Nemesis escrita por ariiuu


Capítulo 54
O encontro estragado de Steve e Sharon




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O encontro estragado de Steve e Sharon

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02 de Novembro de 2012, 01:54 PM

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Brooklyn – Nova York

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Wanda e Bucky terminavam mais uma sessão de peregrinação mental através dos poderes da garota.

Eles haviam progredido muito. Quase todas as lembranças do sargento tinham sido recuperadas, além disso, a feiticeira trabalhava muito bem os pontos desconexos de sua mente, que abriam brechas para os gatilhos do Soldado Invernal.

A mente de James poderia ser restaurada quase que completamente se ambos continuassem naquele ritmo.

Após o término da sessão, Bucky convidava Wanda para tomar chá gelado na cozinha do apartamento de Steve, ainda que o outono já tivesse chegado e o clima estivesse frio como nunca.

Só que no meio do caminho, o desastrado soldado deixava a bebida cair em sua camiseta, e o mesmo teve de correr para trocar.

Wanda percebia o sargento tirando a camiseta no meio do caminho, enquanto segurava o copo de chá que ele havia lhe servido.

A garota observava deslumbrada o tórax musculoso de longe... James era um homem muito atraente, ainda que tentasse não admitir isso para si mesma o tempo todo.

Um minuto depois, lá estava ele, com outra camiseta, sorrindo largamente enquanto caminhava na direção dela.

— Como está o sabor do chá? – Bucky a indagava, num tom de voz aveludado.

— Está ótimo... – Replicava, um pouco acanhada, após vislumbrar aquela imagem...

Seus olhos encontraram os dele e Wanda sorriu devagar.

O sargento observava a garota parada, saboreando o chá que havia lhe servido...

A postura feminina e aparentemente tão vulnerável, o deixava louco... ele não conseguia resistir a uma donzela em perigo, ainda que Wanda não fosse uma...

— Eu queria te servir o melhor chá de Nova York, mas ainda não sei onde encontra-lo. – Bucky revelava, deixando-a levemente embaraçada.

— Por que você está cuidando de mim assim...?

— Cuidando de você...?

— Trazendo chá pra mim, me enviando doces através da Natasha, me convidando para sair com você... – A garota o contestava, tentando esconder o rosto atrás do copo de chá, tamanho acanhamento.

— Bem, isso não é difícil... é apenas uma cortesia por estar tão empenhada na missão de restaurar a minha mente e... eu gosto de você e quero que seja feliz...

— Eu tenho medo de tentar... – Ela confessava, num sussurro...

— O que você quer dizer? Você tem medo de tentar ser feliz, bruxinha?

— Sim...

— Por causa de suas lembranças em Sokovia...? Ou seus poderes...?

— Ambos...

Bucky soltava riso divertido em resposta, deixando-a confusa.

— Wanda... você é jovem, tem um futuro todo pela frente e... não devia se deixar levar por seu passado. Olhe pra mim! Eu sou o maior exemplo de superação! Se estou conseguindo, por que você não conseguiria!?

A garota respirou de forma pesada, sabendo que ele estava certo.

— Sim... mas não é tão fácil... eu vejo Pietro seguindo em frente e tento fazer o mesmo, mas sou perturbada por muitas coisas... coisas que não consigo esquecer...

James ria da resposta dela, e antes que pudesse continuar, ele a cercou entre seu corpo e a pia da cozinha.

Wanda sentia sua respiração engatar, mas tentava disfarçar.

— Você parece perdida e confusa... quero muito te ajudar a reconstruir sua vida, já que está ajudando a reconstruir a minha...

A garota olhava para o rosto do sargento, atentando para seus lábios curvados num sorriso caloroso e sincero, e sentia um impulso ardente lhe acometendo a ponto de estreitar ainda mais a distância entre ambos, envolver seus braços ao redor dele e...

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O abraçar...

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O movimento repentino assustava o pobre soldado que já andava muito mexido com a presença de Wanda nas últimas semanas.

A garota o abraçava tranquilamente, segurando o copo de chá por trás dele, mas apoiando o rosto no peitoral musculoso e exalando seu perfume delicioso.

— Você está certo... estou perdida e confusa... – Ela murmurava, mostrando que se sentia triste por causa das terríveis lembranças de seu passado.

— Sei que deveria dizer palavras confortantes, mas é que... eu estou bem assustado nesse momento... eu não abracei ninguém além do Steve desde que deixei a HYDRA... e isso faz quase sete décadas... – Aos poucos, os braços do sargento desceram e ele a abraçou de volta.

Wanda podia sentir os batimentos cardíacos do soldado, acelerados.

— Seu abraço é quente... – Ela dizia, fechando os olhos, apertando o corpo dele com mais força.

— O seu também, bruxinha... – Bucky sussurrava em seu cabelo. A carícia ardente de sua respiração em seu cabelo, a fazia tremer levemente e se aconchegar ainda mais no peito dele.

James reprimia o desejo de abraça-la com mais força também, mas precisava se conter... ele era o mais velho ali, e Wanda era apenas uma menina... uma menina que acabava de alcançar a maioridade, mas ainda assim, uma menina...

O soldado tinha consciência que não era certo se aproveitar da ingenuidade dela...

E então, ambos ficaram naquela posição por longos segundos, até ele interromper o silêncio...

— Não desista, Wanda... você terá dias maravilhosos no futuro...

