Memórias de Um Anjo escrita por Kurt


Capítulo 2
Capítulo 2




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            Era fim da tarde. Os últimos raios de luz do dia refletiam naquela região, e o silêncio era terno. O jovem Bruce acordava de seu pesadelo quase eterno. Sofrera há oito anos pela morte de seus pais, e agora de seus tios. Não tinha mais família. Não tinha mais passado.

            Levantando-se do duro chão de asfalto, abrindo os olhos, observou ao seu redor, procurando saber onde estava. Correra exaustivamente, agora parecia perdido. Em sua volta, poucas casas, a maioria delas muito antiga, e todas abandonadas. Mas algo o fez tremer.

            Um grande sobrado erguia-se atrás dele, que fazia parte de um passado distante. Ali já fora, há anos e anos, uma bonita e alegre pensão, que os donos... Eram os pais de Bruce, e onde morara o pequeno garotinho. O que restara de suas vagas lembranças.

O portão enferrujado pendia aberto em frente ao casarão. O clima era amedrontador, mas Bruce sentia uma forte emoção ao retornar àquele lugar. Depois do assassinato de seus pais, correu o boato de que aquele casarão era amaldiçoado por fantasmas.

Bruce sentia frio e medo. Depois da morte de seus entes queridos, a pensão fora fechada, e pouco a pouco os moradores da pensão e os vizinhos abandonaram o local e seus arredores. Morar ali perto era sinistro.

O jovem andava a passadas lentas, enquanto o sol se punha no horizonte, e ia adentrando aos poucos na casa abandonada.

A porta principal rangeu levemente ao abrir e fechar. Então, Bruce perdia a realidade, e, como se entrando num sonho, por um momento pensou ter oito anos e ver-se num passado que lhe parecia estranho e longe. Aos poucos foi se lembrando de cada lugar e de cada pedaço do agora medonho local.

Do hall de entrada, por um instante, viu uma tenra luz celestial branca brilhar no pavimento superior. Curioso, foi à procura da luz misteriosa.

No segundo andar do casarão, havia os quartos dos moradores, ainda mobiliados como há vários anos, todos empoeirados. O ar era denso e pesado.

Lá fora, a escuridão já era quase completa. O céu, todo estrelado, estava sem nuvens. Bruce caminhava em meio aos corredores frios, com muitas lembranças daquele lugar que hoje estava a ruir O rapaz, em meio às suas memórias distantes, ia passando por uma porta semi-aberta de madeira, quando dela uma forte luz brilhou. Um pouco amedrontado, não sabia se abria ou não a porta.

“O que é isso, Bruce? Medo de escuro, agora?”, dizia a si mesmo, enchendo-se de coragem abrindo a porta.

Parecia mais como outro quarto qualquer daquele casarão: uma cama, um criado-mudo, alguns quadros e uma escrivaninha. Mas os olhos de Bruce correram rapidamente pelo cômodo, e uma fraca luz brilhou momentaneamente vinda de uma gaveta entreaberta do criado-mudo. Aflito, mas ao mesmo tempo curioso, abriu a pequena gaveta de madeira, e pegou de dentro dela um velho livro, de capa surrada e páginas amareladas pelo tempo. Aquele artefato o fez espirrar várias vezes, em um acesso alérgico. Antes de abrir e começar a ler aquele livro, resolveu procurar uma caixa de fósforos e algumas velas na cozinha. Ao descer as escadas, olhos pelas janelas e ouviu um barulho: nuvens começavam a se formar lá fora, e trovões já rasgavam os céus.

“De que preciso me preocupar? Não tenho horário para voltar”, pensou consigo mesmo, deixando escapar algumas lágrimas.

Encontrar as velas e a caixa de fósforos até que fora fácil, ajudado pelas lembranças, como se estivesse vivendo ali aos seus oito anos de idade.

Na sala de jantar, Bruce posicionou as velas, agora acesas, ao seu redor, de modo a iluminarem aquele livro.

Sentou-se confortavelmente em uma cadeira, após retirar o pó com as mãos, e abriu o misterioso livro. Era uma série de manuscritos, com datas no topo das páginas frágeis.

“Um diário?!”. Sim, era um diário.


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