CRY BABY - The Storyfic escrita por puremelodrama


Capítulo 12
Mrs. Potato Head




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Há algo interessante sobre humanos. Para alguns, talvez não traga tanta curiosidade, mas provoca certa dúvida e alguma compreensão àqueles que se cobram o bom senso de questionar a própria realidade. Nunca estamos satisfeitos.

 Não que seja necessariamente de todo mal, por um lado é bom nunca estar satisfeito.  É bom estar disposto a conquistar o máximo do que o mundo pode oferecer, ir atrás de novas informações, novos sentimentos, novas experiências, novas visões... É fato que nunca estar satisfeito é sinônimo de busca pela verdade e paz espiritual, certo?

 Errado. Há os terceiros. Quando a própria insatisfação surge a partir da insatisfação de outros indivíduos. Quando a insegurança, a baixa autoestima e o complexo de rejeição se tornam o principal guia e a voz de maior autoridade dentro da própria mente.

 Desde o surgimento da espécie humana, há o grupo daqueles que vivem exclusivamente para adequar-se aos padrões de seu considerado superior — seja este uma pessoa ou entidade —, seja pelo interesse próprio, por puro temor ou apenas o desejo obsessivo e vazio de aceitação dentro de uma comunidade habitada de terceiros. Este último talvez seja o mais adequado atualmente.

 Melanie não se deixaria dar por vencida tão facilmente. O mundo — com sua atração natural para dramáticos contos românticos — já estava repleto de histórias decepcionantes sobre amor, Melanie não deixaria que a sua fosse apenas mais uma na trágica névoa do esquecimento. Milhares de ideias e resoluções acerca do problema rodavam em sua cabeça, mas todas pareciam improváveis. Você já enfrentou muitos monstros, já deveria pelo menos ter aprendido a defrontá-los.

 Sua breve reflexão quanto ao fato de Johnny escolher a vadia básica loura lhe proporcionara alguns momentos de clareza sobre o que havia de ser feito. “Se Johnny gosta de Beth Annes, então vou ser uma Beth Anne”. Foi o que fez.

 Durante o restante do dia pôs-se a estudar com precisão todos os aspectos físicos da bruxa que arruinara os seus sonhos. E embora achasse que a garota tivesse uma das personalidades mais sujas que já havia conhecido, obrigou-se a imitá-la também nesse quesito. Desde a forma como arrumava o cabelo até o seu modo de andar, o qual Melanie considerava um tanto exibido para uma criança de doze anos.

 Beth Anne possuía cabelos compridos e muito claros, ao contrário de Melanie, que portava mechas castanhas escuras um pouco abaixo dos ombros. Pensara na possibilidade de tingir o cabelo, poderia surrupiar umas das tintas que Murcy usava, porém logo desconsiderou a ideia. E se o tom que conseguisse não se igualasse ao de Beth Anne? E se a tinta acabasse prejudicando a saúde de seus fios? Seu plano poderia ir todo água abaixo. Melanie pensou em perucas. Na cidade havia centenas de lojas voltadas para aquele tipo de mercadoria, quem sabe poderia experimentar algumas.

 Sem deixar qualquer vestígio visível de sua passagem, Melanie esgueirou-se pelo quarto de sua mãe, saindo de lá com ao menos duzentos dólares nos bolsos do vestido. E como de costume, sem dar qualquer aviso, saiu pela porta da frente, inspirando, contra a sua vontade, o forte cheiro da fantasia de Joseph que impregnava toda a casa naquele momento.

 Pôs-se no longo caminho até o centro da cidade, esperando não encontrar qualquer rosto conhecido. As variadas lojas do centro eram extremamente cheias e movimentadas, provavelmente o lugar de maior concentração de pessoas em toda a região. Pelas calçadas caminhavam-se homens, mulheres e crianças de todas as idades e formas, além de cachorros e gatos vira-lata e alguns sem-teto dominando as vielas escuras entre as construções.

 Nas ruas situavam-se elegantes carruagens pretas puxadas por majestosos cavalos. Numa extremidade da rua, um grupo de meninos chutando bola uma hora ou outra fazia um cavalo parar e relinchar e o cocheiro soltar um palavrão. Os garotos riam, recuperavam a bola e repetiam o tormento.

 Cada prédio era erguido em ao menos três andares, uma loja para cada um. Seu aspecto era refinado, os produtos e acessórios visíveis através das vidraças deixava claro que aquele era um lugar para pessoas de alto conforto financeiro. Melanie caminhava em uma das calçadas da longa e larga rua, passando por lojas de roupas, ferramentas, comida, cosméticos, sapatos e todo o tipo de mercadoria. Surpreendeu-se ao passar em frente a uma loja que aparentemente comercializava apenas relógios. Com sua curiosidade aflorando, deu uma espreitada do lado de fora pelo vidro.

