Memórias Beira-mar escrita por Bibelo
Notas iniciais do capítulo
Boa noite, tudo bem?
Mais um capítulo ♥ O penúltimo que teremos da história.
Espero que estejam gostando
Boa Leitura!
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— 3 —
ᎠᏅᏓᏗᏍᏗ
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“ᎠᏅᏓᏗᏍᏗ”, Cherokee para memória,
lembrança; recordar.
Wohali juntou um punhado de neve em suas mãos enluvadas, mirou e lançou contra as costas de Yoylee que se distraía com um boneco de neve enorme que Wohali havia feito minutos atrás.
Soltando uma exclamação chocada, Yoylee se virou desnorteado para o namorado que ria largamente do outro ponto da campina. O tritão abriu um sorriso traiçoeiro, avançou contra Wohali o agarrando pela cintura e os derrubando na neve fofa, molhando suas roupas e congelando seus corpos.
Ambos riram debatendo-se para longe um do outro, sentindo as costas esfriarem rapidamente.
— Está frio! — falou Wohali segurando Yoylee pelo antebraço para tentar se erguer. O tritão continuava a rir na tentativa de levantá-lo inutilmente.
— Pa-para de rir! — pediu Yoylee arrancando outra risada sôfrega de Wohali: — Não vou conseguir te levantar… — resmungou em risadas igualmente sufocantes.
Tirando forças de sua parte sobre-humana, conseguiu tirá-los da neve que derretia sob seus corpos. Ficaria insuportavelmente frio até mesmo para Yoylee se continuassem naquela situação boba.
Wohali o abraçou pela cintura apoiando seu rosto em seu ombro tentando controlar a respiração em espasmos.
O tritão acariciou suas costas beijando o topo de sua cabeça.
— Você assassinou nosso boneco de neve. — comentou Yoylee apontando com a cabeça para o monte de neve que esbarrou em cima quando recebeu o ataque.
Wohali riu divertido.
— Podemos refazer. — sugeriu se afastando do namorado: — Algo maior.
— Não sei fazer a neve virar essa bolas compactas. — confessou.
Wohali rolou os olhos, isso ele havia percebido pelo jogo de corpo há minutos atrás. Abaixou no nível do chão juntando um pequeno monte sob suas mãos. Yoyle se juntou a ele observando com curiosidade.
— Lembra de quando nos encontramos? Quando me ensinou a nadar pelas cavernas e galerias? — resgatou Wohali empurrando o monte de neve para frente, criando assim uma esfera que aumentava de tamanho à medida que se locomovia pela neve.
— Lembro. Você se assustou comigo naquele dia. Quase se afogou. — emendou Yoylee, um sorriso sagaz no rosto: — Mas não ficou surpreso com minha presença.
— Não. Seres aquáticos não nos são surpreendentes. — admitiu gesticulando para o lado, incentivando Yoylee a imitar o que acabara de fazer: — Mas não quer dizer que estou disposto a encontrar um enquanto nado no lago.
Yoylee riu repetindo o que Wohali fez, mas não surtindo muito efeito.
A memória de quando eram menores invadiu Wohali enquanto observava o namorado tentando juntar a neve sob suas mãos. Lembrou-se da infância no braço de mar, no gosto pelas galerias as quais eram perigosas demais para se aventurar; o susto ao ver o rapaz à sua frente, ao pensar que seria devorado como as histórias narravam.
Yoylee já era mais velho na época, o resgatou sem dificuldades e depois disso propôs lhe mostrar como se locomover em uma galeria sem se perder, em sobreviver à um afogamento quando sozinho.
Wohali adorava aquilo, ter um amigo que mais ninguém conhecia ou tinha, poder lhe contar histórias de sua casa e ver o tritão brilhar os olhos em curiosidade. Se sentavam nas pedras distantes de todos, aproveitando a presença um do outro, compartilhando culturas e curiosidades; desejos e sonhos.
A forma como evoluíram ao ficarem mais velhos, como confessaram seu amor um para o outro, sempre aquecia seu peito.
O tritão resmungou baixo refazendo o monte de neve que se desfazia sob seus dedos nus, pelo que seria a décima vez. Wohali riu comedido se agachando ao seu lado auxiliando suas mãos. Ergueram um pequeno punhado compacto, que daria facilmente para empurrar e juntar mais neve até onde o boneco seria montado.
Yoylee, porém, o segurou lhe dando um beijo gélido nos lábios rachados pelo frio. Wohali se desfez em seus lábios gentis abandonando a neve e aproximando-se do corpo do namorado tão cálido quando as noites de inverno na reserva, mas ainda assim era aconchegante e ardia calor em seu peito; irradiava o morno daquela paixão tão ardente.
Daquele amor tão antigo.
Se deixou ser beijado de novo e de novo, até sentir suas pernas congelarem pela neve, as mãos de Yoylee o erguendo do chão e a risada de ambos ao derrubarem novamente o princípio de um boneco de neve.
O abraçou com força perdido em seu carinho afetuoso. Nas lembranças da infância e o que conquistaram até ali.
Um passo de cada vez.
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Opa, foi isso ♥ Eles já se conhecem há um bom tempo, fofo isso.
Até amanhã!
Beijinhos~