Nemesis escrita por ariiuu


Capítulo 40
Soldado Invernal vs Feiticeira Escarlate




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Soldado Invernal vs Feiticeira Escarlate

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30 de Junho de 2012, 05:35 PM

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Prisão Balsa – Oceano Atlântico Norte

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A rotina dentro da Prisão Balsa jazia normal, como todos os outros dias, mas um helicóptero com dois médicos psiquiátricos pousava na plataforma do local que emergia do oceano...

Os dois médicos haviam sido contratados pela SHIELD para analisar a situação do Soldado Invernal, que mostrava sinais de progresso após algumas sessões com Wanda Maximoff.

Quem monitoraria a missão, era Maria Hill, designada por Nick Fury.

A espiã recepcionava os dois médicos e os acompanhava até a cela onde se encontrava Bucky Barnes.

Enquanto andavam pelo extenso corredor, Hill explicava a atual condição do sargento.

— Ele ainda se encontra parcialmente errático. Recuperou parte de sua real personalidade, mas não se lembra de muitas coisas. Ainda há muitos códigos inquebráveis que a HYDRA implantou em sua mente, então teremos muito trabalho para concluirmos a missão de desvendar 100% de sua mente. – Ela articulava, concluindo o resumo da atual condição de James Buchanan Barnes.

— Não se preocupe. Iremos extrair informações importantes através de novos métodos. – Um dos médicos assegurava, enquanto caminhava ao lado de seu parceiro e Maria Hill.

Os três passavam pelo imenso corredor, na frente da cela de Wanda e Pietro.

Os irmãos Maximoff observavam a espiã e braço direito de Nick Fury acompanhada de dois homens...

Quando Wanda olhou para a expressão dos dois médicos, notava algo estranho... uma aura nublada... intenções ocultas e obscuras.

Pietro percebia a expressão desconfiada da irmã.

— O que há de errado?

— Não sei, mas... minha intuição não falha... há algo estranho acontecendo...

— Você está falando sobre esses dois caras que estavam acompanhando essa espiã da SHIELD?

— Sim...

— Nós não temos nada a ver com isso. Tudo o que podemos fazer é apenas esperar nosso julgamento daqui a algumas semanas... mas não acho que a justiça do governo americano nos dará uma condenação branda. – O irmão afirmava, com uma expressão melancólica.

— Não sabemos se seremos condenados, Pietro.

— E por que acha que não? Eles são Americanos, Wanda... não se esqueça disso.

— Eu sei... – A garota finalizava, ainda muito preocupada com os dois homens que acabavam de entrar na Prisão Balsa.

A Feiticeira Escarlate pressentia que algo muito ruim aconteceria...

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Passados alguns minutos, os médicos contratados pela SHIELD entravam na cela de Bucky Barnes, prontos para avaliarem a condição mental do sargento.

Ele não esperava ver aquelas pessoas desconhecidas ali, em sua cela. O soldado pensava que a única pessoa designada para desvendar sua mente era Wanda Maximoff, mas... parece que as coisas realmente não funcionavam do jeito como imaginava...

James não confiava na SHIELD... ele apenas achava que aquela organização era o outro lado da mesma moeda da HYDRA.

Os dois médicos psiquiatras cruzavam cela, acompanhados de vários agentes e supervisionados por Maria Hill.

O semblante de indiferença e frieza cobriam as linhas de expressão do sargento.

— Vamos deixá-los fazerem seu trabalho. – Maria Hill ordenava a todos os agentes para saírem da cela, e assim, os dois homens começariam uma sessão com o Soldado Invernal.

Quando todos se ausentaram do local e os médicos se sentaram na mesa em frente ao sargento, Bucky os analisava, usando todas as suas habilidades de espião.

Havia algo de muito errado neles...

E então...

— Sargento Barnes... – Um deles o chamava de uma forma peculiar, que lembrava alguém que Bucky odiava...

