Nemesis escrita por ariiuu


Capítulo 46
A secreta paixão do Capitão América




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A “secreta” paixão do Capitão América

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28 de Julho de 2012, 08:11 PM

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Brooklyn – Nova York

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Alguns dias se passaram, desde a visita de Steve e Mary a residência de Peggy.

A Segundo-Tenente havia escapado para ir no tal “Tomorrowland” e fazia quase uma semana que o Capitão não a via.

Ela sempre conseguia escapar, dando um olé em Nick Fury, fazendo suas “missões particulares”, e o Diretor da SHIELD era obrigado a abaixar a cabeça, afinal, ele havia tirado a maior ocupação da garota, que basicamente era a Força Aérea.

Durante os dias em que Mary Crystal estava fora, Steve não conseguia deixar de pensar nela... no relacionamento estranho que ambos tinham desenvolvido.

Sim... não era porque ele não a via a dias, que não significava que a loira não estivesse em sua mente... e a maneira como se sentia sobre ela ultimamente, estava o deixando completamente louco...

Peggy havia tirado o peso de sua consciência, mandando-o seguir sua vida e esquecê-la, o que era impossível, mas... ainda que sua musa inspiradora permanecesse enraizada no mais intrínseco de seu coração, não era ela quem lhe roubava as noites de sono e quase todos os momentos de seu dia...

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Era Mary Crystal...

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E depois de refletir muito, o Capitão se dava conta que não havia outra explicação para aquele “fenômeno”.

Ele possuía sentimentos muito profundos e intensos por ela...

Estava com medo de admitir o que aquilo significaria... fazia quase quatro meses que se conheciam... e o loiro sabia que sentir o que estava sentindo por Mary naquele momento, era o maior de todos os seus problemas...

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Estava outra vez apaixonado... estava outra vez com problemas…

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Aliás, estar apaixonado por Mary era mil vezes pior do que estar por Peggy.

Então, não sabendo exatamente com quem desabafar, ele pensou em chamar Sam Wilson, que se encontrava em Nova York junto com Riley e o Coronel Rhodes.

Os dois se encontraram numa cafeteria no Brooklyn, perto do apartamento do Capitão... a mais típica cafeteria, preferida por todos os jovens...

Starbucks...

Quando o Falcão cruzou a porta, logo avistou Steve sentado, com um olhar cabisbaixo e um tanto melancólico.

O loiro trajava sua típica jaqueta de couro, jeans e sapatos pretos.

Ele se aproximou e tocou o ombro dele.

— Hey, por que você está com essa cara...? Vai acontecer alguma guerra em breve e não fiquei sabendo?

O loiro lançou um sorriso derrotado para o Falcão.

— É bom te ver, Sam... já faz tempo...

— Eu estava pensando justamente em te chamar para assistir a uma partida de baseball no próximo fim de semana. Os meus amados Rockies vão jogar contra os Giants. Tá afim de ir?

— Claro. Eu topo...!

— Ótimo... por que você não chama o Barnes também? Ele precisa se socializar, não acha? – Ele se sentava ao lado do Capitão, de frente para o balcão.

— É uma ótima ideia. Vou falar com ele...

— É isso aí, soldado! Agora me diga... por que está com essa expressão triste no rosto? Aconteceu alguma coisa?

Steve sorriu mais uma vez... Sam era realmente um cara incrível. Era tão fácil ir direto ao ponto com ele, porque o mesmo sempre fazia perguntas humanas, do tipo: “como você está?”, “o que está acontecendo?”, “pode desabafar porque estou aqui!”. E ele sentia que o Falcão o poupava de muito esforço, apenas fazendo essas perguntas.

— Posso te contar um segredo? – Steve piscou, ainda com um sorriso derrotado nos lábios.

— Sim, eu adoro segredos... – Sam sorria, deixando-o totalmente à vontade.

O Super Soldado respirou fundo, demorando alguns segundos até admitir o que estava entalado nas profundezas de seu coração... e então...

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— Eu acho que estou apaixonado por ela...

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Finalmente o Capitão América admitia seus sentimentos e... era um tanto libertador mas bobo dizer isso em voz alta para alguém... seus sentimentos estavam uma bagunça... receio, medo, perturbação, choque, agonia e ansiedade se misturavam... no entanto, quando aquelas palavras saíram, finalmente admitindo, parecia tão simples e tão fácil... ele estava apaixonado por uma mulher e queria passar mais tempo com ela... ele queria que ela fizesse parte de sua vida...

O Falcão esboçava um sorriso completamente satisfeito. Não imaginava que tudo se desenrolaria tão rápido... mas ele precisava fingir que não esperava ouvir aquilo.

— Uau...! Esse é o segredo mais bombástico do ano! Eu não estava preparado...! – Ele fingia descaradamente.

— É muito difícil admitir isso...

— Entendo... e você já disse a Mary?

— Não...

— Você está brincando comigo!? Ela não sabe como você se sente!? Saia daqui agora, seu idiota! Vá encontrá-la!

— Ela não está no país... foi pra um tal de... Tomorrowland...

— Sério que ela saiu daqui pra se enfiar no meio da maior rave do planeta!? Essa fadinha é completamente maluca mesmo!

— Eu não tenho ideia do que seja uma rave...

— É um evento onde os maiores DJ’s do planeta se apresentam com um repertório eletrônico, e os fãs de House, Trance e Dance se reúnem para se divertir, quer dizer... dançar... mas... cara, vocês são totalmente opostos... enquanto você prefere o bom e velho jazz tocando numa vitrola na tranquilidade do seu apartamento, ela está dançando música eletrônica e provavelmente segurando um coquetel enquanto dança bêbada! – Sam, sempre sendo a enciclopédia ambulante do Capitão América.

— Você não tem ideia do quanto tudo isso me irrita... – Steve confessava, mostrando que odiava ver Kiara vivendo sua vida, enquanto ele estava ali... sofrendo por ela... apaixonado...

— Então, você acha que ela não se sente da mesma maneira? – Sam o indagava, embora já soubesse que era recíproco.

O loiro encolhia os ombros, desanimado.

— Eu acho que a Mary se importa comigo... mas não do mesmo jeito que eu...

— Você acha que ela não gosta de você, romanticamente?

— Eu não sei...

— Se você está dizendo que não sabe, significa que há uma boa chance dela também gostar de você, sabia!?

O loiro soltava uma risada nervosa em resposta.