— Vou tentar... obrigada por estar aqui, James... – Ela redarguia, se sentindo muito melhor.

A mão direita do soldado acariciava os cabelos da garota, e lentamente, Bucky pressionou um beijo no topo de sua cabeça e se afastou...

Wanda o deixou ir, sentindo a ausência de seu calor, assim que o sargento deu o primeiro passo para trás.

— Posso ajudar se quiser... – James dava a feiticeira, um daqueles sorrisos enigmáticos que diziam algo que a garota não conseguia traduzir.

— Como...?

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— Quer ir a Coney Island comigo esse fim de semana...?

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— Está me chamando pra um-

— Encontro? Bem, podemos dizer que sim... ou não... podemos apenas sair como dois amigos fariam... isso vai depender de você... – O soldado deixava subtendido e Wanda não sabia o que responder.

— Eu não sei se é uma boa ideia... Pietro está sempre atrás de mim...

— Pode dizer a ele que eu e você sairemos numa missão.

— Que missão?

— Encontrar uma namorada pro Steve, ou melhor, que tipo de garota você acha que ele ia gostar?

Wanda soltava um riso abafado, achando aquela ideia surreal.

— Nós dois sabemos que o Capitão está saindo com a Sharon, então por que temos que arrumar alguém pra ele? – A garota o relembrava, sorrindo divertidamente.

— E nós dois também sabemos que ele só está saindo com a Agente 13 pra tentar esquecer a filha do Presidente, então pensei que eu e você podíamos trabalhar como cupidos nesse fim de semana e tentar ajudar esses dois a se entenderem de uma vez. – Bucky piscava, sorrindo, olhando-a alegremente.

— Alguma sugestão de como faremos isso?

— Claro... tenho uma ideia genial!

— Qual...?

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— Eu e o Steve sairemos num encontro duplo com você e a Mary.

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— Então no fim, é mesmo um encontro...? – A garota continuava sorrindo, achando o atrevimento do soldado extremamente encantador.

— Essa foi a melhor desculpa que arrumei pra sair com você sem parecer um mulherengo... então o que me diz...? – Bucky a fitava com uma expressão galanteadora e Wanda não conseguia parar de sorrir.

— Você não sabe mesmo ser discreto, certo...? – A expressão da feiticeira iluminava totalmente sua face.

— É pegar ou largar, bruxinha...

— Eu aceito... mas como vamos fazer pra convencer aqueles dois de irem a um encontro duplo?

— Eu me encarrego de convencer aquele Punk teimoso, e você a filha do Presidente, pode ser?

— Tudo bem...

— Então estamos combinados... – E então, Bucky simplesmente agarrou o braço da garota, a puxando para mais perto...

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O soldado ergueu a mão de Wanda, depositando um beijo no local...

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Os olhos verdes da feiticeira alargaram de imediato...

— Obrigado, bruxinha... – James sorriu e piscou para a garota, que não sabia se saia dali correndo envergonhada ou se o arremessava contra a parede, com seus poderes de telecinese.

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Na noite do mesmo dia, Steve se preparava para seu primeiro encontro oficial com Sharon Carter.

O loiro se arrumava, com roupas um pouco informais, como uma jaqueta jeans, camiseta de algodão cinza, calça jeans num tom mais escuro e um par de tênis simples.

Trajes simplórios para um encontro simples, que era o que Sharon desejava.

Enquanto terminava de ajeitar o colarinho da jaqueta, Bucky surgia do nada na porta de seu quarto, apoiando o ombro no batente.

— Você vai mesmo sair com a Agente 13, punk?

— Sim... vamos nos encontrar às oito num restaurante coreano em Manhattan para comermos algo...

— Sério...? Pensei que fosse pra jogar tênis. – O sargento ironizava, arrancando uma feição ranzinza no loiro.

James bufou, impaciente. Sabia que seu amigo estava fazendo tudo aquilo só para esquecer a filha do Presidente.

— Steve, você não tem experiência alguma com as mulheres... então é obvio que não vai saber lidar com elas, nem mesmo com a Sharon.

— Certo, vou dar ouvidos a voz da experiência, que no caso é você, então me diga... o que eu deveria fazer...? – Era obvio que o Super Soldado estava revidando a ironia, porque independente do que Bucky lhe dissesse, ele não voltaria atrás com seu encontro.

— Primeiro: Quando uma mulher diz sim, ela na verdade está dizendo não.

— O quê...? – Steve arqueava uma sobrancelha, confuso.

— Não faz sentido, eu sei, mas essa é a lógica feminina.

— Do que exatamente você está falando...?

— Quando uma mulher diz não, é porque secretamente quer que você insista e a obrigue a dizer sim. Elas esperam isso de nós. Querem que os homens façam coisas que elas não têm coragem de dizer. E temos que adivinhar o que elas querem, entendeu?

— Todas são assim?

— Nem todas... eu conheço uma que não age assim...

— A Maximoff...?

— Ela mesma...

— Obrigado por seu conselho, mas a Sharon não é assim também. Ela é muito honesta o tempo todo, além de saber que estou saindo com ela porque quero esquecer outra pessoa, logo, não há complicações, entende? A Sharon age com uma mulher adulta, coisa que a Mary não faz.

— E daí...? – Bucky o contestava, com os braços cruzados e o ombro de metal apoiado na porta.

— E daí...? – O loiro franzia o cenho, não entendendo a pergunta.

