Sra. Cullen escrita por Ellen Cullen


Capítulo 2
Destino


Notas iniciais do capítulo

Segundo capitulo.
Obrigada a todos por comentarem :)
boa leitura!



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POV Bella

 

 

Eu estava exausta. Andei a pé até a estação, Grand Central Terminal, estava abarrotada de gente. Haviam muitas pessoas indo e voltando de trem, famílias enormes embarcando com crianças pequenas, pessoas idosas abraçando seus familiares.

A chuva havia parado, o que era bom, pois eu só tinha um casaco seco, que era o que eu estava vestindo. Comecei a me sentir zonza, estava prestes a cair, felizmente uma pessoa que passava naquele momento me ajudou a sentar na escadaria da estação.

— Moça, você está bem? – Um rapaz com aparência jovem com cara de Índio me ajudou a sentar. Ele tinha um tom avermelhado em sua pele, o cabelo era preto, liso comprido, tinha um rosto bonito, suas grossas sobrancelhas pretas estavam unidas em um V de preocupação.

— Sim, obrigada. – eu respondi, tentando respirar.

— Você parece pálida, já comeu alguma coisa?

Apenas balancei a cabeça negativamente. Ele franziu a testa abrindo sua mala, e retirando um pacote de bolachas e me entregou.

— Obrigada. – eu disse enquanto comia a bolacha.

— Sou Jacob Black, ele disse depois que eu terminei de comer.

— Bella Swan. – eu estendi a mão para ele.

— Está indo visitar algum parente? – ele perguntou, olhando minha pequena bagagem. Eu queria dizer a ele que eu não tinha dinheiro para a passagem, mas eu apenas concordei com a cabeça, poupando o estranho desse detalhe.

— Estou voltando para ver meu pai, ele mora aqui em New York.

— Onde? – perguntei.

— Buffalo- ele disse. – Você é de New York?

— Não, sou da Flórida.

— Ah. – ele olhou para o chão. -  Está se sentindo melhor? – ele perguntou.

— Estou sim, obrigado mais uma vez. – eu o agradeci.

— Claro, claro. – ele disse.

Depois Jacob acenou para mim, e foi andando até sumir no meio da multidão.

Sentada na escadaria, eu refletia o que iria fazer daqui para frente. Pensei em pedir ajuda a meu pai varias vezes, mas pensar em Charlie, em minha situação, não me pareceu algo que ele fosse aceitar. Charlie não merecia esse desgosto.

Afaguei minha barriga, que estava enorme, pensando em como poderia ser o rosto da criança que eu carregava. Eu nem mesmo sabia se era menino ou menina.

ÚLTIMO EMBARQUE PARA CHICAGO. - O som do alto falante me assustou.

Eu vi uma grande quantidade de pessoas correndo para chegarem até o trem. Aquela seria minha oportunidade. Eu tinha que sair dali eu não teria futuro em New York.

Corri para me infiltrar no meio da multidão.

Me senti uma sardinha em lata, conforme eu ia seguindo o grande fluxo de pessoas que estavam embarcando no trem. Eu fui empurrada para frente, e finalmente consegui entrar no trem.

Eu nem estava acreditando, eu estava em um trem, clandestinamente, tinha sido mais fácil do que eu pensava.

Bem, pelo menos foi o que pareceu.

Enquanto eu andava na cabine, tentando ser a mais discreta possível, um senhor de cabelos grisalhos e boina azul marinho estava gritando:

— PASSAGEM!

Senti meu coração acelerar. Ele estava cada vez mais perto de onde eu estava. Comecei a andar o mais rápido possível, mas o trem tinha muita gente.

— PASSAGEM!

Passei para outra cabine, ela estava pior do que a que eu estava. Voltei para trás, o senhor estava verificando a passagem de uma mulher loira, que segurava uma criança pela mão. Aproveitei sua distração, passando por trás dele, indo em direção oposta.

Eu estava na metade do caminho, quando ele me parou.

— Ei senhorita, sua passagem. - o senhorzinho me encarou. Senti o sangue fugir de meu rosto. Fingi procurar a passagem em minha bolsa.

— Anh... Deve estar com meu... Marido! Isso mesmo, está com ele. JACOB! – foi o único nome que me passou na mente, continuei  fingindo que chamava por alguém.- JACOB!

E sai andando acelerando o passo, olhei para trás, o homem estava quase me alcançando. Desesperada, abri a cabine seguinte, esbarrando em um homem. Ele era alto, tinha os cabelos cor de bronze bagunçados, e grandes olhos verdes que me encaravam surpresos.

