Say you do escrita por Mandalay


Capítulo 1
Say you do — capítulo único




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A sensação era a de que ele fosse perder a consciência a qualquer momento. Não conseguia ter noção do que estava ao seu redor, apenas a certeza de que se ele não continuasse seu caminho, não conseguiria chegar em casa. Sua garganta doía, sua mente estava nublada, as vias respiratórias interditadas e ele ainda se perguntava como estava de pé, contemplando a ideia de que caminhar a noite só pioraria sua condição.

Ele estava doente.

Ele. Katsuki Bakugou. Doente.

Nem o próprio conseguia aceitar a ideia, até ontem estava tudo correndo bem e agora mal conseguia respirar direito.

— Merda.

A vontade de se sentar no meio fio e quem sabe deixar a consciência o levar para outra dimensão parecia ser boa, mas a sua força de vontade esmagadora colocava para baixo qualquer desejo por descanso, mesmo que fosse parar por um momento.

Ele tinha que chegar em casa. Nem que fosse arrastando seu corpo moribundo até lá.

Seu nariz parecia estar deixando de funcionar devidamente e a cada vez que tentava puxar o ar pela boca, sua garganta era quem reclamava. Do tronco a cabeça ele estava aos poucos, se tornando indisposto. Enquanto que o vento frio da noite deixava seu caminhar cada vez mais drástico.

Ele não via a hora de chegar em casa.

Aquele apartamento pequeno e abarrotado de pequenas coisas e estantes de livros e gibis nunca pareceu ser tão convidativo e aconchegante. Assim como aquele com quem o dividia.

Katsuki secretamente desejava que Izuku estivesse acordado. Já era tarde quando ele saíra do trabalho, mas seria tão reconfortante ser recebido por ele e, quem sabe tê-lo cuidando de si.

Já fora o tempo em que seu orgulho tomava o melhor dele, em outros tempos ele pediria pelo contrário e provavelmente não estaria morando com Izuku mas a sua realidade agora parecia ser a melhor opção, a mais improvável acabara se tornando a mais confortável e ele nem poderia reclamar disso.

Katsuki Bakugou nunca se viu tendo uma vida confortável, muito pelo contrário, o que ele sempre sonhou era viver no limite enquanto recebia as glórias em ser um super herói. E o que tinha agora eram as glórias de ser alguém incrível, mas tendo com quem dividir isso não era tão ruim quanto imaginava.

Izuku era uma boa companhia.

E ele estava doente. Katsuki nunca ficava doente. Francamente, até mesmo seus pensamentos pareciam fora de ordem, contemplando o quão agradável era ter a companhia do outro. Isso não acontecia com frequência.

A luz de um poste piscou o trazendo de volta a realidade, enquanto uma pequena sequencia de tossidas secas forçavam saída por sua boca, fazendo com que ele quase perdesse o equilíbrio. Olhando para cima, era possível identificar que chegara ao seu destino final.

Finalmente, ele estava em casa.

Os lances de escada passaram como um borrão por seus olhos, o desconforto tomando parte de seus sentidos. Até que a luz brilhando por debaixo da porta indicasse que seu anseio fora correspondido, o tambor girou tão facilmente quanto a chave que entrara e assim que a porta se abrira, uma sensação de calor rondasse seu corpo, o acolhendo gentilmente enquanto que a sala iluminada o trazia mais uma vez de volta a realidade. Com os pés no chão.

Ele não se lembrava de ter desmaiado de felicidade.

— Katsuki, acorde.

A contra gosto, seus olhos se abriram. Seu corpo estava mais aquecido do que antes, mas não mudava e nem diminuía seu desconforto. Mesmo estando deitado no sofá coberto por algo, com a cabeça acolhida no colo de Izuku sua garganta reclamava até de engolir saliva e seu nariz ainda parecia estar fora de funcionamento.

— Eu tô doente - com muito esforço fora tudo que conseguira dizer.

— É, isso já deu para perceber.

Então risos contidos começaram a escapar por entre os dedos de Izuku, enquanto que Katsuki se virava a muito custo para encará-lo.

— Acha isso engraçado?

— É engraçado. Porque em todos esses anos, eu nunca cheguei a imaginar como seria ver você doente.

— Eu nunca fico doente.

— Diga isso para o seu resfriado, ele provavelmente não sabe que infectou o grande Katsuki Bakugou.

E de todas as infecções que alguém poderia sofrer, ele pegara um resfriado. Não uma gripe. Um resfriado.

Como se lesse as expressões frustradas do outro, Izuku respondeu calmamente.

— Quando desmaiou pensei que fosse algo grave, mas assim que chequei pensando ser febre, vi que não estava tão quente e respirava com dificuldade além de tossir muito. Então optei pelo mais simples. É uma época do ano comum para ficar resfriado.

— Não gosto disso - e ele seguiria nas reclamações, se não fosse por um forte impulso de tosse que quase tirou seu fôlego.

Izuku apenas balançou a cabeça para os lados.

— Ninguém gosta de ficar doente, Kacchan. Agora que acordou vou fazer algo para você comer, assim pode tomar o remédio certo para melhorar.

— E como sabe disso?

Ele parecia estranhamente experiente nessa área.

— Minha mãe cuidou muito dos meus resfriados quando eu era criança, acabei memorizando. Sem contar que ela me pediu para deixar alguns medicamentos separados quando nos mudamos.

— Nossa.

— Ela gosta de cuidar de mim, só isso. E até que não foi uma ideia ruim, posso cuidar de você sem precisar ir na farmácia para isso.

Ouvir aquelas palavras fez com que Katsuki sorrisse, dando espaço para que Izuku se levantasse, enquanto se aninhava mais no cobertor pensando no quão bom era poder ter alguém cuidando dele. Assim como ele desejara no caminho para casa.

— E depois de comer, você vai para o banho - comentou Izuku da cozinha.

— Sim senhor!

Quando criança sua mãe não costumava ser tão caridosa com ele.

Conviver com Izuku estava fazendo grandes mudanças nele.


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Notas finais do capítulo

Eu fiquei resfriada, eu imaginei o Katsuki resfriado (afinal por que não?) e deu nisso.

E ignorem o título que não tem muito a ver com a história, eu estava com uma música chiclete de mesmo nome na cabeça e não consegui pensar em nada melhor.



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