 Parecia que o prédio inteiro era dedicado somente àquele objeto. Espetacular. As estantes preenchidas de caixas e os relógios fixados nas paredes alcançavam um ponto muito além do que Melanie podia enxergar pelo vidro. Em uma das infinitas estantes repousava uma escada que parecia levar diretamente ao céu. E então a estranha ideia de escalar aquela escada, ficar em meio aquela imensidão de relógios e ouvir seus tique-taque sem fim lhe parecia convidativa, apesar de não conveniente.

 Seguiu caminho, procurando um lugar especializado em cabelos. Mais à frente, uma loja de cor rosa lhe chamou a atenção. Lá dentro havia várias mulheres aprontando os cabelos enquanto algumas experimentavam perucas. Melanie empurrou a porta, o tilintar do sino acima de sua cabeça anunciou a sua chegada. Uma mulher veio rapidamente atendê-la.

 — Boa tarde, senhora. Em que posso... — o sorriso largo da mulher se desfez ao ver a pessoa que havia acabado de entrar no estabelecimento. Parecia confusa pela presença da garota, e também um pouco desconfiada pela sua má aparência. — Oh, olá, querida. Você está perdida?

 A mulher era tão alta que o pescoço de Melanie doía ao fitar seu rosto. Também era tão magra que poderia facilmente se passar por uma daquelas famosas modelos esqueléticas das propagandas. Seus cabelos eram ruivos e os olhos castanhos esbanjavam uma falsa simpatia. O nariz era fino e todo o rosto era preenchido por sardas. Trajava uma blusa branca sob um blazer vermelho e saia da mesma cor. Não aparentava possuir mais que vinte e cinco anos.

 — Eu quero um novo cabelo — disse Melanie diretamente. Claro que não pretendia ser mal educada com aquela moça que parecia fingir sua bondade tão bem, porém ainda havia muito que ser feito.

 — Desculpe, mas não posso fazer nada sem a autorização dos seus pais primeiro. Onde eles estão? — perguntou exibindo um sorriso forçado de ternura.

 — Não tenho pais — “Não é total mentira, afinal”. Melanie pronunciara a frase de forma tão direta e seca que arrancara uma expressão surpresa da moça ruiva. — Mas eu posso pagar, tenho dinheiro.

 — Sinto muito, mocinha, mas vou ter que pedir a você para se reti... — Melanie imediatamente retirou dos bolsos as notas de dinheiro e as deixou visíveis para a moça. Esta, por sua vez, subitamente arregalou os olhos e deu um sorriso fraco diante do ato. — Er... Quero dizer... Em que posso ajudar mesmo?

 Mas que cachorra. Melanie guardou novamente o dinheiro e lançou seus olhos ao teto para poder olhar no rosto da ruiva.

 — Eu quero um cabelo novo, quero que ele seja grande e louro, muito louro.

 — Ora, criança — a moça cruzou os braços. —, infelizmente ainda não inventaram uma tecnologia que faça crescer cabelos tão rápido.

 Isso é sério? Quanta burrice. Por que nós estamos aqui mesmo?

 Melanie tentou não parecer arrogante diante da confusão da atendente. Tentou.

 — Uma peruca... — respondeu num tom de obviedade, cruzando os braços enquanto segurava para não revirar os olhos.

 — Ah... Sim, claro — a mulher corou perante o seu erro. — Claro, venha por aqui, querida. Chame-me de Madison.

 Madison a guiou até o fundo da loja. Vários quadros de mulheres com cabelos magníficos enfeitavam as paredes de cor rosa claro. De um lado, um bando de mulheres permanecia sentado enquanto as funcionárias trabalhavam em seus cabelos, espalhando um forte cheiro de química no ar. A área das perucas era mais ao fundo, onde uma grande estante de cor creme acolhia inúmeras perucas das mais variadas cores e tons.

 Próxima da estante, uma mulher rechonchuda de rosto gordo e rosado experimentava uma grande peruca de cor amarelada diante de um espelho. Na visão de Melanie, aquela senhora parecia algum filhote de porco muito feio com palhas na cabeça, a funcionária que a atendia parecia pensar o mesmo, pois visivelmente se controlava para não explodir em gargalhadas.

 O filhote de porco passava a mão pelo cabelo falso com certo orgulho e fazia poses estranhas como se estivesse sendo fotografada. Melanie quis avisar à mulher sobre as palhas na cabeça, porém se conteve e focou em si própria. Continuou seguindo Madison, temendo acabar igual ao filhote de porco.

 — Bem, comprido e louro, não é? — Madison retomou a fala. — Uma boa pedida, é o que mais faz sucesso por aqui. Então, qual seu modelo ideal? Ondulado? Liso? Repicado? Franjas?

 Melanie visualizou o cabelo de Beth Anne em sua mente. Seu cabelo descia até a cintura, era tão liso e fino que um simples sopro de ar poderia bagunçá-lo inteiro, continha leves ondulações nas pontas, porém, nenhuma franja.

