Nemesis escrita por ariiuu


Capítulo 42
A noite de aniversário do Capitão América




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A noite de aniversário do Capitão América

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4 de Julho de 2012, 11:01 PM

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Brooklyn – Nova York

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Kiara conduzia a moto para o Brooklyn, num local secreto e alto que ela sabia que não haveria pessoas.

Ao chegarem no lugar que dava de frente para o Rio East, Steve não entendia porque ela o trazia ali.

Era um lugar lindo...

— Esse lugar... – Ele não conseguia terminar... estava deslumbrado.

— Acho que é melhor do que ficar numa festa tão chique e extravagante como aquela que o Stark te deu. Isso é mais a sua cara, não é mesmo?

— Vejo que já me conhece muito bem... – Steve sorria, impressionado e grato.

— Quase três meses de convívio...

— Certo... mas por que aqui?

— Por quê!? Cap, você esqueceu dos fogos de 4 de Julho!? – Kiara parecia abismada. Como assim ele não tinha se tocado?

— Ah... eu tinha me esquecido completamente que havia esse tipo de evento no Rio East...

— Você não parece bem hoje... aconteceu alguma coisa? – A Segundo-Tenente arqueava uma sobrancelha, desconfiada, porém, preocupada.

— Sim, mas não quero falar sobre isso.

— Tá... não vou te forçar a nada...

— Obrigado...

Os dois se sentaram no gramado que dava de frente para o Rio East.

Do outro lado, havia muitos cruzeiros e barcos de onde os fogos estourariam. A noite estava divina... o brilho ameno da lua e dos prédios ao redor, coloriam num reflexo espelhado a água... aquela visão majestosa era incrível...

Sentados um do lado do outro, eles olhavam ao redor e notavam a paisagem...

A ponte do Brooklyn em frente, a ilha de Manhattan do outro lado... Nova York era uma cidade deslumbrante a noite.

De longe, era possível ouvir o som alto de um dos barcos, que tocava vários tipos de música.

O loiro inclinou o rosto, observando Mary Crystal radiante, achando tudo maravilhoso.

— Pensei que você fosse comemorar o feriado com seus amigos.

— Meus amigos são todos da Califórnia, Colorado Springs e da Sicília. Aqui em Nova York só tenho a Christine.

— A médica que trabalha no hospital Metropolitan em Manhattan?

— Sim, ela mesma.

— E o cara que estava dançando com você na festa de inauguração da torre?

— Ele está por aí... mas não marcamos nada...

— Entendo...

— Relaxa, Cap! É o seu dia! Vamos fazer desse lugar nosso céu particular, então aumente o volume do paraíso e deixe o planeta terra no mudo! – A garota sorria, olhando dentro dos olhos dele.

— Eu não sei... – Replicava, desanimado.

— Steve... você merece ser feliz de vez em quando. Relaxe... é seu aniversário...

 

O loiro resolvia aderi aos conselhos dela...

— Certo... só por hoje... – Ele cedia, fazendo-a sorrir de modo florescente.

— Isso deixa meu coração mais quentinho... você sempre se cobra tanto o tempo todo...!

— Até parece que você se importa de verdade...

— Claro que me importo, senão, eu nem estaria aqui... – A garota confessava com sinceridade, deixando-o levemente encabulado.

— Fazemos uma dupla bem estranha, senhorita...

— Esqueça seus problemas só por hoje! Um dia sem rir é um dia desperdiçado!

— Interessante essa visão...

— Eu tenho várias filosofias desse tipo... dentre elas, a que a felicidade é o resultado de várias tentativas. Quem não arriscar, nunca a conhecerá de verdade...

— E você já a conheceu?

— Não totalmente... mas sei que estou perto... – Ela redarguia, firme e convicta.

Steve sorria ternamente... o brilho dos olhos esverdeados iluminava seu lado mais escuro...

— Sabe... é isso que eu gosto em você, senhorita Ellis… seu realismo, sua espontaneidade, sua falta de modos. Acho isso bonito numa pessoa... você vive sua vida, aceita suas limitações, não dá muita bola para o que os outros vão achar de você... claro que há exageros, mas-

— Hey, você está me ofendendo ou me elogiando!?

— Te elogiando... – O loiro olhava para ela, piscando lentamente... lentamente natural e sincero...

— Bem... saiba que já machuquei muita gente com sinceridade, mas também evitei grandes decepções.

Ao ouvir aquelas palavras, Steve se recordava de uma das últimas coisas que Sam lhe disse na festa, e aquilo ficou gravado em sua mente:

“Já se perguntou o que fez uma princesa virar a rainha má?! A mocinha virar vilã?! A natureza furiosa de menina é o devastar de sua ira quando mulher.”

O loiro soltava um riso tímido em resposta.

— Sou da filosofia que manter sempre os pés no chão é bem melhor que voar sem direção, senhorita.

— Será que é por isso que sou avoada? – Ela olhava para cima, confusa.

— Eu vi o show no céu hoje... – Steve a cortava, vendo a brecha perfeita para falar sobre o espetáculo dos Thunderbirds.

— Sério!? E o que achou? – Mary se virava para ele, com uma expressão animada, ansiosa e brilhante na face.

— Achei extraordinário...

— Que bom que gostou! Eu disse que era boa pilotando! – A loirinha batia palmas para si mesma, orgulhosa de suas habilidades.

— Essa é uma das coisas em que fiquei realmente impressionado sobre você...

