Nemesis escrita por ariiuu


Capítulo 43
Mary Crystal vs Steve Rogers




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Mary Crystal vs Steve Rogers

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8 de Julho de 2012, 05:37 PM

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Manhattan – Nova York

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Após dezenas de reuniões da SHIELD com o Conselho Mundial de Segurança, Steve trazia Bucky para seu apartamento no Brooklyn.

O Soldado Invernal entraria num período de teste, estando sob a vigilância do Capitão América, além de ser monitorado em tempo real por Nick Fury e Maria Hill.

Ele usaria um dispositivo 24 horas que mostrava sua localização. Uma espécie de GPS.

Bucky concordou com todos os termos, sem se opor a nenhuma das condições.

Preferia lutar para recuperar sua mente e restaurar suas memórias, do que ficar trancafiado numa prisão no meio do oceano enquanto esperava seu julgamento. Era vantajoso para ele, afinal, estaria ao lado de seu melhor amigo ao longo daquela estranha jornada na recuperação de seu verdadeiro eu.

Wanda e Pietro também seguiriam na mesma linha.

Os dois acabavam de ganhar um visto temporário.

Maria Hill, Natasha e Clint ficariam de olho nos irmãos, mas Natasha Romanoff era a tutora dos dois e ambos estariam sob sua supervisão.

Inicialmente, eles morariam no Brooklyn, perto de Steve. Wanda continuaria as sessões com Bucky, dando sequência ao que começaram na Prisão Balsa, por intermédio da SHIELD.

No entanto, o mais insatisfeito naquela situação, era Pietro, que além de odiar todas as condições, se via preso num beco sem saída. Não podia fugir dos Estados Unidos, mas também não queria continuar preso. Ainda que odiasse aquele país, estar recluso numa cela dentro da Prisão Balsa, era muito pior.

Paralelo a isso, os Vingadores continuavam trabalhando em suas missões na Torre.

Tony era o mais avesso aquela situação esdrúxula, já que não conseguia confiar nos irmãos sokovianos que quase o assassinaram, e num ex-soldado da HYDRA, ainda que fosse o melhor amigo do Capitão.

Mas o Homem de Ferro mantinha o foco em apenas um ponto: sua missão em descobrir o que havia acontecido no futuro, deixando todos aqueles imprevistos nas mãos de Steve, Natasha, Clint e Nick Fury. Eles que se virassem caso os três ex-prisioneiros saíssem da linha.

As horas foram passando, e Steve voltava para a Torre dos Vingadores, participando de mais uma reunião com seus companheiros de equipe.

Ele era o líder e sempre estava à frente de tudo.

Mas naquele dia em especial, o Super Soldado resolvia testar algo diferente em sua rotina.

Em vez de correr para a academia de Boxe perto de seu apartamento no Brooklyn, resolvia treinar na academia dentro da Torre.

Deixaria Bucky se acomodar em seu novo ‘lar’... era o mínimo que podia fazer por seu amigo. Dar espaço a ele... privacidade... coisa que havia lhe sido tirada pela HYDRA a muitas décadas, embora soubesse que o mesmo estava sendo supervisionado em tempo real pela SHIELD.

O Capitão enrolava algumas ataduras em volta das mãos, trajando sua típica camiseta branca, calça musgo e botas militares, pronto para começar a socar os sacos de pancadas que estavam pendurados na academia.

Segundo Tony, aqueles eram resistentes e não seriam desfarelados tão facilmente.

— Hora de testar... – O loiro dizia a si mesmo, mas... quando o mesmo se posicionou para começar com uma série de socos, ouviu passos de alguém entrando ali.

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Era Mary Crystal, com roupas para prática de esportes, se resumindo a um top preto que mostrava todo abdômen feminino e um leve decote, short jeans na mesma cor, cabelos parcialmente presos e luvas cortadas em torno dos dedos.

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A Segundo-Tenente franziu o cenho, surpresa em encontra-lo ali.

— O que está fazendo aqui? – O questionava, confusa.

— Eu é que pergunto, senhorita Ellis: o que está fazendo aqui?

— O Stark disse pra eu testar a academia da Torre hoje, esse horário, então eu vim, mas... eu não sabia que você também estava aqui.

— Stark... eu já imaginava... – Steve revirava os olhos, já entendendo o que estava acontecendo.

Provavelmente, Tony havia feito de propósito, mandando os dois para o mesmo lugar, se esbarrarem ‘acidentalmente’...

O plano do Homem de Ferro era claro: queria que seu casal STARY passasse a maior parte do tempo junto, claro, com o empurrão de várias outras pessoas direta ou indiretamente envolvidas.

— Se você está treinando agora, eu volto mais tarde. É que eu não tinha nada pra fazer, então achei que seria legal me exercitar.

O Super Soldado suspirou profundamente, mas antes que a Segundo-Tenente virasse para sair dali, ele resolveu fazer um convite inesperado a ela.

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— Não quer treinar comigo, senhorita Ellis? Já que está aqui, acho que seria interessante testarmos algo.

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— Testar o quê?

— A sua força. – Ele sorria, convicto.

Mary o encarava, um pouco desconfiada.

— Você realmente quer fazer isso? – A garota o indagava, não sabendo se ele falava sério ou não.

— Vamos ver quem ganha? O soro ou a radiação da joia do espaço? – Steve continuava sorrindo, triunfante.

A loira correspondeu ao sorriso, olhando para o lado, desacreditada.

— Você está me desafiando, Capitão Rogers? Quer medir o tamanho da minha força pra quê?

— Apenas curiosidade...

Kiara demorou quatro segundos para responder.

— Tudo bem, mas se você sair daqui com alguns ossos quebrados, a culpa não é minha.

— Estou preparado, senhorita. – Ele se aproximava, a defrontando com um olhar intransigente de provocação.

— Me dê cinco minutos apenas para me alongar.

— Fique à vontade.

E então, a loira começava a se aquecer, alongando-se com poses de ioga, movendo-se com elegância e confiança.

Seu corpo flexível e gracioso dobrava-se e expandia-se em várias posições.

A disposição do corpo feminino em meio ao alongamento, expressava uma sutil sensualidade, que era suficiente para deixar a respiração do Capitão um pouco mais acelerada enquanto a observava, numa implícita veneração.

Ele se recordava da sensação da pele macia da Segundo-Tenente sob suas mãos, naquela arriscada missão em Tijuana... ela era tão delicada, mas tão forte... sua memória sensorial o lembrava da incrível suavidade daquela pele tão nívea... e a vontade que reprimia naquele exato momento, que era de tocá-la... senti-la... e acaricia-la... como se precisasse dela, mas...

