Christmas Week 2: Olicity Version escrita por Ciin Smoak, Regina Rhodes Merlyn, Buhh Smoak, Thaís Romes, Ellen Freitas, SweetBegonia, MylleC


Capítulo 5
A kiss At Midnight - Ciin Smoak


Notas iniciais do capítulo

Oi xuxuuuuuus!!!!!

Olha quem tá aqui hoje, isso mesmo a Chefa do Projeto (como diz a Ellen) kkkkkkkkkkkkk...

Primeiramente eu queria agradecer a todas que estão acompanhando, comentando, favoritando e quero já agradecer também a todas as nossas leitoras que ainda não tiveram a oportunidade de ler por estarem muito ocupadas no trabalho, etc, mas que eu sei que logo vão estar aqui conosco.

Esse projeto é muito importante pra todas nós autoras e estamos mais do que felizes com a resposta que estamos tendo meus amores!

Eu confesso que estou nervosa já que hoje é o meu dia, mas espero do fundo do coração que vocês amem ler essa one assim como eu amei escreve-la, assim como na do ano passado, nessa história eu tentei passar todo o meu amor pelo natal e tudo o que ele significa pra mim!

Então é isso, boa leitura!!!!!!



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14 de novembro de 2001

Eu me orgulhava de ser uma criança muito inteligente pra minha idade!

Sabia desmontar o liquidificador da minha mãe e montar de novo rapidinho e ele sempre funcionava.

Eu sempre fazia perguntas que as vezes deixavam os professores sem saber o que dizerem, mas hoje eu estava muito curiosa depois de ter visto um filme com a minha mãe ontem e decidi perguntar pra professora Martha sobre a minha dúvida, mas tudo o que ela fez foi rir baixinho e dizer que eu era muito nova pra saber.

EU JÁ TINHA 9 ANOS!

Aquilo havia me deixado muito irritada, mas eu sabia que a minha avó responderia a pergunta pra mim, Elizabeth Smoak era a melhor avó do mundo, ela sempre me dava biscoitos de chocolate quentinhos e abraços apertados.

Ah, e sempre me contava histórias também!

E não histórias bobas como das princesas ou algo do tipo, não, ela me contava histórias de verdade, dizia que eram pra me ajudar a me preparar pro mundo que eu enfrentaria quando crescesse.

—Vovó, como a gente sabe quando ama alguém? –Minha avó estava fazendo biscoitos, mas levantou a cabeça assim que ouviu a pergunta e largou a massa em cima da mesa antes de vir se sentar ao meu lado.

—Por que você quer saber sobre isso minha pequena Einstein? –Olhei pra ela por alguns segundos e só quando vi que ela realmente estava levando a minha pergunta a sério é que decidi falar.

—É que eu vi um filme com a minha mãe ontem e tem uma hora em que a moça fala que quando você estiver amando uma pessoa simplesmente vai saber, mas não pode ser assim, quer dizer, eu preciso saber o que vou sentir, por que se não como eu vou saber que estou amando? Essa coisa de simplesmente saber de algo é idiotice! ­

Vovó gargalhou alto nesse momento e eu cruzei os braços, não era possível que ela também iria rir e falar que eu era muito nova!

—Qualquer pessoa acharia isso lindo, suspiraria e seguiria em frente, mas não você, você não pode deixar nada em aberto não é meu amor? Sempre precisa saber todas as respostas, é isso que torna você tão especial! –Sorri assim que ela acariciou a minha bochecha e me puxou pro colo dela. –Acho que cada um explicaria o amor de um jeito, mas o que eu posso te falar com toda a certeza é que o amor é lindo, é um sentimento que faz você se sentir bem, que faz você passar por cima dos pequenos defeitos, que te fez acordar com um sorriso no rosto só por saber que aquela pessoa existe.

Ela olhou pra mim e eu balancei a cabeça pra que ela continuasse falando, porque aquilo não podia ser tudo, eu precisava saber mais.

—Você vai saber que está amando alguém quando encontrar uma pessoa que seja o seu primeiro pensamento ao acordar e o seu último ao ir dormir! Essa pessoa vai te fazer rir, vai te fazer suspirar, você vai sentir um frio na barriga sempre que estiver perto dela e principalmente, você vai querer vê-la sempre feliz, mesmo que pra isso você precise sacrificar a sua própria felicidade!

Fiquei quietinha por alguns minutos e então dei um beijo no rosto dela e a abracei com toda a força que os meus braços permitiam. Eu sabia que podia contar com a vovó, ela era a melhor de todas.

Agora eu saberia quando estivesse amando alguém e já que eu iria saber, não corria o risco de errar!

...

24 de Dezembro de 2019

Eu havia errado feio!

Limpei as lágrimas do meu rosto e coloquei a foto da vovó em cima da prateleira, ela havia morrido há nove meses atrás e desde então tudo o que eu fazia era sentir falta dela.

Nós tínhamos aquela conexão especial e desde que ela havia partido, eu me sentia quebrada, vazia!

O que mais doía era pensar que ela morreu sabendo que eu não estava feliz, afundando em um relacionamento de merda, o problema é que na época eu não percebia isso, eu achava que minha relação com o Cooper era perfeita. Ele sempre segurava a minha mão, puxava a cadeira pra mim, ria das minhas piadas, acariciava o meu rosto e me fazia sorrir, fora o sexo, não era “nossa, meu Deus do céu, que loucura!”, mas era bom.

Eu achei que havia tirado a sorte grande no dia em que ele me pediu em casamento, mas se eu tivesse sido mais esperta teria percebido que a minha avó havia saído da sala naquele momento, como se fosse muito difícil pra ela olhar aquela cena.

Aos nove anos de idade eu tinha certeza de que depois da explicação da minha avó eu estaria pronta pra escolher o cara certo...Só que aos vinte e cinco anos eu escolhi o cara errado!

Minha avó morreu e eu fiquei tão devastada que simplesmente não percebi todos os sinais que foram jogados na minha cara, meses depois a coisa toda só foi jogada no ventilador quando eu vi o meu noivo com a cabeça no meio das pernas da secretária.

Que original!

Se já não bastasse a humilhação que eu senti quando vi aquela cena, ainda tive que suportar todos os comentários depois. Cooper era conhecido por ser filho de um acionista de uma grande empresa de tecnologia, então muita gente sabia do nosso noivado.

Eu tive que escutar comentários de “poxa ele é um babaca” até “você merece coisa melhor, ele não vale nada”, o problema é que quando eu virava as costas também escutava os ruídos de “eu sabia que ela não era boa o suficiente pra ele” e “ela achou mesmo que aquele pedaço de mal caminho ficaria com alguém como ela?”.

Passei os últimos dois meses aguentando os comentários de piedade e as piadinhas também, aguentei tudo de cabeça erguida, mas a situação estava tão desconfortável, eu estava tão saturada e tudo estava tão bagunçado na minha mente que quando Robert Queen, um bilionário de Starling City me convidou para gerenciar o setor de TI da empresa dele, eu aceitei de cara e arrumei as minhas malas.

Saí de Nova York rumo a Starling com uma certeza, eu tentaria de tudo pra recomeçar aqui, mesmo que ainda estivesse me sentindo muito amarga pela situação atual da minha vida.

Eu sabia que deveria esperar as festas de final de ano passarem, afinal eu só começaria a trabalhar no dia 2 de janeiro, mas eu não podia esperar, eu precisava fazer alguma coisa com a minha vida, não podia mais ficar parada, só vendo tudo passar pelos meus olhos.

Além do mais, não havia problema nenhum. Eu havia vindo pra cá no começo do mês para arrumar a minha documentação na empresa e arrumar um apartamento, mobília-lo, etc. Agora estava tudo praticamente pronto e em duas horas eu estaria entrando em um avião para Nova York para passar o natal e o ano novo com os meus pais e deixar a minha mãe feliz.

Tudo estava seguindo conforme o planejado!

Eu não queria comemorar o natal, não queria mesmo, mas por outro lado, eu queria ver a minha mãe, abraça-la e queria me sentar no colo do meu pai como se ainda fosse uma criança, porque quando ele acariciava os meus cabelos eu tinha certeza de que ele me protegeria da dor pra sempre.

Respirei fundo e me olhei no espelho uma última vez antes de pegar a minha bolsa e uma mala pequena, eu tinha sorte por ainda ter muitas coisas na casa da minha mãe ou teria que ficar levando malas gigantes.

Eu não tinha paciência pra arrumar malas!

Me preparei para sair do apartamento, mas parei com a mão na maçaneta assim que ouvi o meu telefone tocar.

Deixei a mala de lado e tateei a bolsa até achar o aparelho, não reconheci o número, mas entendi mesmo assim.

Alô, eu falo com Felicity Smoak?—A voz do outro lado era de uma mulher e parecia tão monótona, como se ela estivesse acostumada a fazer o mesmo discurso diversas vezes.

—Sim, sou eu!

Bom dia, eu sou funcionária da Sky Airlines e estou ligando para informar que infelizmente uma tempestade de neve acabou chegando até as proximidades de Starling City e devido a isso e ao risco à segurança dos passageiros, os voos pelas próximas 24 horas foram cancelados.

Se eu fechasse os meus olhos com força, talvez tudo isso estivesse normal quando eu os abrisse de novo, porque essa merda só podia ser um pesadelo!

Corri até a janela e observei o céu, estava um pouco mais escuro que o normal, mas nada de tempestade de neve.

—Por que então o céu tá normal? Por acaso essa tempestade escolheu não me atingir? –Eu estava nervosa e tinha plena consciência de que a atendente do outro lado não tinha culpa disso, mas as coisas na minha vida estavam de mal a pior e agora isso?

Por que eu precisava ter reservado um voo pra véspera de natal? Se eu tivesse ido ontem nada disso estaria acontecendo!

Como eu disse senhorita, a tempestade está atingindo os arredores da cidade, principalmente o lado noroeste que é justamente onde ficam as pistas de pouso e decolagem do nosso aeroporto, seria arriscado demais viajar com esse tempo.

—Eu vou ligar pra outras companhias! –Eu estava sendo ridícula, mas minha boca simplesmente deixou essa escapar antes que eu pudesse me controlar.