— É assim que funciona...?

— E por que não!?

Steve suspirou... ele queria ter o otimismo que o aviador tinha, mas... não conseguia...

— Eu disse que não sei como ela se sente...

O Capitão sabia que de certa forma, Mary cuidava dele... o ajudava e estava ali, sempre que precisava, mas tinha suas dúvidas era recíproco...

O Super Soldado sentiu que talvez fosse real, quando se recordava da forma como os dois se beijaram naquela madrugada, perto do farol em Portland...

— Por que você não pergunta a ela antes de fazer quaisquer suposições? – Sam o contestava, fazendo-o rir de nervoso.

— Não tenho coragem... além do mais, não sei se é certo... o que eu teria para oferecer a alguém como ela...? – Ele confessava, fechando os olhos e tentando fazer com que o peso e a tensão que seu peito carregava, se dissipasse.

— Acho que devia perguntar se ela não quer sair com você, não acha...? Se ela disser que sim, significa que há uma boa possibilidade da Mary também ter os mesmos sentimentos.

— Tenho medo de estragar tudo...

— E você vai continuar escondendo isso dela, sofrendo desse jeito? Não é melhor se confessar logo?

— Sei que não vou conseguir dizer isso a ela no momento, Sam...

— Eu te entendo... mas se não disser a Mary como se sente, ela pode ouvir de outro cara o que gostaria de ouvir de você...

— E será que ela quer ouvir isso de mim?

— Você precisa tentar...

— Eu não acho que seja melhor dizer isso a Mary, Sam... sempre fui um homem cauteloso em todos os aspectos, então, prefiro pensar que talvez possa ter um momento certo no futuro... pra dizer a ela como me sinto...

— Uau... você realmente é o homem mais sensato e ajuizado que já conheci! Outros já teriam se afundado e estragado tudo, mas você não... você consegue manter a calma, mesmo nas piores horas... te admiro por isso!

— Obrigado... – Steve sorria, abatido, passando o dedo pela alça da xícara de porcelana em cima do prato, finalmente bebendo seu café.

— Já que prefere esperar o momento certo pra dizer a ela, então pelo menos tente ficar calmo. Dá pra ver que além de triste, você parece tenso... – Sam tocava o ombro do Super Soldado, o animando.

— Estou tentando o meu melhor... – O Capitão redarguia, mostrando que já estava trabalhando nisso, mas... não estava sendo fácil.

Nada foi planejado e nem premeditado. Tudo aconteceu por acaso...

A única coisa que Steve queria, era estar perto de Mary Crystal, e cuidar dela... tomar suas dores e lágrimas como se fossem suas... porque ele se importava com ela...

Ansiava passar mais tempo com a garota e conhece-la ainda mais... tentar o que jamais conseguiu e reforçar o que já sabia, porque seus sentimentos eram fortes demais...

Steve tinha saudades e urgência daquilo que nunca conseguiu ter com a Segundo-Tenente...

Quando se recordava do que o fez se apaixonar por Kiara, o loiro se dava conta de que foi a forma como a mesma o convenceu a viver mais por si mesmo, a se cobrar menos, a tirar o peso de suas costas e ser mais generoso consigo mesmo. Mary o ensinou a ser mais individualista em relação aos problemas, a pensar mais em si e diminuir as cobranças que ele mesmo se fazia. Ela o ensinou a aproveitar as pequenas coisas e não ficar pensando apenas nas dificuldades e responsabilidades heroicas que possuía.

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Ela o ensinou a ser mais Steve Rogers... e menos Capitão América...

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Mas em meio a tantas coisas boas, ele odiava outras...

Odiava estar loucamente apaixonado por Mary Crystal e se sentir fatalmente tentado em sua presença... odiava quando ela lhe dava aquele sorriso maravilhoso e também quando acabava com ele ao dar aquela maldita jogada de cabelo de modo provocante e sensual... ela o deixava louco... e nem sequer sabia disso...

Ela era doce como uma maçã... delicada como um flor, mas marrenta como uma leoa... ela era linda como a primavera... única como a neve... alegre como um arco-íris, misteriosa como uma noite de lua cheia... e divertida como um dia de chuva com sol...

Ele decorou o som de sua risada e guardou cada detalhe na memória... cada gesto, cada palavra... Mary Crystal habitava seus sonhos, seus pensamentos... seu coração e até seu corpo... ela estava nele... estava presente no seu dia-a-dia... estava nele desde quando acordava até a hora em que ia dormir...

Sam percebia o quão imerso Steve estava em seus próprios pensamentos, provavelmente pensando nela... mas...

A porta da cafeteria abria, e o sino pendurado no alto tocava, mostrando que mais pessoas entravam ali.

Quando o aviador olhou para trás, notava três pessoas andando na direção dele e de Steve.

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Natasha, Bucky e Wanda.

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Sam assobiou.

— Acho que seus amigos chegaram.

O loiro olhou para trás e via sua companheira Vingadora, seu melhor amigo e a garota aprimorada chegando.

— Sei que só chamou o Barnes pra tomar um café, só que eu e Wanda resolvemos atrapalhar o seu encontro romântico com esse sargento desmemoriado. Espero que não se importe, Rogers. – A Viúva Negra anunciava, fazendo o loiro dar de ombros.

— Por mim tudo bem, mas sei exatamente que você e o Bucky não andam se dando bem ultimamente.

— Essa víbora não me deixa em paz! É 24 horas de plantão pegando no meu pé...! – O sargento reclamava num divertido, fazendo Natasha revirar os olhos.

— Mais respeito comigo ou vou usar a arma de choque que estou carregando, imobilizá-lo e te deixar babando no chão dessa cafeteria... – A ruiva retorquia, num tom de voz nebuloso e ameaçador.

Wanda arregalava os olhos, com medo que os dois realmente se matassem.

— Uau, mas que turma da pesada! É um prazer conhece-los! Eu sou Sam Wilson! – O Falcão erguia a mão na direção de Natasha, que resolvia passar por ele e o ignorar, e vendo isso, Bucky decidia ser gentil e agir diferente daquela russa mal-educada.

— Muito prazer, Sam. Eu sou Bucky.

— O melhor amigo do Steve, certo?

— Será? Ultimamente ele anda preferindo falar com você do que comigo. Acho que estou em segundo plano agora... – Ele sorria, divertidamente.