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“Agora não, soldado!” – Ele gritava para si mesmo, desviando os olhos do corpo ameno de Mary Crystal.

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Com algum esforço, Steve tentava reorientar seus pensamentos para qualquer outra coisa que não fosse ela.

O Capitão respirou fundo, recuperando a calma... já sabia que não era de hoje que se sentia atraído por ela, e de certa forma, ele já havia aceitado que aquilo aconteceria com frequência, mas ainda assim, soava estranho. Precisava usar técnicas para controlar os impulsos que seu corpo sentia, toda vez que contemplava Mary Crystal.

Ele dizia a si mesmo que tudo não passava de uma mera atração física... talvez admiração, mas... não era nada além... não podia ser...

Quando Kiara terminou, ela avistava um Steve Rogers pensativo, olhando fixamente para o outro lado do chão da academia.

— Cap, vamos começar?

O loiro era tirado de seus delírios, até se assustando com a voz dela.

— Ah, sim... vamos lá...

E então...

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Os dois ficaram frente a frente, com uma distância de dois metros, ambos posicionando os punhos para frente, em posição de ataque.

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Steve permitiu que ela fizesse o movimento inicial, afinal... primeiro eram sempre as damas, certo?

Por mais que Mary tivesse uma força física incrível, a agilidade natural e a coordenação de seu corpo eram ainda espetaculares.

Aquilo seria um desafio para ele... não somente pela extraordinária destreza da Segundo-Tenente, mas por conta do que estava diante de sua visão...

O corpo curvilíneo de Mary era incrivelmente hipnótico, ainda mais quando o top e o shorts que ela vestia realçavam ainda mais seus belos atributos físicos... só que para manter sua mente livre de tentações, o Super Soldado procurava se firmar na disciplina de sua rotina militar básica, que era focar apenas nos movimentos de seu adversário e esquecer tudo ao redor.

Kiara olhava para o Capitão, e estava determinada a empurrá-lo para seus limites, com o único intuito de quebrar suas barreiras.

Depois de um minuto que o treinamento havia começado, em pouco tempo, Steve se via perdido no meio da defesa de Mary.

Ela dominou todas as manobras que ele nunca imaginou que alguém conseguiria bloquear, através de técnicas exclusivas.

Parecia uma dança impecável e coreografada, que o atraía de todas as formas.

Steve tentou um movimento diferente, e seu punho direito parava no ar, muito perto do rosto dela.

Ainda que soubesse que Kiara era uma exímia lutadora, tinha a impressão de que ela não aguentaria qualquer ataque físico, por temer quebra-la ao meio... apenas por julgá-la por sua aparência física...

A Segundo-Tenente arqueava uma sobrancelha, desacredita em vê-lo parar no meio do caminho.

— Pode continuar, Cap. Eu aguento!

— Será? – E então, ele tentou novamente, mas...

Não conseguiu levar seu golpe adiante...

— Eu pedi pra me dar um soco, e não pra me fazer carinho! – E então, a garota empurrava o braço dele para cima, se colocando embaixo do corpo masculino rapidamente, e finalmente puxando-o para baixo através de um forte impulso, que o fez rapidamente...

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Cair no chão de costas...

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Mary sorria de canto, atrevida.

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— Quando você vai lutar como macho...? – Ela o observava de cima, com as mãos na cintura, o provocando descaradamente.

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O loiro fechou os olhos, sorrindo diante daquela afronta.

Mary possuía habilidades que ele não conhecia. Seu estilo de luta era muito diferente de todos que já havia enfrentado antes.

E então, o Capitão se levantava, olhando fixamente para ela...

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— Eu posso fazer isso o dia todo... - Ele dizia, com os punhos fechados para frente, encarando-a com um sorriso intrépido.

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— É mesmo...? Só que vai ter uma hora que você vai se cansar, então, não acho que possa fazer isso o dia todo...

— Você também vai se cansar, senhorita...

— Claro... mas espero que você se canse primeiro! – E então, a Segundo-Tenente partia para cima mais uma vez.

Ela conseguiu derruba-lo várias e várias vezes, porque sabia combinar força física com uma agilidade magistral em movimentos que Steve não conseguia ler, deixando-o perdido, sem saber o que esperar...

Os movimentos dela eram muito imprevisíveis...

— Pare de lutar como uma mulherzinha, Capitão! – A garota o desafiava novamente, fazendo com que o loiro finalmente entendesse que não podia continuar a subestimando.

— Onde aprendeu a lutar assim, senhorita Ellis?

— Tive aulas com várias pessoas diferentes. Aprendi diversas artes de luta, combinei inúmeros golpes e desenvolvi meu próprio estilo.

— Eu diria que seu estilo é bem único...

— E é por isso que você nunca vai conseguir me derrubar... – Ela sorria, triunfante.

— Nunca diga nunca... – Ele sorria de volta, encarando o desafio.

— Por que não apostamos algo? Se você me derrubar uma única vez, eu faço o que você quiser. Qualquer coisa.

O loiro sorria diante daquela ‘aposta’.

— Se eu te derrubar, você vai ter que correr nua na praia, de madrugada, gritando "Deus abençoe a América".

— Ora, Capitão Rogers... isso não me assusta nem um pouco. Pode pedir algo pior. Correr pelada é uma atividade bem simples...

— Será...? Acho que essa cena seria bem engraçada de se ver...

Por um momento, Steve sentiu a expressão dela quebrar, como se a mesma não estivesse esperando por aquele tipo de resposta.

Ali, o Capitão percebia que Mary às vezes esbanjava uma falsa confiança...

— Eu aceito o desafio. – A garota fechava o acordo, e aquilo o deixava incomodado, afinal, ele não falava sério...

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Jamais iria aceitar que ela corresse nua na praia e outros homens olhassem pra ela. Isso era inaceitável.

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Os dois continuaram com a série de ataques e bloqueios por longos minutos, que com o decorrer do tempo, já somava uma hora.

Vez ou outra, Mary se inclinava para trás e reajustava seu cabelo, tentando arrumar alguns fios loiros que escapavam para a frente de seus olhos.

Naquele momento, Steve não parecia ceder e estava mais rígido. Agora sim, o loiro estava lutando de verdade, e aquilo arrancava um sorriso no rosto dela.

A força dos dois era bem igualada... o que era um fato incrível...

O Super Soldado se recordava das palavras de Sam Wilson no estádio dos Dodgers em Los Angeles, sobre ele encontrar uma garota forte, que aguentasse toda a sua energia vigorosa...

Ali, ficava provado que Mary Crystal possuía tal atributo... ela de fato, possuía...

Enquanto os dois lutavam, repentinamente uma música começava a fluir pela academia...