Senhorita, é uma tempestade de neve, ela está atingindo a região inteira e não só os nossos aviões, todas as companhias cancelaram os voos. –Tudo bem, eu mereci essa! –Mas eu posso lhe oferecer um voo pra amanhã de manhã, as 8:00 horas. A previsão é que a tempestade tenha se normalizado até o começo da manhã de amanhã, liberando assim as companhias para voltarem a atuar.

—Tudo bem, amanhã eu estarei aí, pode confirmar o meu assento, obrigada!

Obrigada, tenha um bom dia!

Deixei o celular cair no carpete com um suspiro e me deitei ali mesmo. Eu era uma boa pessoa, quer dizer, eu não era perfeita, ninguém era, mas eu era uma boa pessoa, então por que diabos estava tudo dando errado pra mim?

Talvez eu merecesse, afinal eu havia dito que não queria comemorar o natal, eu havia brincado com o destino e agora ele estava cuspindo na minha cara, mas quem poderia me culpar?

O natal era a data favorita da minha avó e com o tempo havia se tornado a minha também, mas aí ela morreu e tudo perdeu a graça pra mim. Eu não queria parecer ingrata, eu sabia que tinha muita sorte por ainda ter a minha mãe e o meu pai, meus amigos, mas não era a mesma coisa.

A maioria das pessoas enxergavam o natal de uma mesma maneira, presentes, árvores, suéteres, perus e biscoitos de gengibre, mas eu e minha avó enxergávamos a data de uma maneira bem especial, isso fazia com que amássemos ainda mais o natal, mas agora ela não estava mais aqui e eu havia passado os últimos nove meses tentando fingir que ela não tinha morrido, que tudo não era uma grande tragédia, que ela apenas havia ido viajar, mas agora, na véspera da nossa data favorita do mundo todo, eu não sabia como sequer pronunciar a palavra Natal sem sentir no fundo da minha alma que aquele era o primeiro natal em que ela não estaria comigo e que seria assim pelo resto da minha vida.

Talvez eu simplesmente devesse esquecer a existência do natal, eu poderia ficar em casa tomando chocolate quente e vendo filmes de terror, então amanhã eu pegaria o voo e só chegaria a Nova York no tardar da noite, quase no fim do dia do papai noel.

Mandei uma mensagem pro meu pai explicando a situação e ele mandou apenas um “ok”, ele me conhecia o suficiente pra saber que eu estava mandando uma mensagem pra ele e não pra mamãe porque eu sabia que ele entenderia, se eu falasse com a minha mãe ela provavelmente já estaria me ligando e se eu escutasse a voz de qualquer um dos dois eu tinha certeza de que começaria a chorar.

Fiquei ali deitada no carpete durante muito tempo e só decidi levantar quando minha barriga começou a protestar de fome. Me ergui com um grunhido e simplesmente deixei a minha mala e a bolsa de mão ali num cantinho, elas já estavam prontas mesmo então amanhã de manhã eu só precisaria pega-las e sair do apartamento.

Caminhei até a cozinha e coloquei uma lasanha no micro ondas, era a única coisa que ainda tinha no apartamento e eu sabia que iria precisar sair pra comprar alguma coisa, afinal, eu não poderia ficar só com essa lasanha no estômago até amanhã.

Decidi ignorar essa questão por enquanto e simplesmente me concentrei em comer assim que a lasanha ficou pronta, então após tudo isso, subi as escadas e fui pro meu quarto, liguei a TV e coloquei no primeiro filme de terror que encontrei (o que foi difícil de achar, porque todos os canais estavam passando algo relacionado ao natal).

Talvez os gritos da mocinha na tela me distraíssem, afinal, nada como um filme de terror pra te deixar vidrado na tela.

...

EU DORMI NO MEIO DO FILME!

Como alguém dorme assistindo um filme de terror? Quer dizer, como diabos eu consegui essa proeza?

Só me dei conta de que havia pegado no sono quando acordei com a cara toda amassada e ao olhar pela janela percebi que estava quase anoitecendo.

Eu havia dormido quase o dia inteiro!

Ao me dar conta de que já estava quase anoitecendo, corri até a janela e respirei aliviada quando vi que o mercadinho que ficava na esquina ainda estava aberto, eu tinha sorte de ainda estar assim, afinal, era provável que praticamente tudo na cidade já estivesse fechando, porque todo mundo queria comemorar o natal.

Bom, quase todo mundo!

Calcei os meus tênis e coloquei um moletom por cima da roupa de qualquer jeito, em seguida corri pra porta do apartamento, afinal, eu tinha certeza de que a minha sorte não duraria muito tempo.

Fechei a porta com um baque surdo e me segurei para não correr até o elevador quando percebi que eu não estava sozinha.

A porta do último apartamento do corredor estava aberta e lá estavam a minha vizinha (acho que o nome dela é Caitlin) e um homem loiro mais parecido com um Deus grego conversando, eu até poderia correr até o elevador, mas eu mal havia me mudado e não queria já ficar conhecida como a vizinha louca.

Eles já pensariam isso de mim quando me ouvissem jogando videogame!

Parei em frente ao elevador e apertei o botão, em seguida fiquei batendo o pé no chão, esperando a porcaria da lata de sardinha subir do térreo até o decimo quarto andar.

—Oliver, você sabe que precisa ir, nem que seja um pouquinho!

—Não, eu não preciso! Tudo o que eu preciso é que você me entregue essa caixa pra eu poder leva-la pro Tommy e sumir logo em seguida!

Eu não queria estar escutando a conversa alheia, mas qual é? Eles estavam praticamente do meu lado, era quase que impossível não escutar!

—Por que você precisa ser tão teimoso? Quer dizer, não é nada demais, sua mãe só quer que você conheça algumas pessoas.

—Não diga “pessoas” como se fosse normal, ela quer que eu conheça a minha noiva, porque segundo ela, assim que eu olhar pra alguma das mulheres que ela me apresentar, eu vou me apaixonar loucamente e querer ter filhos imediatamente. —Ele fez uma pausa e eu me segurei para não olhar pra trás. –E não adianta falar que ela só está fazendo isso porque não quer me ver triste ou sozinho, ou até mesmo por causa da história com a Laurel, ok? Apenas me entrega a caixa mulher, antes que o seu noivo, mais conhecido como meu melhor amigo e nesse momento, álibi, desista de me acobertar!

Escutei a tal Caitlin bufar baixinho e ri com isso, o cara tinha pinta de ser aquele tipo que sempre conseguia o que queria!

Por que o elevador não chegava logo?

—Eu não vou mais discutir com você, mas pega leve com ela, tá legal?

—MAS MEU DEUS DO CÉU, O MERCADO VAI FECHAR DESSE JEITO! CADÊ ESSA PORCARIA DE ELEVADOR? –Coloquei uma mão na boca assim que percebi o silêncio do outro lado do corredor.

Droga de boca sem filtro!

—Com licença, é Felicity, não é? –Coloquei a minha melhor cara de paisagem e me virei pra garota e por algum motivo eu simplesmente evitei olhar pro amigo dela. –Esse elevador aí está com defeito, ele estragou há dois dias, desde então estamos usando o elevador de serviço!

Assenti com um sorriso e olhei pro elevador, como diabos eu não tinha visto a placa que dizia “MANUTENÇÃO”? Ah é, é porque eu estava distraída escutando a conversa alheia.

—Nossa, é mesmo? Eu não saí de casa esses dias, mas obrigada por me avisar, Caitlin, não é? –Ela assentiu rapidamente com um sorriso no rosto e eu senti o calor chegando as minhas bochechas.

Por que eu tinha que me envergonhar desse jeito?

Antes que eu pudesse falar mais alguma coisa, caminhei na direção do elevador do serviço e fiquei apertando o botão como uma louca até que as portas se abriram e eu entrei como um raio.

Estava quase respirando aliviada por finalmente estar sozinha, quando uma mão impediu as portas do elevador de se fecharem.

Por que Deus?

O deus grego amigo da tal Caitlin entrou no elevador com um sorriso no rosto e apertou o botão do térreo e assim que as portas se fecharam, ele voltou os olhos pra mim.

—Desculpe, mas você não se importa de dividir o elevador, né? –Eu olhei na direção dele, pois pareceria uma maluca se continuasse de cabeça abaixada.

—Não, até porque o elevador é público, quer dizer, não é público, é privado porque é o elevador de um prédio residencial e como o prédio não pertence ao governo... –Percebi que ele estava se segurando para não rir e tive vontade de enfiar a minha cabeça em um buraco. –Acho que você já entendeu!

Ele se limitou a assentir e voltei os olhos pro monitor que estava na parede do elevador, por que essa porcaria não descia mais rápido? Fiquei em silêncio, torcendo pra ele não falar comigo e respirei aliviada assim que vi que já estávamos no segundo andar.

Em poucos segundos eu iria sair dali e...

—MAS QUE PORRA? –O elevador parou de uma só vez e eu praticamente caí em cima do homem ao meu lado, ele me segurou com força para que eu não me machucasse e eu agradeci por isso. –Obrigada!

—Não tem de que! –Ele abriu um sorriso que me fez ficar sem fôlego, mas antes que eu pudesse falar alguma coisa ou me afastar dele, as luzes do elevador se apagaram e em seguida uma única luz de emergência se acendeu no teto daquela droga de caixa de metal defeituosa.

—Que ótimo, ficar presa no elevador era tudo o que eu precisava! –Me afastei do loiro rapidamente e fui pro outro lado do elevador, por que isso tinha que acontecer comigo?

—Pela minha experiência, eu posso dizer que muitas mulheres ficariam felizes por estarem presas em um elevador comigo! –Olhei pra ele de forma totalmente embasbacada, mas parei no momento em que percebi que ele não estava sendo arrogante, simplesmente estava tentando me distrair pra que eu pudesse me acalmar.

—Bom, logo se vê que você não tem nenhuma experiência com Felicitys! –Ele riu baixinho e logo estendeu a mão pra mim.

—Acho que não tenho mesmo, senhorita Felicity que não sabia que o elevador estava quebrado! –Foi impossível não sorrir diante daquilo, apertei a mão dele com leveza e posso dizer que o toque dele enviou uma corrente elétrica pelo meu corpo.

—É um prazer conhece-lo, senhor Oliver que não quer uma noiva arranjada pela mãe! –Ele arqueou a sobrancelha naquele mesmo momento e eu percebi o que havia falado. Agradeci aos céus por somente a luz de emergência estar ligada, porque assim não daria pra ver o meu rosto vermelho. –Desculpe ter escutado a conversa de vocês, mas foi meio que impossível não ouvir porque vocês estavam falando alto, então...