— Relaxa, cara! Eu e o Steve nos conhecemos a pouco tempo. Somos amigos, mas ainda não cheguei no topo, porém eu sugiro que se esforce mais pra não perder pra mim! – Ele apertava a mão de metal enluvada do sargento, com força, num gesto de desafio.

— Isso é uma competição, Sam? – O soldado estreitava o olhar, aceitando o desafio.

— Quem sabe...? Depende de você...

— Chega vocês dois. Sente aí e peça o que quiser, Bucky. – Steve já apartava a briga amigável dos dois com um sorriso desanimado.

— Aah... se não se importam, eu vou me sentar com a Natasha naquela mesa. Com licença. – Wanda deixava os três no balcão, mostrando altos indícios de timidez, afinal, com exceção de Bucky, não conhecia Steve e Sam o suficiente para se sentir à vontade.

— Ela nem se apresentou... – O Falcão assobiava, impressionado em como as mulheres europeias era demasiadamente retraídas.

— O nome dela é Wanda Maximoff. Ela é uma boa menina... – O sargento dizia o que pensava a respeito da feiticeira.

— Ela e a Romanoff parecem bem próximas agora... – O Capitão analisava a forma como Wanda se sentia livre e segura ao lado de Natasha.

— Ela tem cuidado muito bem dos dois irmãos... pelo menos é o que a bruxinha diz.

— Bruxinha...? – Steve franzia o cenho, não entendendo aquele apelido.

— Sim... eu a chamo assim de vez em quando, apenas para vê-la corar... – O sorriso sórdido do sargento fazia Steve bufar irritado.

— Você realmente não mudou nada... continua flertando descaradamente com qualquer mulher que aparece em sua frente. – O Super Soldado redarguia, impaciente com a atitude mulherenga de seu amigo.

— Qualquer mulher menos a Romanoff. Ela é assustadora...! – Bucky alegava, em tom de piada, já que a Viúva Negra era implacável e de quebra, sempre o maltratava.

— Sabe, Barnes, acho que você devia dar umas aulas para o seu melhor amigo em como conquistar uma mulher. Ele anda precisando... – Sam tocava o ombro de Steve mais uma vez, fazendo-o arregalar os olhos imediatamente.

Ele não havia contado nada sobre Mary Crystal para Bucky.

— Ele com certeza seria um péssimo aluno, Sam... mas me diga, Punk... como andam as coisas com a loirinha piloto? Ela já está na sua? – O soldado o provocava, fazendo com que o loiro virasse o rosto para o outro lado.

— Eu acho que não vão nada bem, Bucky... – O Falcão revelava, deixando Steve ainda mais nervoso.

— Será que devo dar uma ajuda...? – James continuava a provoca-lo.

— E por que eu aceitaria a sua ajuda, seu idiota? – O loiro perdia a paciência.

— Sério que vocês vão começar a brigar na minha frente!? – Sam achava engraçado a informalidade dos dois amigos. Steve raramente chamava alguém de idiota.

— Acho melhor você pensar em alguma coisa logo, porque a mulher da sua vida acabou de chegar. – O sargento anunciava, deixando-o confuso.

— Como assim...?

— Olha pra trás, seu estúpido... – Bucky dava um soco no ombro do Capitão, que imediatamente fez o que ele pedia, e então...

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Steve via Mary Crystal entrando na cafeteria... com um vestido preto, curto, colado, acima do joelho, salto agulha, cabelos ondulados penteados para o lado e uma maquiagem para noite.

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Ela parecia ter voltado de alguma festa.

A Segundo-Tenente avistava eles e logo começava a sorrir daquele modo sacana que só ela sabia...

A loira caminhava majestosamente na direção dos três rapazes, que a fitavam embasbacados...

Ela se encontrava extremamente deslumbrante...

Steve mantinha os olhos um pouco arregalados... não tinha ideia que a veria aquela noite e... imediatamente os malditos sintomas de nervosismo o atingiam em cheio...

— Hey, rapazes, tudo bem!? – A Segundo-Tenente os cumprimentava.

— E aí, fadinha, como foi lá no Tomorrowland? Dançou muito!? – Sam a cumprimentava de volta.

— Até o sol raiar... – Mary respondia com um sorriso confiante e esplendoroso.

— Você chegou hoje da Bélgica? – O Capitão a indagava, confuso, nervoso, e sem saber exatamente o que dizer.

— Agora a pouco... a Nat me disse que viria pra cá com a Wanda, daí resolvi me encontrar com elas.

— A Natasha sabia que você voltava hoje!? – O loiro a contestava, confuso.

— Sim.

— Você avisou a ela que voltaria hoje para o país, mas não me avisou? Por quê!? – Steve a questionava, num tom de voz um tanto... possessivo...

— E por que eu deveria...? Você não é meu namorado... eu hein...! – A loirinha revirava os olhos.

Naquele meio tempo, Bucky Barnes a olhava de baixo em cima... mostrando que estava incrivelmente impressionado com a aparência física da garota...

— Boa noite, senhorita Ellis... tudo bem...? – Ele a cumprimentava, num tom de voz sedutor, suave e profundo.

Sam e Steve o encararam com uma expressão desacreditada e perplexa. Aquele sargento garanhão ia dar em cima de Mary na frente deles? Sério?

— Sim, ótima, já você, não parece bem, certo? – Ela respondia convicta e sua firmeza o fez recuar levemente.

— Se acalme senhorita... sou um cara sensível e desatualizado... estou na casa dos noventa... ainda estou me acostumando com os millenials... – Ele levantava as mãos para cima, em pose de rendição.

— Ah, sei como é... o Cap já me deu várias demonstrações disso ao longo dos... ah... hmm... quantos meses nós nos conhecemos mesmo, Cap?

— Três meses e três semanas.

— Sim, isso mesmo! E... uau, você realmente sabe o tempo exato em que nos cruzamos pela primeira vez! Estou impressionada!

Steve arregalava os olhos, corando drasticamente... céus, ele não devia ter dito aquilo tão rapidamente, porque parecia obvio que ele havia contado.

Bucky continuava a fita-la profundamente.

— Será que podemos conversar em particular, senhorita Ellis...? – O sargento a convidava, deixando Steve em pânico e Sam segurando uma risada bizarra.

— Você quer conversar comigo em particular...?

— Sim...

— Tudo bem... mas acho melhor irmos lá pra fora então, porque a cafeteria está cheia.