Os dois pararam por um tempo, estranhando aquilo, então, a voz de JARVIS ecoava pelo ambiente, dizendo que “O senhor Stark deu ordens para deixar o local com um clima descontraído para que pudessem brincar, digo- lutar ainda mais livremente...”

Steve revirava os olhos... por que o Homem de Ferro era alguém tão extravagante?

— Olha pra frente, Cap! – E então, a garota o derrubava novamente, com outro movimento repentino, que ele não conseguiu prever.

A música que começava era de uma banda dos anos 90.

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Only Happy When It Rains – Garbage.

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I'm only happy when it rains, (Eu só fico feliz quando chove)

I'm only happy when it's complicated, (Eu só fico feliz quando é complicado)

And though I know you can't appreciate it, (E apesar de saber que você não gosta disso)

I'm only happy when it rains You know, (Eu só fico feliz quando chove)

I love it when the news is bad, (Você sabe que adoro quando as notícias são ruins)

Why it feels so good to feel so sad, (E por que parece tão bom me sentir tão triste)

I'm only happy when it rains... (Eu só fico feliz quando chove)

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Mary se afastava e Steve se levantava, com os punhos para a frente novamente…

Ambos já se encontravam suados e ofegantes...

Os olhares azul e verde se mesclavam... os dois se encaravam fixamente... milimetricamente...

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Pour your misery down... (Derrame a sua miséria)

Pour your misery down on me... (Derrame a sua miséria em mim)

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Os dois voltavam a se enfrentar, no mesmo ritmo e com a força igualada de uma forma inexplicável.

A cada segundo, Steve ficava sem foco... talvez fosse a música que tirava sua concentração? Porque tudo o que conseguia prestar atenção era apenas nela e na sua forma tão bela e esplêndida de lutar...

Mary notava que o Capitão parecia abrir algumas brechas vez o outra, então, para que não tivesse que perder aquela aposta ridícula de correr nua na praia, a garota tinha de distraí-lo...

— Então, você já descobriu que a Kate não é a Kate, certo?

O loiro franziu o cenho, estranhando aquela pergunta.

— Por que está perguntando isso?

— Porque eu já sei de tudo.

— Não falo com ela a alguns dias...

— Mas então você desistiu? Não vai chama-la para um encontro? – Ela o provocava, sorrindo cinicamente.

— Nós realmente temos que conversar sobre isso, senhorita Ellis? – Steve suspirava, encarando-a com certa desconfiança.

— Não sei... você consegue pensar em outro assunto que não envolva os Vingadores do futuro, joias do infinito, partículas Pym, HYDRA ou SHIELD?

O loiro pensou por um segundo, dando de ombros...

— Não tenho certeza... meus esses assuntos sempre me fazem falar sobre a década de 40.

— Ok... vamos voltar para a Sharon. Já que você não a quer, por que não dá uma chance aquela garçonete? A Beth? Ela parece gostar de você.

— Eu não estou pensando em sair com ninguém no momento, senhorita.

— Sei... vai esperar fazer 100 anos para achar a parceira certa?

— Não sei quanto tempo isso vai levar...

E então, os dois tentavam mais uma série de ataques e bloqueios, e nenhum deles conseguia ser atingido.

— E quanto a Maria Hill? Ela é gostosa. – Mary sugeria, sorrindo de forma divertida, porque adorava ver o constrangimento estampado na face dele.

Steve soltou um suspiro de exasperação antes de se esquivar com mais alguns socos, ignorando as últimas palavras da garota.

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I'm only happy when it rains, (Eu só fico feliz quando chove)

I feel good when things are going wrong, (Eu me sinto bem quando as coisas estão dando errado)

I only listen to the sad, sad songs, (Eu só escuto às canções tristes)

I'm only happy when it rains… (Eu só fico feliz quando chove)

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Os dois continuavam se enfrentando, sem abrir brechas.

Ofegantes, olhavam um para o outro...

Mary tentava falar sobre várias mulheres que poderiam ter um encontro com o Capitão América, e ele apenas a ignorava...

Steve odiava aquelas conversas, e odiava ainda mais não conseguir entender porque conversar sobre outras mulheres com Mary, o incomodava tanto...

A tática dela em distraí-lo, parecia funcionar, porque repentinamente os movimentos do Super Soldado pareciam afrouxar.

As coisas começavam a ficar difíceis para ele... e aos poucos, Steve perdia novamente o foco, prestando atenção nela... apenas nela...

Ele não conseguiria mais lutar... Mary o venceria...

O corpo ameno mas bem treinado da Segundo-Tenente o atraía gradativamente... e o contato com os punhos e os tornozelos dela, se tornavam ardentes quando colidiam com os dele.

Steve tentava desesperadamente manter seu cérebro funcionando enquanto Kiara acometia uma série de socos e chutes ritmados, mas...

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— Mary... você está indo rápido demais...!

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A garota arregalava os olhos no mesmo instante.

O Capitão América estava recuando porque não aguentava seu ritmo?

Embora aquilo fosse incrível, a loira decidia prosseguir com seus ataques contínuos, empurrando-o cada vez mais para trás.

Em seu movimento final, a Segundo-Tenente rapidamente se agachou e o derrubou, fazendo-o cair no chão e então...

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Bloqueou os braços do Super Soldado com suas mãos, sentando por cima dele.

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Steve se encontrava rendido, sem condições de sair daquela posição constrangedora...

I only smile in the dark, (Eu sorrio apenas na escuridão)

My only comfort is the night gone black, (Meu único conforto é a noite escura)

I didn't accidentally tell you that, (Eu não lhe contei por acaso)

I'm only happy when it rains, (Que só fico feliz quando chove)

You'll get the message by the time, (Você entenderá a mensagem)

I'm through When I complain about me and you, (Até que eu tenha terminado de reclamar sobre mim e você)

I'm only happy when it rains…  (Eu só fico feliz quando chove)

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A garota mantinha-se sentada por cima do abdômen definido do Super Soldado, e os olhos azuis a encaravam com muita perplexidade.

— Acho que você perdeu a aposta, Capitão... – Ela sorria ousadamente, fixando o olhar esverdeado na feição assustada dele.

As memórias que vinham na mente do Capitão, eram letais...

Steve se recordava mais uma vez da missão em Tijuana... de como a tocou... de como a beijou...

Seus olhos miravam os lábios róseos da loira e desciam discretamente para baixo...

Ela estava por cima dele... e por mais que não desejasse, era impossível não se perder entre as curvas daquela cintura... seu quadril contornado... suas coxas torneadas... seus belíssimos tornozelos...

O cabelo dela brilhava, num lampejo dourado, por causa da luz da academia...