— Me... Desculpe! – eu disse, o pânico evidente em minha voz. Olhei para o vidro da cabine, o homem vinha em minha direção.

— Está fugindo de alguém? - o homem perguntou, com um sorriso divertido torto. Antes que eu pudesse responder sua pergunta, a cabine foi aberta.

— Ai está você! Cadê a sua passagem? - o homem disse mais impaciente.

Fiquei em pânico, o estranho da cabine me olhou, como se me avaliasse.

— Estão comigo. - ele disse, retirando de seu paletó um papel azul claro. Fiquei boquiaberta diante da ação daquele estranho, sentindo-me aliviada.

— Então esse é seu marido? – o homem disse desconfiado.

— Claro que é, olhe para ela. – o estranho disse apontando para minha barriga. - Estava insinuando algo sobre minha esposa? – ele disse levantando as sobrancelhas em desafio para o homem.

— C-claro que não senhor. – o homem gaguejou, devolvendo as passagens a ele. - Desculpe senhor, madame, ele disse fazendo uma reverencia antes de fechar a cabine.

Eu ainda estava boquiaberta. Senti uma imensa gratidão aquele homem.

— Obrigada. – eu disse finalmente. -  Estou tendo um dia ruim. Não somos casados, somos? – eu disse brincando.

— Não, não somos. - ele disse rindo. - Você parece cansada, sente-se. Vou pegar uma água.

Ele abriu uma pequena geladeira de frigobar, me oferecendo uma garrafa.

Sentei-me no banco em frente a cabine, tomando um gole da água.

— Aliás, sou Edmund Cullen. – ele disse estendendo a mão.

— Bella Swan. - Eu disse. – Não me leve a mal, é claro que estou imensamente agradecida pelo que você fez, mas... Por que quis me ajudar?

Ele sorriu, olhando para mim com aqueles olhos verdes brilhantes.

— Pensei em minha esposa. De repente a coloquei em sua situação. – ele disse dando de ombros. – Venha. – ele estendeu o braço, para me ajudar a levantar.

Edmund parecia tão jovem, e já era casado.

Passamos por um corredor estreito, todos estavam lotados.

— Acho que é impossível ter uma cabine livre. – eu disse a ele. Então paramos em frente a uma cabine, ele abriu a porta, estava vazia, apenas com algumas malas caras.

— É aqui. – ele disse me ajudando a sentar. –  Eu havia esquecido que nessa época do ano os trens ficam lotados por causa das férias.

— Ah. – eu disse.

A cabine parecia muito sofisticada, muito diferente da que eu estava anteriormente.

— Tanya, nós temos companhia. - ele anunciou. Segundos depois uma mulher loira, de pele de porcelana saia do banheiro. Ela vestia um vestido de seda cor de salmão, e estava enorme.

Ela também estava grávida.

— Olá. - Ela disse sorrindo para mim, exibindo uma fileira de dentes brancos perfeitos.

— Encontrei- a perdida no carro-salão. – Edmund disse.

— Acho que meu marido gosta de mulheres grávidas. – ela riu. Não pude deixar de sorrir. Ela tinha um sotaque forte, não devia ser americana.- Trouxe a minha bebida? – ela perguntou.

— Não, eu já volto. – ele disse, deixando-nos sozinhas.

— Sente-se aqui. – ela apontou para o espaço em seu banco.

— Sou Tanya. – Ela estendeu a mão.

— Sou Bella. – Eu disse.

— De quantos meses está? - ela disse.

— Quase nove. E você?

— Acabei de entrar no oitavo mês. Então, é de New York?

— Não, sou da Flórida.

— Tem parentes em Chicago?- ela perguntou.

— Não. – eu disse, tentando não entrar em muitos detalhes.

— Vou conhecer a família de meu marido. Estou tão nervosa!

Edmund deu dois toques leves na cabine, entrando.

— Olá moças, aqui está a sua bebida. - Ele disse entregando a ela uma garrafa se soda.

— Obrigada. – ela disse abrindo a garrafa, despejando em um copo.

 O trem começou a tremer, fazendo com que sua mão escorregasse, então sua bebida virou em cima de mim.

— Ah não! – ela disse. – Eu sinto muito! – ela se desculpou.

— Tudo bem. – eu disse tentando tranquiliza-la.

—  Você está toda molhada! Espere. -  Ela se levantou, indo em direção a sua mala. - Edmund, pegue aquela bagagem ali em cima, por favor?