— E daí, Steve...? Não é da Sharon que você gosta, é da Mary, logo, não vai adiantar todo esse esforço.

O Capitão encarava seu amigo, vendo-o se aproximar.

— Você deveria me apoiar, Bucky...

— Apoio a escolha do seu coração, não da sua mente, por mais que a razão seja a escolha certa.

— Se sabe que a razão é a melhor escolha, não me incentive a optar pelo coração.

— Incentivo sim, e a previsão é certeira: Você vai se arrepender! – O sargento dava de ombros.

— Não vou. Então agora me dê licença, porque estou de saída. – E então, Steve passava pelo soldado, com uma carranca na face. Onde já se viu...? Dizer que devia desistir de seu encontro com Sharon por causa da Segundo-Tenente? Ela nem mesmo sabia o que queria, e por mais que tivesse deixado claro que gostava dela, Mary Crystal ainda continuava agindo como uma criança.

Ele não tinha mais paciência e nem tempo a perder com infantilidades...

O loiro saia do apartamento, indo para o estacionamento pegar sua moto.

Bucky então ligava para Wanda, que naquele momento, estava com Mary Crystal, que havia pegado alguns dias de licença por intermédio de Nick Fury e o Conselho, já que ela praticamente estava sendo obrigada a conectar suas visões e sonhos com as habilidades da Feiticeira Escarlate e sua peregrinação mental, no intuito de descobrirem mais pistas sobre os Vingadores do futuro.

As duas andavam juntas ao lado de Darcy Lewis e Christine Palmer.

As quatro garotas haviam marcado de aproveitar aquela noite em algum tipo entretenimento.

— O que vamos fazer então, meninas!? - Darcy as indagava, entusiasmada.

— Cinema? – Christine sugeria.

— Não sei... estou sem saco pra filme hoje... – Mary respondia, cansada mentalmente e disposta só a comer e jogar conversa fora.

E então, as três observavam Wanda fora da roda, falando com alguém ao telefone.

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— Sério que o Capitão e a Agente 13 vão pra um encontro essa noite? Não esperava que fosse acontecer tão rápido...

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A feiticeira dizia tais palavras propositalmente na frente de Mary Crystal, mas se assustava ao ver sua expressão diabólica, e também as caras de espanto de Darcy e Christine, que prestavam atenção no que a mesma dizia, e então...

— Eu falo com você depois, Bucky. Tchau...

Kiara cruzava os braços, com uma carranca gigante no rosto.

A médica e a estagiária sentiam a aura maligna da loira, que estava extremamente furiosa após ouvir as palavras “Capitão”, “Agente 13”, “encontro” e “essa noite” na mesma frase.

Wanda fazia uma cara assustada...

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— Quer dizer então, que o Steve vai pra um encontro com a Sharon hoje à noite!?

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— Não, Mary, você está enganada e-

— É VERDADE OU NÃO!?

— Sim... – A feiticeira confessava, perplexa com a reação violenta da Segundo-Tenente.

— Onde vai ser esse encontro!? – A loira inquiria, com raiva.

— Na Gopchang Story BBQ, um restaurante coreano que fica na Quinta Avenida. – A garota revelava, ainda assustada com a cara aterrorizante da Segundo-Tenente.

— Já sei o que vamos fazer hoje à noite, meninas... – Mary Crystal exibia uma careta assombrosa naquele momento.

— Arruinar o encontro do Capitão América com a Agente 13? Eu tô dentro... - Darcy topava.

— Eu não acredito que você vai se prestar a isso, Kiara! Eu disse mil vezes pra você confessar seus sentimentos! E agora você quer estragar o encontro deles!?

— O Steve disse na minha cara há dois dias que me queria mais do que tudo! Só faltou implorar de joelhos para que eu desse uma chance a ele, e hoje esse idiota está saindo com a Sharon!? Você acha que vou aguentar toda essa falsidade sem fazer nada, Chris!? – A garota puxava o capuz de seu casaco de moletom preto, cobrindo sua cabeça.

Agora, ela estava de fato parecendo uma verdadeira gângster...

— Então diga logo que você também quer ele e resolvam essa relação conturbada de uma vez, mas não me chame pra arruinar o encontro dos dois!

— Você vai com a gente! – A loira pegava na mão da médica, a puxando dali.

— Eu não! – Christine tentava resistir.

— Vai sim! – E então, Mary puxava a mão de sua amiga, rumo ao restaurante onde Steve e Sharon estavam jantando.

Wanda e Darcy as seguiam.

A feiticeira com medo...

A estagiária rindo...

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O Capitão e a Agente acabavam de entrar no restaurante que tinham uma reserva.

A mesa dos dois era ao lado da parede de vidro, com visão para a Quinta Avenida.

Ambos se sentaram, fizeram seus pedidos e enquanto aguardavam, começaram a conversar.

O clima se encontrava agradável e harmonioso.

Sharon estava linda. Ela trajava um vestido de malha simples e sapatilhas claras num tom neutro, algo informal.

Steve a olhava com um belo sorriso no rosto. Aquela noite seria especial... tinha de ser especial...

E alguns dois quarteirões e meio dali, as quatro garotas saiam da estação de metrô 68 Street, caminhando em direção ao restaurante.

Mary ia na frente, pisando duro, com uma expressão monstruosa na face e os punhos fechados, como se estivesse prestes a socar alguém...

Alguém que se chamava Steve Rogers, obviamente.