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Pour your misery down... (Derrame a sua miséria)

Pour your misery down on me... (Derrame a sua miséria em mim)

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Mary piscava lentamente, não entendendo aquela expressão no rosto dele.

Uma gota de suor descia pela pele clara da garota... escorregando pelas bochechas levemente avermelhadas por conta do esforço daquele treinamento, descendo pelo queixo feminino, até cair para dentro de seu busto...

E o olhar de Steve se fixou ali... no decote provocante....

Céus, ela era tão amena, suave, esguia e curvilínea...

O Capitão não conseguia conter o violento impulso que lhe acometia naquele exato momento e então, em um veloz movimento, ele se levantou por baixo dela, agarrou sua cintura e inverteu as posições...

A intensidade com que a puxou contra ele, a fez tropeçar, e a garota caia de costas no tapete da academia...

Steve agora ficava por cima de Mary... e...

Ele a segurava em seus braços... garantindo que não tivesse a machucado diante de sua reação inesperada...

O loiro a encarava com um semblante explicitamente áspero, rígido, tenaz e férreo...

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— Você está me tirando do sério...

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O Capitão confessava, sem qualquer tipo de embaraço...

Kiara o olhava confusa, pensando que Steve se referia ao fato de a mesma o provocar falando sobre mulheres e encontros.

— Essa é a ideia! Te provocar, porque você é muito puritano e conservador! Você precisa de uma namorada e eu vou arrumar uma pra você!

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— Eu não quero nenhuma namorada, Mary Crystal!

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O Super Soldado segurava os pulsos femininos com força, a encarando exasperado.

— Calma, Cap... é só brincadeira... – Ela replicava, um pouco assustada.

— Pare de brincar dessa forma comigo... pare de me provocar!

A loira o fitava perplexa... por que ele estava tendo aquela reação violenta?

— O que há de errado? Você nunca reage desse jeito com minhas provocações... – Mary tentava se libertar daquele aperto, mas naquele momento, o soro vencia a radiação da joia do espaço.

Ela não conseguia se desvencilhar do forte enlace.

— Eu sempre disse que não ia mais aturar suas brincadeiras, e acho que esse dia finalmente chegou, então pare de ser tão inconveniente, falando sobre coisas que não quero falar! Pare de ser tão infantil! Estou cansado de suas provocações! – Steve bradava, com fúria, deixando-a ainda mais assustada.

Ambos se encontravam ofegantes... com os rostos a alguns centímetros de distância...

Mary Crystal observava o olhar dele em seus lábios...

Parecia uma mistura de ódio com desejo...

Ambos sentiam seus corpos reagirem a proximidade e ao calor...

A loira sentia efeitos estranhos... por mais que odiasse que ele gritasse com ela, estava gostando daquela situação, mais do que deveria.

— Não vai mais aturar minhas provocações? Tem certeza, Capitão Rogers!? Será que consegue!? A parte boa de um desafio é o início de um novo jogo! Um jogo a dois onde vencer é essencial!

— Pare de ser arrogante! Você não pode me vencer! – Ele apertava os pulsos dela com mais força, mas Mary era forte e sabia que aguentaria a pressão.

— Não sou arrogante! Arrogante é você que pensa estar no mesmo nível que eu! – Ela bradava, com fúria, já sentindo o impetuoso fogo de mais um confronto violento entre ambos.

— Eu já estou farto de sua prepotência e soberba, Mary Crystal! Eu tenho uma porção de coisas pra te dizer! Coisas que você não vai aguentar ouvir!

— Ooh, é mesmo!? Pode dizer!!! Eu não vou recuar um milímetro, Capitão Rogers! Eu não estou de brincadeira!

— Não está de brincadeira!? Eu sei que você gosta de brincar com as pessoas, e quer um conselho? Volte pro primário, senhorita Ellis! Esse seu joguinho infantil já passou dos limites!

— O que você entende sobre isso, Capitão!? Você não sabe jogar o meu jogo!

— Isso não importa! Eu nunca joguei pra perder! E se ainda não ganhei, é porque o jogo ainda não acabou!

— Quer apostar!? – Ela o desafiava, olhando profundamente naqueles olhos azuis resplandecentes que possuíam as nuances da cor do céu em um dia quente de verão.

— Já estou apostando... o que acha que estamos fazendo agora!? Olhe para esse seu descontrole! Se eu te tratasse do jeito como me trata, você iria me odiar!

— Se eu fosse me preocupar com a sua opinião, nessa hora estaria me debulhando em lágrimas devido à sua falta de originalidade! - As maçãs do rosto de Mary ardiam de raiva... a face afogueada mostrava o quão furiosa ela se encontrava... como uma flor que mostrava seus espinhos, no auge de toda a sua beleza...

— Eu não falo o que você quer ouvir! Eu falo o que você precisa ouvir! – O Capitão apertava os pulsos dela com ainda mais força, a ponto de Mary sentir suas mãos latejarem, mas continuaria o defrontando com sua obstinação ufana.

— Pegue sua opinião sobre mim, engula e morra engasgado! – A garota gritava com ímpeto, mostrando total descontrole enquanto puxava seus pulsos com muito mais força, só que... diante de seus movimentos cada vez mais violentos, o loiro bloqueou as pernas dela, impedindo-a de se mexer ainda mais.

Steve sorria diante da forma como Kiara se debatia embaixo dele.

— Você enche os meus ouvidos com palavras vazias... o pior tipo de mulher é aquela que acha que incomoda, mas na realidade a incomodada é ela...! – O Capitão rosnava, perto suficiente dos lábios da garota, num gesto audacioso, provocando-a até as últimas instâncias.

— Seu livro de condutas moralistas é espetacular! Acho que a sua falta de sexo o fez ficar expert nisso!

— Você não tem mesmo personalidade...

— Se pensa que eu não tenho personalidade, é porque você ainda não me viu entre quatro paredes!

— Já estamos entre quatro paredes, senhorita, então fale quando precisar e cale-se quando lhe convir!

— Por que você não experimenta calar a minha boca...!?

Steve sentia uma onda tempestuosa eletrizar todos os seus músculos ao vê-la lhe provocar...

— Não me desafie ainda mais, Mary... – A ameaçava de modo ferrenho, a desafiando ainda mais, porém, Kiara soltava uma gargalhada em resposta e resolvia incitá-lo da pior forma possível.

Ela rapidamente o empurrou com força e agarrou os pulsos do loiro com muita velocidade, invertendo a posição entre ambos mais uma vez.

A loira ficava por cima, mantendo-o preso na mesma posição em que estava antes e então, sorriu de modo ostensivo, provocante e sensual...

Imóvel, Steve sentia a Segundo-Tenente por cima de seu peitoral firme, fitando-o descaradamente...