 — Eu quero que seja bem liso, mas... Talvez com alguns pequenos cachinhos nas pontas, tem algum?

 — Bem... — Madison correu os olhos castanhos por toda a estante até focalizarem em um ponto específico. — Ah, este.

 A moça ruiva retirou da prateleira um cabelo quase idêntico ao de Beth Anne. Assemelhava-se tanto ao da outra menina que Melanie pensou na possibilidade de a terem matado e arrancado seu couro cabeludo para vender na loja, o que não teria sido nada ruim. Apenas o tom do louro se diferenciava um pouco, o de Beth Anne ainda era mais claro, porém talvez não fizesse tanta diferença se considerasse os outros aspectos.

 Melanie passou a mão por uma das mechas da peruca, por um momento imaginando os gritos de Beth Anne ao ter seu lindo cabelo tomado dela. Sedoso e brilhante... É, talvez não fosse nada ruim.

 Madison notou o olhar da garota.

 — Gostou? — deu um sorriso convencido.

 — Eu quero esta — respondeu Melanie com total certeza;

 Madison ajeitou a peruca na cabeça de Melanie, que se olhou no espelho e se viu a meio caminho de uma Beth Anne completa. “Bem, nada de filhote de porco”. Sua atendente oferecera-se para embalar em uma sacola, o que Melanie recusou, pretendendo exibir seu novo visual o quanto antes. Tal cabelo custara em torno de quarenta dólares, o que valia a pena considerando a qualidade do produto e a sua semelhança ao cabelo original.

 Melanie saiu saltitante da loja, sem parar de alisar seu novo acessório um único segundo. Isso é ridículo. O próximo item eram as vestimentas. Beth Anne costumava usar apenas vestidos, assim como Melanie. Porém, os vestidos da garota loura eram sempre rosa ou roxo. Melanie possuía somente uns três dessas cores, e que não se pareciam em nada com os modelos que a outra usava. Teria de comprar um vestido novo. Não, é sério, me diz por quê ainda estamos fazendo isso. Por sorte, do outro lado da rua havia exatamente a loja que procurava.

 Entrou no estabelecimento, este completamente vazio se comparado ao salão de beleza. Havia somente uma única mulher virada de costas olhando os vestidos enquanto a funcionária atrás do balcão folheava tediosa um jornal. As paredes eram de cor creme e, ao contrário do salão, era simples e não possuía quase nada em decoração. Havia somente cabides e mais cabides de roupas para lá e para cá e um provador de cortina roxa na extremidade do lugar. Melanie dirigiu-se para a moça no balcão. Uma mulher que aparentava ter trinta anos, possuía cabelos negros, pele muito pálida e uma cara de poucos amigos.

 Melanie pigarreou, esperando que a mulher lhe notasse. Como se estivesse evitando ter de atendê-la, demorou alguns segundos até ela finalmente olhar para baixo e ver a menina de peruca loura fitando-a com seu rosto doente. A mulher atirou o jornal em cima do balcão e curvou-se sobre o mesmo para falar com Melanie.

 — Em que posso ajudar, gracinha? — o tom de ironia em sua voz ao pronunciar a palavra “gracinha” era bastante notável.

 Vamos embora daqui já. O modo com que a moça se dirigiu à Melanie a irritou profundamente, porém reuniu todo o esforço do mundo para ignorar e focar em seu real objetivo. Achar o vestido perfeito para Johnny.

 — Eu quero o melhor vestido cor de rosa que você tiver aí.

 Ao contrário de Madison, a moça pálida não desconfiou se Melanie tinha ou não algum dinheiro. Apenas levantou-se de má vontade da cadeira e entrou por uma porta atrás dela, provavelmente indo buscar o vestido.

 — Melanie? — Melanie ouviu uma doce voz vinda atrás de si.

 Ao se virar, surpreendeu-se ao ver que a mulher de costas era Amelie McGee, sua professora. Perguntou a si mesma como poderia não ter notado antes.

 — Ah, olá, professora.

 Amelie fitava a nova aparência de sua aluna, seu semblante não transparecia muita felicidade em vê-la. Havia um olhar misto de censura e preocupação no rosto da professora.

 — Você... Está melhor?

 — Eu estou bem, senhorita McGee. Sabe, foi apenas uma gripe forte, já estou me recuperando.

 Melanie bem sabia que aquilo não soaria convincente aos instintos inteligentes de Amelie McGee.

 — Sei... O que está fazendo aqui, Melanie?

 — Só estou... Experimentando roupas. Sabe como é... Renovando o guarda roupa.

 — Mas por quê?

 “Maldita hora para encontrar essa mulher aqui”.

 — Ora, nada demais... Eu apenas... Preciso ficar elegante para alguém.

 Amelie fitou sua aluna através dos óculos por um longo tempo, deu um suspiro e agachou-se em frente à garota.

 — Mas para quê está fazendo isso?