Christine julgava aquela cena um tanto patética.

— Kiara, você vai mesmo chegar lá e acabar com o encontro deles? Você está sendo a maior sem noção nessa história! Se queria ficar com o Capitão, por que não disse isso desde o início? Agora que você está perdendo ele pra outra, resolve agir como uma idiota!? – A médica dizia em voz alta, atrás da loira, que caminhava depressa.

— Aquele energúmeno loiro, infeliz, diz que gosta de mim e quando fico dois meses fora, ele marca de sair com ela!? Eu tenho que ir lá jogar umas verdades na cara dele!!!

— É isso aí, bota pra quebrar! – Darcy apoiava a loirinha, e Wanda achava tudo aquilo bizarro, mas...

As coisas estavam saindo conforme seu plano com Bucky...

Se tudo desse certo, Mary Crystal com certeza toparia sair num encontro duplo em Coney Island com facilidade.

Isso se Steve estivesse vivo para isso...

E então, depois de quatro minutos andando pelas avenidas mais luxuosas de Manhattan, Mary Crystal avistava a fachada do restaurante onde o Capitão jantava com Sharon, e de longe...

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Enxergava os dois sentados numa mesa, no andar de cima do local.

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Se antes ela estava furiosa, agora, se encontrava vinte vezes mais...

Aquele casal falso, artificial e sem química... céus, como queria ir até lá e esmurrar a cara de Steve a ponto de quebrar aqueles dentes perfeitos...

Uma música tocava de dentro de uma das lanchonetes ao ar livre ao lado do restaurante coreano, fluindo de forma até engraçada por conta da situação.

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Don't Think Of Me - Dido

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See you're with her, not with me, (Veja, você está com ela e não comigo)

I hope she's sweet, and so pretty, (Eu espero que ela seja doce e muito bonita)

I hear she cooks delightfully, (Eu ouvi dizer que ela cozinha deliciosamente)

A little angel beside you… (Um pequeno anjo ao seu lado)

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See you're with her, not with me… (Ver que você está com ela e não comigo)

Oh how lucky one man can be? (Oh como um homem pode ter tanta sorte?)

I hear your house is smart and clean, (Eu ouvi dizer que sua casa é pequena e limpinha)

Oh how lovely, with your homecoming queen, (Oh que adorável, com sua rainha do lar)

Oh how lovely it must be… (Oh que adorável deve ser)

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Mary olhava para aquela cena com cólera...

Os dois estavam de frente um para o outro, sorrindo divertidamente enquanto conversavam, até que...

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Sharon colocava sua mão em cima da mão do Super Soldado, que sorria de volta, tímido e um tanto embaraçado...

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Uma aura brilhante pairava em torno do casal... eles estavam lindos juntos e pareciam ter sido feitos um para o outro...

Uma veia pipocava na testa da Segundo-Tenente, que resolvia sair correndo enquanto gritava...

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— EU VOU TE MATAR, STEVE ROGERS!!! A SUA SENTENÇA DE MORTE ESTÁ PREPARADA!!!!!!!! VOCÊ VAI MORRER DA FORMA MAIS CRUEL QUE EXISTE, SEU FILHO DA-

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— Hey, você tá maluca de gritar desse jeito no meio da rua!? – Christine parava a amiga no meio do caminho, tapando a boca de Kiara, impedindo-a de continuar berrando como uma cabra desleitada.

Mas a garota se desvencilhava dos braços da cirurgiã e voltava a gritar descontroladamente.

— EU JURO POR DEUS QUE VOU JOGÁ-LO NUM TRITURADOR DE CARNE MOÍDA!!!

— Sua idiota, vai acabar chamando atenção dos dois! – A médica bradava de volta, exasperada e voltando a agarrá-la para não se mover.

A loira continuava olhando para a cena romântica com muito ódio...

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When you see her sweet smile, baby, (Quando você ver o doce sorriso dela, baby)

Don't think of me… (Não pense em mim)

When she lays in your warm arms, (Quando ela se deitar em seus braços quentes)

Don't think of me… (Não pense em mim)

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— Se o intuito era gritar pra chamar atenção deles, sinto dizer que deu certo... – Darcy apontava para frente, mostrando os rostos perplexos de Steve e Sharon dentro do restaurante ao presenciarem a cena patética de Mary Crystal se debatendo contra Christine, que impedia sua amiga de andar, segurando-a pelo pescoço com os braços.

A estagiária ria da cena e Wanda tampava o rosto, com vergonha....

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Céus... a filha do Presidente dos Estados Unidos se encontrava em sua forma mais ridícula e deprimente... as roupas amassadas, descabelada por baixo do capuz de moletom, bancando a louca no meio da rua, gritando palavrões e ameaçando Steve Rogers de morte.

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O Capitão olhava para aquela cena, irritado... por que Mary Crystal estava ali? Ela queria estragar seu encontro?

O que ele havia feito pra merecer tal castigo...?

— Eu vou até lá e-

— Não, Steve. Eu vou até lá resolver isso de uma vez por todas.

— Sharon, é melhor que eu vá...

— Fique aqui. Eu já volto. – E então, a Agente 13 assumia a frente, deixando o loiro sozinho na mesa, indo até onde Mary Crystal estava.

As três garotas observavam a loira descendo as escadas, saindo do restaurante, atravessando a Avenida e vindo de encontro a Segundo-Tenente...