Ele a encarava com fúria... cólera... ira...

— Saia de cima de mim...

— Cansei de ser chata... agora eu vou ser insuportável... – A loira estreitou o olhar, esboçando uma expressão libidinosa e prestes a ataca-lo da forma mais sórdida possível, através do golpe mais sujo que conseguia pensar...

Quando Steve pensou em contra-atacar, Mary rapidamente se aproximou de seu rosto, fazendo um movimento extremamente audacioso e assustadoramente indecente...

— Você é ração de gato pra uma mulher como eu... – E então...

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O Capitão arregalava os olhos ao senti-la lhe dando uma lenta lambida nos lábios... de baixo para cima...

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Mary pairou em frente a ele... observando sua reação alarmada, seus lindos olhos azuis muito abertos, sua respiração ofegante e seu coração disparado...

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— Miau...

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Mary o encarava, sorrindo de modo provocante diante do constrangimento do Super Soldado... era hilário...

Steve se sentia ainda mais rígido do que antes... a defrontando assustado... perplexo... e embaraçado...

“Miau...?” – Ele pensava, muito chocado... o que aquela garota maluca estava pensando?

Um calor escaldante percorria cada centímetro de sua pele... um ardor avassalador queimava impetuosamente em seu ventre...

A respiração descompassada... o coração acelerado... a constrição pesada em seu estômago... tudo levava a apenas um alvo que desejava acertar...

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Os lábios rosados, úmidos e macios da Segundo-Tenente, que acabava de lambê-lo, como se fosse um sorvete...

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O olhar esverdeado, como esmeraldas cintilantes o perfurava com furor...

Faíscas verdes que saíam daqueles olhos brilhantes, o atingiam fatalmente...

Steve inalava aquele odor excitante... a mistura do perfume nectário de rosas com o cheiro particular dela, lhe enlouquecia completamente...

Pingos de suor escorriam pelo pescoço da Segundo-Tenente... e ele a observava com força... lentamente... atento a todos os detalhes...

O desejo por ela aflorava em sua pele... e o despertava... jorrava com vigor por seus poros...

Mary Crystal acelerava todas as funções de seu corpo...

E os mesmos efeitos borbulhantes que ela lhe causava, Kiara também sentia...

Esporadicamente, seu coração palpitava cada vez mais rápido... seu corpo reagia instantaneamente ao contato físico com o Super Soldado... e a um simples toque, duas batidas... três... quatro... cinco...

Parada cardíaca...

Óbito...?

Os olhos azuis a mantinham imóvel... e a perfuravam com força... fazendo-a estremecer por dentro através de um arrepio na nuca... na espinha... na alma...

Aquela confusão que Steve lhe causava, abalava suas estruturas e a deixava de pernas bambas, a ponto de não ter força para se desvencilhar daquele enlace...

Ele era como um furacão quando aceitava seus desafios... e bagunçava seus cabelos, estremecendo violentamente seu coração... mas o mais inacreditável era como Mary Crystal amava aquela agitação... com ele era tudo ao extremo... e seu fôlego se esvaia... até não conseguir mais respirar...

Seus olhos azuis... sua boca... sua pele... seus perfeitos músculos rígidos... sua respiração... sua voz...

Steve Rogers a desestruturava... a quebrava em pedacinhos... pequenos fragmentos...

Os dois continuaram em silêncio... se encarando... se defrontando através do olhar...

Ambos queriam a mesma coisa... mas não admitiriam nem por pensamento...

O desejo de se aproximarem ainda mais, fecharem totalmente a distância entre seus rostos e se beijarem, apenas se alastrava, enquanto seus corpos se mantinham chocados, causando combustão... porque cada toque era como uma erupção... as mãos queimavam feito brasas e se moldavam numa ardente demonstração daquela louca, chocante e vulcânica atração...

A garota respirou pesadamente, perdendo a paciência...

— Se não consegue me vencer, é melhor trocar de inimigo, Capitão Rogers...

E então, ele a rebateu no mesmo instante, para de novo, a pegar desprevenida e trocar pela quarta vez, a posição entre ambos.

Steve a pressionou novamente contra o chão... contra ele... e seus músculos perfeitos...

O Capitão mantinha a distância entre ambos quase que totalmente fechada, no ímpeto de rebatê-la no mesmo nível, e então...

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— Você não tem capacidade de ser minha inimiga, senhorita Ellis...

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Ela gargalhou diabolicamente nefanda, em resposta.

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— Você foi um desperdício de esperma, sabia...?

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Defrontando-o com palavras baixas, o loiro apenas sorriu de volta, não caindo naquele jogo sujo que Mary sempre fazia.

— Tenho orgulho de te ter como exemplo daquilo que não desejo me tornar...

— É mesmo, senhor puritano...? Desapareça com sua santidade e me deixe com meus pecados então.

— Eu não aceito opinião de quem não merece nem o meu silêncio...

— Quanto mais você fala, menos eu te escuto...

E então, mediante as palavras dela, Steve novamente se aproximou de seu rosto e fez questão de sussurrar palavras audaciosas em seu ouvido...

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— Cuidado para não tropeçar em tudo o que finge não sentir, senhorita Ellis...

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A voz dele soava rouca, áspera e... sexy... sim, porque se tinha algo que aquele maldito Super Soldado conseguia ser quando estava com raiva, era ser sexy... e ele sequer tinha ideia disso...

A maldita atração entre ambos estava lá... pairando no meio deles... seguido por certa tensão sexual que girava em torno do corpo masculino e feminino... os dois pareciam famintos e sedentos... eles nunca reagiram daquela forma um com o outro...

O que aconteceria se apenas se rendessem...? A ideia era indigna demais, porém, tentadora...

Em vão, a Segundo-Tenente sorria desconsertada... por que ele estava brigando com ela? Por que estava sendo tão rígido?

Por que agora parecia que tudo estava se invertendo? Quando foi que isso começou...?

Kiara suspirou cansada... estava exausta... talvez todo o fogo de suas afrontas desafiadoras havia se dissipado...

— Desculpe se te deixei aborrecido... não sei como transformamos esse treino numa discussão, mas é que eu gosto de ter esse espírito casamenteiro e te propor encontros... só queria que você encontrasse uma garota perfeita... porque você merece, depois de tudo... – Ela se justificava, no ímpeto de encontrarem uma forma de recomeçar e acabar com aquela discussão idiota.

— Eu não quero ninguém, senhorita Ellis... coloque isso na sua cabeça de uma vez por todas! – Ele a mirava, com fúria, sentindo a respiração da garota bater em seu rosto...

O peito dela subia e descia contra seu peitoral firme...