— Ótimo. Então, me esperem aqui, garotos. Eu já volto! – E então, o sargento saia do local ao lado da loirinha, deixando o Capitão e o Falcão abismados...

O sargento olhava para trás, lançando um sorriso cínico na direção de Steve, mostrando que com certeza faria algo que seu amigo o mataria se soubesse.

— Você... não contou mesmo nada a ele, certo...? – Sam puxava a manga da jaqueta de couro do loiro, freneticamente, mostrando nervosismo.

— Não disse nada... só que esse idiota pode ter sacado tudo... e eu juro que eu vou mata-lo se ele contar alguma coisa pra ela!

— Vamos torcer pra que ele apenas dê em cima dela e não diga nada suspeito. – O aviador olhava para frente, vendo Bucky e Mary saírem da cafeteria.

— Concordo... eu até prefiro que ele dê em cima dela do que dizer qualquer coisa sobre mim... – Steve engolia a seco, completamente assustado.

Natasha que estava sentada numa mesa de frente para a janela, observava a cena, sorrindo de canto, achando tudo interessante.

— As coisas vão começar a esquentar...

— Desculpe... o que você disse, Natasha...? – Wanda a indagava, não entendendo o que a ruiva queria dizer.

— Nada. Mas esteja preparada para dar um soco na cara daquele sargento mulherengo quando ele voltar.

— Por quê...? – A garota arqueava uma sobrancelha.

— Por nada... – Nat sorria cinicamente em resposta.

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Do lado de fora, Mary parava na frente do sargento, que não disfarçava estar imerso na visão belíssima de suas pernas.

— Vai dizer o que quer comigo ou ficar babando por que faz décadas que não olha para as pernas de uma mulher? – Ela o alfinetava, com um semblante áspero e colérico na face.

— Você é realmente picante como dizem... não sei se estou preparado, mas acho que vou investir... – Ele sorria sedutor e Mary Crystal olhava para o lado, sorrindo cinicamente.

— Você me chamou até aqui pra dar em cima de mim?

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— Te chamei até aqui pra te pedir pra prestar mais atenção ao seu redor. Tem um cara interessante de olho em você...

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— Quem? Você...? – Ela desdenhava, segurando uma risada.

— Não... outra pessoa...

— Me diga quem...

— Você é tão sagaz, mas ainda não percebeu...?

Kiara franziu o cenho, olhou pelas paredes de vidro da cafeteria, vendo Sam e Steve de costas.

— Aonde você quer chegar, Barnes...?

— Eu...? Em lugar algum... só estou impressionado que ainda não tenha percebido que coisas interessantes estão acontecendo...

— Sei... você parece ser mais malicioso e inescrupuloso do que o Cap e... isso me enoja... – A garota esboçava uma expressão de ojeriza. Odiava tipinhos como Bucky Barnes.

— Sabe, senhorita Ellis... já faz mais de noventa anos que eu atuo como cupido do meu melhor amigo... e... acho que depois de tudo o que aconteceu, ele merece ser feliz... então, imaginei que pudesse me ajudar a encontrar alguém pra ele... o que acha...? – O sargento andava na direção dela, dois quatro passos para frente, cercando totalmente sua visão.

— Encontrar uma namorada pro Steve? Impossível! Da última vez que sugeri algumas, ele quase me matou! – Ela se referia ao dia em que treinaram juntos na Torre dos Vingadores.

— Hmm... é verdade... ele recusará qualquer garota que você sugerir...

— Se sabe que o Cap vai recusar o que eu sugerir, então por que quer minha ajuda, Barnes...?

— Por que ele já tem alguém em mente...

— É mesmo...? Quem...? – Ela cruzava os braços, olhando-o de modo arrogante.

— Bem... o Steve está interessado em somente um tipo de pessoa e ele sequer vai considerar qualquer outra... porque está ocupado demais olhando pra uma garota loira, piloto da Força Aérea, Segundo-Tenente...

— Como é que é...? – Kiara estreitava o olhar, perplexa diante daquelas palavras sem cabimento.

— Ele é estúpido demais pra admitir... que... – Bucky se aproximou ainda mais, comprimindo a distância total entre ambos e ficando com o rosto completamente perto do dela...

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— Admitir que você é a mulher ideal para ele...

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Mary Crystal o encarava com um olhar desconfiado e suspicaz...

— Isso não faz o menor sentido. – Ela replicava, cética.

Ele sorriu de canto, ainda muito perto do rosto dela...

E de dentro da cafeteria, Steve observava pelas paredes de vidro, seu melhor amigo tão próximo da Segundo-Tenente...

O Capitão automaticamente se levantava, com uma expressão furiosa no rosto, mas Sam o impedia de ir até lá, segurando seu braço com força.

— Hey, segura a sua onda aí, Cap...! Vai ficar muito na cara que você está se roendo de ciúmes!

— Eu não sei porque ele está fazendo isso, mas obviamente não é pra me provocar, e sim causar alguma reação nela! Ele está desafiando a Mary e preciso ir até lá pra acabar com isso!

— Espera mais dois minutos. Se ele continuar, aí você pode ir lá e pegar a sua garota de volta! – O Falcão o aconselhava, ainda segurando o braço do loiro.

Natasha, que observava tudo de longe, sorria de canto, se divertindo e se deliciando ao vislumbrar Steve Rogers com ciúmes de seu melhor amigo.

— Porque você continua sorrindo, Nat...? – Wanda a contestava, olhando atentamente para o rosto da ruiva.

— Olhe pra trás...

Confusa, a garota olhou e avistava Bucky muito próximo de Mary Crystal.

— O que tem...? – A feiticeira não via nada demais naquela situação.

— Aah sim, eu esqueço que você já conhece o Barnes intimamente... por isso não está surpreendida.

— E eu deveria ficar...?

— Deveria, não acha...? A senhorita Ellis é linda. – A Viúva Negra a instigava, mas Wanda continuava não vendo nada demais ali.

— Bem, ainda não entendo porque eu deveria me importar, mas de qualquer forma, não havia nada na mente dele sobre a filha do Presidente. O Bucky deve estar usando suas habilidades de espião pra intimidá-la de alguma forma, e um de seus métodos é através do flerte.

— Uau... você praticamente já revirou toda a mente dele e o conhece muito bem pra deduzir o que o Barnes está fazendo agora.