Ele assentiu com um sorriso e então apertou o botão de emergência do elevador, me estapeei mentalmente por não ter me lembrado disso e em seguida me sentei no chão mesmo.

Oliver logo imitou os meus movimentos e colocou a caixa ao seu lado antes de cruzar as pernas assim como eu.

—Graças a Deus que ninguém aqui é claustrofóbico ou nós estaríamos em um sério problema, quer dizer, você não é claustrofóbico, né? –Ele negou com um sorriso e tudo o que eu consegui fazer foi sorrir de volta.

Meu Deus, que esse homem não me ache muito louca!

—Você disse antes de entrar no elevador que estava indo ao mercado, o que aconteceu? Deixou pra fazer a ceia na última hora? Acho que agora já não vai dar tempo de preparar tudo! –Ele dizia tudo com um sorriso no rosto e eu estava começando a me sentir desconfortável.

Quer dizer, ele era lindo, mas a sensação dentro de mim não tinha nada a ver com a beleza dele, era outra coisa, algo a mais.

Eu não fazia a mínima ideia do que estava acontecendo comigo!

—Eu não vou fazer uma ceia, tudo o que eu vou fazer é comprar ingredientes pra fazer um macarrão com queijo, eu vou passar o natal sozinha aqui porque ao que parece, tem uma tempestade de neve ao redor da cidade e os voos foram cancelados. –Ele me olhou com os olhos piedosos e eu não gostei disso, nem um pouco, então logo tratei de contornar a situação. –Mas tá tudo bem, os voos já vão estar liberados amanhã de manhã, além do mais, eu nem queria comemorar o natal mesmo, de certa forma é até um alívio fugir da árvore, dos presentes e de todo o resto.

A minha última fala pareceu deixa-lo curioso e ele logo se sentou ao meu lado, como se a proximidade fosse importante, eu apenas dei espaço pra ele e me surpreendi quando percebi que o meu coração estava palpitando no peito.

—Por que você não quer comemorar o natal? Faz parte do grupo de pessoas que não gostam da data? –Encolhi os ombros e suspirei baixinho, uma imagem da minha avó passou pela minha cabeça rapidamente.

—Mais ou menos isso! –Ele me olhou por longos segundos e por um instante eu senti uma espécie de conexão com aquele homem.

—Por que será que eu estou sentindo que existe uma história por trás disso? –Dessa vez fui eu que olhei pra ele por longos segundos, dividida entre contar ou não a minha história, porque ele ainda era um estranho, no final das contas. Oliver pareceu perceber a batalha dentro de mim, pois logo piscou e abriu um sorriso. –Bom, se você me contar a sua história, eu te conto a minha e aí não seremos mais estranhos.

Ele estava dizendo que queria me conhecer ou era impressão minha?

—A minha avó morreu há uns meses e o natal era uma coisa que sempre fazíamos juntas, era a nossa data favorita, era a nossa coisa especial. Agora tudo parece meio sem sentido e eu fico tentando agir como se estivesse tudo bem, como se não fosse uma tragédia ter perdido a minha avó pro câncer, mas a verdade é que eu prefiro ignorar a data do que ter que admitir pra mim mesma que nunca mais vou vê-la. –Ele me olhou rapidamente e eu percebi que meus olhos estavam cheios de lágrimas não derramadas. –Ah, e eu não posso me esquecer do fato de que o meu noivo me traiu com a secretária e eu precisei me mudar de cidade porque não aguentava mais as piadinhas e os olhares de pena!

Respirei fundo, me sentindo realmente melhor depois de colocar tudo pra fora em voz alta pela primeira vez. Por que parecia ser mais fácil falar com um estranho do que com a nossa própria família?

Quando finalmente consegui voltar os meus pensamentos para o momento atual, percebi que Oliver estava com os olhos fechados. Eu achei que ele me daria palavras de conforto ou algo que a etiqueta te mandava dizer quando alguém estava triste, mas tudo o que ele disse foi:

—Meus pais vivem um casamento de aparências e parecem não perceber o quanto isso afeta os filhos deles. Minha irmã é a que mais sofre com toda essa situação e eu só posso ficar ali vendo acontecer. –Ele abriu os olhos e de repente eu fui engolida por aquela imensidão azul. –Meus pais são pais incríveis quando estão separados, mas juntos se transformam em um desastre total.

Eu percebi que a situação o afetava um pouco mais do que ele queria deixar transparecer, então encostei o meu ombro no dele, em uma forma de tentar conforta-lo.

—Isso é uma droga, eu sinto muito por você e pela sua irmã! –Ele assentiu com um sorriso e logo senti ele apoiando o corpo contra o meu.

—E eu sinto muito pela sua avó, eu tenho certeza de que ela era uma pessoa maravilhosa. E sobre o seu ex, bem, ele é um babaca e você está melhor sem ele! –Oliver falou aquilo com tanta convicção que foi impossível não rir baixinho e concordar com ele.

Eu estava prestes a fazer esse comentário em voz alta quando a luz do elevador voltou com força total e ele retornou a descida normalmente, como se nada tivesse acontecido.

Oliver e eu nos olhamos por um instante, mas logo nos levantamos e nos arrumamos, ele pegou a sua caixa que estava no chão e eu peguei a minha bolsa.

Assim que as portas se abriram, saímos do elevador rapidamente, mas estranhei no mesmo momento o fato de que não tinha ninguém ao redor.

—É sério que ninguém veio socorrer a gente? Nós apertamos o botão de emergência! –Ele olhou em volta e pareceu frustrado por um minuto também, mas em seguida deu de ombros, como se aquilo não tivesse tanta importância.

—Pelo menos demos a sorte do elevador voltar a funcionar sozinho, se isso não tivesse acontecido poderíamos ficar lá por horas a fio.

Olhei pro lado e ao ver o perfil do Oliver tudo o que consegui pensar foi “Não seria tão ruim assim!”.

—Como? –Travei no mesmo instante ao perceber que a minha língua solta havia dado vasão aos meus pensamentos.

—Como o que? –Eu sabia que essa tática nunca funcionava, mas no momento eu estava tão nervosa que tudo em que eu conseguia pensar era em me fazer de sonsa.

—Você disse que não seria tão ruim! –Ele parecia estar se divertindo com a situação toda, aquele bastardo.

—O que não seria tão ruim? –Comecei a caminhar lentamente pra frente em uma tentativa de ganhar espaço, mas ele logo me acompanhou e eu amaldiçoei a minha boca sem filtro.

—Eu acho que você estava dizendo que não seria tão ruim ficar presa no elevador...comigo! –Ele arqueou uma sobrancelha, se deleitando com o meu sofrimento e minha cara extremamente vermelha e eu precisei respirar fundo várias vezes para conseguir fazer com que a minha voz saísse de maneira natural.

—É claro, eu tenho pânico de escuro e se eu ficasse presa por horas a fio sozinha lá eu provavelmente teria um infarto, mas tendo companhia, acho que eu ficaria bem, porque, eu não tenho claustrofobia, nem nada do tipo, então...-Me calei no exato momento em que percebi que eu estava começando a piorar a situação, então optei pela saída mais óbvia!

Fuga!

—Então Oliver, foi um prazer te conhecer, mas eu preciso ir comprar comida, até mais! –Saí em disparada pra fora do prédio, lançando um olhar feio para o porteiro que estava lendo um jornal tão distraidamente que não havia percebido que havia gente presa na droga do elevador.

Respirei mais aliviada no momento em que me vi fora do edifício e percebi que Oliver não estava atrás de mim, então comecei a caminhar em direção ao mercadinho e quando levantei a cabeça...

Se um caminhão passasse por aqui nesse exato momento, eu me jogaria na frente dele!

O mercado estava fechado, na verdade tudo parecia estar fechado e agora eu não sabia o que fazer, talvez dar uma volta no quarteirão pra esperar o loiro ir embora e eu poder voltar pra minha casa e passar fome até o dia seguinte.

—Parece que hoje não é o seu dia de sorte! –Fechei os olhos assim que escutei a voz dele atrás de mim e me estapeei mentalmente, por que diabos esse cara estava me seguindo? Quer dizer, eu sabia que era bonita, mas era desengonçada e falava demais, enquanto ele parecia a perfeita personificação de Apolo e pelo terno chique, tinha cara de ser rico. –Por outro lado parece ser o meu dia de sorte!

Arqueei a sobrancelha na direção dele e ele pareceu entender a minha pergunta muda. –Ficar trancado com você foi o ponto alto do meu dia! –Fiquei vermelha pelo que parecia ser a milésima vez naquele dia e abri um sorriso. –Bom, já que o seu mercado está fechado e a maioria dos comércios de Starling também estão, você gostaria que eu te levasse pra jantar?

Estaquei no mesmo momento e comecei a suar frio, ele não estava me convidando pra um encontro, estava?

—É eu não estou vestida pra um encontro de amigos, porque é claro que não seria um encontro, encontro, porque isso seria ridículo, nós mal nos conhecemos e ainda é véspera de natal e... –Ele colocou um dedo nos meus lábios em uma forma de fazer com que eu parasse de falar, mas o retirou quase que no mesmo momento, depois da descarga elétrica que atravessou nossos corpos assim que nos tocamos.

—Em primeiro lugar você está linda e em segundo lugar, vai ser um encontro de amigos que estão indo comemorar o natal da maneira mais inusitada possível! –Acho que ele percebeu que a expressão “comemorar o natal” mexeu comigo, pois logo se adiantou pra perto de mim. –Posso te contar um segredo? Você não vai ficar triste pra sempre e hoje pode ser o pontapé inicial pra que as coisas comecem a melhorar, porque eu posso até parecer meio ingênuo falando isso, mas o natal é a melhor data do ano, coisas boas acontecem nesse dia, eu acredito nisso de verdade!

Fiquei olhando dentro dos olhos dele por vários segundos e eu sabia que ele estava falando a verdade, ele realmente acreditava naquilo e por um minuto eu acreditei também, tanto que antes que pudesse pensar direito eu me vi concordando com o convite dele.

Caminhamos na direção do carro dele, mas eu parei assim que ele ligou o alarme.

—Espera, você não tem que levar essa caixa pro seu amigo? –Ele olhou pra baixo e finalmente pareceu perceber que ele ainda estava com o pacote nas mãos.