 — Eu já lhe disse, preciso fazer isso.

 — Precisa? Precisa de se mudar para agradar outras pessoas? — a professora tinha a testa franzida.

 — Algum problema? — Melanie possuía um quê de irritação na fala.

 — Sim! É claro que há um problema! Acha que as outras pessoas valem tanto o seu esforço assim? Quer tanto ser aceita, mas a que preço? Poxa, você... Está usando uma peruca... — Amelie alisou a lateral da cabeça de Melanie. — Você nunca foi assim.

 — Ah — Melanie deu um riso irônico. — Sim, concordo plenamente. Eu sempre fui a menina feia e esquisita da escola. Por que eu iria querer mudar, não é mesmo?

 A expressão mista de Amelie foi tomada unicamente pela censura.

 — Você sabe bem que nada disso vale a pena. Sabe bem que no final não vai sentir coisa alguma além do vazio. Você é única, Melanie, perceba isso.

 — Pare com essas bobagens. Eu sei que você gosta de mim, mas esse papo de única e especial são termos bonzinhos e politicamente corretos para chamar alguém de louco e retardado. Eu cansei disso — Melanie estava definitivamente irritada.

 — Não diga essas coisas! Me escute — Amelie pôs as mãos nos ombros de Melanie. — Você não é louca, isso que você está fazendo é. Poxa, você comprou uma peruca e agora está comprando vestidos por causa de outra pessoa? Saiba que não se conquista verdadeiramente o afeto de ninguém dessa maneira. Você é única, e no sentido mais do que bom, você é diferente das outras pessoas, e para mim isso é uma das coisas mais bonitas que há nesse mundo! E também muito rara, além de você eu só conheci uma pessoa assim em toda a minha vida, o meu irmão mais novo...

 O olhar de Amelie McGee divagou.

 — Ele era único e especial, como você. Eu o amava... Desde o momento em que ele nasceu... Me apaixonei completamente por ele. Eu queria sempre estar ao lado dele, mas... Meus pais... Eles o rejeitavam por ter alguns... Defeitos. O julgavam uma vergonha para a família — Amelie retirou as suas mãos de Melanie e focou os olhos verdes num espaço vazio ao lado da cabeça da garota. — Quando meu irmão tinha apenas onze anos meus pais o abandonaram em Rutledge e me arrastaram para a Inglaterra com eles. Eu não suportava ver a crueldade com que tratavam o meu irmão. Deus! Largá-lo num lugar daqueles... Mas uns anos depois juntando algum dinheiro eu consegui finalmente sair daquele país e voltar para meu irmão, mas... A enfermeira dele disse que ele havia fugido e não fazia a menor ideia de seu paradeiro. E então... Nunca mais o encontrei.

 Melanie escutava a história atentamente, sem dizer uma palavra e sem esboçar qualquer reação. Amelie, com seus olhos lacrimejando, pareceu voltar à realidade e fitou Melanie novamente. Como se Mel pudesse fugir a qualquer momento, Amelie bruscamente agarrou seus ombros, assustando a garota.

 — Melanie, meu irmão era... É a pessoa mais maravilhosa que já existiu — continuou. —, só que as pessoas não conseguem entender. Eu queria tanto poder abraçá-lo novamente... Queria tanto protegê-lo de todo o mal do mundo, para sempre... — eram visíveis as lágrimas implorando para sair de seus olhos. — Eu não consegui salvar meu irmão desse mundo, mas eu vou te salvar.

 Você não pode salvá-la, Amelie. Ninguém pode.

 Um barulho atrás de Melanie a fez lembrar o motivo de estar ali. A mulher de cabelos negros voltou com a mesma expressão mal humorada, porém portava agora em seus braços um vestido rosa bebê. Melanie virou-se novamente para a professora.

 — Olha só, sinto muito pelo o que aconteceu — disse se referido aos acontecimentos recentes, porém Amelie não precisava saber —, mas se me dá licença, tenho coisas a fazer. O mundo nunca espera, ou você se adapta a ele ou é puxado para o fundo do poço. Eu só não quero ficar para trás, adeus, senhorita McGee.

 Melanie retirou as mãos da professora de seus ombros e voltou-se para a moça da loja, que impacientemente aguardava a sua atenção. Em um vislumbre, viu pela última vez o olhar de pena e decepção de Amelie derramando sobre si. Logo em seguida, escutou os passos da professora se afastando e a porta da loja sendo aberta.

 A mulher mal humorada estendeu o vestido rosa diante dos olhos de Melanie. Seda. Duas camadas de tule rosa bem claro na saia, na qual alguns desenhos trabalhados em purpurina cobriam todo o comprimento. A parte de cima era simples, sem quaisquer detalhes, com alças finas. Aquele vestido seria perfeito se Beth Anne fosse uma freira e usasse roupas tão longas como aquela. Os vestidos da garota nunca passavam da metade das coxas. Melanie pediu por algo mais curto. A mulher resmungou e desapareceu porta adentro para encontrar algo que satisfizesse sua cliente.

