas é como você disse: eu não consigo me concentrar sabendo que ainda estamos separados.” – ela cobriu o rosto com as mãos. – “Não acredito que me tornei uma romântica incurável.”

 

“Esse é o melhor tipo.”

 

.

 

Foi só passar pela porta que levava em direção ao jardim da casa de James e Lily Potter que Remus John Lupin foi atingido por uma grande bola de neve, vindo de ninguém menos que o herdeiro da mansão: Harry James Potter.

 

“Boa, Harry!” – disse Sirius Black, carregando Harry no colo. Como uma criança de seis anos tinha tanta força no braço? – “Acaba com o Moony, nós não gostamos dele!”

 

“Nós gostamos dele! Você que é um grande ciumento!” – James Potter disse, acertando o amigo com a que ele dizia ser a maior e a mais gelada bola de neve de todos os tempos. — “Não escute ele, Moony e ande logo, eu vou segurá-lo.”

 

“Do que você estão falando?”

“Harry disse que você era o tio favorito deles e Sirius está em negação e reagindo da forma mais infantil possível.”

 

“Infantil?! Eu vou te mostrar quem é o grande infantil.” – mais uma bola de neve, mas não que você precisasse saber disso.

 

“Vocês dois são grandes bebês. Harry, venha tomar seu chá.” – Lily Potter (née Evans) disse e, como a sua autoridade era maior que a de todos os outros, a criança correu até os braços da mãe. – “Olha só você! James! O que você vai fazer se o seu filho pegar uma pneumonia?!”

 

“Ele não vai pegar uma pneumonia, nós estávamos nos divertindo.”

“Pessoas se divertindo também ficam doentes, sabe?”

“Céus, Remus, você deveria ter me pedido em casamento e não esse estúpido do seu melhor amigo.” – Lily disse, agradecendo a intervenção do recém-chegado.

 

“Eu disse que ele era o inimigo. Além de querer roubar o meu afilhado, ele quer roubar a sua esposa.”

“Parem com esse nonsense!”

 

“Nunca” – disseram em uníssono e, assim que Lily saiu da figura carregando Harry, acertaram Remus no peito e nas calças.

“Vocês só podem estar de brincadeira.” – Remus disse, descendo os pequenos degraus que o colocava no mesmo plano que os outros amigos. – “Eu vou fazer vocês se arrependerem disso.” – falou, se abaixando e preparando uma bola de neve para tacar em James.

 

E eu poderia descrever, com detalhes, de como Remus Lupin cumpriu a sua promessa e Sirius Black se jogou na neve alegando que tinha água gelada em locais que não deveria ter água gelada e James Potter disse que, se fizesse mais uma bola de neve, os dedos dele cairiam, mas, me pouparei o trabalho, e o seu também.

 

“Não acredito que você vai para um encontro desse jeito.” – Lily Evans disse cética. Ela tentou observar a guerra de neve que acontecia em seu jardim, mas a genética de James estava presente em Harry e garotos de seis anos podem ser tão inquietos quanto homens de vinte e seis. – “Você está ensopado e tem neve no seu cabelo.”

 

“Posso dizer que peguei uma chuva, ou alguma coisa assim.”

“E se você ficar doente? Pelo menos seque seu cabelo antes de ir.” – ela disse, colocando xícaras de chá na frente dos homens que tinham cobertores em volta dos ombros. – “Você não pode me decepcionar, Rem, eu já desisti daqueles dois.”

 

“Você me ama tanto que não consegue se controlar.” – James disse, com o mesmo sorriso encantador que levou Lily a se casar com ele. No seu colo, Harry continuava a brincar com os biscoitos natalinos. – “Concordo com a Evans, pegue alguma coisa seca no meu armário… Tonks vai ficar toda preocupada com você que vai te fazer ficar nu na festa.”

 

“Não diria que é uma festa e, para ser sincero, não acho que ela se importaria tanto assim.”

“Ugh, de novo esse papo. Confie em mim, Moony, ela gosta de você.” – Sirius Black disse, pegando um dos biscoitos. – “Mesmo se for com a roupa mais feia de todas ela só vai ter olhos para você.”

 

“Dedos cruzados?”

“Qual é o plano?”

“Vou aparecer por lá, agir corretamente, chamar ela para dançar, conversar com ela, flertar, beijar ela, puxar ela para um canto e beijar ela mais uma vez, esperar a festa acabar, levar ela até a casa dela, entregar o presente, me declarar, beijar ela de novo, beijar ela mais uma vez, beijá-la e beijá-la e beijá-la e…”

 

“Acho que nós entendemos.” – Harry disse, fazendo com que James sorrisse para o filho.

“Tenho que me arrumar então se for trocar de roupa, ela disse que começa as 19 horas e eu imagino que fiquei mais tempo aqui do que planejava.”

 

“E de quem é a culpa?” – Lily falou, dando um gole no chá em seguida.

 

.

 

Ele estava atrasado.

Bastante atrasado.

O tipo atrasado-que-chega-no-fim-da-festa-quando-não-há-mais-ninguém-e-mais-nada-para-comer tipo de atrasado.

 

E, mesmo que, quando ele finalmente chegou (e, para a sua informação o papai noel provavelmente já estava no caminho para outro hemisfério), Remus John Lupin estivesse charmoso, bonito e atraente, ele ainda estava atrasado.

 

Talvez ela não se importasse com um atraso de cinco minutos, mas era um atraso de horas e minutos e ela não conseguia não se sentir abandonada ou nada importante.

 

“Desculpa.”

“Tudo bem. Todas as pessoas já foram embora e só temos o pendrive da Fleur que toca músicas dos Beatles no repeat, mas está tudo bem.”