— Elas vão brigar aqui no meio da rua!? – Darcy se perguntava em voz alta, sendo respondida por Wanda.

— Se as duas pensarem nisso, eu vou intervir e jogar cada uma para um lado.

— Sério!?

— Se for preciso, as deixo inconscientes... – A garota afirmava com convicção, afinal, nem Mary e nem Sharon tinham chance contra ela.

— Ainda bem que você tá aqui então, Wandinha... – A estagiária suspirava aliviada. Ao mesmo tempo em que queria uma adrenalina, não queria Nova York destruída por causa de duas loiras apaixonadas pelo mesmo homem.

— Kiara, por favor, não vá bater boca com ela... você é a filha do Presidente, então precisa se comportar! – Christine finalmente largava o pescoço da amiga.

— Eu não prometo nada, Chris...

E então, Sharon encontrava Kiara, que mantinha o queixo erguido, o nariz empinado e os braços cruzados, numa postura marrenta e nada intimidada.

A Agente 13 olhava para a loirinha de baixo em cima naqueles trajes... mas que diabos de roupas tão maltrapilhas eram aquelas? O Halloween já havia passado...

— Senhorita Ellis, o que está fazendo aqui? – Ela a contestava, e tudo o que Mary fazia era encará-la com um olhar de deboche.

— Vim me certificar se esse fóssil estava mesmo em um encontro com você, e... bem, ia aproveitar e dar um soco na cara dele por dizer que gosta de mim e sair com outra. Algum problema com isso, Agente 13!?

— Você não se cansa de agir como uma pré-adolescente? Se deixou o caminho livre pra ele, por que está aqui?

— Eu não deixei o caminho livre! Você não sabe de nada!!!

— Escute aqui, Mary Crystal, a terra gira em torno do sol, a lua em torno da terra, mas isso não significa que o mundo gira em torno de você... – A loira aproximava mais um passo, desafiando-a explicitamente.

— Entre no meu caminho que eu te atropelo... – Kiara também dava um passo para frente, a defrontando com furor.

— Não se ache demais, Mary, porque tudo que é demais sobra, tudo que sobra é resto e tudo que é resto a gente joga no lixo, entendeu...?

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— Acha que vou ficar intimidada com suas palavras...? Eu sou do tipo que se alguém me irritar, eu passo por cima, e se reclamar eu dou ré...

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As três garotas assistiam a cena onde as duas loiras apaixonadas por Steve discutiam.

Christine revirava os olhos...

Wanda já ficava com as mãos posicionadas para usar telecinese caso as duas saíssem no soco...

Darcy sorria, apreciando o espetáculo enquanto devorava uma barra de chocolate da Snickers...

E então, Sharon sorria de canto, a encarando com olhar de superioridade.

— Querida, tem alguma coisa no chão, e acho que é o seu nível...

— Nada contra você, mas se quiser passar uns sete séculos sem aparecer na minha frente, eu agradeço... – A Segundo-Tenente sorria de volta, finalmente vendo a pose de santa imaculada de Sharon Carter caindo por terra.

— Tem gente que se acha uma estrela, mas no fundo não passa de uma lâmpada queimada...

— Está descrevendo a si mesma, Sharon...? – Mary Crystal ria num tom provocante, fazendo a Agente 13 se recordar que estava ali para conversar como uma adulta e não ceder aos joguinhos infantis dela.

— Ciúmes não é amor, Mary Crystal... se você não tem capacidade para entender a si mesma e decidir o que quer, deixe o Steve em paz. Ele é um homem incrível e merece ser feliz!

— E quem vai fazê-lo feliz...? Você...? Isso é alguma piada...? – A garota gargalhava desvairadamente da cara da agente.

— Pode achar o que quiser, eu não me importo com o que pensa de mim, mas vim até aqui te dar um aviso: Fique LONGE do Capitão! Você é uma garotinha irritante que só faz ele perder tempo! E eu não vou deixar que o Steve continue jogando suas preciosas horas no lixo por sua causa. Fui clara...?

— Awwn, é mesmo...? Faço a bagunça que eu tiver que fazer se for pra conseguir o que quero... o que você chama de perda de tempo, eu chamo de estratégia... estratégia essa que você não vai entender, já que está fora do meu jogo, Agente 13...

— Seus joguinhos idiotas podem fazer sentido apenas pra você, Mary... por que é tão difícil reconhecer seus sentimentos!? Você ama? Então demonstre! Você quer? Então lute! Você venceu? Então preserve! Você perdeu? Então assuma a derrota e dê o fora! – Sharon subia o tom, gritando com fúria na cara de Mary Crystal...

A garota arregalou os olhos por um instante, para logo depois...

Sorrir diabolicamente...

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— Bem que a minha mãe dizia que quando o prato é muito disputado, a gente deixa para quem está passando fome...

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A agente 13 a fitava de modo perplexo...

Como aquela garota conseguia ser tão baixa, cínica, atrevida e infantil...?

— Você é louca...! É impossível ter um diálogo civilizado com você!

— Uau, ficou sem argumentos, Agente Carter!? Precisa apelar me xingando de louca!?

— Eu falo o que eu quiser, para quem eu achar que devo!

— Quem fala o que quer, ouve o que merece... – Kiara sorriu novamente, estando disposta a continuar discutindo com ela até o sol raiar, se assim fosse, mas...

As três garotas observavam alguém entrando no meio do debate caloroso entre as duas loiras...

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Steve Rogers...