—É verdade, eu vou mandar uma mensagem pra ele, ele vai me esperar na porta do prédio dele, esse é o plano. Se você não se importar, é claro! O lugar pra onde eu vou te levar é caminho, então... –Ele me olhou rapidamente, mas eu já estava entrando no carro porque estava começando realmente a fazer frio do lado de fora.

Escutei-o rindo baixinho e logo em seguida, ele entrou no carro e depositou a caixa no meu colo, então deu partida no veículo e nos colocou em movimento.

—Então, qual é a desse plano entre você e seu amigo? –Ele deu de ombros e ligou o aquecedor.

—Como você ouviu, eu estou fugindo da minha mãe e do seu modo casamenteira, então Tommy e eu combinamos de que ele iria surtar afirmando que esqueceu o presente de natal da Caitlin porque ela iria ficar muito magoada assim que chegasse na festa e visse que todos tinham presentes, menos ela. E eu como o bom amigo que sou, saí pela cidade em busca do presente ideal pra namorada do meu melhor amigo enquanto ele ajudava os meus pais nos preparativos da festa, mas isso me deixou tão exausto que eu simplesmente não tenho forças pra ir a tal festa.

Foi impossível não rir alto de toda aquela loucura, ele estava mesmo tão desesperado assim pra fugir de um compromisso?

—Eu não estou desesperado pra fugir de um compromisso, eu estou desesperado pra fugir de um compromisso arranjado pela minha mãe, ela é assustadora quando entra no modo casamenteira, confie em mim! –Me estapeei mentalmente ao perceber que eu havia exposto os meus pensamentos em voz alta novamente.

Droga de boca sem filtro!

—Mas não foi a Caitlin que te entregou a caixa? Quer dizer, isso não faz nenhum sentido! –Ele arqueou a sobrancelha, mas sem desviar o olhar da rua a nossa frente.

—Não faria sentido se os meus pais soubessem disso, mas eles não sabem. O Tommy é muito apressado e já entregou o presente da Caitlin há três dias, então tudo o que ela fez foi embalar ele novamente! Além disso, o Diggle também vai ser a minha testemunha ocular, ele foi o fiel amigo que ficou comigo de loja em loja durante o dia inteiro procurando o presente. –Ele falava aquilo com um ar de cansaço tão grande que eu tinha certeza de que caso não soubesse da história toda, acreditaria nele.

—E quem é Diggle? –Ele abriu um sorriso e estacionou na frente de um prédio.

—É o meu motorista e melhor amigo também! –Antes que eu pudesse falar qualquer coisa, alguém bateu no vidro do carro e eu dei um gritinho assustado, mas assim que olhei pro lado percebi que se tratava de um homem de cabelo castanho olhando de maneira divertida pra mim.

—Eu não mereço isso! –Oliver parecia irritado e fez sinal pra que o homem que eu supus ser o amigo dele, Tommy, fosse pro outro lado do carro, mas ele fez que não e indicou que queria que eu abrisse o meu vidro.

Ainda meio no automático eu acabei fazendo o que ele pediu e assim que o vidro estava totalmente aberto ele se abaixou e olhou bem nos meus olhos.

—Prazer, eu sou Tommy Merlyn e você? Quem é? –Ele tinha um sorriso encantador no rosto, mas por algum motivo isso parecia irritar o Oliver. Estendi a mão pro moreno que logo a segurou e depositou um beijo nela.

—Eu sou Felicity Smoak, moro no prédio da sua noiva há pouco tempo! –O sorriso dele se alargou ainda mais e percebi pelo canto do olho que a mão do Oliver parecia tremer em direção ao botão que fazia o vidro do carro subir.

—Você mora no prédio da minha linda noiva? Vocês já fizeram amizade? Nós com certeza vamos chamar você pra participar da nossa próxima noite do filme, o Oliver sempre fica segurando vela, mas agora você pode fazer companhia pra ele!

—Eu poderia fechar esse vidro e deixar o seu braço preso tempo o suficiente pra ele perder toda a circulação e cair! –Oliver tinha um sorriso homicida no rosto e eu até me assustei, mas o amigo dele parecia o retrato da tranquilidade.

—Você deveria ser mais generoso com o seu amigo amado do peito que sempre te ajuda e que está agora corroborando com uma terrível mentira só pra você poder fugir da sua mãe! –Tommy parecia uma criança que sabia exatamente como irritar um adulto, eu estava no meio do embate entre os dois e estava adorando.

Fazia tempo que eu não me divertia assim!

—Por que você não me faz um favor e vai pra put....

—Não Oliver, não! Eu não te criei pra isso, não use esse palavreado na frente de uma dama!

Depois disso Oliver jogou a cabeça contra o volante e o barulho da buzina começou a berrar sem parar, mas o loiro não parecia se importar nem um pouco com isso.

—Fazer o que? Eu causo esse efeito nas pessoas! –Tommy sorria largamente e percebendo que Oliver não iria mais falar com ele, ele mesmo pegou a caixa do meu colo. –Bom casal, é minha hora de ir, não façam nada que eu não faria, mas não façam nada que eu faria também, existe uma zona cinzenta entre essas duas coisas e é aí que vocês devem atuar!

Depois disso ele me deu um beijo estralado no rosto, o que pareceu irritar Oliver ainda mais e em seguida voltou pra dentro do seu prédio cantarolando uma música de natal.

—Melhores amigos, eles conseguem nos irritar pra caramba, mas não conseguimos viver sem eles! –A minha frase surtiu o efeito desejado e Oliver riu baixinho antes de ligar o carro e voltar a dirigir pelas ruas frias de Starling. -Então, pra onde estamos indo?

Ele me olhou de maneira divertida e continuou dirigindo calmamente.

—É uma surpresa, senhorita Smoak! –Ele abriu um sorriso extremamente sexy e tudo o que saiu de mim foi uma risada esganiçada, daquelas que aparecem quando ficamos nervosos.

—Bom, eu espero que seja uma surpresa boa e não uma surpresa do tipo “O Albergue”. –Me arrepiei momentaneamente ao lembrar que eu só havia conseguido assistir metade do filme porque passei tão mal que minha pressão caiu totalmente. –Não que eu esteja querendo dizer que você é um assassino em série, quer dizer, você não tem cara de ser, mas Ted Bundy também não tinha e olha só tudo o que ele fez, fora que também temos o maníaco do parque, entre todos os outros.

—O seu conhecimento de assassinos em série é notável, eu preciso dizer! Mas não se preocupe, sem albergue pra você hoje mocinha! –Ele me lançou uma piscadinha.

UMA PISCADINHA!

Como a droga de uma piscadinha conseguia ser tão sexy?

Em meio aos meus devaneios nem notei que havíamos parado em frente a um pequeno restaurante, saímos do carro rapidamente e eu dei um passo pra trás ao olhar direito a fachada do local.

A impressão é de que o natal havia vomitado aqui, tinham pisca-piscas, renas infláveis, guirlandas, papais noel e enfeites por todos os lados e mesmo do lado de fora eu conseguia ver através do vidro uma árvore de natal gigantesca totalmente enfeitada e brilhante.

—É eu sei, eu duvido que alguém consiga encontrar algum lugar aqui em Starling que seja mais natalino do que esse aqui! –Ele estava rindo baixinho da expressão incrédula que eu provavelmente estava fazendo. Revirei os olhos e me encostei no carro, ao lado dele.

—Só em Starling? Você tá sendo generoso! Acho que ninguém vai conseguir encontrar um lugar como esse no Estado inteiro! –Dessa vez ele gargalhou alto e eu me senti bem por isso.

Era uma sensação estranha, como se meu coração estivesse gelado a muito tempo e agora estivesse começando a se aquecer.

Por que eu estava me sentindo assim se mal o conhecia?

—Tá tudo bem? –Ele pareceu preocupado, acho que algo em meu rosto me entregou, mas eu simplesmente não podia falar pra ele o que estava pensando por motivos óbvios.

—Tudo bem sim, eu só estava me perguntando como você encontrou esse lugar! –Oliver não pareceu acreditar, mas ficou calado, respeitando o meu espaço, o que foi um alívio pra mim.

—Bom, foi há alguns anos! Eu estava completamente bêbado porque tinha pego a minha ex me traindo, quer dizer, eu não amava a Laurel, sabe? Mas a gente se conhecia desde sempre, namoramos desde a época da escola e vivíamos indo e voltando, eu já estava acostumado com a ideia de que no final acabaríamos juntos, mesmo não querendo, acho que aceitei isso. Então quando ela me traiu, eu levei um choque, até hoje não sei se bebi porque estava inconformado ou porque estava feliz ao perceber que havia me livrado daquela situação de uma vez por todas! –Ok, ele podia não ter uma história de ex tão ruim quanto a minha, mas chegava perto!

Bambino Oliver, che gioia vederti qui! E vedo che hai portato una bella ragazza!—Eu percebi no mesmo momento que o homem de cabelos brancos era italiano, ele aparentava ter uns 60 anos e parecia extremamente gentil. Oliver riu baixinho e então o abraçou com força.

—Eu tenho trinta anos e você ainda me chama de criança? –O senhor sacudiu os braços daquele jeito que os italianos faziam nos filmes e eu fiquei encantada.

—Não posso fazer nula se ainda me lembro como se fosse ontem de voi ubriaco grunhindo como um bambino! -Percebi que assim que terminou de falar com Oliver, ele voltou o olhar pra mim. -Buonasera ragazza mia, come stai?—Acho que ele percebeu que eu simplesmente não havia entendido nada do que ele havia dito, pois logo deu um tapinha na cabeça e me abraçou de lado. –Perdonami bambina mia, as vezes io esqueço que não estou mais na Itália! Como você está querida?

—Eu estou bem e o senhor, como está? –Ele olhou pra mim e então abriu um sorriso.

—Eu estou molto bene, obrigada por perguntar bella mia! Io soi Genaro e você, como se chama?

—Eu me chamo Felicity, é um prazer conhece-lo! –Ele sorriu ainda mais e então logo começou a puxar o Oliver e eu pra dentro do restaurante.

Io realmente gostei dessa ragazza, Oliver! É uma verdadeira principessa! –Eu achava muito divertido o jeito dele falar e o astral dele era tão bom que eu estava me sentindo bem, apesar de estar dentro de um lugar que gritava “Natal” por todos os lados.