— Por quê? Que eu saiba, você também sabe pilotar.

— Mas não desse jeito...

— Bem, eu queria estar servindo nas missões reais pelo meu país e não participando dos Thunderbirds, mas foi a única coisa que o idiota do Fury me deixou fazer nesse período de licença.

— Mas isso também é servir ao país. Fazer as pessoas sorrirem no dia da independência dos Estados Unidos é isso que faz de você uma patriota. – O Capitão afirmava, com um sorriso discreto, porém firme.

— Fazer as pessoas sorrirem?

— Sim, principalmente as crianças...

— Você gosta mesmo de crianças, certo? – Kiara dava uma cutucada nele com o cotovelo, sorrindo divertidamente.

— Acho a pureza delas a coisa mais linda que existe...

— Sim, você tem razão. É linda a pureza das crianças...

A Segundo-Tenente parecia estar dando uma trégua aquele dia. Não sabia se era porque ela estava feliz de pilotar depois de tanto tempo ou se era por causa do aniversário dele.

— Depois que eu terminei a apresentação, meu pai me recebeu com um sorriso tão maravilhoso. Acho que ele estava feliz de me ver voar...

— Ele sente muito orgulho de você. Eu testemunhei isso hoje.

— Então acho que cumpri meu dever!

— Fico feliz em ouvir isso... de verdade... sei que você sempre esteve frustrada por se manter longe da Força Aérea. – Steve mostrava preocupação sobre o maior problema da Segundo-Tenente, e ela o fitava um pouco sensibilizada... desde quando ele se preocupava com isso?

Só olhar para ele, sentar ao seu lado, ouvir sua voz... fazia tudo ficar mais feliz... mais colorido e ter significado...

Steve Rogers era um super-homem quando mais precisava...

E mediante tais palavras...

— Eu tenho um presente pra você, Cap... – A garota revelava, deixando-o ligeiramente surpreso.

— Um presente pra mim...?

— Vou pegar! – E então, a Segundo-Tenente ia até onde a Harley estava, pegando a bolsa que estava pendurada no guidão.

Dali, ela tirava uma pequena caixa...

A loira correu na direção dele novamente, sentando-se ao seu lado.

Mary abria uma pequena caixa e tirava um Cupcake dali.

Steve observava tudo atentamente, não entendendo o que ela faria a seguir.

E então, quando menos esperava, a loirinha colocava duas velas no Cupcake que tinha um formato redondo, nas cores azul e vermelho, com uma estrela branca no meio.

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As velas formavam o número 27.

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Mary acendia as duas pequenas velinhas, estendendo o doce na direção dele.

— Tcharaaan!!! Parabéns!!! – A garota segurava o Cupcake, sorrindo ternamente para ele.

— O que é isso...?

— É um Cupcake, mas... não é um Cupcake qualquer, é o melhor Cupcake de Nova York!

— Melhor Cupcake de Nova York?

— Quando você experimentar, vai entender o que eu digo. Tem um sabor celestial e você vai se sentir no céu!

— E isso é possível? – Ele arqueava uma sobrancelha.

— Eu encomendei esse Cupcake uma semana atrás. Não sabia o que te dar, então logo pensei nele. Todo mundo ama! É de uma panificadora conhecida em Manhattan!

— Certo, mas por que um Cupcake?

— Eu sei que você gosta de coisas que tenham chocolate e morango no meio, porque eu já fui muito sua fã no passado e isso estava numa revista de curiosidades sobre o Capitão América dos anos 90 que eu colecionava quando ainda morava na Itália... então eu encomendei esse Cupcake especialmente pra você... e... sei que nem se compara com aquele bolo gigante que o Tony mandou fazer mas-

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— Mary... eu adorei... – Ele a interrompia... completamente maravilhado com o amável e gentil gesto da Segundo-Tenente.

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— Sério!?

— É até melhor que aquele bolo gigante e extravagante do Stark...

— Sério mesmo!? – A loirinha sorria alegremente. Seus lindos e primorosos olhos verdes reluziam esplêndidos. Ela estava imensamente feliz por ouvir que seu humilde Cupcake era melhor do que um enorme bolo que provavelmente custou mais de cem mil dólares.

— Mas por que você colocou o número 27? Eu estou fazendo 95 anos hoje...

— Essa não é a sua idade real fisicamente, já que você ficou congelado por décadas... então parabéns pelo seu aniversário de 27 anos! – Mary Crystal sorria, ainda segurando o doce, lindamente confeitado e com duas velas brilhando...

Steve a contemplava... Kiara estava tão feliz... e aquilo o deixava feliz também...

Ele não sabia como, mas de alguma forma, Mary conseguia ser exatamente tudo o que ele precisava no momento... aquele jeito de ser e que parecia tão dele e feito para ele... tudo nela saltava seus olhos, o encantava e o deixava bobo... ela era a certeza de que ainda podia vislumbrar a felicidade de alguma forma...

— Obrigado... – E então, o Super Soldado pegava o pequeno Cupcake com cuidado, olhando para o doce e notando todos os detalhes...

A Segundo-Tenente era uma garota tão cuidadosa e detalhista... ele estava impressionado e maravilhado...

E então, repentinamente, a Segundo-Tenente começava a cantar parabéns...

“Happy Birthday to you...”

Steve olhava para ela, que se encontrava de olhos fechados, pronunciando cada palavra cantada de uma forma tão delicada e amena... tão afinada... tão doce...