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— Sharon, vamos embora. É impossível debater com ela. Você vai acabar perdendo a paciência e se irritando. – O loiro puxava o braço da agente, que o olhava de modo abismado.

— Com tantas pessoas maravilhosas no mundo, você dá um jeito se apaixonar pela pior de todas!? – Sharon contestava o loiro, mostrando que já estava incrivelmente irritada.

— Ninguém é perfeito, Sharon...

— Não julgue todas as mulheres, só porque você se apaixonou por uma garotinha mimada, Steve!

— Eu não estou generalizando. Agora vamos sair daqui... – O Capitão pegava no braço da loira, gentilmente, mostrando zelo e cuidado...

Mary observava o Super Soldado tentando tirar a agente dali, e por dentro, tendo um surto interno de ciúmes, mesmo fingindo não se importar...

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Does it bother you now, all the mess I made? (Te incomoda agora toda a bagunça que eu fiz?)

Does it bother you now, the clothes you told me not to wear? (Te incomoda agora todas as roupas que você me disse pra não usar?)

Does it bother you now, all the angry games we played? (Te incomoda agora todos os jogos raivosos que jogamos?)

Does it bother you now, when I'm not there? (Te incomoda agora quando eu não estou lá?)

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— Aprenda a não se importar, com quem não tem importância nenhuma, Steve! Eu realmente não acredito que deixamos essa garota estragar o nosso encontro! O nosso primeiro encontro!

Kiara gargalhava de forma provocante.

— Ooh, sinto muito, Agente 13! Pode apontar meus defeitos quantas vezes quiser, mas saiba que isso não vai anular sua insatisfação consigo mesma!

E então, mediante as palavras afrontosas da Segundo-Tenente, Steve largou o braço de Sharon e andou rapidamente na direção de Mary, com uma carranca assustadora na face.

— Você não se cansa de ser imatura, sua garotinha mafiosa!? O que veio fazer aqui afinal!?

— Deixe de ser dissimulado! Você faz as maiores declarações de amor na minha cara num dia e no outro está aqui com ela!? Aonde quer chegar, seu soldadinho de meia pataca!?

— O que você quer de mim afinal, Mary!? Você disse na minha cara que não se importava, que não estava nem aí, e agora está aqui, estragando meu encontro com uma pessoa maravilhosa!?

— Maravilhosa!? Se ela fosse maravilhosa, não estaria investindo num homem que gosta de outra pessoa!

— Ela está fazendo isso por que eu pedi, então pare de ofender a Sharon!

— Oh claro, eu sempre sou a culpada de tudo, não é!?

— Sim! Você é! Porque prefere continuar sofrendo por fingir que não se importa!

— Está fora de moda sofrer por amor, Cap. Vingança é a tendência!

Steve bufava, desacreditado de toda aquela infantilidade.

— Se vingar do quê, Mary!? Isso não era pra ser uma competição! As coisas não deviam ser complicadas! É você quem está tornando tudo mais difícil! – O Super Soldado a repreendia, e as três garotas ali presentes ficavam em silêncio, observando tudo se desenrolar.

Mary Crystal abaixava a cabeça, com um semblante birrento...

Aquele fóssil tinha razão... ela estava cansada de viver numa montanha-russa emocional... ora sentindo ciúmes, ora sentindo medo, ora sentindo insegurança e confusão...

 “Você é a minha maior crise existencial... eu te mato ou não te mato, Steve!?” – Mary pensava, sem coragem de dizer em voz alta...

A realidade era apenas uma: A Segundo-Tenente não estava pronta para voltar à vida que tinha antes de encontrar com o Super Soldado, e nunca imaginou que um dia o perderia para outra...

Queria poder tocar seu coração outra vez... sentir totalmente o que se passava lá dentro, vasculhar seus segredos, saber como deveria agir... por que sem ele, Mary se sentia perdida e incapaz de dar um passo sem se perder por estradas tão longas...

E quantos mais e maiores motivos para não sentir o que sentia por Steve, mais ela se afundava em seus confusos e profundos sentimentos o envolvendo...

Aquele amor crescia, irresponsável, sem alimento, sem esperança e de uma burrice enorme, mas ainda assim, forte e em crescimento...

Porque o amor era assim... instável, acelerava e freava do nada. Mary quase morria de êxtase, de euforia, de preocupação, de ciúme, de loucura... era uma viagem que enlouquecia, e que desistir fazia parte, mas não quando Steve estava na outra ponta, sentindo também aquela estranha reciprocidade...

Talvez devia ter dito o quanto ele significava para ela...?

Não... já era tarde...

— Vamos ao que interessa, Steve... qualquer coisa, menos a sua opinião! – E então, a garota virava de costas e resolvia sair dali, em longos passos, deixando-o para trás.

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When you see her sweet smile, baby, (Quando você ver o doce sorriso dela, baby)

Don't think of me… (Não pense em mim)

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Ela passava por Christine, Wanda e Darcy, como um furacão cortante.

O loiro a observava indo embora, apreensivo, preocupado e com o coração tremendo...

Odiava ver Kiara daquela forma...

— Steve! – Sharon o chamava, em vão... já imaginando que ele iria atrás da garota.

O Super Soldado continuava olhando na direção de Mary Crystal, e pela segunda vez Sharon o chamava...

— Steve!

O Capitão bufou, com ódio de si mesmo e olhou no fundo dos olhos castanhos da agente...