O maior responsável por toda a desgraça de sua vida...

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Arnin Zola...

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— Já faz mais de dois meses que está confinado aqui, tempo suficiente para se recordar de muitas coisas... incluindo memórias recentes...

O sargento estreitava o olhar, totalmente desconfiado...

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— Vocês não estão aqui porque querem saber de minha atual condição mental. Estão aqui para saberem se me lembro qual foi o último local ao qual tive contato com o Secretário Pierce, não é mesmo...?

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Os dois homens se entreolharam e um deles apertava o botão de um dispositivo que se encontrava no bolso do jaleco.

A partir daquele momento, todas as imagens e escutas da cela de Bucky eram congeladas.

Maria Hill, que supervisionava tudo, estranhava que repentinamente as câmeras paravam de funcionar.

E não era somente da cela onde o Soldado Invernal se encontrava, mas de todas as demais celas onde os presos estavam confinados, incluindo a de Wanda e Pietro.

Quando a espiã acionou os demais agentes da sala de controle central da Prisão Balsa, notava que não obtinha respostas.

— O que está acontecendo? – Ela questionava os três agentes que lhe ajudava a supervisionar a missão, mas tudo o que aconteceu a seguir, foi a repentina queda de energia da Prisão, escurecendo toda extensão do local.

Na cela do sargento, Bucky já sabia o que viria a seguir, e tentava se desvencilhar do colar que se encontrava em seu pescoço, só que...

Palavras desconexas que serviam de gatilho para acionar o Soldado Invernal, começavam a ser ditas por um dos médicos... uma a uma...

Quando as palavras começavam a ser pronunciadas, o sargento já sentia algo violentamente pulsante dentro de si tentando sair...

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— Saudade... enferrujado... dezessete... amanhecer... fornalha... nove... benigno... retorno... um... vagão de carga...

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Bucky começava a gritar... e Wanda conseguia ouvir a voz dele, do outro lado do corredor...

A Feiticeira se levantava, assustada... Pietro se encontrava ao lado da irmã, tão perdido quanto ela...

O que estava acontecendo...?

Todos os presos da Prisão Balsa começavam a gritar, contestando por que o local estava escuro.

Maria Hill tentava contato com todos os agentes do lugar, mas somente alguns respondiam. Outros simplesmente não corresponderam seu chamado.

Naquele instante, a espiã já sabia o que estava acontecendo...

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A HYDRA estava ali... e a missão deles era levar o Soldado Invernal e libertar todos os presos...

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Como conseguiram enganá-los? Não havia indícios de que aqueles dois médicos faziam parte da equipe de Alexander Pierce e nem que ainda restavam membros da HYDRA infiltrados, ainda mais na Prisão Balsa.

Ela precisava agir rápido e então, através de uma linha segura, acionava Nick Fury, pedindo por reforços.

O Diretor da SHIELD a respondia.

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— Em meia hora os reforços chegarão, mas até lá, nossa única saída é dar um passo arriscado... é a única forma de tentar atrasar a HYDRA.

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— Que passo? Quais são as ordens? – Hill o indagava, confusa.

— Tire os irmãos Maximoff da cela. Ordene que atrasem todos os membros infiltrados da HYDRA na prisão. Eles dois são os únicos que possuem força para pará-los.

— Os dois ainda não sabem lidar com seus poderes, Nick.

— É a nossa única opção no momento, Hill. Faça! Se os dois aceitarem essa missão, eu mesmo me comprometo de fazê-los escapar de uma futura condenação por parte do Conselho Mundial de Segurança. Não podemos deixar que o maior assassino da história da HYDRA seja pego novamente. – Fury ordenava e no mesmo instante, Maria Hill montava uma pequena equipe tática que a acompanhasse até a cela dos irmãos.

Naquele momento, era notável que alguns membros da S.T.R.I.K.E. que já trabalhavam na Prisão Balsa a anos, tentariam pará-los, e era exatamente o que acontecia quando ela e sua equipe se locomoveram.