Bene, io vou lá dentro cuidar da cozinha, em breve volto com a ceia, é um prazer tê-la aqui conosco, bella Felicity!

Depois disso ele saiu já gritando ordens para os funcionários daquele jeito bem italiano e eu ri baixinho antes de me virar pra Oliver!

—Você precisa continuar me contando como conheceu ele, acho que pelo o que eu entendi tem algo a ver com você grunhindo como um bebê! –Oliver pareceu estar ficando corado por um momento, mas eu segurei a mão dele e acho que a surpresa pra nós dois foi tamanha, que ele simplesmente se esqueceu de sentir vergonha.

Eu não sabia o que tinha me levado a fazer aquilo, tudo o que eu sabia era que um toque dele conseguia ser mais forte do que todos os beijos que o Cooper ou qualquer outro haviam me dado.

Eu tentei soltar a mão dele, totalmente sem graça pela minha ação impensada, mas ele não deixou, continuou segurando a minha mão e admirando o encaixe das duas.

—Como eu te disse, depois que eu vi a minha ex me traindo, acabei bebendo demais junto com o Tommy e nós dois começámos a vagar pela cidade, tão bêbados que mal conseguíamos falar. Acabamos chegando aqui perto e nesse momento uns três caras tentaram se aproveitar do fato de estarmos totalmente vulneráveis pra poderem nos assaltar, mas o Genaro apareceu com um rolo de macarrão bem grande e ameaçou bater neles até os cérebros deles pularem pra fora, depois disso ele trouxe a gente pra cá, deu café, cuidou da gente e desde então esse aqui se tornou um dos nossos lugares favoritos do mundo todo!

—E não podemos nos esquecer da parte em que você grunhia como um bebê, é claro! –Ele riu baixinho e revirou os olhos, percebi que ele ainda segurava a minha mão com a mesma intensidade e acho que de forma inconsciente, acabei chegando mais perto dele. –Você disse que esse é um dos seus lugares favoritos do mundo todo, você mal me conhece e me trouxe aqui, obrigada por isso!

Oliver assentiu com um sorriso e se aproximou de mim também, nossos rostos estavam próximos, próximos demais pra uma conversa entre amigos/conhecidos, mas naquele momento eu não me importei nem um pouco com isso!

—É estranho, eu te conheci a poucas horas, não sei sua cor favorita, nem se você tem um nome do meio, não sei nem ao menos no que você trabalha, mas sinto como se já te conhecesse a muito tempo!

Magnetismo!

Essa era a única palavra que vinha a minha mente nesse momento, eu não me importava com o barulho a nossa volta ou com o fato de ele ter me conhecido dentro de um elevador enquanto eu bancava a louca. Tudo o que importava era que ele estava muito perto, mas ainda não estava perto o suficiente e eu sentia que quanto mais próximo a mim ele estava, mais o meu coração se sentia bem.

—Minha cor favorita é rosa, meu nome do meio é Megan, Felicity Megan Smoak. Eu sou formada em TI e vim pra cá pra trabalhar com isso! –Nossos rostos foram se aproximando e aproximando e de repente, estávamos a uma respiração de distância.

—Você é incrível! –Nossos narizes se encostaram e então tudo o que eu conseguia ver era a imensidão azul dos olhos deles.

—Talvez você esteja vendo mais em mim do que eu realmente sou!

Fechei os olhos, esperando pelo momento em que nossos lábios se encontrariam, mas acabamos nos afastando no momento em que um barulho alto tomou conta do local inteiro.

Voltei ao meu lugar, mais vermelha que um tomate e evitei olhar pra ele, meu Deus, o que eu estava fazendo?

Virei o rosto na direção do barulho e me deparei com Genaro no meio do salão!

Molto bene pessoal, já são onze horas da notte, ou seja, falta exatamente uma hora para o natalle, por isso, vamos começar a cantoria enquanto io termino de preparar a ceia!

Assim que ele terminou de falar, um som começou a tocar com o clássico “Jingle Bells” e eu finalmente tomei coragem pra olhar pra Oliver, percebi que olhava fixamente pra minha boca, mas desviou os olhos assim que eu olhei pra ele.

—Então, do que estávamos falando mesmo? Ah é, do seu trabalho! Você disse que veio aqui pra trabalhar em TI, já conseguiu o emprego? –Demorei alguns segundos para lidar com a mudança de assunto, mas percebi que talvez fosse melhor assim.

—Sim, eu vou começar na Queen Consolidate no início de janeiro! –Oliver começou a tossir no mesmo momento e eu estranhei aquilo, será que ele estava passando mal? –Tudo bem?

—É claro, tudo ótimo! Me conta mais! –Ri baixinho e sacudi a cabeça.

—Eu não tenho mais o que contar, eu já contei tudo, pra um quase estranho, o que com certeza não deve ser seguro, mas como você prometeu que não tem nada a ver com o Ted Bundy, acho que não tem problema! –Ele riu baixinho e me olhou nos olhos.

Cometas!

—Como? –Tive vontade de me esconder em baixo da mesa ao perceber que eu tinha falado aquilo em voz alta, como eu poderia explicar que os olhos dele me lembravam cometas?

—Ah, nada demais! Mas me conta sobre você, com o que você trabalha? –Ele pareceu nervoso por um segundo, mas isso logo sumiu e percebi que talvez isso fosse só impressão minha.

—Ah, é um negócio familiar! Meu avô abriu esse negócio e ele está na família, quem cuida de tudo agora é meu pai, mas ele quer passar isso pra mim em pouco tempo!

—Olha, então quer dizer que você é tipo um administrador? Empresário? –Ele olhou pros lados e acenou pra um rapaz antes de voltar a me responder.

—É, pode-se dizer que sou sim!

Percebi pelo canto do olho que Oliver pretendia falar mais alguma coisa, mas minha cabeça já estava longe no momento em que percebi a música que havia começado a tocar.

Hallelujah!

Senti meus olhos ficando marejados enquanto a música ia sendo cantada e lembranças da minha avó entravam na minha mente! Eu nem havia conseguido me despedir dela, só uma pessoa podia entrar no quarto a cada dia e eu deixei que minha mãe fosse a primeira, afinal, ela era filha dela, eu convenci a mim mesma de que estava tudo bem, eu iria no dia seguinte, a abraçaria e depois voltaria pra busca-la no dia em que ela ficasse melhor.

Mas o dia seguinte não chegou! Pelo menos não pra minha avó!

Eu nunca consegui dizer adeus e acho que era isso que me mantinha tão devastada e triste!

Eu fiz o meu melhor, eu sei que não foi muito

Eu não podia sentir, então eu aprendi a tocar

Eu disse a verdade, eu não vim aqui para te enganar

E mesmo que tudo tenha dado errado

Eu estarei aqui, diante do Senhor da Música

Com nada, nada em meus lábios além de Aleluia

 

Senti uma lágrima descendo pelo meu rosto assim que ouvi o último verso da música e só voltei ao tempo presente quando senti a mão de Oliver em meu rosto, enxugando a pequena gota salgada.

—Era a nossa música favorita! –Respirei fundo antes de voltar a olhar pra ele, eu não conseguia sorrir, então tudo o que fiz foi tentar tirar a expressão triste do meu rosto. –Desculpe, estamos aqui pra comemorar e não pra eu ficar chorando sobre o que eu consegui ou não consegui fazer com a minha avó!

Ele voltou a segurar a minha mão com força, enquanto com a outra continuava acariciando o meu rosto.

—Não tem problema chorar, na verdade, eu me sinto honrado por você confiar em mim pra fazer isso na minha frente! –Abri um sorriso, um sincero dessa vez e percebi que isso o fez sorrir também, como se ele tivesse conseguido uma pequena vitória.

Nesse momento um dos garçons passou perto da gente e Oliver segurou o seu braço rapidamente.

—Pietro, será que você pode me arrumar duas folhas e duas canetas? –O garoto pareceu confuso por um minuto, mas logo deu de ombros e retirou duas folhas do seu bloco de anotações e duas canetas do seu bolso.

Oliver agradeceu com um aceno e o garoto continuou o seu caminho, parando as vezes para olhar pra mim.

—Prontinho, pega! –Ainda sem entender nada, fiz o que ele pediu e peguei da mão dele um papel e uma caneta.

—Oliver, o que vamos fazer com isso? –Ele sorriu pra mim e então soltou a minha mão.

—Lembra o que te disse sobre você não ficar triste pra sempre? Eu te disse que não vai acontecer de uma hora pra outra, são passos de bebê, Felicity! Dê o primeiro passo, eu vou estar com você! –Ele não precisou dizer mais nada, eu sabia exatamente o que ele estava querendo dizer.

Me abaixei na direção do papel e ele fez o mesmo, perdi a conta de quanto tempo fiquei ali, olhando para aquele pedaço em branco e pensando em como colocar em palavras tudo o que eu estava sentindo, mas no final eu consegui.

Assim que terminei, levantei os olhos finalmente e percebi que Oliver me encarava fixamente, ele já parecia ter terminado faz tempo.

Pela primeira vez desde o dia em que a minha avó havia partido, eu me sentia melhor, realmente melhor, meu coração estava mais leve e eu sentia que podia começar a respirar de novo.

—Obrigada por isso, Oliver! –Ele pareceu sem graça por um momento e eu achei extremamente fofo ver aquele homem que mais parecia um deus grego, envergonhado. –Você escreveu o seu bilhete pra quem?

—Ah, pra minha mãe, um pedido de desculpas pela minha pequena proeza de hoje! –Ri baixinho depois que ele abriu um sorriso de menino arteiro, mas antes que eu pudesse perguntar mais alguma coisa, Genaro e os garçons começaram a entrar com um verdadeiro banquete.

A comida estava tão cheirosa que eu estava literalmente começando a salivar!

Mangiamo pessoal! Feliz Natale a tutti!

O que veio a seguir conseguiu me fazer lembrar do porque eu amava tanto o natal, a amargura e a dor estavam me fazendo esquecer disso!

Era isso o que eu tanto amava no natal, as pessoas se abraçando, as famílias se encontrando, o amor, o perdão e todos os sentimentos bons emanando no ar.

Acho que de uma maneira ou outra, minha avó sempre estaria comigo!

Assim que todos nós terminamos de nos desejar feliz natal, a ceia foi servida e eu posso dizer que Oliver e eu estávamos a um passo de passar vergonha devido a quantidade exorbitante de comida que ingerimos.