— Eu não sei o que está acontecendo, mas não tenho interesse em descobrir... o James age como uma criança vez ou outra para provocar todos a volta.

— É por isso que te admiro... gosto de sua indiferença nessas horas, sabia...? – A ruiva sorria docemente para Wanda, que sorria timidamente de volta.

E do lado de fora, Bucky continuava com suas provocações envolvendo Steve.

Ele olhava fixamente nos olhos esverdeados da Segundo-Tenente.

— Durante a guerra, Steve me disse que casaria com Peggy se sobrevivêssemos, e todos os caras do Comando Selvagem seriam padrinhos de casamento. Foi uma promessa bem estranha...

— Comovente... – A loira ironizava, encarando-o com desdém, sem recuar um milímetro sequer.

— Disse também que ele e Peggy tinham um acordo implícito de não olhar para nenhuma mulher, desde que ela atirou nele depois de flagrá-lo beijando uma loira.

Mary arregalou os olhos na hora... Steve beijando uma loira, escondido de Peggy?

— Que história é essa!? – A Segundo-Tenente não disfarçava o quão pega de surpresa foi. Aquilo era verdade?

— Por essa você não esperava, não é mesmo...? – Bucky sorria ainda mais, triunfante e vitorioso. Finalmente havia arrancado uma expressão exasperada dela.

— Quando ele te contou sobre isso?

— Eu cresci com o Steve. Ele sempre esteve muito doente para sair com alguma mulher antes do soro, e quando acontecia, saíamos em encontros duplos, mas... ele não tinha muito sucesso... só que depois do soro, eu praticamente fiquei invisível e as mulheres só olhavam para o perfeito Capitão América, então... fiquei sabendo da loira, secretária do Coronel Phillips na época, mas com certeza várias outras se aproximaram... não sei até que estágio ele pode ter ido com elas, porém, é bem provável que talvez esse idiota não tenha tido tanta resistência. O Steve se comporta como um garotinho bobo quando é paquerado...

Mary constatava que aquilo era verdade. Quando o conheceu na festa dos Veteranos, o Capitão não resistiu completamente ao seu charme, no entanto...

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Ela não era a primeira que Steve realmente teve um contato mais íntimo? Será que ele já tinha beijado e saído com outras mulheres? Será que... ele mentiu sobre ser virgem?

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Mary estava confusa... não sabia se podia confiar no que Bucky dizia.

— Bem... tirando Peggy, você é a pessoa mais próxima dele daquela época, mas isso não significa que acredito em suas palavras. – A loira o desafiava, mantendo uma postura austera.

— Acredite ou não, eu conheço as preferências do meu amigo... e você tem semelhança com a Peggy.

— Então você acha que o Cap me vê como uma substituta dela?

O sargento piscou diversas vezes, demorando em responder, mas quando o fez...

— Eu acho que sua semelhança com Peggy foi o que inicialmente o atraiu, mas ele sabe que você não é ela. Vocês duas tem muito em comum, só que na verdade, não são nada parecidas...

— E isso me faz ser a mulher ideal para ele...? Você bebeu ou está usando substâncias alucinógenas sem que Natasha, Hill e Fury não saibam?

— Estou completamente lúcido... e vou responder sua pergunta... – O soldado se afastou e começou a rodear Mary Crystal, olhando atentamente para ela...

A garota permanecia imóvel, vendo que ele continuava a rodeando enquanto segurava o queixo...

— Bem, vamos ver... você é baixa, tem carinha de anjo, é loira, sarcástica, trabalha na Força Aérea e adora uma discussão... embora ele tenha uma queda por morenas de cabelos ondulados e olhos castanhos, isso não é algo que faça diferença, desde que você tenha essa personalidade aguerrida... – O soldado continuava a analisando, até concluir seu raciocínio. - O Steve também ama desafios, porém, ao mesmo tempo é um cara possessivo quando contrariado...

— Possessivo...!? – Mary se recordava do que Peggy havia lhe dito quando a visitaram em Washington DC.

— Sim... ele não gosta de sentir ciúmes, ser ignorado e nem ser provocado o tempo todo. Se ainda não o viu com raiva por causa dessas coisas, eu diria pra tomar o máximo de cuidado daqui pra frente.

Kiara respirou fundo, contando até dez mentalmente... por que Peggy e agora Bucky estavam dando a entender que Steve tinha interesse nela? Era completamente impossível. Ele sempre deixou claro que não tinha preferência por loiras. E se algo assim realmente estivesse acontecendo, com certeza ela seria a primeira a saber, porque o Capitão jamais esconderia seus sentimentos dela.

A garota acreditava que Steve era sempre honesto e sincero com ela, logo, se ele não havia dito nada todo aquele tempo, então a conclusão que tinha era: Peggy e Bucky estavam loucos e confundindo tudo.

— Continuo achando que eu não sou a garota ideal para o Cap... e que você está maluco.

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— Na verdade... você é a garota ideal para nós dois, princesa... o Punk precisa ser rápido e te chamar pra sair, porque se ele não chamar, eu vou...

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— Você...? Me chamar pra sair...? – Ela o encarava, perplexa.

O sargento dava de ombros.

— Claro... sair, nos conhecermos melhor... e quem sabe até mesmo namorar...? Isso não seria incrível...? Admito até que já estou meio apaixonado por você... desde que a vi pela primeira vez na Prisão Balsa...

Mary Crystal revirava os olhos... desde quando alguém tão íntegro como Steve tinha um amigo tão malandro e mulherengo como Bucky Barnes?

— Se você quer sair comigo, porque está dizendo que eu sou a garota certa pro Cap?

— Bem... eu acho que você e o Steve formam um belo casal... além disso, você e eu provavelmente brigaríamos demais se namorássemos... então acho que no final, não daria certo... mas eu ficaria imensamente feliz se você me deixasse ser seu amigo... – O soldado piscava, sorrindo de canto, exibindo uma feição galanteadora.

A Segundo-Tenente respirou fundo, sem paciência, e então, a única coisa que ela conseguia responder, era...

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— Você é um galinha, Barnes. Eu tenho nojo de você e vou contar tudo pra Wanda.

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Automaticamente, os olhos azuis do sargento arregalaram, ele se afastou e começou a implorar...

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— Não, você não pode contar nada pra Bruxinha, por favor!

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— Me convença! – Ela o olhava com desprezo.

— Te convencer...? Bem, eu posso provar que o Steve é apaixonado por você!