 Poucos segundos depois, voltou com um modelo parecido ao primeiro. Este segundo não possuía alças, não havia detalhes nos tules, o rosa do vestido era um pouco mais escuro, porém na medida certa. Após experimentá-lo no provador, perguntou à moça o preço. Esta, já visivelmente cansada da presença da menina, cobrou cinquenta dólares. Melanie pagou a mulher e saiu da loja já vestida com a sua nova compra, deixando para trás seu antigo vestido verde sem graça que provavelmente já estaria sendo jogado no lixo pela mulher mal humorada.

 Felizmente seus sapatos não se diferenciavam em quase nada dos de Beth Anne, então talvez seu cabelo e vestido novo fossem tudo o que precisava. Foi para casa aos pulinhos, sentindo-se ligeiramente feliz e ansiosa. Eu ainda não acredito que você está mesmo fazendo isso.

 Como se o universo parecesse ouvir seus desejos, Melanie sorriu ao encontrar Beth Anne sentada sozinha em um dos bancos da praça. “Será que eu tive sorte ou só aconteceu porque as chances de dar errado para mim são grandes?” De qualquer forma, o universo adoraria assistir àquilo.

 Sem medo, Melanie se aproximou de Beth Anne, esta parecia esperar a chegada de alguém, provavelmente Johnny. Deu um alto pigarreio, denunciando a sua presença. A menina loura virou a cabeça, revelando uma expressão de surpresa ao ver Melanie ali parada.

 — Está esperando o trem para o pasto? — Melanie mantinha-se numa pose desafiadora. — A estação é para o centro.

 Beth Anne não fez nada além de continuar encarando Melanie, avaliando-a de cima a baixo repetidamente. Então soltou uma risada longa e alta, levantando-se logo em seguida. Ainda rindo, parou frente à Melanie.

 — E o circo também — Beth Anne riu com mais intensidade. — Pode ficar aqui até eu buscar uma câmera fotográfica?

 O interior de Melanie ardeu em fúria, porém manteve a calma, não se deixando abater pela vadiazinha ladra de garotos.

 — Pode rir, bruxa. Espere até Johnny me ver, ele vai perceber que sou eu quem ele realmente quer e vai se libertar dessa sua magia negra.

 Beth Anne esforçava-se para manter-se séria, mas a visão à sua frente não permitia.

 — Meu bem, você ao menos se olhou no espelho quando vestiu essa fantasia? Que tolinha. Não adianta tentar encobrir o lixo com seda, o cheiro ainda é o mesmo.

 — Então isso explica o fedor no momento te conheci — retrucou Melanie.

 Beth Anne parara de rir, olhando seriamente nos olhos da menor.

 — Escute, garotinha, saia do meu caminho ou as coisas não vão ficar boas para você. Você acha mesmo que é suficiente ter um cabelo novo se essa cara ainda é a mesma?

 — Johnny não se importa com isso, ele me amou de verdade até você enfeitiçá-lo.

 Beth Anne deu um riso irônico, cruzou os braços e caminhou ao redor de Melanie.

 — Ah, Melaniezinha... Acha mesmo que os garotos não estão nem aí para isso? Muito pelo contrário, meu bem, isso é só o que importa para eles. Se acredita mesmo que Johnny te amou, você é muito, muito ingênua, porque ninguém vai te amar se você não for atraente.

 Melanie refletiu acerca das palavras de Beth Anne. Não, não era possível. Se Johnny se importava com a beleza exterior, por que teria ele passado todo aquele tempo com ela?

 — Mentirosa. Johnny vê muito mais do que a aparência, eu sei disso. E de qualquer forma, até mesmo eu posso me tornar atraente como você.

 Beth Anne deu outro riso irônico.

 — Não pode mudar isso, querida. Algumas pessoas simplesmente nascem para ser bonitas, já outras nascem para invejar a beleza alheia. Meninas sortudas como eu têm de usar isso a favor, é o que minha mãe sempre me ensinou, caso contrário eu posso acabar como uma velha solteirona como você certamente acabará.

 — Então é disso que você tem medo? De acabar sozinha sem que ninguém te ame? É por isso que você arruinou a melhor coisa que já havia acontecido comigo, para favor próprio?  — Melanie cerrou os punhos. — Pois saiba que você nunca vai ser amada enquanto for essa pessoa má e egoísta.

 Beth Anne fitava Melanie com expressão espantada, como se nunca esperasse ter aquelas palavras dirigidas a ela. Melanie percebeu que havia deixado a garota sem fala, pois ela abria a boca várias vezes sem reproduzir som algum.

 — E-Eu... Eu... Eu não... — gaguejou Beth Anne. Porém, logo retomou postura arrogante e franziu as sobrancelhas. — Ora, vá consertar esses dentes e essa cara antes de querer competir comigo, bebê chorão.

