Memórias de Um Anjo escrita por Kurt


Capítulo 3
Capítulo 3




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O diário estava sem o nome do autor, e as primeiras painas estavam todas manchadas de gordura e algumas rasgadas. Bruce folheou com cuidado, até encontrar o primeiro dia legível.

“Segunda-feira, 23 de dezembro de 2002.

Às vésperas do Natal, a pensão estava agitada com os preparativos. O casal do quarto 2, que sempre esqueço os nomes, está ajudando a Sra. Bucker na decoração, alguns moradores daqui e alguns poucos da vizinhança estão ajudando o Sr. Bucker nas instalações elétricas para iluminar o casarão no Natal. A Sra. Donnald, do quarto 9, está ajudando no jardim, onde passa horas cuidando das plantas e flores...”

Bruce, então, teve um sobressalto. “Bucker, Bucker, Bucker...”. E então, descobriu: eram seus pais! Seu nome, aliás, era Bruce Bucker! Estava no caminho certo, mas no caminho de que?

“Mas alguém não está me deixando em paz, nem por um minuto:” – e tremeu ao ver o nome – “o garotinho Bruce!”. Ele em pessoa, como poderia esquecer? Ele também fazia parte dessa história.

“Passo horas com ele, para que não atrapalhe os outros, como no Natal passado, ao que ouvi dizer.”

O problema era que Bruce não conseguia se lembrar quem era o sujeito, por mais que conseguisse se lembrar de todas as pessoas citadas até então.

“E entrou hoje, no quarto 13, um homem estranho. Parecia que já conhecia os Srs. Bucker, e ele não mostrava o rosto, coberto pelo chapéu. Foi para o seu quarto apenas com uma mala média. Vou ficar atento a ele.

 

Boa noite, diário!

Sr. Galbe.”

- Ora, ora, ora! É o Sr. Billy Galbe! – Gritou Bruce, lembrando-se do autor do diário.

Lá fora já chovia muito. Bruce esticou os braços, sonolento, quando o relógio da casa badalou oito vezes. Oito horas. Noite em profundo pesar.

Coincidência ou não, Bruce encontrou no chão, ao lado de sua cadeira, um jornal local, datado de 2002. Era de dezembro. A matéria da capa intitulava-se por “O mistério dos Bucker solucionado”. Chocado, Bruce leu na maior pressa possível. A matéria informava aos leitores sobre o assassinato do casal Bucker, desde o que ocorrera, e – Bruce estremeceu – o culpado. Havia uma releitura da “cena do crime”, explicando o que ocorrera no dia. Dizia que o casal havia sido assassinado na escada, e que, pego com o revólver na mão, e um outro homem desconhecido, também assassinado, o culpado era... Billy Galbe! O acusado fora condenado à morte.

Bruce estava em choque. Billy era adulto naquela época, mas, durante a infância do rapaz, ele havia sido o seu melhor amigo. E agora, descobria que ele matara seus pais. Por quê?

Instintivamente, prosseguiu a leitura do diário.

“Terça-feira, 24 de dezembro de 2002.

Hoje foi mais um dia agitado. Os preparativos já estão sendo finalizados, e logo mais devem chegar os primeiros convidados. O pequeno Bruce não para quieto, claro! De manhã, corria pela casa gritando e dando susto nos hóspedes sonolentos. E, após o almoço, quando o levei ao jardim, ele me bombardeou de perguntas como “por que separado é tudo junto e tudo junto é separado?”, ou até mesmo “por que os Flinstones comemoravam o Natal se eles viviam numa época antes do Papai Noel?”. Bem inteligente, ele!

O sujeito estranho que chegou ontem à noite está hospedado no último quarto do corredor, no segundo andar, o 13. Ele só fala com o Sr. Bucker, o que me deixa suspeitas. O que pude notar é que sempre que conversam, falam baixo e mantêm-se afastados...”

E então, seguia-se uma mancha de tinta no papel.

Daquele ponto em diante, não havia nada. Vazio.

E, nesse clima, Bruce adormeceu.


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Notas finais do capítulo

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