Wolf Heart escrita por Tessaro


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Wolf Heart é um projeto que eu comecei em 2017 e pude terminar somente esse ano, com uma conclusão muito melhor que da que eu previa.
Eu espero que vocês gostem do Erick como eu gosto dele, espero que vocês se emocionem com a história como eu me emocionei.

Eu pude (com a ajuda de uma super amiga) corrigir esses capítulos, então aproveitem essa belezinha.

Boa Leitura!



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Tudo que eu sou é um homem

Eu quero o mundo em minhas mãos

Eu odeio a praia

Mas eu permaneço na Califórnia com os meus pés na areia

Erick Black ficou em silêncio.

O sangue corria de seu joelho para o chão, sua calça ensopada do líquido vermelho, ele não sente dor quando observa o toco cortado onde sua perna deveria estar, suas pálpebras tremulam quando a porta do galpão se abre.

Ele ouve os tiros e vê o rosto doentiamente branco de Cindy Sinclair em sua frente.

— Erick. — ela grita, sua voz parece abafada, como se estivesse debaixo d'água. Ela pressiona as mãos em seu peito, sua caixa torácica faz um barulho antes de uma de suas costelas sair pela camisa preta.

oOo

— Você vai para reabilitação Erick. — seu chefe praticamente grasna, é a terceira vez essa semana que eles têm essa discussão. — Você precisa de terapia.

— Eu preciso trabalhar. — ele responde, no mesmo fogo.

— Mas você não pode. — seu chefe finalmente diz, as sobrancelhas grossas e brancas parecem pesadas. — Erick você é meu melhor agente, mas isso, isso é um trauma. — o velho homem levanta as mãos grandes antes que Erick possa responder, ele apenas suspira. — Você foi sequestrado e ficou três meses com uma gangue de tráfico humano, eu não sei que tipo de trauma você enfrentou Erick, mas isso não é saudável para a equipe. Você precisa disso, precisa colocar sua vida de volta nos eixos.

— Eu estou bem, sinceramente, eu posso ajudar a Monique a encontrar as pistas virtuais. — Erick implora, ele sinceramente não sabe o que vai fazer se seu chefe decidir que ele não vale mais a pena. — Eu nem preciso sair da delegacia... eu só não posso sair desse time Sr. — ele diz, por fim.

— Eu não vou te jogar fora Erick, mas você precisa de tempo. E fazem seis anos que você não pega férias. Está decidido. Nós entramos em contato com sua família e eles estão esperando recebê-lo em Washington esse final de semana. Seu terapeuta fica em Seattle.

— Eu não vou. — Erick finalmente diz, sua voz dura.

— Então não pode voltar para o FBI. É isso ou nada. — seu chefe finalmente diz.

oOo

A reserva indígena que Erick Black evitou toda sua infância, adolescência e parte da vida adulta como se contivesse a peste negra nos moradores é exatamente como ele pensava, pequena, chata e sem graça.

O quarto que ele fica na casa de Billy Black é pequeno, na verdade, Erick desconfia que era o sótão não que seja muito ruim, ele gosta da janela no telhado, para uma casa que parece um celeiro, o sótão é bom.

Sua cama é basicamente um colchão em cima de um pallet, e ele adora, de alguma forma o visual rústico e vazio do lugar o deixa confortável, as paredes precisam de uma pintura, e ele precisaria de um guarda roupas, se ele tivesse trazido mais que uma mochila de roupas.

Ele não reclama de nada, nem mesmo quando ele não pode subir as escadas do sótão sem quase cair, Billy está fazendo o que pode, mesmo que Erick odeia ficar aqui, ele tem que manter o ódio em silêncio.

É em uma segunda-feira de manhã que Erick tem contato real com humanos reais.

Ele odeia segundas, mas ele odeia ainda mais contato humano, é por isso, que ao escolher sua profissão, Erick preferiu os corpos mortos aos vivos, não que isso fosse algo bom, ele viu seu quinhão de cadáveres destroçados ao longo do tempo, alguns o fizera vomitar, outros o deixavam angustiados, mas o dilema é, corpos mortos não falam, e ele prefere pessoas quietas.