 E então Beth Anne a empurrou, forte o bastante para levá-la ao chão. A menina mais velha se afastou desfilando, deixando uma Melanie estática para trás. Eu lhe disse que não deveríamos fazer isso. Melanie grunhiu e levantou-se, batendo no vestido para tirar as folhas grudadas. Se Beth Anne queria guerra, ela teria guerra. Melanie estava disposta a ir até o fim para ganhar, e já sabia como.

♠ ♠ ♠

 A recepção era habitada por nada mais do que duas mulheres. Uma delas ficava atrás do balcão de informações. Debruçada com um dos braços apoiando o rosto, exibia um semblante cansado enquanto ouvia as reclamações vindas de uma mulher mais velha do outro lado do balcão. Esta aparentava ter pouco mais de quarenta anos, e gritava histericamente para a outra moça algo sobre uma mamoplastia mal realizada que resultara em seios de alturas diferentes.

 — Eu exijo que vocês façam algo! — gritava a mulher mais velha. — É um absurdo, eu vou processar vocês!

 — Eu já disse que não reembolsamos, senhora. Está escrito naquela placa — a recepcionista apontou para a sua direita, onde jazia uma placa com os dizeres citados.

 A mais velha soltou um palavrão e saiu pisando forte do lugar, Melanie teve que se desviar para não ser atropelada pela mulher raivosa. A moça do balcão começou a folhear uma revista, despreocupada, como se nada tivesse acontecido. Melanie se aproximou. Estava agora no grande Hospital Rutledge, o maior e melhor hospital da região inteira, claro que a situação que acabara de presenciar contradizia um pouco, mas estava confiante de que o que estava fazendo não era loucura, e sim o certo a fazer.

 Melanie pigarreou, esperando que a mulher no balcão a notasse. Os olhos azuis opacos da recepcionista se desviaram da revista sobre loções e cremes e focaram-se na pequena garota de peruca loura.

 — O que foi? Está perdida? — perguntou a mulher guardando a revista.

 — Não. Eu vim porque preciso dos seus serviços.

 A moça olhou confusa para a criança. Provavelmente estaria imaginando o porquê de aquela menininha estranha querer o tipo de serviço daquele lugar.

— Não entendi — a mulher colocou o cabelo louro que caía sobre o seu rosto para trás da orelha, como se despertasse em si um interesse sobre aquela menina.

  Melanie suspirou. Deus, por que as pessoas tinham de ser tão lerdas? Acho que é um sinal para sairmos daqui, vamos embora, já.

 — Posso falar com o médico? — Melanie perguntou, querendo poupar o máximo de tempo possível. — Por favor.

 — Não posso, criança. Me diga primeiro o que realmente quer aqui.

 — Quero falar com o médico. Você é surda? — respondeu num tom arrogante.

 A mulher arregalou os olhos diante da audácia daquela menina. Como se quisesse evitar qualquer outra palavra vinda dela, foi-se imediatamente para dentro de uma das portas que levava a um corredor largo cheio de outros quartos. Escute-me, isso é loucura! Poucos minutos depois, a mulher voltou e deu passagem para que Melanie pudesse entrar no longo corredor.

 — Sala 304 — anunciou a mulher.

 Melanie adentrou o corredor escuro, suas paredes eram brancas, apesar de visivelmente desgastadas. Passou por várias portas até avistar o número que procurava. 304. Entrou, se deparando com um cubículo onde as paredes eram pintadas de lilás.

 Na cadeira, atrás de uma mesa repleta de papéis e remédios, além de uma seringa enorme, repousava um homem de jaleco branco. Ele tinha cabelos pretos curtos, rosto fino e olhos separados. Porém, nada chamava mais atenção do que suas orelhas, que eram enormes e engraçadas. Ao seu lado, na parede, havia um casaco pendurado num gancho e um medidor de altura que continha uma lâmpada de luz fraca no topo. Atrás do médico, havia uma placa contendo letras aleatórias que começavam enormes e terminavam minúsculas, usada para testar a visão. Do seu outro lado tinha uma mesa móvel de metal onde repousavam alguns utensílios médicos. Por fim, uma outra cadeira simples de madeira à frente da mesa do doutor.

 Melanie fechou a porta atrás de si e sentou-se. O médico avaliava seus atos exibindo um sorriso simpático, parecia já saber exatamente o que falar.

 — Boa tarde, senhorita. O que deseja aqui?

 — Eu quero mudar o meu rosto — respondeu Melanie.

 O médico, como se tivesse ensaiado o gesto, virou a cabeça em uma expressão confusa.

 — Mas por que quer fazer isso?

 — Porque eu quero. E não se preocupe, eu posso pagar — “Embora tenha de roubar mais uns mil de Murcy”.

 — Me desculpe, senhorita... — disse o médico, esperando que Melanie completasse a fala.

 — Melanie.