Mas a espiã conseguia passar por todos eles a tempo de chegar até a cela dos irmãos Maximoff.

Ainda no breu daquela escuridão, a agente corria na direção de onde os dois estavam e então...

— Aqui é Maria Hill. Preciso da ajuda de vocês dois! – A espiã requeria, tentando ser rápida.

— O que está acontecendo!? – Pietro a questionava, apreensivo.

— A HYDRA está aqui para levar o Soldado Invernal e libertar todos os presos. Precisamos que vocês os impeçam.

— E por que faríamos isso? – Dessa vez era Wanda quem contestava.

— Se vocês dois pararem todos os membros da HYDRA, tem a palavra de Nick Fury que não serão condenados. – Ela era direta, deixando os irmãos surpresos com tais palavras.

— E o que vale a palavra de um espião americano? – Pietro tornava a indagar tais afirmações.

— Nick Fury é um dos homens mais poderosos dos Estados Unidos. Se fizerem o que digo, podem ter certeza que sairão livres. Mas preciso que ajam agora. Vou retirar o colar, as algemas e abrirei as grades, só que vocês precisam agir imediatamente!

Os irmãos não sabiam o que responder... estavam confusos.

— Preciso de uma resposta agora! – Hill bradava, em tom de urgência.

E então...

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— Não temos outra escolha... nós aceitamos.

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Pietro falava por ele e sua irmã. Estavam dispostos a terem suas liberdades de volta a qualquer custo.

E no mesmo instante, Maria Hill apertava um botão que liberava as algemas e os colares de ambos, além de automaticamente abrir a cela onde os dois se encontravam presos.

Os irmãos passaram pela agente, encarando-a com seriedade.

Ambos acenaram com a cabeça, mostrando que fariam o que ela pedia.

Imediatamente, Pietro começou a correr e Wanda usava seus poderes para iluminar o local que permanecia completamente escuro.

Hill coordenava uma defesa, para conter todas as saídas da Prisão Balsa enquanto os irmãos Maximoff partiriam para o ataque.

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O êxito daquela missão perigosa, estava nas mãos de Pietro e Wanda agora.

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O velocista conseguia transitar facilmente entre todos os membros da HYDRA sem que os mesmos sequer percebessem sua presença.

Ele analisava o perímetro, fazendo contagem de quantos deles haviam ali, naquele andar.

Era o total de cinquenta homens armados.

Wanda andava sorrateiramente na direção da cela de Bucky, sabendo que o mesmo ainda estava ali.

Naquele momento, os médicos que acionaram o gatilho do Soldado Invernal, não mais se encontravam ali, mas ela podia sentir a presença sombria e intimidante do sargento.

James não era mais ele mesmo...

Naquele momento, a única que conseguiria parar o Punho da HYDRA era apenas uma pessoa...

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Wanda Maximoff.

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Enquanto Pietro começava com seu plano de ataque, Maria Hill e os demais agentes da SHIELD conseguiam religar a energia da Prisão Balsa.

Ela também alertava Nick Fury pela escuta.

— A garota vai tentar, mas não garanto que consiga pará-lo. E se ele a pegar... com toda a certeza será esmagada... e morta...

— Ela é forte, Hill. Vai conseguir. Seus poderes são distintos e mesmo que Bucky Barnes seja um exterminador, ela tem a vantagem de controlar a mente dele. Dê o suporte necessário para que a garota consiga desligar o Soldado Invernal. – Nick assegurava, do outro lado da linha.

— Ok. – A agente finalizava, já orientando os demais agentes.

No corredor que a Feiticeira caminhava sorrateiramente, com as mãos posicionadas para um ataque enquanto faíscas vermelhas saiam de seus dedos, ela podia visualizar Bucky Barnes, de pé, virado de costas, dentro de sua cela.