Sorrindo, Mary transbordava e derramava tanta arte... caminhando, florindo, respirando e cantando... e simplesmente vivendo...

Sorrindo, ela florescia... coloria e aquecia tudo ao redor... como o sol, a luz, o brilho e a energia... irradiando felicidade...

E quando a canção terminou...

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— Agora faz um pedido...!

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Um sorriso largo florescia nos lábios do Super Soldado.

— Certo... – E então, ele fazia um pedido...

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Secretamente, Steve pedia que Mary Crystal não saísse de sua vida... não importava as circunstâncias...

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Após fazer o pedido, ele soprou as velas e a garota batia palmas.

— Olha, eu sei que você deve ter desejado casar comigo no seu pedido secreto, então vou ser discreta e te poupar de perguntar o que foi. – Ela fazia uma piada, fazendo-o rir.

— Por que está me tratando tão bem hoje? Você até me deu esse presente...

— Por que hoje é seu aniversário e também é feriado né!? Preciso de um dia de folga... não dá pra ser má todos os dias...! – A garota levantava os braços, se despreguiçando.

— Não está sendo você mesma hoje?

— Estou, porque ser tão chata o tempo todo cansa.

— Sei... qual é a personagem dessa vez? Deixe eu adivinhar... o nome dessa é Cupcake? – Ele ria, fazendo uma piada boba a respeito das personagens idiotas da garota.

— Que engraçadinho você...! Não tem personagem hoje porque estou me sentindo em paz e de bom humor, porém não se acostume!

— Não vou me acostumar... mas seria ótimo se você fosse assim o tempo todo...

— Não sonhe com isso, Capitão América! – Ela piscava, provocativa.

Steve a fitava, imensamente encantado... e tentava congelar aquele momento... porque as horas passavam rápido demais quando não queria que passassem, e se queria que corressem, elas freavam e iam devagar...

Porque havia dias que mereciam replay... e aquele era um desses dias...

O loiro retirava as velinhas, colocando-as em cima de um guardanapo que estava dentro da caixinha do doce.

Ele então repartia com ela.

— Por que está dividindo comigo!? É seu!

— Porque faz parte da minha natureza compartilhar o que eu gosto com as pessoas que estão ao meu lado. Então aceite.

— Tudo bem... vou aceitar a sua gentileza e cavalheirismo.

E então eles ficaram lado a lado, saboreando o Cupcake enquanto olhavam para o Rio East e ouviam uma música de fundo...

— Alguém colocou Coldplay pra tocar... eu amo essa banda...

— É aquele mesmo grupo que ouvimos quando estávamos no Queensbridge Parque, certo?

— Exato!

— Eles têm belas canções...

— Sim, e eu amo...

O Capitão olhava para a Segundo-Tenente, ainda muito surpreendido com tudo o que ela estava fazendo por ele aquela noite...

Cada uma das características adoráveis dela era perfeita de se apreciar... Mary era repleta deles... e Steve não se cansava de olhar... olhar e se apaixonar...

E percebendo onde estava o foco dele, Kiara sabia que nunca iria parar de perder o fôlego toda vez que percebia que Steve Rogers a olhava daquele jeito...

Os galhos das árvores ao redor, meneavam de acordo com o oscilar do vento... desfilavam com o aquele quente sopro de verão...

Uma doce brisa do luar, fazia as pétalas das flores da estação anterior adejarem...

E Mary Crystal, como assunto principal daquela linda paisagem... digna de uma pintura...

Muitas coisas o encantavam nela, mas o que mais lhe chamava tenção era seu coração gentil e tão bonito, quando a garota queria mostrar... era inocente apesar de tudo, apesar de toda aquela armadura que Mary insistia em vestir, fingindo que não se importava com nada e nem ninguém...

Naquele momento, o Super Soldado sentia que precisava desenhar e transbordar tudo o que não tinha coragem de falar...

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A Segundo-Tenente mantinha o mesmo sorriso cristalino, até que ele reparava no aspecto mais encantador no rosto dela...

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Suas covinhas...

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Aqueles dois pontos que fazia questão de ligar mentalmente... e Steve tinha o imenso desejo de sempre a fazer sorrir, apenas para contemplar aquelas lindas e perfeitas covinhas...

A culpa com certeza era das covinhas... que eram como duas aspas... que faziam daquele sorriso uma linda poesia...

O Super Soldado tinha tantos sentimentos confusos sobre a Segundo-Tenente, que muitas vezes não cabiam no peito e viravam desenhos... desenhos esses que Mary sequer podia sonhar...

Apaixonado pela expressão magnífica naquele rosto, o loiro resolvia perguntar o que estava em sua mente...

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— Seu sorriso é sempre tão lindo assim ou você está tentando me torturar, senhorita Ellis...?

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A garota expressou uma careta monstruosa e inacreditável em resposta.

— Você está flertando comigo, Capitão Rogers!?

— Preciso treinar pra quando estiver diante de uma mulher interessante não acha...? – Sim, ele estava flertando... mas jamais diria a ela, até porque, não tinha ideia se estava fazendo do jeito certo.

— Uau... decidiu esquecer a Peggy e seguir em frente?

— Ainda estou me decidindo se devo ficar ou voltar para 1945.

— Bem, se você resolver ficar, saiba que eu me sentiria incrivelmente honrada se fosse chamada para tocar piano na sua festa de casamento! Já estou me convidando, pra você não dar uma desculpa e não me chamar depois!