 — Melanie! Me desculpe, mas nós não podemos realizar tais procedimentos em alguém como você.

 — Mas por que não? — Melanie perguntou já se irritando.

 — Essas operações devem ser evitadas em pessoas tão novas como você. Só o fazemos em casos que necessitam delas para correção de algum problema no corpo, e mesmo assim exigimos a autorização dos pais ou responsáveis. Do jeito que você deseja, só em maiores de idade.

 Melanie suspirou. Parecia que todas as pessoas haviam tirado o dia especialmente para atrapalhar a sua vida.

 — Não importa. Eu quero essa cirurgia, então eu terei essa cirurgia. Leve-me agora para a sala de operações.

 O médico franziu as sobrancelhas. O tom mandão que a menina havia lhe dirigido obviamente não o agradara em nada. A expressão em seu rosto sugeria que o seu pensamento naquele momento era “Quem é a mãe dessa garota?”.

 — Mocinha, vou ter de pedir para se retirar, ou então serei obrigado a chamar os seguranças.

 Zangada pelo tom ameaçador do doutor, Melanie levantou-se da cadeira e foi até a mesa do mesmo. Com um braço, levou ao chão todos os objetos acima da mesa, alguns frascos se quebrando pelo quarto. Soltou um palavrão e foi-se batendo a porta com força. Nunca devíamos ter saído do nosso quarto. Foi para casa pisando forte.

 Ao chegar, não ouvia nada além do som dos próprios pés no chão de madeira. Eram quase cinco da tarde. Murcy deve estar pelas ruas afora, bebendo. Já Joseph deve estar fumando no quarto. Esse cheiro ainda está impregnado aqui. Você devia ir até ele e pedir algo para relaxar. Ao invés de ir correndo para o quarto como de costume, Melanie foi ao quarto de seus pais. Sentou-se em frente à grande penteadeira de Murcy, onde joias e produtos de beleza ocupavam todo o espaço disponível no móvel. Pelo amor de Deus, o que vai fazer agora? Encarando o seu reflexo no espelho, Melanie pensou: “Eu vou me tornar bonita, Johnny, eu vou, prometo”.

 Lentamente, tocou seu próprio rosto, examinando cada centímetro dele. Seu olhar se desviou para baixo ao encarar aquele rosto, o rosto que tanto odiava. Por que havia de ter nascido daquele jeito? Todas as meninas da escola eram lindas, seus rostinhos rosados e sua delicadeza faziam Melanie parecer um ogro ao lado delas. Por que justo ela tinha de ser a feia? Seu punho se fechou. Não fora Beth Anne quem lhe tirara Johnny. Fora ela mesma. Ela e a sua aparência horrenda. Ela e seus problemas. Ela e seus traumas. Ela e a sua capacidade de nunca ser boa o suficiente. “A culpa é minha”.

  Seus olhos se encheram de lágrimas. Abriu uma das maletas de maquiagem de Murcy, se deparando com mil utensílios de beleza. Cremes para o rosto, tinta para os olhos, pó para as bochechas e batom para seus lábios. Despejou todo o conteúdo na mesa, alguns objetos rolando em direção ao chão. No meio da bagunça, localizou um produto cujo nome não sabia, mas já havia visto Murcy usando-o para clarear a pele. Ainda chorando, espalhou-o por todo o rosto, depois pintou-o com tudo o que visse pela frente, até mesmo a tinta preta que a mãe utiliza para delinear seus olhos. Tudo isso com simples pincéis de pintura.

 Ao terminar, fitou-se no espelho. A maquiagem mal feita se misturava às lágrimas salgadas da garota, ocasionando uma cachoeira de cores pelo seu rosto. Examinando sua obra, sorriu de satisfeita. Com a ajuda de uma escova, Melanie penteava seus cabelos tentando deixá-los o mais arrumado possível, ao mesmo tempo em que ignorava completamente o fato de estar vendo Murcy no espelho.

 De repente, lembrou-se da cena horrenda onde Beth Anne forçava Johnny a agarrar um de seus seios. Apalpou os seus próprios e viu que não havia nada ali. Coincidentemente, seus olhos localizaram uma pequena caixa de lenços sobre a penteadeira. Não demorou muito para que seu vestido estivesse recheado de lenços de papel. Não havia como dar errado. Mais uma vez, saiu de casa.

 Voltou pelo mesmo longo caminho até o parque. Quando se aproximou o suficiente, pôde visualizar o casal de primos sentados em um dos bancos, rindo alegremente. Chegou mais perto, porém não houve necessidade de se anunciar, Beth Anne e Johnny pararam de rir no instante em que viram a garota se aproximar.

 Os dois lançaram olhares assustados à Melanie, perplexos à imagem que se encontrava diante deles. Melanie bem poderia se passar por um palhaço que fugira do circo e se mudara para o esgoto. Diante de tal visão, nem mesmo Beth Anne considerou debochar.