A garota sabia que não tinha pleno controle de seus poderes... e também não possuía experiência em combates corpo a corpo, mas faria o seu melhor para impedi-lo.

O sargento ouvia os passos relutantes e quase silenciosos da garota...

Tudo o que se passava em sua mente era apenas uma frase...

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Corte uma cabeça e duas nascerão no lugar...

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Wanda vislumbrava um flash de metal... e quando focalizou a visão na figura do Soldado Invernal, percebia que o mesmo se encontrava completamente equipado com seu uniforme tático, acessórios e fortemente armado.

Será que ela conseguiria detê-lo sozinha? A garota ainda não sabia controlar totalmente seus poderes.

Quando o sargento se virou para a feiticeira, ele a encarou de modo letífico, tétrico e férreo...

A máscara que cobria seu rosto, tornava seu aspecto ainda mais intimidante... como a de um verdadeiro assassino... o assassino que Wanda vislumbrou na própria mente do soldado...

Analisando a atual conjuntura, ela sabia que a única forma de o parar era controlando sua mente, mas os dois estavam muito longe um do outro, e o sargento se encontrava fortemente armado.

Wanda teria de se aproximar, e bloquear todos os ataques que ele lhe acometesse, então, quando estivesse a uma curta distância, conseguiria usar seus poderes e entrar na mente dele.

A garota passou a se aproximar lentamente... com as mãos posicionadas para frente enquanto seus poderes escarlate fluíam pelos dedos...

Naquele momento, Bucky começava a andar na direção dela, saindo da cela, com uma espécie de metralhadora em punho.

Ele era um exímio atirador... nunca erraria naquela distância.

Programado para estraçalhar qualquer um que cruzasse seu caminho, o Soldado Invernal mirava a arma na cabeça da garota e então...

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Passava a atirar na direção dela, sem parar...

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Wanda moveu rapidamente as mãos, formando uma espécie de barreira para conter os projéteis que eram atirados.

As balas fluíam fortemente, mas sua barreira continha todas elas.

A garota ainda não sabia exatamente como agir. Nunca esteve numa batalha como aquela antes... mas sabia que precisava agir rápido, e o plano era zerar toda a munição que o soldado carregava.

No entanto...

Quando pensou que conseguiria ter êxito em sua tática de contê-lo...

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Vários homens armados chegavam ao local, para dar cobertura ao Soldado Invernal.

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Os olhos da feiticeira alargaram... será que ela teria condições de enfrentar todos eles?

Já esperando por um ataque estrondoso, todos ao mesmo tempo começaram a atirar contra Wanda, que teve de intensificar a força de sua barreira.

A artilharia pesada e digna de guerra contra apenas os poderes de uma jovem...

A garota fazia força para conter todo o ataque potente...

Ela rangia os dentes, tentando segurar o máximo que podia...

Pietro não estava ali... os demais agentes da SHIELD também não...

Teria de agir sozinha...

Liderando os ataques e no meio de todos os membros da HYDRA, Bucky se aproximava em passos graduais, no ímpeto de alcançar a feiticeira e estraçalha-la...

Wanda se via num beco sem saída...

Forçando o máximo que podia, sua vida parecia passar como um flash diante de seus olhos...

O rosto de seu irmão lhe sobrevinha a mente...

A cena de seus pais quando todos estavam juntos, antes do ataque do míssil das Indústrias Stark...

As visões que tivera sobre o futuro... um futuro que não sabia se realmente existia...

Pensamentos melancólicos voltados para o sofrimento, a aflição e a dor que sentiu por ter se voluntariado ao grupo de Strucker e ter sofrido os efeitos colaterais da joia da mente...

Os olhos da garota, marejados em lágrimas, brilhavam de modo confino... um lampejo vermelho corria por sua íris...

Tudo acabaria ali...?

O Soldado Invernal e os agentes da HYDRA se aproximavam, encurralando-a...

Mas naquele instante, a feiticeira se encontrava presa numa espécie de frenesi...