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— Me perdoe, Sharon...

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E então, Steve começava a correr na direção da Segundo-Tenente, passando pelas três garotas, que arregalavam os olhos, não esperando que ele fosse atrás dela.

Sharon observava a cena, com um semblante triste, segurando uma lágrima, e então, virava de costas, sentido contrário, resolvendo sair dali, completamente angustiada e derrotada...

Christine, Wanda e Darcy olhavam umas para as outras, com expressões chocadas.

— Isso foi... – A médica começava.

— Bizarro... – Darcy completava.

— E inesperado... – Wanda terminava.

As três apenas avistavam Steve indo atrás de Mary, na quinta Avenida, sentido Torre dos Vingadores, e então, todas sorriram umas para as outras, felizes pela Segundo-Tenente.

— Meninas, tem uma lanchonete por aqui que faz um hambúrguer gourmet maravilhoso. Estão a fim de comer!? – Christine abraçava Darcy de um lado e Wanda do outro lado.

— Eu topo. – A feiticeira concordava, risonha.

— Só se for agora! – Darcy topava.

E então, as três caminhavam juntas e abraçadas.

A amizade entre elas era formada de uma forma bem estranha, mas todas estavam felizes pelas circunstâncias, e internamente oravam para que Mary não estragasse tudo de novo...

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A Segundo-Tenente caminhava com pressa, segurando as lágrimas que se acumulavam em seus olhos, disposta a finalmente deixar Steve Rogers em paz, já que havia estragado o encontro dele, agindo como uma garotinha idiota e tola, perdida e sem saber o que realmente queria, mas...

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Ela só não esperava que o loiro estivesse correndo atrás dela, e repentinamente parando em sua frente, a impedindo de continuar se movendo.

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— Espera! – O Capitão tocava o ombro da garota, que arregalava os olhos em resposta.

— O que... você... está fazendo...? – Kiara não sabia o que dizer.

O Super Soldado respirava pesadamente.

— Pra começar... o que ainda está fazendo em Nova York e como ficou sabendo sobre meu encontro com a Sharon? – Ele a questionava, deixando-a levemente irritada.

— Estou aqui a pedido de Nick Fury e do Conselho. Estou conectando minhas visões com as habilidades da Wanda. É uma missão particular.

— E como eu não soube disso!?

— Ah por favor, Steve... enquanto você estava perdendo tempo em seus encontros com a Sharon, eu estava trabalhando duro junto com a Wanda!

— Você vai começar a me humilhar de novo, Mary...?

— Não preciso te humilhar. Sua namorada já faz isso todos os dias!

— Pela última vez: A Sharon não é minha namorada!!!

— Ah, mas vocês combinam tanto!

— Nós vamos continuar girando em círculos mais uma vez!? É isso que você quer!?

— Cuidado pra não colocar "nós" onde só existe você, Capitão... – Kiara rebatia, não cedendo novamente.

Por um momento, Steve pensou que a Segundo-Tenente estivesse arrependida e que daria uma chance para que os dois pudessem conversar e talvez... talvez se acertarem, porém, mais uma vez, ele se via preso à estaca zero...

— Você acha que as coisas vão se resolver se fugirmos!? Não é sempre que vou te procurar e não é sempre que você irá me achar!

— Ah, por favor! Você nunca foi atrás de mim!

— Porque você me deixa confuso! Você nunca me deu um sinal, ou algo que me fizesse seguir em frente e continuar tentando... mas as minhas forças estão se esgotando... é por isso que saí com a Sharon! – O loiro bradava, descontrolado.

— Quem fica por razões erradas, não fica por muito tempo... é isso que você queria pra nós, Steve!? Qual é a garantia que eu tenho!? – Ela gritava de volta, segurando os pulsos dele com força.

— Suas dúvidas estão estragando minhas certezas, Mary... por que não damos um jeito nisso!?

— Que jeito...!? Olhe pra nossa relação estranha, cheia de dificuldades, ou melhor, problemas!

— Não confunda "dificuldades" com "problemas". Dificuldades a gente enfrenta e problemas a gente resolve...

A garota desviou o olhar, perdida...

— Você sabe que as coisas não são assim... eu... não posso fazer grandes realizações pra te impressionar... eu tenho minhas limitações e elas me impedem... – A garota confessava, sentindo seu coração cada vez mais apertado.

— Não quero alguém que me conquiste com grandes realizações... quero alguém que me surpreenda com gestos simples e atitudes sinceras... – O Capitão dizia o que esperava dos dois, mas Mary não conseguia acreditar... não nele, mas sim nela...

— Eu... não sei se posso fazer isso...

— Então por que está aqui...!?

— Minhas pernas se moveram sozinhas... – A garota tentava dar uma justificativa ridícula, deixando-o ainda mais impaciente.

— Ouça, Mary... eu não sou o cara mais perfeito do mundo, mas posso fazer do seu mundo o mais perfeito... então por favor, me dê essa chance...

— Steve...-

— Você me deu todos as razões para desistir, e eu te darei todos os motivos pra se arrepender... então... apenas diga olhando nos meus olhos que você não quer o mesmo que eu...

Kiara não conseguia encará-lo... a presença dele a intimidava... exatamente quando estava fantasiada de cachorro... exatamente quando se reencontraram na festa de Halloween.

— Mary...?

— Eu não consigo...

O Super Soldado suspirava, inquieto.

— Eu não quero insistir, então se você não quer ficar, eu deixo você ir...