 — Melanie? — perguntou Johnny. — O que houve com você?

 — Isso é para você, Johnny — respondeu Melanie, sorrindo. — Isso é para que você perceba como sou bonita e me aceite de volta.

 — Ah... É... É bem... Diferente.

 — Você quer dizer horrendo, não é? — disse Beth Anne, ainda sem esboçar qualquer expressão de graça. — Meu Deus, garota. De onde você saiu? De um conto de terror?

 Melanie não deu atenção à garota.

 — Ah, pare, Johnny. Não precisa ter vergonha de voltar para mim. Eu sei que você foi seduzido por um súcubo, mas eu posso te tirar dessa maldição. Eu posso te fazer feliz.

 E como você pode? Sua vida ainda é um desastre desenfreado. Melanie se aproximou de Johnny, tentando lhe abraçar, mas o garoto se desviou no mesmo instante, pulando para fora do banco.

 — Fique longe de mim, por favor — respondeu num tom surpreendentemente calmo.

 Melanie recuou diante de sua fala.

 — Como assim? Você não gostou? — perguntou de cabeça baixa.

 — Minha nossa, garota — disse Beth Anne. —, será que você não percebe que ele não quer nada com você? Eu já disse e repito, nos deixe em paz! Até agora eu achava engraçada essa paixonite ridícula que você tem por ele, mas agora é questão de tempo até eu te denunciar para a polícia por perseguição.

 Melanie se enfureceu.

 — Cale a boca, sua vadiazinha. Isso é apenas entre mim e ele.

 — Você devia olhar para si mesma antes de me atacar assim. Pelo menos os meus peitos são de verdade.

 Melanie partiu para cima de Beth Anne, lhe desferindo vários socos enquanto a garota gritava por ajuda e tentava revidar. A luta continuou por mais meio minuto, até que finalmente Melanie ouviu uma voz gritar:

 — Parem!

 Era Johnny. As duas garotas imediatamente pararam, chocadas pela exaltação do menino. Johnny tinha os punhos cerrados.

 — Eu... Eu não aguento mais isso!

 — Eu sei! — disse Beth Anne, choramingando. — Essa menina é louca. Johnny, vamos agora mesmo denunci...

 — Não! — Johnny gritou novamente. Beth Anne surpreendeu-se. — Eu não aguento mais vocês! Vocês estão me enlouquecendo. E não suporto mais isso!

 Melanie assistia calada. Nunca esperaria algo assim vindo de Johnny. O garoto arfava como se estivesse à de um colapso.

 — Mas Johnny — Beth Anne ainda choramingava. —, o que foi que eu fiz?

 — Vocês são malucas! Completamente malucas! Vocês me disputam como se eu fosse um pedaço de carne e nem mesmo se importam com o que eu penso a respeito disso! Por quê? Por que todos são assim?!

 O rosto de Johnny tomara uma coloração avermelhada enquanto suas mãos tremiam. Melanie, pela primeira vez, sentiu medo de Johnny, temendo que ele pudesse se deixar levar pela sua raiva e avançar contra as duas garotas.

 — Mas Johnny... — “Cale a boca, Elizabeth, pelo amor de Deus”. — Eu só queria ficar com você...

 — Você não se importa comigo, Elizabeth! Você me usa como se eu fosse o seu brinquedinho, assim como todos me usam! Você não se importa com ninguém além de você própria, você até tentou me fazer odiar a Melanie por puro ciúme! — o coração de Melanie palpitou. Esperança? Talvez? Talvez não. Johnny apontava em sua direção. — E você, Melanie... Eu realmente gostei de você no início, eu te achei legal e diferente das outras garotas. Mas vendo o seu estado agora, vendo o que você é capaz de fazer só pra ter o que quer, eu percebi que você e Elizabeth são a mesma pessoa.

 Parecia que Melanie havia morrido por dentro. Todo o seu esforço, toda a sua dedicação, tudo fora em vão. Melanie se envergonhou. “O que é que estou fazendo?”. Todos esses anos. Todos esses anos sendo desprezada, humilhada, odiando outras pessoas por não se importarem com seus sentimentos. E ali, estava ela, fazendo a mesma coisa à outra pessoa. Monstros surgem onde menos esperamos...

 — Só... Fiquem longe de mim — Johnny disse, saindo logo em seguida.

 Melanie e Beth Anne continuaram estáticas, tentando assimilar tudo o que havia acontecido. Porém, segundos depois, Beth Anne saiu correndo na direção a Johnny.

 — Johnny! Querido, espere!

 Melanie, porém, ficou.

 Ainda tentando entender como havia chegado até aquele nível. Como havia conseguido estragar tudo. Mais uma vez, agora nós podemos parar com isso e voltar para o quarto?

 Tomada de fúria intensa, mesclada à tristeza, ódio e o sentimento de querer gritar e matar a todos quem encontrasse pela frente, Melanie seguiu o caminho de volta à sua casa.


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