Imagens do passado, presente e futuro se misturavam em sua mente...

Ela começava a perder o controle de seus poderes e a noção da realidade a volta...

Desespero era tudo o que podia sentir... e então...

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Wanda caía de joelhos, apertando a cabeça com as mãos, tentando se livrar de todos aqueles pensamentos e sentimentos excruciantes que tentavam leva-la a loucura...

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Nisso, uma onda vermelha eclodia, e numa espécie de onda de eletricidade, todos os homens eram fortemente atingidos diante de seu poder.

Os agentes da HYDRA caiam um a um... incluindo o próprio Soldado Invernal...

Não restava nenhum de pé... Wanda tinha acabado com todos...

O local ficava completamente destruído, diante da devastação dos poderes da Feiticeira Escarlate.

Maria Hill, que observava tudo pelas câmeras, sabia que se a garota liberasse mais de seus poderes, poderia acabar fazendo a Prisão Balsa afundar, e então, a agente resolvia tomar uma medida drástica.

— Vamos emergir! Precisamos deixar a Maximoff sair! Se ela se descontrolar de novo, todos nós poderemos morrer!

E então, os agentes da SHIELD que controlavam a entrada, faziam a estrutura da prisão emergir e abriam as entradas.

Em alguns minutos, o reforço chegaria, mas Wanda precisava sair dali, imediatamente.

Hill falava com a garota pelos alto falantes que havia nas laterais dos corredores.

— Wanda, saia daí! Suba as escadas e corra na direção da entrada principal. Estamos emergindo, então você precisa leva-lo para cima!

A feiticeira entendia o que a espiã dizia, mesmo se encontrando completamente desnorteada.

Pietro ainda enfrentava os demais agentes da HYDRA nos andares inferiores. Embora fosse rápido, ele também não tinha completo controle de sua velocidade.

Os dois irmãos eram muito inexperientes... precisavam de treinamento... e talvez de um tutor, futuramente...

A garota se levantava com dificuldades, notando todos a sua frente caídos, estirados no chão.

Mas o Soldado Invernal ainda estava lá... consciente... e a observava de longe...

Wanda decidia fazer o que Hill lhe ordenava e então, ela imediatamente terminava de se levantar e caminhava com dificuldades na direção da saída da Prisão Balsa.

O sargento ainda a tinha como alvo, e mesmo depois dos ataques dela, ainda tinha que cumprir sua missão...

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Assassinar todos que estavam ali, libertar os presos e fugir...

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A garota começava a correr, rumo a saída... e o Soldado Invernal passava a persegui-la.

Ela subia as escadas rapidamente, com seu perseguidor logo atrás.

A plataforma da prisão começava a elevar e a feiticeira terminava de subir as escadas, já vendo a luz do dia pelo lado de fora...

Ao cruzar a saída, Bucky já estava praticamente atrás dela...

Sem saída, além do próprio oceano, Wanda virou para trás e lá estava ele...

Os dois se encaravam profundamente...

O sol estava se pondo... o horizonte era tudo o que havia ao redor de ambos...

Céu e mar numa linha horizontal... laranja e azul se mesclando primorosamente como numa linda pintura em um quadro...

Wanda Maximoff e Bucky Barnes se entreolhavam... como numa batalha invisível...

O semblante de confusão da garota colidia com a feição gelidamente implacável do assassino letal...

Embora o Soldado Invernal empunhasse uma arma, ele estava perto o suficiente dela...

A feiticeira parecia tão frágil... e naquele momento, algo despertava dentro dele... seus olhos, tão ferozes, a encaravam com fúria, porém, havia algo de familiar nela...

Quem era ela...?

O olhar azul do soldado exprimia resquícios de confusão e algumas vezes ele desviava seu foco para o chão, achando tudo aquilo muito estranho...

Onde ele estava...? Por que estava ali...?

Ao vê-lo baixando a guarda, a garota finalmente se aproximava num movimento veloz, lançando seus feitiços para mantê-lo imobilizado.