Três adolescentes e uma mulher estão na pequena cozinha da casa dos Black, eles são todos iguais, de pele avermelhada com cabelo preto grosso e curto, a mulher é outro caso, ela é bonita, com a pele pele avermelhada e cabelos channel, com os olhos mais bonitos e expressivos que ele já viu.

Ela levanta a sobrancelha para ele, como se pensasse que tipo de idiota ele era, ele não pode evitar o riso abafado que sai de sua garganta, ela encontra os olhos dele e congela por um momento, ele sorri, debochado, ela aperta os lábios e rosna para ele.

— Amanhã às sete? — ele levanta a sobrancelha quando pergunta, os outros três garotos parecem mortificados, como se a garota fosse pular nele a qualquer instante e rasgasse sua garganta.

— Não se atrase idiota. — ela praticamente rosna, antes de sair pela porta dos fundos como uma deusa.

— Quem é aquela? — ele pergunta, Billy apenas sorri, como se soubesse de algo que ele não sabe, seu rosto em branco quando responde.

— Leah, Leah Clearwater. — seu tio hesita por um momento. — Ela costuma cortar os homens da reserva ao meio, depois queimá-los. — ele acrescenta, com uma reflexão tardia.

— Talvez eu apenas tenha sorte. — ele termina o cereal antes de subir.

oOo

Ele conclui, olhando para o rosto bonito de Leah, que ela é uma tempestade em um dia quente de verão, ele tira o cabelo do rosto dela com delicadeza, observando seus olhos fechados e os lábios rosados de batom claro.

Ele suspira, colocando o braço embaixo da cabeça e fechando os olhos, ele tem terapia amanhã, a terapeuta do FBI vai ter um dia de campo ao desvendar seu relacionamento rápido e curto.

Ele se aconchega em baixo das cobertas, com o tronco virado para cima, ele não demora para dormir, seu sonhos são tumultuados, como sempre.

Ele vê, através de um vidro fosco, as memórias desbotadas de uma garota, os olhos dela são vidrados, molhados de lágrimas enquanto ela é aberta ao meio por um machado, sangue voa de todo lugar por toda parte, e ele não pode fazer nada.

Suas mãos tremem quando ele olha para ela, ele grita, grita e grita, apenas para acordar com um suspiro gelado, o teto que o saúda é de madeira rústica e marrom, ele treme quando observa o peito de Leah subir e descer ao seu lado.

Ele não pode fazer isso com ela.

É carga emocional demais, ele é de todo ruim para ela, ele suspira, quando levanta. Ele tem terapia hoje, e ele não sabe o que fazer, ele não sabe o que dizer, mas ele vai descobrir, quando chega lá.

oOo

— Como você está hoje Erick? — sua terapeuta, Dra. Anne Jorgins, psiquiatra aclamada pelo FBI pergunta, os cabelos pretos raiados de branco estão presos em um coque baixo, o suéter vermelho que ela usa ajuda a tirar a monotonia das cores pastéis do ambiente.

— Bem. — ele responde, sua cabeça parece um turbilhão de pensamentos, mas ao mesmo tempo é vazia, como uma folha de papel, ele não pode deixar de encostar a cabeça na poltrona confortável vermelha, Anne tem os lábios comprimidos, manchados de branco com a força com que ela os comprime.

— Não posso te ajudar se não quiser ajuda. — ela finalmente diz, como se esperasse que ele pulasse nela. — Isso está sendo inútil Erick, sou paga para escutar seus problemas, para ajudá-lo quando posso, mas não posso fazer isso se não me contar o que você pensa.

— Você já sabe tudo, leu meu arquivo. — ele responde, com força, porque ele quer quebrar, ele quer destruir alguma coisa, ele quer destruir esse escritório, destruir toda e qualquer coisa que essa mulher o mostra, no entanto, ele apenas aperta as mãos em punhos na cadeira.