— Eu não acredito nisso...

— Então... posso conseguir que ele confesse isso pra mim e tudo o que você precisa fazer é ouvir. Assim você vai me perdoar?

— Não! – E então, a garota deu um giro de 180 graus, pretendendo sair dali, só que ao terminar de se virar, sua visão ficou completamente preenchida pela figura de Steve em sua frente, próximo o suficiente para agarrar seu pulso e tirá-la dali.

— Da próxima vez, tente ser menos óbvio, seu idiota! – O Capitão a puxava para longe, dizendo tais palavras em bom e alto tom para Bucky Barnes.

O sargento não sabia se sorria por ver que seu plano funcionava, ou se assustava por ser ameaçado por Mary Crystal. Ela era mais assustadora que Natasha...

Sam caminhava na direção do soldado, que sorria, mas ao mesmo tempo suava frio.

— O que você disse a ela...? – O Falcão o questionava, observando Steve levando Mary embora dali.

— Eu apenas estou tentando apressar as coisas e deixa-la mexida, já que esse Punk não vai se confessar nunca.

Sam encarava Bucky com o olhar estreito.

— Sei que acabamos de nos conhecer, mas tenho que admitir que você foi genial... – O aviador afirmava, deixando um sorriso iluminar seu rosto, mostrando que concordava totalmente com o que o sargento acabava de fazer.

— Acho que vamos nos dar bem, Sam...

— Tenho essa impressão também...

E então, os dois continuavam olhando para o “casalzinho”, de longe.

.

.

Alguns metros dali, Mary se deixava ser conduzida por Steve para longe, sem dizer absolutamente nada.

Ele ainda segurava o pulso dela com muita força, e a garota não se recordava de vê-lo assim antes... aliás, a última vez que o viu assim, foi quando ela saiu ao lado de três caras desconhecidos, num bar em Los Angeles, logo nas primeiras semanas quando se conheceram, a tirando de perto deles, e também quando os dois discutiram no hospital em que esteve internada quando levou vários tiros por ele na missão em Tijuana.

Então aquele era o lado possessivo que Peggy e Bucky mencionaram?

Steve nem mesmo percebia o quão forte segurava o pulso feminino. Ele a puxou por dois longos quarteirões e logo foi dizendo o que vinha em sua mente, sem filtrar.

— Quando aquele idiota tentar se aproximar de novo, dê qualquer desculpa, mas não o acompanhe, entendeu!!? – O loiro vociferava, mostrando exasperação e raiva... muita raiva...

Céus... aquele era mesmo Steve Rogers...?

— Não dá pra fugir de encrenca quando eu já sou uma, Cap...

— Pare de brincar. Eu estou falando muito sério!

— O Barnes é meio retardado... deve ter sido as lavagens cerebrais, então não se preocupe por que eu não levei nada do que ele disse a sério.

— Eu não sei o que ele te disse, mas não acredite!

— Eu não acreditei. Deixei claro que não estou procurando a minha cara metade, porque eu já sou inteira e o que vier é só acessório...

— O quê...? – Steve parecia confuso com aquelas palavras.

— Esquece... você está muito estressado Cap! Isso tudo é saudades de mim...? – A garota piscava, irritantemente linda e fabulosa...

O Capitão suspirou pesadamente...

— Por que demorou tanto nesse... Tomorroland...? – A feição birrenta na face do Super Soldado era evidente.

— Ah, eu estava cansada dos Estados Unidos... foi legal dar um passeio pela Bélgica, dançar, cantar e extravasar... estava sentindo muita falta dos ares europeus, afinal, lá é onde estão as minhas origens!

— Entendo... e quanto mais penso a respeito, mais percebo que não te conheço tão bem... – Ele replicava, abatido.

— Você sempre diz isso com uma cara desanimada... por quê...? – A loira tentava entender o que aquilo significava.

— É porque quando você vai pra longe, eu fico um tanto... perdido...

— Uau... então agora eu sou a sua nova bússola...!? Vai colocar a minha foto no lugar da foto da Peggy!? – Mary Crystal dava dois passos em direção ao Capitão, com o rosto erguido, olhando fixamente em seus olhos enquanto sorria divinamente de canto.

— Se eu disser que você está errada, vai acreditar...?

— Não sei... porque também tenho a impressão de que não te conheço direito, Steve... – Mary deixava subentendido. Estava curiosa em saber sobre aquele tal lado possessivo e também se ele havia mentido sobre não ter tanta experiência com as mulheres no geral.

— Podemos resolver isso... topa segurar minha mão até o fim dessa estrada...? – O loiro repetia as mesmas palavras de quando passearam pela estrada do farol em Portland. Ele apontava para o final da Avenida Old Futon, cujo horizonte era marcado pelo Empire State Building, o arranha-céu que ficava do outro lado do Rio East, em Manhattan, deixando claro que desejava passear com ela por ali.

— Segurar sua mão até o fim dessa estrada? Acho que tenho uma ideia melhor!

— Qual...?

.

.

Kiara segurou a mão de Steve, se aproximou completamente encostando seu corpo no dele e colocou o braço masculino por cima de seu ombro, apoiando-o ali.

.

.

O olhar do Super Soldado arregalava e seu ritmo cardíaco aumentava... rapidamente...

Agora, ele e Mary caminhariam naquela posição?

A garota sorriu, sentindo o braço forte e firme por cima de seu ombro.

— Está confortável...? – A Segundo-Tenente o encarava de modo ousado e sedutor, numa doce e apetecível provocação.

Steve corava, mas sorria largamente em resposta.

— Acho que você passou de todos os limites, Mary...

— Não gosta que passe dos limites com você...?

— Ainda estou me acostumando...

— Então pare de bancar o velho chato e reclamão... me leve pro píer do Brooklyn. Quero ver Manhattan do outro lado do rio.

— Seu desejo é uma ordem, senhorita... – E então, ambos começaram a caminhar... juntos e sorridentes.

Ambos estavam muito próximos... era a primeira vez que o loiro andava com uma mulher daquela forma... talvez para Mary não significasse nada, mas para ele, era algo grandioso demais...

.

Eles pareciam um casal de namorados, que passeavam juntos e estavam apaixonados...

.

O Super Soldado apertava o ombro dela, apoiando seu braço ali, a puxando para mais perto.

A garota sorriu docemente para ele, sentindo todo o calor que seu corpo irradiava.