Por um momento eu até pensei que seria mal educado comer como uma louca no primeiro encontro (sim, porque agora eu considerava isso um encontro), mas no fim percebi que ele já havia me visto no meu pior, então...

Assim que terminamos de comer, os garçons tiraram os pratos e então a música voltou a ressoar pelo salão, eu achei que as pessoas iriam embora, mas ninguém parecia com vontade de sair dali.

Eu também não estava!

Assim que peguei o meu celular, vi as mensagens de feliz natal dos meus pais e das minhas amigas e enquanto eu lia sobre o quanto meus pais me amavam e Oliver ria alto de uma péssima piada que eu havia acabado de fazer, percebi uma coisa importante...

A minha vida estava longe de estar perfeita, mas mesmo assim, eu tinha muito pelo que agradecer!

...

Eu podia dizer que aquela havia sido uma das melhores noites da minha vida, Oliver e eu passamos praticamente a madrugada inteira conversando entre risadas e olhares um pouco mais significativos. Havíamos conversado sobre tudo e sobre nada e agora eu sentia que ele me conhecia quase tanto quanto eu me conhecia.

—Eu não acredito que você começou a ter uma crise de riso no meio da sua apresentação do TCC, como isso aconteceu? –Oliver ria alto das minhas histórias loucas e eu não podia fazer outra coisa senão rir também, algumas dessas histórias me deixavam extremamente embaraçada, mas perto dele eu não me sentia assim.

—Eu não sei, eu fiquei nervosa quando percebi que os meus professores não estavam entendendo a minha tese, aí eu entrei em pânico porque achei que estava uma droga e comecei a rir como uma louca. Mas no final de tudo, o que aconteceu é que eles simplesmente não conseguiam entender porque estava complexa demais, eles tiveram que chamar um Phd em TI pra conseguir entender o que eu estava falando!

—Nossa, você deveria ser com certeza a aluna mais inteligente da turma, quanto anos você tinha? 22, 23? –Ri baixinho ao perceber que ele estava prestes a ficar ainda mais surpreso e então arqueei a sobrancelha em uma expressão coquete.

—Eu tinha 20 anos, entrei na faculdade com 16 e me formei aos 20, um ano antes do que o previsto! –Oliver escancarou a boca no mesmo momento e ficou assim por tanto tempo que foi impossível não ficar vermelha. –Tudo bem, não precisa parecer tão surpreso assim!!

—Me desculpe, eu estava sentado ao lado de um gênio a noite inteira e não sabia, eu preciso ficar ao menos um pouco surpreso! –Revirei os olhos, mas antes mesmo que eu pudesse falar alguma coisa, o celular dele tocou e assim que viu o nome na tela, Oliver franziu o cenho.

—É o meu pai, ele não me ligaria se não fosse importante, você se importaria se eu fosse?

—É claro que não, Oliver! Vai logo, não se preocupe, eu te espero! –Ele agradeceu com um sorriso e correu pra fora do restaurante para fugir do barulho.

Eu fiquei observando a porta balançar sem parar até que Genaro apareceu na minha frente e se sentou ao meu lado.

—E então bella mia, você se sentiu melhor aqui no meu restaurante? –Ele tinha um ar de pai que fazia com que eu me lembrasse do meu próprio, me olhava com tanto carinho que era como se já me conhecesse a muito tempo.

—Eu me senti melhor sim, como eu não me sentia a muito tempo! –Ele sorriu parecendo feliz e então acariciou os meus cabelos como se eu fosse uma criança. –Espera, como você sabia que eu não estava me sentindo bem?

—Ah mia cara, Oliver e Tommy só trouxeram duas pessoas aqui nel mio restaurante, a ragazza Queen, que apesar de parecer um angelo consegue ser o próprio demone e me acrescentou todos esses fios brancos na cabeça e a doce Caitlin, que realmente é um verdadeiro angelo. As duas vieram aqui em dias em que estavam se sentindo molto tristes e então io percebi, os bambinos só traziam aqui pessoas que precisavam de um pouco de alegria e principalmente, pessoas que eram molto speciales!—Confesso que as palavras dele conseguiram atingir o meu coração com força e eu precisei ficar me controlando para não começar a hiperventilar.

—Tudo bem, eu até entendo, afinal, a Thea é irmã do Oliver e a Caitlin é a noiva do Tommy, mas eu sou só uma desconhecida, quer dizer, não somos mais desconhecidos, mas nos conhecemos hoje, então como diabos eu me tornei especial pra ele tão rápido? Na verdade, como diabos ele se tornou tão especial pra mim sendo que eu o conheço há apenas algumas horas?

Genaro riu baixinho e deu de ombros, ele tinha um ar de que sabia de algo que eu não sabia!

—Ah bambina, não é sobre quanto tempo você passou ao lado de uma pessoa, eu conheci minha Maria e no mesmo instante eu soube que me casaria com ela! A vida é assim mesmo, as almas são predestinadas e quando se encontram, bem, você está vendo o que acontece, o que você e o Oliver têm é una sensazione speciale, eu percebi isso desde o momento em que vi vocês dois lá fora, fidúcia em me!

As palavras dele me pegaram de jeito, porque eu sentia que ele estava certo, mas isso ia contra tudo o que eu acreditava.

Eu não acreditava em contos de fada, nem em amor à primeira vista, eu acreditava em lógica e racionalidade e passei a vida pensando que tudo era uma questão de planejamento.

Mas eu estava errada, não estava? Quer dizer, eu havia planejado com Cooper e olha só no que deu, talvez Genaro estivesse certo, sobre mim, sobre o Oliver, sobre tudo!

—É engraçado, eu estava fugindo do natal, das lembranças, da dor, aí eu acabei entrando em um elevador com defeito e ficando presa com ele e então, em uma só noite, Oliver conseguiu me ajudar com as lembranças e com a dor e eu me vi tendo um feliz natal, coisa que eu achei que não teria mais. Acho que podemos chamar isso de um milagre de natal, talvez um milagre menor, quem sabe?

—Ah bella mia, não existe isso de milagre menor!

Ele acariciou os meus cabelos pela última vez e então se levantou e voltou pra cozinha, fiquei refletindo o que ele havia dito por vários minutos, até que percebi que Oliver ainda não havia voltado e decidi ir lá fora procura-lo.

Caminhei rapidamente até o lado de fora, fechando o meu moletom o máximo que conseguia, pois conseguia ver pela janela que havia começado a nevar.

No momento em que cheguei do lado de fora, topei com Oliver que provavelmente estava tentando voltar pro lado de dentro.

—É sério, a gente precisa parar de se encontrar assim! –Ele riu baixinho, embora parecesse nervoso.

—Contanto que não paremos de nos encontrar, eu posso lidar com isso! –Revirei os olhos, embora pudesse sentir que o meu coração estava dando pulos com essa pequena frase dele. Pensei em falar mais alguma coisa, mas parei no momento em que vi o quanto ele parecia nervoso.

—Oliver, o que está acontecendo?

—Meu pai disse que a Thea acabou caindo das escadas no final da festa e foi levada pro hospital, eles estão indo pra lá, ao que parece não é nada grave, graças a Deus, mas mesmo assim! Bom, Felicity, eu... –O interrompi no mesmo momento sabendo agora o motivo do nervosismo dele.

—Você vai pro hospital agora pra ficar com a sua família e eu vou pegar um táxi e ir pra casa, porque o dia vai amanhecer daqui a pouco e eu preciso ir pro aeroporto! –Ele pareceu extremamente chateado com a minha frase e eu não entendi o porquê daquilo.

—Eu posso levar você em casa e ir pro hospital depois, eu sinto muito mesmo Felicity, eu não queria que a noite acabasse assim! –Revirei os olhos e dei um soquinho nele.

—Você não precisa me levar, eu vou ficar bem! E a noite foi ótima, você fez com que eu tivesse um natal feliz, algo que eu achei que não teria mais, nunca vou poder agradecer o suficiente, agora vai logo, porque você tá perdendo tempo, ok? –Eu sentia que lágrimas queriam chegar aos meus olhos e eu nem sabia o porquê, afinal, Oliver não estava indo morrer, nós nos veríamos de novo.

PROVAVELMENTE!

—É claro, tudo bem, eu vou indo, quer dizer, eu preciso ir! Feliz natal, Felicity! –Ele parecia tão triste quanto eu e senti meu coração se apertando com aquilo.

—Feliz natal, Oliver!

Depois de dizer isso ele virou as costas e eu olhei pra cima, na direção do céu, em uma tentativa falha de não vê-lo partir, mas o que estava em cima de mim é que me surpreendeu.

Um visco!

Eu estava parada em baixo de um visco e o homem pelo qual eu tinha quase certeza que estava me apaixonando estava indo embora!

Seria cômico, se não fosse trágico!

Eu sabia que não poderia ficar ali pensando na vida, então puxei o celular do bolso para chamar um táxi, eu estava abaixando a cabeça quando senti o perfume de Oliver novamente e nem tive tempo de olha-lo antes de ele grudar a boca na minha.

Eu estava surpresa, é claro que estava! Mas não precisei de mais do que 10 segundos pra começar a retribuir o beijo, Oliver era gentil e cuidadoso e me segurava como se eu fosse algo precioso pra ele, sua boca era gentil sobre a minha e suas mãos se apossavam da minha cintura em um sinal claro de que eu era dele, pelo menos naquele momento.

Bem, eu acho que gostaria de ser dele a longo prazo!

Passei os braços pelo pescoço dele e me ergui na ponta dos pés, ele rapidamente pediu passagem com a língua e eu cedi mais do que satisfeita, nesse momento um choque percorreu todo o meu corpo e eu me senti flutuando, a boca de Oliver era macia e quente e nossas línguas batalhavam na busca pelo controle de forma quase erótica.

Podiam ter se passado segundos, minutos ou talvez até mesmo, horas...Eu não saberia responder, tudo o que eu sentia dentro de mim era aquela sensação de que por um momento, o mundo havia parado pra nós dois.

Nos separamos somente quando o ar nos faltou e então Oliver olhou pra cima e riu baixinho.

—Não podíamos quebrar a tradição, não é mesmo? Escutei falar que coisas horríveis acontecem quando se quebra uma tradição natalina! –Eu ainda estava ofegante, então tudo o que consegui fazer foi assentir levemente.

Como um único beijo teve o poder de me desconcertar por completo?