— Está querendo me casar, senhorita Ellis?

— Claro... quem será a sortuda!? Ou melhor, a azarada!?

— Também gostaria de saber... – Ele sorria, de modo sugestivo para ela.

Mary só conseguia pensar em uma mulher que quisesse casar com Steve Rogers...

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Sharon Carter...

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Ela preenchia todos os requisitos, não é mesmo? Era uma mulher calma, agente secreta e sobrinha de Peggy Carter. Ela tinha fortes motivos para a ser a escolha dele.

— Então está combinado! Vou tocar no seu casamento!

— E você...? Vai me chamar para o seu, senhorita?

— Eu não sei se vou me casar, mas se esse fenômeno incrível acontecer, eu ia querer um daqueles casamentos malucos de Las Vegas, com o KISS tocando ‘Detroit Rock City’, e o Gene Simmons cuspindo fogo e sangue no palco com muito fogos saindo pelas laterais!

— Você gosta mesmo de coisas extravagantes... parece até o Stark... - Steve replicava, impressionado com suas preferências malucas.

— Ou talvez eu só queira um casamento simples na praia, ao pôr-do-sol... quem sabe...? – Mary finalizava, deixando-o confuso.

Kiara sempre o confundia... quem ela realmente mostrava, era sua eu verdadeira...?

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— Me diga, senhorita Ellis... aquela conversa que tivemos no Queensbridge Parque muitas semanas atrás... você foi verdadeira comigo, não foi...?

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Aquela pergunta a deixava um tanto incomodada...

— Como assim? É claro que não! – A garota virava o rosto, se sentindo intimidada.

— Eu não te conheço o quanto gostaria... e você nunca permitiu que isso acontecesse de verdade... por quê...?

Kiara engolia a seco... aquelas perguntas estavam lhe assustando.

Talvez Steve fosse o seu maior medo, que internamente temia? Que em tais circunstâncias ignoraria, mas que na atual situação, não queria enfrentar?

— Você vai me olhar, me julgar, tirar conclusões precipitadas, mas mesmo assim não vai me conhecer, Cap. Desculpe...

— Por quê...?

A insistência de Steve parecia amedrontar a Segundo-Tenente, pouco a pouco...

— Porque a terra é um paraíso repleto de demônios... eu me orgulho de todas as minhas lembranças ingênuas, mas tenho consciência de que foi a minha fragilidade cansada que me transformou numa pessoa difícil, desconfiada e irônica.

— Por quê...? O que aconteceu com você no passado?

— Você já sabe. Eu era fraca... tinha uma saúde debilitada, então as pessoas costumavam me humilhar. Não tem uma história traumatizante por trás, acredite. Minha vida não é como um drama digno de óscar, mas... foi difícil... então resolvi me fechar totalmente para todos, pra minha própria segurança.

— E por que não se recuperou disso?

— Eu me recuperei... diminuí as expectativas nas pessoas e reduzi minhas decepções.

— É por isso que se tornou tão fria?

— Não é que eu seja fria... eu apenas cuido muito bem do meu coração, pra ninguém quebrar ele...

— Mesmo que isso te faça mal?

— Não me faz mal...

— Tenho certeza que faz...

— Não me faz mal. Eu me divirto muito todos os dias! E parte da diversão está em curtir com a cara das pessoas, ser sarcástica. Me desculpe se você foi uma das vítimas... nunca foi pessoal, Capitão...

Steve balançava a cabeça, achando aquilo triste demais...

— Se gastar todo o seu tempo e energia com essas coisas tão pequenas, você nunca vai ter espaço para coisas realmente importantes em sua vida, senhorita Ellis...

— Vamos mudar de assunto!? – Ela desconversava, mas...

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— Por que não deixa as pessoas verem o seu lado bom, Mary Crystal...?

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A garota o fitava... com uma expressão assustada... parece que o Super Soldado estava começando a enxergar o que havia por trás de tudo, mas... ela não cederia...

— Porque esse suposto lado bom não existe!

O loiro sabia que Kiara lutava para não mostrar a imagem de uma garota medrosa, frustrada e decepcionada, com medo de ser machucada por todos... ele também já se sentiu assim no passado, mas... Steve não desejava que ela continuasse seguindo naquele caminho triste e solitário...

Ele sabia que Mary afastava as pessoas de propósito...

O Capitão América sorriu diante daquela resposta e então, resolvia se levantar do gramado...

Ele respirou fundo, olhando pra cima.

Mary não entendia por que repentinamente ele havia levantado.

Uma música terminava e outra começava...

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Coldplay - X&Y

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Trying hard to speak and, (Tentando muito falar e)

Fighting with my weak hand, (Lutando com a minha mão fraca)

Driven to distraction, (Levado à distração)

It's all part of the plan… (É tudo parte do plano)

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When something is broken, (Quando algo está quebrado)

And you try to fix it, (E você tenta consertar)

Trying to repair it, (Tentando reparar)

Any way you can… (Da maneira que conseguir)

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O Super Soldado ergueu a mão para a Segundo-Tenente, que não entendia seu gesto.

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— Eu vi na sua solidão uma excelente amiga para a minha solidão. Então, achei que elas poderiam sofrer juntas, enquanto a gente se diverte, o que acha...?

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Os olhos dela alargaram diante daquelas palavras...