E era ali que ele a quebrava em mil pedaços...

Ela não desejava ir, mas também não queria ficar...

O Capitão a fitava intensamente, de modo severo.

— Preciso que seja sincera comigo, Mary Crystal...

— Estou sendo... – Ela cruzava os braços, cabisbaixa, sem muita coragem de encara-lo.

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— Seria diferente se na base de Syracuse você soubesse que aquela era a última vez que íamos nos ver...?

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— Não... – Ela mentia, descaradamente.

O loiro passava as mãos pelo rosto, e em seguida pelos cabelos, de forma impaciente.

Até quando Mary continuaria agindo daquela forma? Como se não se importasse, mas na verdade, se importando demais?

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— Não adianta me pedir para ficar e me dar motivos para ir, Kiara...

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A Segundo-Tenente sentia um arrepio percorrer sua espinha ao ouvi-lo pronunciar “Kiara”...

— Que eu me lembre, não pedi pra você ficar... – Redarguia, birrenta e teimosa, como de costume.

O Super Soldado a encarava com raiva... não sabia mais o que fazer ou não fazer, e nem no que falar ou não falar para convencê-la do contrário.

Apesar de tudo o que Mary fazia com ele, seu coração bobo ainda a queria...

Steve gostava dela mais do que devia, mais do que podia e muito mais do que desejava... era indigno e triste...

— Bem... talvez quando eu perder o interesse, você perca o orgulho, não é mesmo...? – O Capitão a ameaçava mais uma vez, como todas as outras vezes, e Kiara odiava aquilo... odiava com todas as suas forças.

Steve sempre dizia que desistiria dela e daria chance para outra pessoa – vulgo Sharon – mas por que ele sempre parava em sua frente, tentando convencê-la do contrário?

A garota elevou o olhar e o fixou nos lindos olhos azuis...

— Você pode me dar um soco, me xingar, me atirar de um penhasco, me torturar fisicamente por semanas, me mandar passar pelas piores provas e me expor, mas... não me peça para te ver com outra mulher e assistir tudo em silêncio, porque eu não consigo...! – Mary revelava, deixando-o ainda mais confuso.

E num ímpeto, o Super Soldado se aproximou e exatamente como na festa de Halloween.

Ele agarrou os ombros femininos com força, exasperado.

— Se não consegue, então por que até hoje você não fez nada!? – O Capitão a pressionava, desesperado, e a loirinha segurava os pulsos dele com mais força e desespero ainda.

— Eu fiz! Estraguei seu encontro! Cumpri meu objetivo, mas estou arrependida!

— E por quê!? O que te faz se arrepender!?

A Segundo-Tenente esquivou o olhar novamente... porque nunca conseguia ser sincera...

— Eu... não sei...

— Você sabe! Cada segundo do seu desprezo, é um minuto a mais de sofrimento pra mim, então pare de me torturar e se torturar, Mary Crystal!

— Eu não estou me torturando, Steve! Mas me desculpe se você anda se sentindo assim... eu só... não sei o que fazer...! – A garota replicava, segurando algumas lágrimas. Era tão difícil ser sincera... era muito difícil...

O loiro então se inclinou ainda mais, puxando o capuz do casaco de Mary Crystal para baixo, deixando as longas madeixas loiras livres e soltas, e então, passou a segurar os ombros femininos com muito carinho, olhando nos olhos verdes marejados e espelhados, com o rosto na altura dela, resolvendo confessar o que seu coração lhe mandava...

— Quando é verdadeiro a gente tenta uma, duas, três, quatro vezes ou mais, Mary... quando é verdadeiro você se esforça... você luta, você enfrenta, porque você quer e o outro também... quando é verdadeiro você perdoa, deixa o orgulho de lado, e esquece a mágoa, porque a saudade é grande... quando é verdadeiro, você tem ciúme e medo de perder... a gente cuida e protege, então... vamos parar com isso, por favor... – Ele praticamente implorava, e notava que a garota mantinha duas lágrimas que se acumulavam embaixo de seus olhos...

As luzes da Avenida, refletidos no belíssimo olhar esverdeado em meio a duas pequenas lágrimas que reluziam como cristais, faziam com que o Super Soldado tivesse vontade de abraça-la para sempre... e protege-la, lhe dando a segurança que tanto precisava...

Em silêncio, Mary Crystal fungava... constrangida, porém muito insegura... e então...

O Capitão a puxava contra seu peito, abraçando-a carinhosamente...

Os braços dele eram quentes e aconchegantes... ele sempre era tão afetuoso com ela...

Podia ser tarde, mas Steve não estava disposto a desistir... ele apenas amava observá-la... cada detalhe, cada curvinha... e desejava abraça-la e diluir seus sentimentos através da carícia que ele agora fazia nela... através do carinho de suas mãos, desfilando os dedos suavemente pelos cabelos loiros e longos...

Kiara não sabia como resistir... então, ela apenas fechava os olhos, deixando que as duas lágrimas despencassem de seus olhos, até ouvi-lo dizer gentilmente...

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— Dois é o número perfeito, Mary...

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E então, não esperando por aquilo, a garota sentia Steve pressionando um beijo no topo de sua cabeça, fazendo com que seu coração disparasse freneticamente...

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Depois daquela noite, Bucky e Wanda não teriam dificuldades em convencê-los para um encontro duplo em Coney Island...

Ou teriam...?

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