Por que a Segundo-Tenente insistia naquilo?

Steve estava com raiva... muita raiva...

.

Era realmente perigoso tentar convencer Mary Crystal de que qualquer outra mulher não podia substituir aquela que ele tinha em mente...? Ainda mais quando aquela que estava em sua mente, fosse justamente ela?

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O Capitão a olhava em silêncio, e lentamente se inclinava para mais perto... os lábios de ambos estavam quase se tocando... de novo...

Ele estava perto de fazer novamente o que secretamente tinha em mente, desde o dia de seu aniversário quando dançaram no Brooklyn e foram interrompidos pelos fogos de 4 de Julho.

Embora não entendesse o porquê, Mary o sentia cada vez mais perto... ela não recuaria, mas também não se inclinaria de volta...

A garota era tenaz como Peggy...

Quando Steve percebeu que a loira ainda parecia muito longe de seu real alcance, ele parou no meio...

Kiara não estava disposta a se render a ele... e então...

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O Capitão largou os pulsos femininos e se afastou, ficando de costas para ela...

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A loira fechou os olhos, tentando se recompor... tentando entender os milhares de pensamentos que se agitavam em sua cabeça...

O que foi tudo aquilo...? Desde quando se sentia fatalmente atraída por ele?

Steve também pensava que parecia ter levado tudo aquilo longe demais. Era um tolo por se sentir tão seduzido por ela.

Os dois ficaram em silêncio... e o Super Soldado reprimia a imensa vontade de dizer a Mary que que ela estava errada... que ele não queria mais ninguém além de sua musa inspiradora, Peggy Carter, mas... ele não tinha mais certeza sobre isso...

O Capitão América não sabia como viver depois de seu longo sono que durou décadas... não sabia como viver naquele mundo virado de pernas para o ar.

Ele e Mary, tinham seus próprios caminhos, à suas maneiras. Ambos estavam lutando juntos, resistindo aos fantasmas do passado, se preparando para o futuro incerto e tentando dar sentido ao presente...

E Steve se recusava a perder o que ambos haviam conquistado com tanta dificuldade ao longo das semanas... os dois sempre se desentendiam e discutiam como duas crianças birrentas, que queriam ter razão e vencer, mas... ele não queria mais ter razão... ele não queria ser orgulhoso de novo... Mary Crystal havia se tornado importante demais para simplesmente continuar caindo em seus joguinhos...

O loiro balançou a cabeça e virou o rosto na direção da garota.

A loira permanecia sentada, recuperando o fôlego... nem mesmo ela havia acreditado que chegariam tão longe ao se provocarem...

E então...

Steve tocou o ombro dela, delicadamente...

Kiara estremeceu diante de seu toque e inclinou o rosto para fita-lo.

— Senhorita Ellis, vamos parar com isso, por favor. Não somos crianças e... prometemos nunca passarmos dos limites um do outro, lembra?

A Segundo-Tenente mantinha o olhar sobre o chão, ainda assustada com tudo...

— Sim, nós até cruzamos os dedos mindinhos...

— Certo... estou erguendo minha bandeira branca...

— Ótimo... – A garota ainda não tinha coragem de encará-lo... não depois daquele treino estranho.

Mesmo receoso e envergonhado, Steve tentaria se redimir por aquela discussão descabida de cinco minutos atrás.

— Quero te fazer um convite, senhorita...

— Convite...?

— Por que não saímos hoje pra tomar um café? Assim podemos conversar calmamente e resolvermos nossos problemas... chegarmos a um acordo pra que coisas estranhas como as que aconteceram hoje, não aconteçam mais.

— Uau, que original, Cap! Está me chamando pra tomar um café, exatamente como fazia com a Kate, quer dizer, Sharon!? Me desculpe, mas tenho planos pra hoje...

— Que planos? – Ele a indagava, um pouco decepcionado.

— Ficar estirada no sofá com as pernas pra cima enquanto assisto Bob Esponja na sala do meu apartamento!

O Capitão revirava os olhos diante daquela resposta. Por que Mary Crystal era tão teimosa e irritante?

— Entendo... – Ele fitava o chão, triste por sempre ser dispensado por ela...

Pelo menos, Kate, ou melhor, Sharon, sempre aceitava passar um tempo com ele, ouvindo seus dramas e lamentações. Mary Crystal apenas ria de suas debilidades, fazendo piadas ácidas apenas para humilha-lo, mas...

A Segundo-Tenente se sentia estranha ao vislumbrar a expressão de desapontamento do Super Soldado... porque diferente de antes, agora, ela parecia se importar com ele, de verdade...

Ela se xingou internamente, prestes a se arrepender do que diria, mas... não tinha jeito... não queria deixa-lo naquela situação, sendo que Steve estava se esforçando para que tivessem uma boa convivência, apesar dos pesares...

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— Ok, Cap, eu aceito o seu convite, mas será que em vez de café, podemos tomar um milk-shake? Está quente e... eu não estou muito a fim de sair hoje...

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A loirinha o questionava, ainda encarando o chão, sentindo-se um tanto envergonhada por ceder...

Os olhos de Steve alargaram com aquela resposta. Kiara estava deixando de ser uma garotinha idiota e birrenta? Aquilo era um verdadeiro milagre.

— O que você sugere então? – A contestava, ansioso pela resposta.

Foi quando a Segundo-Tenente olhou profundamente nos olhos dele, e...

.

.

— Eu quero dormir com você essa noite...

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As bochechas do Super Soldado automaticamente começaram a enrubescer diante daquela pergunta descabida e sem vergonha.

— O-o-o quê!??

— Não, não é isso que está pensando! Eu tive uma ideia... por que não assistimos alguma trilogia essa noite?

— Uma trilogia? Você está dizendo para vermos um filme?

— Estou dizendo para vermos três filmes. Pode ser no meu ou no seu apartamento. Nós compramos sorvete e eu faço milk-shake caseiro, porque esse calor de Nova York está de matar, mesmo de noite... – Ela propunha, deixando-o levemente encabulado...

— Bem... eu estava pensando em dormir essa noite aqui na Torre... quero deixar o Bucky a vontade, pra que ele possa se acomodar com mais facilidade no meu apartamento.

— Ótimo, então está decido! Essa noite eu vou dormir aqui! – E então, Mary se levantava rapidamente, já pensando em sair da academia.

— E para onde você vai!?

— Se toca, Cap! Me leva pro seu quarto! Preciso tomar um banho e... bem, eu não trouxe nenhuma roupa de reserva, então espero que você tenha guardado direitinho a MINHA camiseta dos Dodgers, porque ela será meu pijama essa noite!