— E o que você quer dizer com isso, Cap?

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— Dança comigo...?

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O Capitão a convidava para uma dança, e sua mão ainda permanecia estendida na direção dela.

Mary não sabia se naquele momento saia correndo por se sentir estranha diante daquele pedido ou se ria...

— Mas você não sabe dançar...

— Posso não saber... mas se você tiver paciência comigo, prometo que será inesquecível... – Ele insistia, deixando-a levemente tímida e embaraçada...

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I'm diving at the deep end, (Eu mergulho no profundo)

You become my best friend, (Você se torna minha melhor amiga)

I want to love you, but I don't know if I can, (Eu quero te amar, mas não sei se posso)

I know something is broken, (Eu sei que alguma coisa está quebrada)

And I'm trying to fix it, (E eu estou tentando consertar isso)

Trying to repair it anyway I can… (Tentando reparar isso, da maneira que conseguir)

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Kiara ficava ainda mais nervosa e envergonhada quando Steve olhava para ela... tão devagar... tão profundo... tão lento e penetrante...

Se ela saísse correndo e roubasse a moto dele, deixando-o sozinho, exatamente como daquela vez no Queensbridge Parque, ele ficaria bravo?

Céus... que decisão difícil...

A garota sentia a ansiedade das malditas batidas de asas das borboletas que construíram uma cidade em seu estômago...

Por que ela estava se sentindo assim?

E então, Mary Crystal suspirou profundamente, finalmente tomando uma decisão.

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Ela pegava na mão firme e quente do Capitão América, aceitando seu convite.

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Steve a puxava cuidadosamente para perto dele...

A garota mantinha o olhar cabisbaixo, esperando que o loiro não notasse que suas bochechas estavam um pouco... coradas...

— Se você pisar no meu pé, eu vou te empurrar no Rio East sem pensar duas vezes. – Ela replicava, num sussurro baixo.

O Capitão sorria diante daquela timidez encantadora...

— Eu prometo que não vou... – E então, ele passou a segurar a mão direita da garota com delicadeza, enquanto a outra mão se apoiava na cintura curvilínea.

A música continuava soando de longe... proporcionando o clima ideal para uma dança...

Mary sentia os dedos de ambos entrelaçando com carinho... e automaticamente a ela apoiava seu outro braço no ombro do Super Soldado... timidamente...

A mão dele se encaixava perfeitamente na dela... como se tivesse sido feita só para ela...

Ainda sem olhar para o loiro por conta de seu acanhamento, ele apenas a observava milimetricamente, com todos os detalhes... em todas as nuances...

Sem pedir permissão, o vento se aproximava e fazia os longos cachos loiros dançarem, numa doce brisa... o seu oscilar inebriava o espaço entre os dois e mais uma vez, Steve sentia a fragrância deliciosa submergindo suas narinas...

Um confino sorriso brotava nos lábios do Capitão... um sorriso que doía...

O Super Soldado tinha vontade de afastar os fios loiros da frente dos olhos esverdeados e contar a Mary sobre as coisas doces que sentia ao contemplá-la... mas ele acabava tropeçando em suas próprias inseguranças... recuando... calando seus pensamentos e sufocando os fortes batimentos cardíacos... era o que sempre fazia quando sentia tais efeitos... escondia tudo e jogava em algum canto de seu peito, fingindo que nunca existiu...

Os dois rodeavam em um pequeno círculo, ao som da música...

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You and me are floating on a tidal wave, (Eu e você estamos boiando num maremoto)

Together… (Juntos)

You and me are drifting into outer space, (Eu e você estamos sendo levados para o espaço sideral)

And singing, (E cantando)

Ooh ooh ooh… (Ooh ooh ooh...)

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Diante da timidez dela, Steve resolvia dizer algo...

— Pode olhar pra cima... não precisa ficar vigiando os meus pés, porque não vou pisar em você.

— Aah... eu não estou olhando pra baixo por causa disso... só estou admirando minha nova sandália... – A garota mentia descaradamente, mas ele sabia que não era o motivo real.

O loiro segurou uma risada... sabia como Mary Crystal ficava fofa quando a timidez lhe atingia.

Sua mão direita deslocou repentinamente até alcançar o queixo dela, e então...

Steve a forçou a olhar para ele enquanto segurava o queixo feminino entre o polegar e o indicador...

E lá estava o olhar esverdeado da Segundo-Tenente...

Sincero... tímido... revelador... provocante... que suplicava, agradecia e sorria... tudo ao mesmo tempo...

O Capitão desejava que a garota esquecesse seus olhos nos dele... saciando o imenso desejo de admirá-la por horas... com aquela música maravilhosa pairando entre os dois...

O esplendor do olhar azulado lhe diria o que precisava saber... e Steve invisivelmente pedia... “me leia...

Mary piscava lentamente, olhando para os belos olhos azuis cintilantes lhe hipnotizarem a ponto de seus instintos implorarem para se aproximar e presenteá-lo com um beijo no rosto, mas tudo o que ela conseguiu fazer, foi focalizar o olhar nos lábios dele...

A Segundo-Tenente mirava a curva do sorriso maravilhoso do Super Soldado...

Ela procurava um sorriso como aquele... que desabrochasse diante de todas as máscaras que insistia em usar... e as quebrassem... procurava um sorriso que descongelasse o iceberg que era seu coração... com muito calor humano... um sorriso que lhe equilibrasse quando saísse do caminho... um sorriso que se calasse em seu choro e depois lhe fizesse sorrir de alegria logo em seguida...