—Você sabe que não vai conseguir escapar de mim tão fácil, não sabe? –Assenti com um sorriso e puxei ele pra mais um beijo antes de empurra-lo em direção ao carro.

—Vai logo, sua irmã precisa de você! –Ele concordou com um sorriso e me deu um último selinho antes de correr pro carro.

Ele abriu a porta do veículo, mas olhou uma última vez pra mim antes de entrar.

—Você é notável, Felicity Smoak!

Dei de ombros e então ele entrou dentro do carro, tudo o que eu fiz foi observar o veículo até ele sumir depois da esquina.

Chamei o táxi finalmente e então encostei o meu corpo na parede pra poder esperar, meus olhos se voltaram em direção ao visco e eu toquei meus lábios de forma delicada.

—Obrigada por notar, Oliver!

...

02 de Janeiro de 2020

O que as companhias aéreas tinham contra mim?

Eu havia comprado a minha passagem pro dia 01 de janeiro, porque assim eu teria mais um tempo com os meus pais e meus amigos e ainda chegaria à Starling com um dia de antecedência, mas é óbvio que as coisas não poderiam ser tão fáceis assim, não é mesmo?

O voo em que eu estava havia sido cancelado, resultado? Conseguiram me encaixar no próximo voo, QUE SAIRIA AS DUAS E MEIA DA MANHÃ!

Eu chegaria a Starling apenas uma hora antes do horário em que eu deveria estar no trabalho, ou seja, eu não poderia passar em casa nem sequer pra deixar as minhas malas.

Ir de cara amassada depois de uma viagem de quase seis horas e ainda por cima carregando todas as malas? Me parecia um ótimo primeiro dia!

Suspirei aliviada assim que o comandante avisou que estávamos próximos de Starling, eu estava ansiosa pra sair daquele avião e começar a trabalhar, sentia que podia fazer coisas boas na Queen Consolidate, o departamento de TI era enorme e eles tinham vários projetos que visavam a melhoria de bairros mais necessitados da cidade.

—Senhores passageiros, estamos prestes a pousar em Starling City, por favor, permaneçam sentados e com os cintos de segurança afivelados até o avião se encontrar completamente parado!

Dei graças a Deus quando escutei o aviso, eu tinha certo receio em viajar de avião e saber que havíamos chegado com segurança me deixou extremamente feliz.

Fiz o que o comandante pediu e afivelei meus cintos, mas acabei esbarrando na minha bolsa e algumas coisas caíram na poltrona ao lado (que estava vazia, graças a Deus)! Arrumei tudo novamente dentro da bolsa, mas acabei me deparando com um pequeno pedaço de papel.

Era a carta que eu havia escrito a pedido do Oliver no natal!

Lembrar do Oliver trouxe um sorriso ao meu rosto e eu senti o meu coração se acelerando rapidamente, eu estava ansiosa em vê-lo de novo. Até havia pensado em hackear o sistema de segurança do prédio pra pegar a foto dele comigo no elevador e fazer uma busca por imagem através do sistema da prefeitura de Starling, mas minha mãe achou a coisa toda um tiquinho exagerada e no fim eu acabei concordando e desisti porque se minha mãe estava achando que algo era exagerado, bem, então deveria ser mesmo!

Eu partiria de meios mais normais!

Assim que eu chegasse no apartamento, procuraria a Caitlin e pediria o telefone dele como uma pessoa normal, mas se por um acaso ela não estivesse em casa, bem, a ideia de invadir os servidores do prédio e da prefeitura ainda estava fresca na minha mente.

A verdade era uma só! Eu estava apaixonada por Oliver e a ideia estava me assustando pra cacete porque eu nunca achei que isso pudesse acontecer comigo e principalmente, eu estava apavorada com a possibilidade de ele não sentir o mesmo por mim, afinal, havíamos ficado juntos por uma noite e nossas vidas não eram um filme onde o mocinho e a mocinha viviam felizes pra sempre, no mundo real as coisas podiam dar bem errado as vezes.

Abri o bilhete que eu havia escrito aquele dia e revirei os olhos ao me deparar com a minha letra garranchada.

“Oi vovó, sinto sua falta todos os dias! Queria uma forma de ainda estarmos juntas, acho que nunca precisei tanto dos seus conselhos como estou precisando agora. Sinto falta do seu cheiro, do seu sorriso, das suas histórias, você sempre sabia o que me dizer!

Se você estivesse aqui, bem, acho que você já sabe o que eu perguntaria, não é mesmo? Depois de ter errado uma vez, como eu poderia ter certeza de que encontrei o cara certo? Será que ele poderia simplesmente aparecer do nada e ficar trancado comigo no elevador?

Oliver me fez sorrir novamente e me fez pensar nas coisas boas que nós duas passamos juntas e não só na tristeza de te perder, acho que isso conta pra alguma coisa, não conta?

Se tiver como, a senhora poderia me mandar uma ajudinha aí do céu, não acha?

Feliz Natal, com amor, Felicity!”

 

Um sorriso apareceu no meu rosto e eu notei as mudanças que Oliver, mesmo sem perceber, havia causado na minha vida em tão pouco tempo!

Agora eu não sentia mais vontade de chorar quando pensava na minha avó, eu sentia vontade de sorrir!

Assim que as portas do avião se abriram, eu dei graças ao céu por estar na segunda fileira, porque assim pude sair mais rápido, afinal, eu simplesmente não podia me atrasar no meu primeiro dia!

Corri como uma louca pelo aeroporto e acho que posso ter assustado uma criança, mas no fim, consegui entrar no táxi e só então me permiti respirar aliviada.

Decidi aproveitar a viagem, simplesmente olhar pela janela e apreciar a vista, mas fui interrompida por uma mensagem da minha mãe!

“Querida, deixei uma coisa no zíper da frente da sua bolsa, você está pronta!”

Franzi o cenho diante da mensagem enigmática e no mesmo instante comecei a vasculhar todos os lugares da minha bolsa, até que encontrei um pequeno pedaço de papel rosa claro.

Eu já sabia de quem se tratava antes mesmo de abri-lo, vovó adorava comprar papéis de carta nessa tonalidade, ela dizia que deixava qualquer escrita elegante.

Ainda com as mãos trêmulas, peguei a pequena folha e a abri lentamente.

Minha Pequena Einstein,

Estou escrevendo essa carta porque sei que não vou mais estar aqui em algum tempo, eu estou morrendo, essa é a verdade, mas eu sei o quanto isso machuca você e por isso pedi a sua mãe pra só te entregar essa carta quando você estiver pronta.

Eu sei que você as vezes ainda precisa de mim, então estou escrevendo isso pros momentos em que você precisar e eu não puder estar ao seu lado, não fisicamente, pelo menos!

Eu amo você e sempre vou estar ao seu lado, sempre vou estar no seu coração e sempre vou estar olhando por você, não importa onde eu esteja, embora nós duas saibamos que depois de ter cuidado do seu avô e da sua mãe, eu tenho um lugar reservado no céu!

Não se feche para o amor depois que você e aquele seu namoradinho terminarem, porque eu sei que isso vai acontecer, ele não é pra você! Quando o seu amor de verdade aparecer, você vai saber, você não vai precisar duvidar, então, não deixe que o medo te vença, ok? Escute o seu coração, ele sempre vai te levar pra direção certa.

Há muitos anos atrás eu encontrei a minha pessoa favorita, estou ansiosa pra que você encontre a sua pessoal favorita também!

Não se esqueça querida, você é forte, você vai ficar bem!

Com amor, vovó!

 

Senti lágrimas escorrendo pelo meu rosto e somente quando voltei a mim é que percebi que já estávamos parados em frente a Queen Consolidate.

—Moça, tá tudo bem? –O motorista parecia preocupado comigo e a pergunta me fez refletir.

Eu estava bem?

—Sim, finalmente eu estou bem! –Abri um sorriso na direção dele e joguei uma nota grande em sua direção e então saí do carro, ele sorriu ao perceber que ficaria com tudo aquilo de gorjeta e então saiu cantarolando.

Limpei as lágrimas rapidamente e então, entrei na empresa, precisei passar por toda uma verificação, para então ir fazer o meu ponto de acesso e o meu crachá e só então é que fui liberada para ir pra minha sala.

Assim que cheguei no andar do TI, o supervisor antigo me mostrou tudo tudo e então apontou a minha sala. Eu agradeci com um sorriso e caminhei pra lá, ainda carregando a minha mala.

Eu confesso que estava no automático, eu estava ouvindo e vendo tudo ao meu redor, mas tudo o que eu conseguia pensar era que minha avó havia arrumado um jeito de responder ao meu bilhete, eu havia pedido ajuda e ela havia me ajudado, ela estava certa e agora eu podia sentir a presença dela ao meu redor, agora eu sabia que sempre estaríamos juntas porque eu sempre a levaria no meu coração.

—Você é a Felicity Smoak, a nova supervisora? –Levantei a cabeça e me deparei com um homem à minha frente, ele parecia simpático e logo me levantei e cumprimentei ele.

—Sim, sou eu! E você? –Ele deu um tapinha na testa e então deu de ombros.

—Me desculpe a indelicadeza, eu sou Curtis! Eu vim ver se era você mesmo porque o Senhor Queen chegou cedo na empresa e ficou vindo aqui de dez em dez minutos para perguntar se Felicity Smoak já havia chegado! –Aquilo me intrigou no mesmo momento e eu suei frio.

—O que diabos Robert Queen quer comigo? Quer dizer, eu sou funcionária dele, mas...

—Não, não é o Queen pai, é o Queen filho! Olha ele vindo ali, eu preciso ir, você me conta os detalhes depois chefinha! –Ele sussurrou essa última parte e então partiu pelo corredor.

Eu fiquei ansiosa esperando, me perguntando o que diabos o filho de Robert Queen queria comigo, mas qual não foi minha surpresa quando o tal filho apareceu na minha porta e...

—Oliver?

Tudo bem, agora eu não estava entendendo mais nada!

—Olá senhorita Smoak, é um prazer tê-la conosco na Queen Consolidate! –Ele dizia tudo aquilo com um sorriso no rosto e eu estava dividida entre escutar o meu coração que mais parecia uma britadeira dentro do peito ou exigir explicações dele porque eu estava totalmente perdida.

Isso não fazia sentido, Curtis havia dito que era o Queen filho que queria falar comigo, mas não era possível, até onde eu sabia Robert Queen tinha dois filhos e eles se chamavam...