Quando a Segundo-Tenente terminava de dizer todas aquelas palavras, o Super Soldado sentia seu coração aquecer... e um sorriso satisfeito florescia em seus lábios...

— Como quiser, senhorita...

.

.

Uma hora depois, Steve estava sentado no sofá de sua enorme suíte, um dos melhores quartos da Torre dos Vingadores, escolha óbvia de Tony Stark, afinal, o Capitão América era o líder e merecia o melhor.

Ele também tentava ignorar o fato de que havia uma GAROTA tomando banho em seu banheiro...

O loiro batia os dedos contra o mármore da bancada que separava a cozinha de seu imenso cômodo que na verdade era um quarto. Aquele lugar parecia um apartamento... tinha tudo ali... Tony realmente havia caprichado...

Steve tentava focar sua atenção em tudo... menos no barulho do chuveiro ao lado...

Ele resolvia folhear os jornais que estavam em cima da mesa de centro, sem ler uma única linha de qualquer matéria escrita, mas depois disso, resolveu reorganizar as almofadas do sofá que ficava ao lado de sua cama... quatro vezes... ou melhor... cinco...

Por fim, ele ouviu que o chuveiro era finalmente desligado...

Ansioso e sem saber o que fazer, quinze minutos depois, Mary saia do toalete.

Steve suspirou fundo... ela estava maravilhosamente perfeita... e tudo soava como em câmera lenta...

A garota andava na direção dele... com um sorriso audacioso... trajando a imensa camiseta dos Dosgers... e os longos cabelos úmidos recaiam sobre seus ombros como cascatas...

Quando Kiara finalmente se aproximou, o loiro conseguia sentir a fragrância deliciosa de seu xampu nas madeixas loiras...

O Capitão se encontrava incrivelmente embasbacado na frente dela...

Suas palpitações denunciavam o quão afetado ele estava... céus, por quê...?

— Você não vai?

— Eu não vou o quê...?

— Tomar banho. É a sua vez...

— Aah sim, é a minha vez...! – E então, Steve passou por ela, tentando esconder o forte rubor em suas bochechas.

O Super Soldado parava na porta do banheiro, tirando a camiseta, puxando-a contra seus ombros largos.

Kiara vislumbrava a cena, achando tudo muito tentador...

O peitoral definido e o abdômen trincado... tão simetricamente perfeitos... o corpo dele era incrivelmente belo e atraente...

E então, Mary desceu o olhar para as nádegas musculosas do Capitão, relembrando a vez em que o viu completamente nu e exposto... céus, como Steve Rogers conseguia ser o homem mais lindo e perfeito que vira em toda a sua vida?

Ele finalmente fechava a porta do toalete, e a loira apenas respirava profundamente, sentindo um calor ardente percorrendo por todo o seu corpo...

O verão estava de matar? Por que o clima parecia muito mais abafado que o normal? E por que seu coração estava palpitando?

Ela chacoalhou a cabeça, saindo daquele frenesi, decidindo ir para a cozinha, preparar a bebida especial para aquela noite.

.

.

Quando Steve saiu do banheiro, com os cabelos molhados, a pele úmida a ponto de sua camiseta e calças de algodão grudarem em seus músculos, descalço e com uma toalha pendurada no ombro, dava de cara com Mary em frente a pia, preparando o que ela disse que faria.

Seus olhos viajaram sobre ela... e sua respiração engatou...

A visão da garota ali... lhe despertava sensações intensas demais para ignorar...

Quanto tempo fazia que não vislumbrava uma mulher numa cozinha? Ah sim... desde que sua mãe havia morrido... e estranhamente, Steve sempre se lembrava dela quando avistava Mary Crystal em certas circunstâncias.

O loiro desviou o olhar, tentando sair daquele delírio...

— Já está quase pronto, Cap! – A garota o avisava, com uma voz divertidamente animada.

— Ah... ok... – O Super Soldado tentava o seu melhor em manter-se calmo, mas era quase impossível quando o perfume dela invadia suas narinas... como uma nuvem doce e inebriante...

O olhar dele, mais uma vez, pousava nos pequenos pés... subindo para os tornozelos... tão belos... tão amenos...

Qual seria a sensação de tocá-los...?

Os músculos do Capitão começavam a se contrair novamente... suas palpitações impacientes mostravam que ele estava nervoso na presença dela... muito nervoso...

Quando foi que tudo aquilo começou...?

Não foi na festa dos veteranos... também não foi na noite em que conhece Sam e Riley, quando ela lhe roubou um selinho... e nem na praia, quando fizeram aquele pacto estranho com os dedos mindinhos... e muito menos quando ele a viu chorar pela primeira vez... talvez... quando ficou três semanas fora, longe de tudo e ao retornar, percebeu que estava com saudades daquela garotinha mafiosa...?

Ali foi o ponto de partida de tudo? Mas por quê...?

E então, a aproximação da Segundo-Tenente o despertou novamente daquele frenesi a envolvendo.

— Aqui está! – Ela erguia um copo de 600ml fechado com uma tampa e um canudinho na direção dele.

— Já terminou?

— Sim! Agora vamos para o filme! – A loirinha corria para o sofá que ficava no meio do quarto, pegando o controle da TV, ligando o aparelho enquanto segurava o seu copo.

Steve respirou fundo, passando a mão pelos cabelos loiros molhados, um tanto... nervoso...

A garota já estava sentada, com as pernas cruzadas, mostrando muito mais do que devia de seu corpo.

Ele resolveu ignorar a visão audaciosa ao seu lado e focar na tela da TV.

O relógio marcava sete e quarenta da noite.

— O que nós vamos assistir? – A indagou, ainda não sabendo o que ela tinha planejado para aquela noite.

— Sabe, pensando bem, eu não sei se vou conseguir assistir seis horas de filme... estou cansada e dolorida do nosso treino... - Ela replicava, desgastada.

— Quer uma massagem...? – Steve sorria, tentando brincar e deixar o clima mais agradável.

— O Capitão América me oferecendo uma massagem!? – Os olhos da garota arregalaram.

— Qual o problema? O que há de tão estranho nisso?

— Nada... só não esperava ouvir algo tão sem vergonha de você...

— Desculpe te decepcionar, senhorita... mas... o-o-o quê...!? Por que sem vergonha!? Eu não disse isso com segundas intenções! – O Capitão tentava se defender, mas lá estava ela, gargalhando da cara dele por uma gafe.

— Só estou brincando, Cap, relaxa! Mas sabe... eu gosto quando você sai dessa pele de cordeiro e banca o lobo mau... – A garota piscava lentamente, esbanjando um sorriso pervertido em resposta.

O loiro sentia suas palpitações aumentarem diante daquele sorriso presunçoso.