“Não, não está tudo bem. Eu arruinei tudo.”

“Sério, Lupin, ‘tá tudo ok.” – disse, tentando não soar magoada.

 

Na verdade, nada estava bem. Ela teve que escutar Daniel Thrope, suas cantadas ridículas e os seus toques sem permissão a noite inteira até que William Weasley (sim, William Weasley) disse para ele se afastar e deu um soco no garoto para relembrá-lo de que não é não, enquanto que sabe-se lá o que Remus Lupin estava fazendo, se estava em casa assistindo Simplesmente Amor e esqueceu ou se algo de grande importância aconteceu e ela não era especial o bastante para ser avisada.

 

Nas duas hipóteses, Nymphadora Tonks se encontrava esquecida e ela não gostava do sentimento nem um pouco.

 

“Não, não está. É sério, Dora, eu juro que posso me explicar, não sei se devo porque continua sendo indesculpável te fazer esperar por quase quatro malditas horas.”

“Não faz muita diferença, Remus. Demos um jeito no Thrope, que, bem, provavelmente era algo que eu deveria ter feito a muito tempo e acho que está tudo acabado. Só estava com medo de você aparecer e por isso fiquei aqui.” – mentira, ela ficou lá por ainda ter esperanças de ele aparecer e dizer que tinha sofrido um acidente de carro e esquecido de tudo.

 

Mas não era um filme. Nada de Sandra Bullock ou Hugh Grant, era só a terrível e admirável humanidade.

 

“Então nosso namoro falso está acabado?”

“Acho que ele nem começou. Sei lá, Remus, eu juro que, eu juro que hoje de manhã estava pensando que nós começamos isso, mas, na verdade, era só uma desculpa para ficarmos perto um do outro, só que… céus, eu não quero que você ache que eu sou imatura, mas, eu não consigo não me sentir um lixo depois de esperar você por quatro incríveis horas sem receber nenhuma notícia.” – E lá estava as coisas que ela não conseguia parar de pensar em, mas que estava com tanto medo de dizer. Ela não queria quebrar o feitiço. – “Eu pensei que… eu tinha todo um plano para hoje a noite, nós íamos rir e dançar e eu ia falar Olha! O idiota está ali e você ia olhar para trás e quando olhasse para mim eu iria te beijar e de alguma forma te provar que nós fomos feitos um para o outro.”

 

“E toda essa certeza desapareceu? Dora, eu tenho pensado nas mesmas coisas que você. Dentro do meu bolso tem um colar que eu comprei há quatro semanas porque eu vi em uma loja e só conseguia pensar em você e nós nem conversávamos na época. Quando você me ligou e pediu para me encontrar eu fiquei tão absurdamente feliz que eu quase enlouqueci. Uh, tudo isso parece um roteiro decadente de algum filme americano, mas é a pura verdade: eu me apaixonei por você em algum momento e eu quero continuar apaixonado, e, se possível, do seu lado.”

 

 

E é claro que, naquele exato momento, Yesterday começaria a tocar. Lenta e crua, deixando toda aquela cena centena de vezes mais dramática.

 

“Definitivamente tudo que nós precisávamos.” – Nymphadora disse, quebrando o clima com um sorriso.

“Você dançaria comigo?”

“Quer realmente passar a sua véspera de Natal dançando a pior música dos Beatles?”

“Eu concordo que não é a melhor deles, mas certamente não é a pior. E o que temos a perder? Podemos dançar e então ir até a sua casa de mãos dadas enquanto te conto a Odisseia que vivenciei essa noite e então te beijar no meio da noite e te provar que nós fomos feitos um para o outro.”

“Um ótimo jeito de arruinar esses sapatos… Acho que Paul McCartney nos mataria se nos visse um casal dançando essa música, ela não foi feita para isso.”

“Ele não precisa saber.”

 

 

A puxando pela mão ele a levou a onde deve ter sido a provisória pista de dança e após alguns rodopios colocou a mão na cintura dela e a puxou para perto. Para muito perto. E era certo que eles ainda tinham coisas para resolver e ele tinha que explicar como perdeu uma hora tentando achar uma roupa para que, prestes a sair da casa de James, escutasse o grito do proprietário e de Sirius que queimaram a mão da forma mais estúpida de todas e ele teve que levá-los ao hospital e etc. E era certo que nada estava definido porque eles eram jovens e era certo que não seria fácil.

 

Mas Céus.

Nymphadora Tonks e Remus Lupin não se importavam para aquilo enquanto se beijavam e provavam para o universo e para si mesmos que foram feitos um para o outro.

 

 

 


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Notas finais do capítulo

Ugh, a pior fanfic de todos os tempos!

Quando comecei a escrever decidi tentar um novo estilo de escrita (meio baseado nos narradores de A vida pela frente e A abadia de Northanger), mas confesso que falhei miseravelmente e quando percebi, era tarde demais para apagar toda a história e escrever de novo.

Sinto muito se te decepcionei e, se nos encontrarmos em algum amigo oculto no futuro, prometo que vou fazer uma história melhor e com menos pontas soltas (ou seja, uma história que faça mais sentido do que toda essa bobagem que você acabou de ler).

Mesmo sendo o maior fracasso, eu me diverti muito escrevendo essa história. Foi a minha primeira fanfic Ronks e eu acho que é um casal que pode ser abordado de tantas formas e, honestamente, foi uma honra ter tirado (mesmo não nos conhecendo muito bem, eu te acho incrível e isso já é o suficiente).

Desculpa, mais uma vez, por ter feito os seus olhos sangrarem.

Com amor,
Antônia.



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