Ele pegou uma bolsa preta comprida. Ela abriu o zíper, retirando um vestido de seda azul claro, muito elegante.

— Vista isso.

— Não, tudo bem. – eu disse recusando a oferta.

— Por favor. – Ela disse, olhando para mim com seus grandes olhos azuis.

Não pude recusar sua oferta.

— Tudo bem. – eu disse pegando a roupa.

Era tão macia, e sofisticada. Eu jamais teria uma peça daquela qualidade em meu guarda-roupas.

Depois que troquei de roupa, Edmund saiu da cabine para pegar nossas refeições.

(...)

— Há quanto tempo estão casados? – eu perguntei depois de um tempo que estávamos conversando.

— Há três semanas. – ela disse afagando a barriga. É, eu sei, é estranho eu ainda não conhecer sua família. – ela sorriu. -  Edmund viaja muito, está sempre fora de casa, foi assim que nos conhecemos. - Ela pausou, esticando as pernas. – Sou inglesa.

— Isso explica seu sotaque. – eu observei.

— Sim. – ela disse sorrindo. – Edmund estava morando na Inglaterra há mais de um ano, então, um dia nos esbarramos em um parque, e estamos juntos desde então. Edmund não vê sua família desde que estava morando na Inglaterra. Nos casamos em uma capela, tínhamos planos de nos casarmos em uma cerimónia depois que o bebê nascesse, mas Edmund quis fazer uma surpresa... Então agora estou indo conhecer finalmente sua família. - ela disse alegremente.

— E você? – ela disse.

— É bem complicado. - eu disse suspirando.

— Tudo bem, pode me contar. - Ela me encarou, me incentivando a continuar.

Contei brevemente minha deprimente trajetória desde a noticia que eu estava gravida, até o embarque.

(...)

— ...E basicamente eu estaria mais encrencada se seu marido não tivesse aparecido, então provavelmente eu estaria fora desse trem.

— Meu Deus. – ela disse chocada. – Eu sinto muito, eu nem imagino estar em sua situação.

 - Tudo bem. – eu disse dando de ombros.

Edmund entrou novamente na cabine.

— Vocês preferem comer aqui, ou no salão?

— Tudo bem se for no salão? – Tanya perguntou para nós.

— Por mim tudo bem. – eu disse.

— Certo, vou arrumar uma mesa, e volto para busca-las.

— Está bem. – Tanya disse. Ela colocou as pernas no encosto do banco. - Meus pés estão enormes. –  Ela disse, observando seus pés em meia calças finas e caras.

— Acho que isso é normal. – eu disse.

— E meus dedos! – ela levantou a palma da mão, esticando os dedos. – parecem mais salsichas!

Olhei para os seus dedos. Eles pareciam normais para mim.

— Preciso tirar este anel. – ela disse, apontando para delicada aliança com pedrinhas em seu dedo anelar. – Está inchado - ela disse, forçando a aliança sair do dedo. A aliança escapou de seu dedo, e saiu voando para o chão.

— Merda!

Edmund entrou na cabine.

 - Tem uma mesa livre no salão principal, se formos logo, conseguimos a mesa.

— Nós já vamos. – Tanya disse.

Edmund fechou a porta.

— Merda, ele vai ficar bravo se eu perder esta aliança.

— Eu ajudo a procurar.

Abaixe-me embaixo de nossos acentos, enquanto Tanya procurava do outro lado.

— Achei! – eu gritei

— Ótimo. – ela disse aliviada.

Observei mais de perto a aliança, ela era dourada, cravejada em pequenas pedras de diamantes, a julgar seu brilho.

— Que linda. – eu disse. Dentro, havia uma elegante caligrafia com o nome Edmund & Tanya

— Obrigada.

Eu ainda observava a aliança.

— Pode experimentar. – ela disse sorrindo.

— Não dá azar? – eu perguntei.

— Eu não poderia ter azar. – ela disse.

Experimentei sua aliança, que serviu perfeitamente em meu dedo.

— Vamos, é melhor irmos. – Tanya disse, indo na frente, enquanto eu tentava tirar a aliança do meu dedo.

Foi então que tudo mudou.

O trem começou a acender e apagar as luzes, nos sacudindo de um lado para o outro. Tanya foi arremessada contra a parede, enquanto eu fui arremessada contra o acento. Não conseguia me agarrar a nada, o trem tremia com violência.

As bagagens voaram de um lado para o outro, até que finalmente algo bateu em minha cabeça, minha vista escureceu.

Mergulhei na escuridão.


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Notas finais do capítulo

Comentem :)