Steve era aquela pessoa...?

Apesar de tudo... estar ligada ao Capitão América era uma das melhores coisas que já havia acontecido... ainda que não admitisse para ninguém... era como se os dois compartilhassem uma conexão que transcendia a compatibilidade intelectual e emocional... isso uniu suas mentes em uma só... significando que talvez compartilhassem os mesmos sentimentos, pensamentos e memórias?

Mas os dois eram tão opostos...

Por que sempre tinha um pouco de azul em tudo que ela amava?

Ele era um homem que não procurava holofotes, nem pódios, nem flashs, muito menos exposições... ele era diferente... ele chegava pelo canto... discretamente e sorrateiramente... ele não alardeava, não chamava atenção... mas ainda assim...

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Ele era um herói... e o herói do mundo...

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Porém, todo herói tinha um preço a pagar... as cicatrizes que reluziam no rosto pálido... não importava o quanto tivesse fugido e escondido... a dor sempre encontrava um jeito de o rastrear e o paralisar... mas existiam duas coisas que um herói como Steve Rogers jamais esqueceria...

O perfume de sua amada e o rosto daqueles que não conseguiu salvar...

Dentre todos os vilões, tais lembranças era sempre o mais cruel...

E justamente como imaginava, Mary vislumbrava o contorno da bússola de Steve no bolso de sua calça social...

Ele nunca esqueceria o grande amor de sua vida...?

— Você pretende carregar essa bússola com a foto da Peggy até quando...? – O contestava, timidamente e repentinamente.

— Ela é e sempre será especial pra mim... é por isso que a carrego comigo sempre... como um amuleto da sorte...

— Hmm... ainda sou o segundo lugar, pelo visto... – A loirinha esbanjava uma expressão triste, porém piadista.

— Suas piadas não me surpreendem mais, senhorita Ellis...

— Não estou fazendo piadas, Cap... então pare de olhar para o passado, porque não tem nada lá pra você... – A garota replicava com uma expressão um tanto... enciumada e birrenta, se pudesse julgar.

Steve sorria divertidamente em resposta.

— O ontem já se foi, o amanhã não nos pertence, então aproveite o hoje... – O loiro replicava, como se deixasse uma mensagem secreta nas entrelinhas.

Aproveitar o hoje...?

— E o que haveria para aproveitar hoje...? – A garota o instigava com uma pergunta, como se estivesse dizendo sim para qualquer coisa que ele sugerisse.

— Eu não sei... podemos decidir isso quando a música acabar...? – O Capitão devolvia a pergunta, e sua voz fazia o coração de Mary falhar várias batidas a ponto de sentir um arrepio agudo na espinha.

— Sabe, Cap... vou lhe contar um segredo...

— Diga... – Ele sussurrava, de modo afetuoso.

— Meninos se apaixonam por beleza e meninas por romantismo. Por isso as mulheres sempre usam maquiagem e os homens mentem...

— Está dizendo que estou mentindo para você...?

— Também gostaria de saber...

— Certo... e se eu não estiver mentindo... o que você teria para mim, senhorita Ellis...? – A contestava, como se ansiasse em ouvir daqueles lindos e perfeitos lábios, o quanto ela se importava com ele.

— O que eu tenho pra você...? Bem, eu sou uma boa cozinheira, uma boa lutadora, uma boa piloto, uma boa debatedora de ideias, e saiba que minhas intenções com você são as piores possíveis... – Ela redarguia em meio a um sorriso de canto, com seu sarcasmo odioso, porém sedutor.

— Boa cozinheira...? Interessante... é um atributo importante para alguém que pensa em casar um dia, e isso está na minha lista.

Mary arqueava uma sobrancelha.

— Que lista?

— A lista que fiz, imaginando a mulher ideal...

— Hey, você está copiando a minha ideia!? – A loirinha dava um leve soco no ombro dele.

— Achei a ideia criativa, e sim, resolvi copiar.

— Hmm... e o que tem nessa lista...? – A garota investigava, olhando para baixo, disfarçando.

— Desculpe, mas não posso revelar. É segredo. – Steve sorria de canto, provocativo.

— Por quê!? Eu tenho o direito de saber, já que você copiou a MINHA ideia!

— Certo, então vamos combinar uma coisa, senhorita Ellis?

— Depende... mas me diga...

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— Vou revelar a minha lista, quando você revelar a sua.

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A garota franzia o cenho, fazendo uma careta, sentindo suas bochechas pegarem fogo.

— Impossível... – A Segundo-Tenente negava, embaraçada com o que ele havia proposto.

Steve não podia ver sua lista... nunca...

— Então devemos parar de falar sobre isso agora mesmo. – O Super Soldado a cortava, girando com ela, guiando o corpo feminino no ritmo da música que parecia não ter fim.

— Idiota... – A garota virava o rosto enrubescido, tentando esconder as bochechas avermelhadas.

Os dois compartilhavam das mesmas sensações intensas... e sequer sabiam disso...

Estavam em imersão... sobre muita pressão... perdendo o rumo...

Eles eram a confusão bela de dois destinos que se encontraram diante de acasos utópicos e épicos...

Steve não estava se entendendo absolutamente em nada... não sabia de quem gostava, ou se gostava de alguém... não sabia quem queria, ou se realmente queria alguém...