Oliver e Thea!

—Ai meu Deus! –Caí com tudo sentada e dei graças a Deus por a cadeira ter aguentado o impacto ou eu acabaria estatelada no chão.

Eu havia beijado o filho do meu chefe, eu tinha que certeza que em algum lugar deveria existir uma regra sobre isso!

—Na verdade, você beijou o seu chefe porque eu assumi a presidência hoje mesmo e pelo o que eu me lembro nós não temos nenhuma regra desse tipo no nosso estatuto!

Me senti ficando vermelha no mesmo momento ao perceber que havia falado em voz alta e senti vontade de me jogar em baixo da mesa.

Maldito deus grego que fazia eu perder o controle da minha boca sem filtro toda vez!

—Você vai ficar muito chateada se eu disser que ainda tô ouvindo? –Arregalei os olhos no mesmo momento e precisei resistir ao impulso de realmente ir pra debaixo da mesa.

Meu Deus Felicity, se controla mulher!

—Você sabia! –Não pensei em falar isso, as palavras simplesmente saíram assim que eu me lembrei da nossa noite no restaurante e me dei conta. –Você sabia que eu ia trabalhar aqui e não falou nada, quando eu te perguntei em que você trabalhava, você disse que era uma espécie de administrador em uma empresa familiar que o seu avô havia criado!

Ele encolheu os ombros, como se estivesse envergonhado e então, se aproximou alguns passos de mim.

—Eu não menti, Felicity! Sou um empresário, como pode ver e acabei de assumir a empresa da família, como você pode ver também. E de certa forma, isso aqui é sim um negócio familiar, meu avô fundou a Queen Consolidate e estamos mantendo o legado dele desde então. –Aquela conversa estava me deixando desgastada, eu ainda não estava acreditando que não tinha associado o nome com a pessoa, como eu pude ser tão burra?

—Por que você não me contou a verdade, Oliver? –Ele se aproximou ainda mais de mim e então se ajoelhou ao meu lado para ficar do meu tamanho.

—Porque eu queria que você me conhecesse, Felicity. Eu sabia que você se afastaria assim que descobrisse que eu era um Queen e aquilo me apavorou, eu não queria que você se afastasse naquele dia e não quero que você se afaste agora também, pode parecer ridículo, mas esses dias foram terríveis pra mim, eu fiquei pensando em você a todo o momento e mesmo sabendo o dia em que você iria voltar, fiquei ligando pra Caitlin o tempo todo perguntando se por acaso você não havia chegado mais cedo! –Foi impossível não abrir um sorriso no rosto ao ouvir aquilo, mas a realidade veio até mim e eu tentei recuar um pouco, mas ele não deixou.

—Você é um bilionário, um dos caras mais ricos do país inteiro, você é famoso e conhecido e todas essas coisas e eu sou só...-Ele colocou o dedo nos meus lábios e me impediu de continuar.

—Você é só a mulher mais incrível que eu já conheci em toda a minha vida, é verdadeira, inteligente, bondosa e principalmente, é autêntica, não deixa de ser quem é pra agradar ou impressionar ninguém e tem um jeito de menina que faz com que a gente queira te proteger de tudo! –Ele aproximou o rosto do meu e abriu a boca diversas vezes, como se estivesse prestes a falar algo. –Ai droga, eu queria que fosse um espelho!

Espera, Oliver estava nervoso por falar comigo? Tão nervoso que ele havia treinado na frente do espelho? Era impressão minha ou ele estava suando frio?

—Oliver?

—O que eu tô tentando dizer é que... eu...ai merda! Bom, eu acho melhor você ler isso, acho que vai explicar tudo! –Ele retirou um bilhete do bolso do paletó e eu reconheci como sendo o bilhete que ele havia escrito naquele dia no restaurante.

Meu coração saltou dentro do peito e eu praticamente comecei a hiperventilar. Abri o papel com as mãos tremendos e precisei respirar fundo várias vezes para poder me acalmar o suficiente para ler.

Oi mãe!

Queria começar essa carta pedindo desculpas por ter fugido da festa, eu simplesmente não aguentava mais ver você jogando as mulheres solteiras pra cima de mim, esperando que eu fosse me apaixonar perdidamente por alguma delas.

Ei, eu sei que você me ama e só quer o melhor pra mim, sei que você também se preocupa comigo e não quer que eu fique sozinho, então estou aqui pra agradecer por isso!

Eu poderia escrever uma longa carta sobre o seu relacionamento com o papai, mas não acho que me intrometer nisso deixaria algum de vocês feliz, então, prefiro falar sobre algo bom!

Você não vai mais precisar procurar um amor pra mim, eu encontrei a garota!

Ela é esperta, gentil e linda e espero sinceramente que ela queira me ver depois de hoje, porque eu não sei o que vou fazer se ela não quiser!

Você vai ama-la, eu tenho certeza disso!

Com amor, Oliver!

 

Será possível que alguém tão jovem como eu pudesse ter um infarto? Por que se fosse possível, eu tinha certeza de que estava prestes a ter um!

—Oliver, você tá querendo dizer? –Ele voltou a me interromper, mas dessa vez de uma forma um pouco mais calorosa.

O loiro colocou a mão no meu pescoço e levou o meu rosto na direção do dele.

—O que eu estou querendo dizer, perguntar, na verdade, é se você gostaria de passar o natal desse ano comigo e todos os dias que vierem antes dele e todos os dias depois dele também! –Nossos narizes já estavam se encostando e eu podia sentir o seu hálito de menta em meu rosto.

—Todos os dias? –Ele assentiu levemente e praticamente grudou nossas bocas.

—Todos os dias!

“Quando o seu amor de verdade aparecer, você vai saber, você não vai precisar duvidar, então, não deixe que o medo te vença, ok? Escute o seu coração, ele sempre vai te levar pra direção certa.”

Me lembrei da carta da minha avó e sorri antes de grudar a boca na dele em um leve selinho.

—Todos os dias parece ótimo pra mim, senhor Queen!

—Pra mim também, senhorita Smoak!

Depois disso não precisávamos de mais palavras, Oliver grudou a sua boca na minha e no começo foi só um selinho, mas logo ele pediu passagem com a língua e eu concedi de bom grado, ele apertou a minha cintura e eu enlacei seu pescoço. Nossas línguas se encontrando fazia com que choques elétricos percorressem todo o meu corpo, eu ainda não entendia como podia me sentir assim só pelo fato de beija-lo, era como se todo o meu corpo o reconhecesse, era como se nada mais importasse a nossa volta, nem os nossos cargos, nem o dinheiro dele, nada.

A única coisa que importava era aquela boca macia sobre a minha me causando tantas sensações que eu nunca achei que teria.

—FINALMENTE, OBRIGADA MEU DEEEEEEUS! –Oliver e eu nos afastamos rapidamente só pra poder olhar pra porta e dar de cara com Tommy e Caitlin nos olhando.

Caitlin tentava, inutilmente, controlar o noivo, que estava pulando de um lado pro outro.

—O que diabos você tá fazendo aqui? –Oliver parecia prestes a esgana-lo e eu ria baixinho da situação, apesar de estar totalmente vermelha por ter sido pega em um momento como esse.

—Eu precisava ver você se declarando pra minha mais nova cunhada e então eu trouxe a Caitlin junto pra ela servir de testemunha! –Oliver se levantou rapidamente e fechou as mãos em punho.

—Eu vou te matar, não vai demorar muito! –Tommy revirou os olhos e riu baixinho.

—Você me ama, temos um bromance! Além do mais, se você fizer isso vai pra cadeia e não vai poder ver a nossa linda Felicity! –Nesse momento Caitlin puxou o braço dele e começou a arrasta-lo pra fora da sala.

—Parabéns casal, estamos muito felizes por vocês e só pra avisar, hoje é noite do filme lá em casa, vocês tem que ir, tchau!

Os dois saíram da mesma forma que chegaram e eu fiquei rindo baixinho, ainda tentando assimilar tudo o que havia acontecido.

Antes eu pudesse falar alguma coisa, escutei a voz do casal no corredor.

“Eu não acredito que você filmou os dois, Thomas Merlyn!”

“O que? Eu preciso de material pra mandar pra Thea!”

Oliver parecia prestes a ter um colapso, mas eu me levantei e o abracei pelo pescoço.

—ignora os meus amigos loucos e não desiste de mim, por favor! –Ele passou os braços pela minha cintura e eu me aconcheguei melhor nele.

—Não se preocupe, eu não pretendo desistir de você! –Ele abriu um lindo sorriso depois de ouvir aquilo.

—Você sabe que nós deveríamos ter nos beijado a meia noite né? Quer dizer, teria acontecido se o Genaro não tivesse nos interrompido! –Ri baixinho das palavras dele e acariciei o seu rosto.

—Podemos consertar isso no natal desse ano! –Ele pareceu pensar por um segundo, mas então sacudiu a cabeça em negação.

—Não, acho melhor consertamos isso hoje e amanhã e depois...

—E depois...-Palavras não eram mais necessárias depois disso, Oliver voltou a grudar a boca na minha e eu me senti flutuando!

Eu sabia que logo precisaríamos nos afastar por ainda estarmos no local de trabalho, eu sabia que a vida não seria um mar de rosas, mas eu tinha certeza de que havia finalmente encontrado a minha “pessoa favorita”.

Eu acabei perdendo o meu voo e ficando presa com o homem que provavelmente seria o amor da minha vida, alguns chamariam de coincidência, outros chamariam de destino, eu preferia chamar de milagre!

E enquanto a língua de Oliver serpenteava contra a minha e eu sentia suas mãos em minha cintura me trazendo pra mais perto dele eu percebi uma coisa...

Genaro estava certo, não existia isso de milagre menor!


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Notas finais do capítulo

Obrigada por estarem acompanhando o projeto e por favor não esqueçam de deixar o comentário de vocês aqui na minha história (estou nervosa pra ver o que vocês acharam da minha one) assim como em todas as outras...
Ps: Dia 24 é meu aniversário, então me deem esse presente tá? kkkkkkkkkk

Eu espero que por mais esse ano nós tenhamos ajudado a deixar o coração olicity de vocês quentinhos e se Deus permitir, estaremos novamente aqui no ano que vem!

Um feliz natal e um próspero ano novo minhas lindas, até a próxima!
Beijoooos!!!!!!!