— Então, o que vamos assistir!? – Ele ignorava aquela maldita provocação, pegando o controle da TV.

— Que tal a primeira temporada de “Todo mundo odeia o Chris”?

— Aquele seriado que você falou comigo um tempo atrás? Acho uma ótima escolha...

— Então lá vamos nós! Agora ligue o ventilador porque eu estou derretendo!

.

.

Os dois permaneceram juntos e entretidos durante três horas seguidas.

Steve simplesmente amou o milk-shake, e Mary se recusava a dar sua misteriosa receita.

Ambos se divertiram, riram, fizeram piadas um do outro, riram ainda mais do seriado e assim a noite seguiu...

Naquele tempo, a garota começava a ficar sonolenta em cima do sofá, e num movimento ousado e manhoso, resolvia usar o ombro de Steve como travesseiro.

— O que está fazendo, senhorita Ellis...?

— Estou com sono e quero uma almofada confortável... – Ela se encostava ainda mais nele, se achegando muito perto e deixando-o levemente encabulado.

— Não é melhor dormir na cama? Eu vou ficar com o sofá e-

— Nem se atreva, Cap. Eu não vou dormir na sua cama e te deixar no sofá. Não venha com esse tipo de cavalheirismo pra cima de mim. – A garota o interrompia, apoiando o rosto no ombro masculino, de olhos fechados.

— Mas-

— Cala boca e me deixe dormir...

— Senhorita Ellis... me ouça, por favor, a cama é muito mais confortável e-

.

— Não é... eu gosto de estar perto de você... gosto de sentir que tem alguém que eu confio perto de mim...

.

Mary revelava, deixando-o assustado com aquelas palavras... como ela conseguia dizer aquilo tão facilmente e o deixando ainda mais nervoso e encabulado?

Talvez ela não tivesse completa noção do que dizia, mas algo dentro dele, ansiava em entender o porquê.

— Mary...? - Steve notava o quão sonolenta a loirinha estava.

— Sim...

— Por que você gosta de estar perto de mim...?

— Porque sim...

— Quero saber... por quê...?

— Porque... eu tenho saudades do meu pai... ele sempre me deixou dormir no colo dele, desde criança... e ele não está aqui agora, mas você sim...

— Eu lembro o seu pai...?

— Sim... bastante...

— Por quê...?

— Não sei... apenas lembra...

Steve a observava em silêncio por longos minutos, com um sorriso suave nos lábios...

Kiara dormia com uma expressão serena e ele não conseguia deixar de olhar para ela...

A luz da TV iluminava a face nívea... clareando de modo majestoso a pele da garota, que possuía uma textura tão lisa quanto um tecido requintado de cetim...

Mary Crystal era tão linda...

Seus olhos examinaram o rosto adormecido... cílios grossos e avantajados, lábios rosados e os cabelos loiros que se encontravam mais dourados por conta do brilho ameno das luzes da cidade que entravam pelas janelas da Torre.

E as janelas estavam abertas por causa do clima quente de Nova York... a brisa tocava as mechas longas, oscilando-as suavemente...

A Segundo-Tenente parecia um anjo naquele exato momento...

Completamente apaixonado pela feição deslumbrante que a garota inconscientemente ilustrava, Steve não conteve o forte impulso de tocar o rosto feminino...

Os longos dedos do Super Soldado tocavam a pele semelhante a marfim, e deslizavam suavemente, num doce e delicado carinho...

As batidas de seu coração sempre aceleravam quando a vislumbrava em seus melhores ângulos... e céus... que visão alucinante vê-la com sua camiseta dos Dodgers... dando-lhe a sensação de pertencer a ele, exatamente como aquela peça de roupa...

O Capitão América se encontrava demasiadamente extasiado naquele momento... sentindo os músculos de suas costas finalmente relaxarem sob o sofá...

Ele se inclinou para trás, dando mais espaço para ela, mas em contrapartida, Steve a puxou para perto de seu peito...

De olhos fechados, sonolenta e com a respiração calma, Mary relaxava sobre o peitoral firme... era quente e aconchegante...

O Super Soldado acariciava levemente o topo da cabeça dela, afagando seus cabelos tão sedosos e inalando o perfume de seu xampu...

E então, os dois adormeceram naquela posição...

Steve e Mary tiveram um intenso desentendimento no treino daquele final de tarde, mas adormeceram um ao lado do outro, e acabaram estranhamente entrelaçados durante a noite...

.

.

Na manhã seguinte, Tony decidia invadir o quarto do Capitão, já sabendo que ele e Mary passaram a noite juntos, e porque queria ter certeza que seu casal estava de fato acontecendo.

Pepper o acompanhava, achando o cúmulo do absurdo que o Homem de Ferro invadisse a privacidade dos dois.

Sorrateiramente, o bilionário adentrava aos aposentos e enxergava a cena fofa de Steve e Mary dormindo no sofá... juntinhos...

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— Olha que cena linda, Pepper... - Tony cutucava a Presidente das Indústrias Stark, sussurrando baixo.

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— Eu... não sei o que dizer... – A loira admitia, em baixo tom, assustada.

— Eu disse que eles foram feitos um pro outro!

— É uma pena que os dois não concordem com isso, porque vivem brigando.

— Isso é charminho. Eles se amam. – Tony cruzava os braços, contemplando a cena com um sorriso satisfeito.

— Eu acho que eles podem até ser amigos, mas se amarem? Não, Tony, eles não se amam. Você está delirando... – Pepper ainda mantinha a convicção de que Steve e Mary até podiam ser amigos, mas não amantes.

— Eles não só se amam como estarão em um estágio muito mais avançado daqui a pouco tempo. Quer apostar?

— Eu aposto um mês de férias das Indústrias Stark. – A loira o desafiava com um sorriso de canto.

— Feito. Se eu ganhar, você entra de férias no dia seguinte. Fechado? – Tony erguia a mão, para selarem o pacto.

— Fechado. – Pepper apertava a mão do bilionário de volta, porém, ambos eram surpreendidos repentinamente...

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— Eu posso ouvir vocês... – Steve pegava o casal cochichando na frente da porta de seu quarto, ainda deitado e de olhos fechados, com a Segundo-Tenente dormindo profundamente em seu colo.

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— Ele acordou...! – O Homem de Ferro fazia uma careta.

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Notas finais do capítulo

Gente, a música desse capítulo faz parte da trilha do filme da Capitão Marvel. É a música que tocou quando a Carol roubou a moto do carinha e partiu pra estrada antes de encontrar o Fury. É muito boa. Super recomendo que vocês ouçam, porque lembra um pouquinho a Mary: https://www.youtube.com/watch?v=fDsu540vJr8

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