Steve percebia todos os pequenos detalhes sobre Kiara naquele momento, que só reforçavam seus profundos e secretos sentimentos por ela... era uma lista interminável...

A maneira como ela curvava seus lábios enquanto sorria... era envolvente... e apaixonante...

E a maneira como seus olhos piscavam divertidamente, o fazendo corar... o Capitão sempre tentava capturar alguma mensagem oculta quando o olhar esverdeado lhe era direcionado, mas nunca obtinha respostas...

E a maneira como ela segurava sua mão... os pequenos e delicados dedos se entrelaçavam facilmente nos dele... os mesmos dedos que emaranharam em seus cabelos dias atrás... quando se beijaram no farol de Portland...

E o cabelo dela...? Era a coisa mais maravilhosa e perfeita que existia... e naquele momento, brilhava de modo luminescente diante das luzes da cidade...

Mary Crystal possuía uma paleta de cores única... ainda que tivesse em mente o espectro de tonalidades que meticulosamente guardava em sua mente, sabia que nunca seria capaz de capturar a magnificência real do que ela representava... e nunca chegou perto de replicar até mesmo em seus desenhos, o belíssimo enigma que a Segundo-Tenente era...

Kiara era graciosa, mas letal... implacável, mas suave... elegante e lindamente perigosa...

Steve olhava para ela daquele jeito e esperava que a garota não percebesse...

Mas às vezes, Mary o pegava olhando para ela... e desejava não ter gostado tanto quanto realmente deveria...

Enquanto caminhavam em silêncio, o Super Soldado pensava em mil coisas ao mesmo tempo...

A vida trouxe Mary Crystal para perto dele... não tão perto quanto gostaria, mas o suficiente para senti-la ali... junto a ele...

Ao chegarem no píer, a garota se desvencilhava de seu enlace e corria na direção do parapeito do local, admirando a linda paisagem de Manhattan e o reflexo que o rio refletia das luzes da cidade.

Steve perdia a respiração toda vez que Mary se afastava... ele contou todo os minutos durante o espaço que percorreram juntos e via a marcação no relógio...

Dez minutos...

Estava ficando louco...?

O loiro a observava sorrindo, impressionada com a paisagem a frente, mas para ele, o assunto principal daquela visão, era ela...

Enquanto a fitava... se perguntava se talvez devesse olhar em seus olhos e dizer o quanto estava apaixonado por ela...

Talvez não agora... não hoje...

O Capitão fechou os olhos por um momento... uma mera fração de segundo foi o suficiente para trazer à tona tudo o que tentava esconder...

— Por quê...? – Sussurrava para si mesmo, ignorando o som de seu coração trotando em seus ouvidos...

Ele apenas olhava na direção da loira, vendo-a parada e sorrindo como uma criança diante da paisagem a frente...

Quando Mary se virou e focou seus lindos e esplendorosos olhos verdes nele, Steve se via involuntariamente segurando sua respiração de novo...

Kiara era linda... mas quando sorria, todo o seu rosto iluminava e o que já era lindo, ficava ainda mais lindo...

Steve permanecia admirando e se dando conta de que poderia fazer isso por horas, que não se cansaria... ele conseguiria fazer aquilo por dias, semanas, meses... porque se apaixonar era como olhar para um céu repleto de estrelas e enxergar somente uma...

De longe, a garota acenava, o chamando... e assim ele obedeceu...

Quando o Capitão se reaproximou, observou atentamente o olhar da Segundo-Tenente imerso no reflexo da água e de como a brisa daquela noite acariciava de forma majestosa seus cabelos loiros... longos, ondulados e perfumados...

Ela sorria, fitando o cenário a frente...

A ponte do Brooklyn cortava o rio, e a Torre dos Vingadores podia facilmente ser vista de longe...

— Pode parecer idiota, mas eu adoro quando a natureza se mistura com a cidade... acho que estou começando a amar Nova York... – Ela alegava, e sua voz soava apenas como uma doce e deliciosa melodia nos ouvidos do Super Soldado...

Seu sorriso de mulher que mais parecia uma gravura, fluía como um convite das alturas para desvendar mais uma vez e com extremo desejo, o sabor daqueles lindos lábios que proferiam as palavras “estou começando a amar Nova York”...

Steve ansiava pedir amparo nos ombros femininos... se refugiar no perfume de seus longos cabelos... e fincar sua bandeira... marcar seu território naquelas terras... mergulhar em suas ondas e fazer do corpo dela o seu esconderijo...

Sua fragrância tinha o cheiro do paraíso... e desejava fazer daquele perfeito sorriso, seu império...

— Fico me perguntando até quando você vai ignorar essa paisagem maravilhosa e vai ficar olhando só pra mim, Steve...

O Capitão sentia seu coração apertar toda vez que Mary dizia seu nome. Seu corpo começava a tremer e suas mãos suarem... era incontrolável...

— Eu não estou olhando pra você. Estou olhando só na mesma direção que você... – Ele tentava disfarçar... não ousaria dizer uma palavra sequer... não queria profanar qualquer resquício daquela linda realidade onde os dois aproveitavam a noite...

Steve tinha medo do que Mary diria se soubesse que gostava dela... tinha medo de perde-la sem nem ao menos tê-la de verdade...

O melhor era ficar subentendido... era melhor gostar dela aos poucos, quieto, como se fosse o segredo mais bem guardado do mundo... onde somente ele soubesse, vivendo em seu pequeno caos interno e não permitir que seu olhar entregasse a ela a chave que guardava aquele mistério...

Era melhor se martirizar ao seu lado... agonizar em sua presença... e estremecer diante de sua visão...

Mas....

.

.

.

— O Bucky me disse que você está apaixonado por mim...

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.

.

O olhar de Steve alargou imediatamente diante daquela declaração inesperada...

Como aquele idiota descobriu?

Céus, e agora...? O que deveria dizer...?

— Bem, ele fez o mesmo com a Peggy... – O loiro redarguia, tentando parecer despreocupado, mas...

— Se ele disse a Peggy, e era verdade, então significa que comigo também é real...? – A Segundo-Tenente se virava, encostando-se no parapeito do píer, olhando firmemente nos olhos azuis de Steve, com um aspecto sério...

Por mais que desejasse manter tudo o que sentia em segredo, em oculto, guardado e escondido nas profundezas de seu coração, por medo, receio e incerteza se perderia tudo o que havia conquistado ao lado dela, Steve não conseguia mais encobrir algo tão grandioso e bonito... só que... teria de agir cautelosamente, sem que parecesse ser totalmente verdade...