A lembrança de Peggy lhe perturbava... mas estar ao lado de Mary lhe tranquilizava... desde quando as posições se inverteram? Embora não entendesse, o Capitão não era o tipo de homem que criava expectativas em cima de possibilidades, no entanto...

Nem sempre ele podia ser o Capitão América, embora o herói idealizado tivesse algumas características de Steve Rogers, o Capitão não era Steve... mas o verdadeiro Steve aspirava ser o Capitão América e usava aquele nome, o escudo, a máscara e o uniforme para esconder parte de sua fragilidade e vulnerabilidade. O herói americano, ícone de esperança para todos, era o que ele sempre quis ser e... esse herói nunca poderia mostrar suas fraquezas...

O Capitão américa poderia sobreviver e encarar qualquer coisa que aparecesse em sua frente. Podia ser esmagado por prédios, enfrentar um exército de nazistas e até de alienígenas, ainda que estivesse sangrando internamente... ele podia resistir a qualquer pessoa e acabar sangrando pelo nariz depois de tomar uma surra num beco, mas... ninguém conseguia enxerga-lo por trás da máscara e do escudo de vibranium como realmente era... ele só permitia que pessoas de sua confiança lhe vissem em sua condição indefesa...

O TEPT também não lhe ajudava... e por causa de suas cicatrizes, tinha a tendência de se esconder quando estava sofrendo, culpa de sua rejeição e auto-aversão sobre nunca precisar ou pedir ajuda. Ninguém além de Bucky e Peggy lhe viu assim, no entanto, tudo havia mudado em poucos meses, com a chegada de Mary Crystal em sua vida...

Aquela garota irritante, que amava provoca-lo até os seus limites, sempre o desafiando e transformando quem era em uma grande piada, havia se transformado em alguém de confiança... de tanta confiança que ele não somente conseguia chorar na frente dela, como até mesmo a ouvia quando achava que convinha, como estava fazendo naquele exato momento... dançando Coldplay com ela, naquele lugar maravilhoso, logo depois de fugir de sua própria festa de aniversário e abandonar os convidados sem nem dizer ‘tchau’.

Mary tornava seu passado mais distante e menos doloroso... em sua companhia, ele conseguia esquecer tudo... ainda que às vezes a forma utilizada era lhe tirando do sério e testando os limites de sua paciência por conta de brincadeiras bizarras.

Mas ela conseguia... conseguia fazê-lo esquecer... ela o trazia para a era moderna e muitas vezes o loiro não tinha mais vontade de retornar ao passado, como muitas vezes pensava, antes de dormir...

Peggy Carter se encontrava distante... não tanto quanto gostaria, só que mais do que podia presumir.

Quanto à Segundo-Tenente...? Ela não era uma daquelas meninas patéticas, cujo mundo parava de girar por causa de um cara... só que... todos os caras do mundo não eram Steve Rogers... e ele estava virando seu mundo de pernas para o ar naquele exato momento...

Ele a olhava... a observava e a admirava... nem sabia o real motivo, mas o Super Soldado se sentia prestes a explodir...

Mary analisava atentamente Steve olhando para sua boca... como se não existisse nada mais saboroso... e parecia provar dela, como se fosse um vício ao qual não se desprenderia... e a última coisa que faria no mundo...

.

E ela...

Sentia...

O mesmo...

Quando olhava para os lábios dele...

.

Uma sensação impetuosa lhe emergia a ponto de sentir seu coração prestes a explodir em adrenalina...

Por um momento, suas pernas bambearam e ela tropeçou...

No entanto...

O Capitão a segurou com mais força, intensificando o aperto ao redor da cintura feminina, e ambos...

Ficaram ainda mais próximos...

Seus rostos estavam colados...

Os olhos verdes presos nos olhos azuis... em sintonia... tão insistentes... tão pertencentes... e que se declaravam invisivelmente... despidos... translúcidos... tão límpidos e cristalinos...

Os dois só queriam estar perto um do outro... sentindo suas respirações juntas... sincronizadas...

Os olhos do Capitão atentavam para os lábios dela... desenhado em traços leves e sombreados nos tons mais perfeitos de carmim... tão sedutores... encantadores... e... beijáveis...

Um clima romântico pairava entre ambos... e eles percebiam... eles sabiam... eles queriam...

Mary Crystal desejava se afogar naquela imensidão azul... no mar que o envolvia... na luz que ele transmitia... no brilho que ele refletia... na aura que o rodeava...

O Super Soldado dava sinais através de seu olhar, toques e gestos...

Esperava que Mary se afogasse nele de verdade... e não haveria problemas... ele a ensinaria a nadar...

Steve viajava... vagava e vagava devagar... não voltando jamais... perdido no rosto dela... tão perto... tão próximo...

A mão do loiro subia pela curva das costas feminina... numa carícia deliciosamente arrepiante... até chegar em seu pescoço... sentindo a textura deslizante dos cabelos loiros que pareciam implorar pelo toque de seus dedos...

E foi o que instintivamente ele fez...

Os longos dedos emaranharam por entre os fios dourados e macios da garota, encontrando o caminho de sua nuca...

Mary soltava um suspiro profundo... arrepiada pelo toque dele... sentindo-o lhe puxando cada vez mais contra ele... sentindo sua fragrância inefável e deliciosa...o perfume amadeirado que exalava...

Os olhos de Steve sussurravam coisas indizíveis...

