Wolf Heart escrita por Tessaro


Capítulo 3
Capítulo 3


Notas iniciais do capítulo

A história tbm é postada no Wattpad e no Spirit.
A música do capítulo está nas notas finais.
Boa Leitura!!



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Eu tinha medo de dentistas e do escuro
Eu tinha medo de garotas bonitas e de começar conversas
Oh, todos os meus amigos estão adoecendo
Você é a assistente de mágico nos sonhos deles

É uma sexta-feira ensolarada quando o mundo desanda para Erick Black.

Fazem três semanas que ele está infiltrado, ele se sente melhor que nunca, mesmo que sua missão seja no calor escaldante da fronteira texana e ele odeie o calor que o faz suar como um porco.

A televisão está ligada no NBC, é tudo normal até que a tela escurece, Erick sente seu coração parar quando vê sua foto na tela, um cara fala ao fundo, ele apenas lê a legenda em letras grandes e redondas.

Agentes infiltrados.

Ele, Cindy, Carl, Lila, toda sua equipe está na tela, eles vão ser mortos, ele suspira quando vê os caras que jogavam pôquer tranquilamente com ele andando lentamente em sua direção, como se fossem lobos prontos para matar.

Ele teria sorte se saísse disso vivo.

.

.

.

Ele suspira quando abre os olhos.

Erick sente uma dor maçante atingindo seus poros, ele não pode ver direito, ele sente e vê parcialmente por entre olhos fechados de dor, seu rosto deve estar inchado em tons de roxo, verde e amarelo.

Ele nunca sentiu nenhuma dor comparada a essa, a dor de perder a perna foi entorpecida porque ele foi obrigado a ver pessoas morrerem como nunca antes, na calada da noite ele ainda podia ouvir seus gritos de socorro, desesperados e sôfregos, marcantes de dor, perfurando sua alma de um jeito que não era possível.

Ele mal pode ver Leah antes de senti-la agarrar sua mão com força, ele mal pode ver o rosto dela pelos olhos entreabertos, mas ela tem olhos lacrimosos que o olham com um tipo de espanto.

Como se ele acordar fosse um milagre divino.

Ele só pode tentar sorrir para ela, como uma forma de segurança, tudo o que ele quer dizer é que sentiu falta dela, mesmo que não de tudo, ele nunca poderia sentir falta de sua traição, nem de seu relacionamento controverso, mas ele sentiu falta da Leah que ele conheceu no que parece ser um anos atrás.

A garota que comia comida chinesa com ele em um sótão empoeirado e velho com apenas ele de companhia e a chuva batendo no teto de vidro.

É dessa garota que ele sente falta.

— Eu achei que você fosse morrer. — Leah diz, sua voz é seca e dura, ela parece zangada e tudo que Erick pode fazer é rir.

Não porque é engraçado, mas porque ele achou que fosse mesmo morrer, em pleno Texas, morto por caras que o espancaram até a morte com barras de alumínio tiradas de um velho portão enferrujado.

Ele não sabe o momento que começa a chorar, mas ele sabe que é um choro de criança - aqueles com soluços e lágrimas estrondosas e ranho -, mas é difícil respirar, o ar de seus pulmões parece comprimido e ele não pode respirar direito, tudo doí.

Leah está lá imediatamente, ela passa os braços finos sob seu tórax e o abraça o mais gentilmente que pode, sua garganta dói de soluços estrondosos e ele sente vontade de vomitar, seu estômago é revirado.

Ele não quer voltar, a vida no FBI não é mais a mesma, ele não tem mais Cindy e Carl em sua vida, eles não se aquecem mais nas noites frias de inverno, eles não compartilham mais natais nus com copos de vinho barato e pizza de pepperoni.

Ele tem Leah agora, e ele a ama, mesmo que de um jeito distorcido e sôfrego, mesmo que ela o traia e faça a parte ruim dele sair de sua pequena jaula, ele ainda ama.

Não mais Carl, não mais Cindy, não mais relacionamentos secretos e poliamorosos, apenas Leah.