Aquele talvez fosse o momento certo... o momento que disse a Sam que esperava ter, para que revelasse tudo a ela...

Dois minutos atrás ele parecia decidido a manter tudo em segredo, mas suas convicções simplesmente sumiram quando Mary lhe fez aquela pergunta... e então...

.

.

— Eu e você... temos alguma coisa... uma conexão que parece nos ligar intimamente e nos manter perto um do outro...

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Mary deixava uma expressão assustada escapar de sua face...

— Você... tem essa impressão...?

— Tem alguma coisa acontecendo entre nós... eu sei..

Kiara desviou o olhar para baixo, não conseguindo encará-lo... não conseguia acreditar que as palavras de Bucky fossem verdade, porque...

Steve era um homem perfeito demais pra se apaixonar por uma pessoa tão imperfeita como ela...

— Eu sei que não tivemos uma relação normal desde que nos conhecemos, Cap... não somos amigos, nem inimigos, nem totalmente parceiros, nem totalmente rivais... tudo isso é muito emblemático e eu também não consigo entender...

— Você esqueceu de dizer que não nos odiamos e nem nos gostamos, mas agimos como se fôssemos muito próximos...

— O que quer dizer com isso...?

— Quando você não está bem, eu acabo te confortando e acabamos nos entrelaçando de uma forma mais íntima... e quando é o contrário, você demonstra que se importa demais comigo... – Ele pausava, recuperando o fôlego e continuando em seguida. – E... eu já pensei em desistir dessa convivência estranha que sempre temos, mas me dou conta que você sempre está comigo, até nas minhas incertezas...

Kiara sentia uma forte pressão em seu estômago e palpitações intensas ao ouvir aquelas palavras... era algo novo... aquelas sensações estranhas que a deixavam nervosa e desnorteada...

— Eu... não sei o que dizer, Steve... me desculpe... – A garota tentava se justificar, e o loiro apenas a observava estremecer diante de tais revelações.

— Eu só queria achar uma solução, uma saída ou uma razão para acreditar que coisas boas ainda vão acontecer entre nós, Mary Crystal...

— E por que não aconteceriam...?

— Porque tanto você quanto eu, não sabemos o que está acontecendo... e como vai terminar...

— E isso te incomoda...?

— Sim...

Quando o Super Soldado confirmou que aquilo o incomodava, Mary interpretava o que Bucky lhe disse, tudo ao contrário...

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Steve não gostava da forma como as coisas estavam fluindo entre ambos e decidia deixar isso muito claro para ela...

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A garota engoliu a seco, tentado sufocar tudo o que sentia...

Ela sabia o Capitão era um homem inalcançável demais... não se sentia digna dele...

Ela não era como Peggy... ela jamais poderia chegar os pés de Peggy Carter...

E então, a Segundo-Tenente forçou um sorriso, apenas para mostrar que estava tudo bem.

— Não se preocupe, Cap...! Eu não vou deixar as coisas ficarem piores. Podemos recomeçar daqui, o que acha...!?

— Recomeçar...? – Ele a indagava, sem entender o que Mary queria dizer.

— Sim...! Eu e você... podemos ter uma relação amigável e sem complicações...! Podemos voltar para o início e começarmos uma amizade real, o que acha...? Não era isso que você queria desde o início...? Que fôssemos amigos...!? – Kiara sorria... e era um sorriso muito compelido... artificial e ilusório...

Steve estreitava o olhar... completamente decepcionado com o que ouvia...

— Amigos...? É isso que você quer que a gente seja...?

— Sim... afinal, você disse que não queria que acabasse, lembra? E eu também deixei claro que não posso ficar sem você, então, temos a solução para esse impasse... – A loira sentia uma gota de suor escorrer por sua testa... e a sensação sufocante de desespero lhe acometia...

Talvez fosse a hora de começar a se afastar dele...? Mary não queria que tudo terminasse, mas se a relação entre ambos estava ficando cada vez mais complicada e difícil, seria melhor se afastar lentamente...

O Capitão não conseguia disfarçar sua frustração...

Ele preferia não ter nada, do que ter só a metade...

— Eu não sei... – Ele redarguiu, desanimado.

— Bem, então te darei um tempo para pensar...! Agora eu preciso ir, porque tenho uma reunião importante para participar amanhã de manhã, por videoconferência.

— Reunião?

— Da Força Aérea... – Ela se afastava, e Steve sentia uma fisgada em seu peito...

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Por que ela participaria de uma reunião da Força Aérea, se estava de licença?

.

— Tudo bem... – O Capitão desviava o olhar para baixo.

— Então nos vemos em breve, Cap! – Kiara caminhava rumo a avenida ao lado do píer. Seu apartamento não ficava tão longe dali, mas...

A Segundo-Tenente respirava fundo, e pesadamente, com uma sensação terrível percorrendo por todo o seu corpo...

Por que tinha a impressão de que aconteceria algo doloroso se ela não se afastasse dele...? Aquele sentimento a deixava trêmula... o que estava acontecendo afinal?

Sem chegar a uma conclusão, a única coisa que a garota sentia naquele momento era...

.

Medo...

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Era questão de tempo que voltasse para a Força Aérea, mas ainda assim, a Segundo-Tenente sentia medo... muito medo de permanecer por mais tempo perto do Super Soldado...

Tinha medo de decepcioná-lo e o machucar... além de também sair machucada... porque não podia se apaixonar... estava fora de cogitação entregar seu coração para qualquer homem... ela preferia morrer do que descobrir que podia amar alguém... ainda mais, alguém como Steve Rogers, que merecia a mulher perfeita, e não uma reles garota como ela, cheia de defeitos, imperfeições, hábitos e manias irritantes e opostas às dele.

Steve assistia Mary indo embora...

O andar despreocupado da garota ao lhe dar as costas, apenas o deixava ainda mais triste...

O Capitão suspirava, derrotado...

Um homem e uma mulher podiam ser amigos, mas quando chegasse a certo ponto, eles com certeza se apaixonariam... talvez temporariamente, talvez por muito tempo, talvez tarde demais ou talvez para sempre...

.

.

Mas o que mais o entristecia naquele momento, era saber que Mary foi embora, e ele não conseguiu dizer o quanto gostava dela...

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