— Sim, eu li tudo. — ela larga o bloco de anotações. — Eu sei tudo sobre você, desde o dia em que nasceu, até o dia que foi pego no tráfico humano, sei o que aconteceu lá porque eu li seus relatórios. Mas ler sobre algo é diferente de saber sobre algo. — ela passa as mãos cuidadosamente sobre os cabelos, o olhando com cautela.

— Eu conheci uma garota. — ele diz, depois que consegue controlar o monstro furioso que existe dentro dele em uma jaula.

A mulher apenas suspira, não é o que ela quer ouvir, mas nada aqui é sobre ela, é tudo sobre ele, ele pode falar do que quiser, e nesse momento, Leah parece o ponto central da confusão em sua mente.

— Como ela é? — ela diz, depois que ele não elabora uma resposta confiável.

— Bonita, forte, espirituosa. — ele diz depois de um momento, porque, ele conhece Leah a apenas alguns dias, mas ela é incrível, e ele não tem palavras para descrevê-la. — Ela me deixa excitado, como se eu tivesse doze anos e descobrisse punheta. — ele diz, porque é como ela faz ele se sentir. — Nós transamos. — ele coloca para fora o que o incomoda, e ele não sabe o porque.

— Você se sentiu desconfortável? — é a primeira pergunta que ela lhe faz.

— Não.

— Coisas como essa. — ela cruza as mãos, falando com calma e paciência controlada. — Relacionamentos, depois de um trauma, são difíceis de se manter, você pulou todos os passos possíveis do seu relacionamento com ela, minha recomendação é. — ela o olha, seriamente, por cima dos óculos de aro quadrado. — Vá devagar, você foi traumatizado Erick, traumas como o seu não se curam da noite para o dia, comece lentamente, às vezes, é tudo sobre o conforto humano que ela lhe dá, as vezes, é apenas sua mente te pregado peças, vá com calma.

Ele assente, e fica sentado o resto da seção, olhando uma mancha de água no canto da parede, sua mente voando em pensamentos, estratégias de batalha e antigos casos que ele e sua equipe resolveram.

oOo

Leah está sentada na varanda da casa de Billy quando ele estaciona o carro, ela olha diretamente para ele, ele abre a porta do carro e desce, ele se sente num torpor induzido, é quase como se tudo fosse um borrão escuro de vida que passa rapidamente por seus olhos, nada faz muito sentido em sua percepção limitada.

— Eu trouxe comida. — ele murmura, ele não é bom em interação humana, mas ele é bom em comer e ficar calado em todos os momentos, é isso que o movimenta.

A comida italiana que ele comprou ainda está quente no momento em que eles sobem para o quarto, os dois dividem uma caixa tamanho família, recheada de comida, eles comem em silêncio, o único som sendo suas mandíbulas trabalhando, a respiração pesada de Leah e sua própria quietude no meio ao barulho natural.

A caixa de comida fica jogada em um canto quando eles se deitam na cama, olhando pela pequena janela do teto a chuva torrencial que cai lá fora, ele enrola ele e Leah em uma coberta grossa, ela cantarola em apreciação, não fazendo mais um som até que sua respiração se estabilize.

Eles mantém essa rotina por tempo suficiente, tanto tempo que em algum momento, Erick tem certeza que passou a amá-la.

Ele pede sua aposentadoria na outra semana.


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Notas finais do capítulo

A música do capítulo é Sweater Weather do The Neighbourhood

Uma explicação dessa última frase, lembrem que ele tem um trauma, a Leah foi uma das únicas mulheres que se interessou nele, isso foi uma decisão precipitada e feita no calor do momento, tanto que no próximo capítulo ele se arrepende de ter saído do FBI.

Então, essa é uma nova fic que eu fiz com a Leah - até pq eu amo a moça -, essa fic tem um total de 10 capítulos, eu vou postar um a cada terça-feira até eles acabarem.

Então é isso, espero que gostem do Erick como eu gosto dele ♥.



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