Ele atentava para como Kiara era livre... como se tivesse estrelas em seus cabelos e o doce mel das flores de cerejeira em seus lábios...

A voz da garota sempre ressoava em perfeitas notas musicais de uma linda sinfonia... e apenas uma gota de seu perfume era capaz de inebriar totalmente seus sentidos e narcotizar seus instintos de Super Soldado...

.

You and me are floating on a tidal wave, (Eu e você estamos boiando num maremoto)

Together… (Juntos)

You and me are drifting into outer space, (Eu e você estamos sendo levados para o espaço sideral)

And singing, (E cantando)

Ooh ooh ooh… (Ooh ooh ooh...)

.

Alguns segundos depois, a música acabava... e agora em silêncio, um convite consentido os faziam fechar os olhos lentamente e as respirações se misturarem...

Ambos se puxavam para fora... achando um jeito de se perderem um no outro...

Era recíproco...

Um... dois... três... segundos...

A entrega... a adrenalina... os corações acelerados... as mãos entrelaçadas... o calor irradiando de seus corpos...

Seus lábios quase se tocando a frações de segundo de um beijo... um encontro de dois universos... um cometa em colisão... mas...

.

.

Os fogos de 4 de Julho começaram a estourar, iluminando tudo em volta, fazendo ambos instintivamente abrirem os olhos e se afastarem... assustados e surpreendidos pelo barulho estridente, só que...

.

.

Steve e Mary se encontravam conectados... na mesma sintonia... na mesma vibração... ligados internamente...

Quando o fôlego parecia acalmar e suas peles esfriarem... os dois não se soltaram totalmente... não se desfizeram imediatamente...

O céu agora era um espetáculo de cores... em todas as formas...

O contraste da noite com a iluminação daquele incrível jogo de luzes que formava a comemoração dos Americanos ao dia da Independência dos Estados Unidos apenas servia de plano de fundo para os dois protagonistas daquela história estranha, porém... romântica...

Kiara sentia-se fora de órbita... presa naquele lugar onde estrelas brilhavam por trás da cortina da noite, na direção de um infinito perfeito... cada vez mais perfeito e preso na curva de um sorriso... daquele universo particular que tinha um nome...

Steve Rogers...

O Capitão América estimava o que estava diante de si no momento...

Mary Crystal Ellis...

Aquela que roubava o tempo... décadas... fazendo o milênio virar... inutilizando o relógio e fazendo o mundo parar e dar voltas e voltas através do brilho infinito de seu sorriso...

Ele poderia compor a mais bela melodia, escrever o mais belo poema e tracejar o mais belo desenho, mas ela, por si só, já era a maior obra de arte que existia...

Eles se entreolhavam... tímidos e inseguros de si mesmos...

As maçãs do rosto de Mary ardiam, porém, ela não suprimiu um sorriso confino e uma piada ácida para amenizar o clima que se instaurou logo após o quase beijo ser quebrado por conta do barulho dos fogos.

— Quero que saiba que meu coração é frio, mas minha pegada é quente...! – A garota dava uma piscadela, apenas para deixa-lo tímido, sem jeito e sem graça, mas...

Steve não se intimidou dessa vez.

.

— Já sei... e eu também não gosto de pessoas frias... gosto do calor que queima...

.

O Super Soldado redarguia, com uma expressão firme, fazendo-a literalmente...

Corar ainda mais de vergonha...

Oh, céus... desde quando aquele Capitão Sem Vergonha América agia de forma tão sedutora?

— Você não presta, Cap...

— Muito tempo convivendo com você... e espero que isso não mude um dia...

— Se depender de mim, não vai mudar... então esteja sempre por perto... gosto de ver seu rosto bonito todos os dias, e... eu preciso de você, principalmente pra brigar! – A Segundo-Tenente replicava, ainda tentando desfazer a expressão embaraçada, tentando parecer cínica e despreocupada, mas...

Steve sabia que sua pose era fachada...

Mary Crystal era como um labirinto, onde todas as paredes mudavam continuamente.

Ela era o problema de sua solução...

Enquanto a fitava, encantado e enfeitiçado, algo estalava em sua mente, lhe preocupando...

.

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O Capitão América se recordava que naquele mesmo dia, havia sonhado com Mary, e então, começava a perceber que a coisa estava ficando séria...

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Notas finais do capítulo

Gostaram do capítulo? Acharam forte a química entre os dois? Então se preparem que o próximo vai pegar fogo! Steve e Mary vão treinar juntos na academia da Torre dos Vingadores. Imaginem esses dois medindo força? Imaginem quando um simples treino se transforma numa série de motivos para ambos passarem a se desejar? Imagine quando a tensão emocional e sexual começarem a aflorar? Vai rolar discussão, uma briga violenta e contatos físicos muito ousados, mas o final será amigável e fofo, porque os dois estão super apaixonados. Vai ser lindo! Estejam aqui no próximo e fiquem com isso em mente: A cada capítulo, os laços entre os dois vão se estreitar cada vez mais, porque de atração, desejo e paixão, isso vai virar amor.

A música maravilhosa desse capítulo está aqui: https://www.youtube.com/watch?v=uIgxY0yWLNY&list=OLAK5uy_lRdzGKvuenqQAnspsk8LsswwAduYy4dr8

Não esqueça seu comentário, porque a autora precisa de estímulo, ou eu paro de postar os capítulos aqui ¬¬



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