Leah tem um som ressonante em sua caixa torácica quando ele pressiona o ouvido em seu peito, é o mais confortado que ele já esteve desde que ele terminou seu último relacionamento de longa data.

Mesmo que o mundo atual seja um borrão de cores e uma cacofonia de sons estressantes e traumas, tudo em preto e branco manchado ele ainda pode ouvir a voz de Leah, um pequeno ponto de luz em toda a escuridão que rodeia sua mente.

Ele sabe que se apegar assim a uma pessoa é mais maléfico que benéfico, mas é um alívio saber que Leah vai ficar aqui, que ele finalmente vai poder se esconder do mundo em sua pequena casa isolada na floresta.

Sua casa é seu porto seguro, ele sente que está protegido do mundo lá dentro.

O FBI não tem seu endereço atual, eles ainda acham que ele mora em um pequeno apartamento frio no Brooklyn comendo comida ruim e escutando reggae antigo.

— Quem morreu? — é tudo que ele pode perguntar, ele reza a um Deus que não acredita para que Carl e Cindy estejam bem, que eles possam enfrentar tudo isso juntos e superar, como eles sempre fizeram.

Leah tem um olhar em seus olhos.

O tipo de olhar que geralmente significa notícias ruins, então ele reza mais uma vez para o Deus que ele não acredita, ele reza para que eles estejam vivos, que eles estejam como ele, presos em uma cama de hospital com tubulações presas a eles e pensamentos ruins.

Mas que como todas as vezes eles voltem para casa, que eles ajudem a superar seus medos nas noites frias em que Leah foge de casa e volta na manhã seguinte, ele deseja que eles continuem a amizade frágil que eles têm, mas que mesmo assim era a melhor coisa de suas vidas.

— Querido... — o tom dela é de aviso, quase como se uma bomba estivesse prestes a ser jogada em seu colo, e ele sente que vai ser. — Não sobrou ninguém, você é o único restante.

Ele sabe que devia sentir alguma coisa, uma tristeza profunda, desespero, ou medo, mas ele não sente nada, é como se seus sentimentos fossem um buraco vazio no meio de seu peito.

— Como eles morreram? — ele pergunta, Leah balança a cabeça, os lábios comprimidos em desgosto. — Eu mereço saber. Por favor. — é sua cartada final, por algum motivo Leah não pode dizer não para ele.

— Carl e Cindy foram mortos por tiros e jogados em uma vala alguns metros antes da fronteira, Monique sumiu do mapa. — ele só pode imaginar a jovem hacker mais bem sucedida do FBI sendo apagada de toda existência física dos computadores. — Eles não conseguiram achar todas as partes de Lila.

Ele fecha os olhos e deixa o vazio o entorpecer por completo.

— Lila tinha três filhos. — ele finalmente diz. É como uma sentença dura e espessa. — Ela estava planejando adotar um cachorro, um Labrador, a filha dela, Jess, de três anos queria um.

Leah não diz nada, mas ele pode ver a dor em seu rosto, ele não consegue refleti-la, seu peito é um buraco vazio preenchido com nada.

Ele sente que poderia ficar com raiva, das pessoas que mataram sua equipe, que cortaram Lila em pedaços, mas tudo o que ele sente é vazio.

É tudo que ele pode lidar no momento.


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Notas finais do capítulo

Música: Riptide - Vance Joy.

Uma explicação básica: Porque o Erick aparece na TV?

Eu não sei se alguém aqui já assistiu Limitless, mas eu me inspirei no episódio onde eles tem que liberar imagens de agentes infiltrados pra salvar uma porrada de gente.

É basicamente isso, e eu sei q foi ruim da parte dos superiores ter liberado essas imagens sem avisar os próprios agentes, mas eu amo um draminha do bom e tive que matar outra porrada de pessoas hahahaha.

Espero que gostem, as coisas tendem a melhorar um pouco daqui pra frente (ou não, quem sabe)

Até terça-feira amiguinhos ♥



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