As luzes vermelhas o prenderam no local onde estava, até que a garota o rodeou e finalmente conseguiu fazer o que Hill lhe pediu...

Wanda empurrava seus sortilégios para dentro da mente dele, mantendo-o calmo... o controlando...

Ela lia as emoções do sargento... ele estava confuso... e com medo...

Bucky começava a tremer... suas mãos abandonavam a arma que segurava, deixando-a cair no chão...

Nada daquilo podia ser real... onde estava...? Que paisagem tão linda era aquela em sua frente...?

A feiticeira sentia as emoções afloradas do soldado... ele se sentia exatamente como ela, quando perdeu seus pais...

Era um sentimento muito profundo... céus, eles eram tão iguais...

Wanda ficava frente a frente com ele... o contemplando com extrema complacência... com tanta compaixão... com tanta comiseração...

Suas mãos cercaram o rosto do sargento no mesmo instante...

— Por favor, tire a máscara... – Ela pedia, gentilmente doce... amena e afetuosa...

— Por quê...? – A contestava, impreciso. Sua voz fluía como um fraco sussurro...

E então, mediante a resposta dele, Wanda resolvia fazer o que ele não entendia...

Ela se inclinava para frente, retirando a máscara do Soldado Invernal e então, quando conseguiu ter total visão de seu rosto...

A garota apenas sorriu...

— Eu não culpo você...

O sargento não respondeu... tudo o que a feiticeira tinha, era a respiração irregular do soldado...

Bucky a olhava numa impetuosidade possante... os olhos vermelhos da garota despertavam algo dentro dele... algo surpreendente... algo novo...

Wanda o correspondia... era como se estivessem conectados... o sentimento era totalmente recíproco...

A feiticeira resolvia o questionar mais uma vez...

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— Você sabe quem eu sou...?

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A pergunta soaria como um enigma na cabeça do sargento, de acordo com o que ela pensava... mas para sua surpresa...

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— Você é a garota Maximoff...

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E naquele momento, os olhos de Wanda arregalaram e a coloração vermelha e vítrea agora resplandecia na cor verde... a real cor de sua íris...

Os dois permaneceram em silêncio por um tempo, apenas se encarando... apenas se contemplando...

— Está tudo bem... eu estou aqui... – A feiticeira assegurava, mantendo-se firme, encorajando-o a ficar ali com ela... oferecendo todo o seu conforto... ou o pouco que pudesse amenizá-lo de alguma forma...

A tensão que havia em nos ombros do soldado diminuía, e ela o sentia relaxar...

As travas férreas de sua expressão também suavizaram...

Bucky recobrava pouco a pouco sua consciência... Wanda nem precisou fazer muito...

E então...

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A garota estendia a mão para ele...

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Os olhos azuis traçavam o contorno da silhueta feminina... por que ela estava lhe oferecendo a mão...?

— Por que está fazendo isso...?

A Feiticeira Escarlate sorriu... amenamente terna...

— Isso ajudará você a ter uma boa memória para substituir as ruins...?

O olhar dele alargou ainda mais...

— Você... não precisa fazer isso... – Replicava, com o olhar consternado e cabisbaixo...

— Estou fazendo porque entendo o que você sente...

— Ainda assim...-

— Eu e você somos parecidos... eu sinto isso... – Wanda afirmava, deixando-o fortemente instigado...

A feiticeira marcou a sua mente...

Bucky permanecia na frente dela, com o braço de metal brilhando por conta da luz primorosa do pôr-do-sol... seus cabelos emaranhados cobriam certas linhas de seu rosto... exceto pelo brilho fulgente de seus lindos olhos azuis, estreitos e caóticos...

Ela permanecia com a mão estendida...

— Hey, criança... não brinque comigo... – Retorquia, ainda num tom desatinado...

Eles realmente eram parecidos? Como...?

O coração de Bucky parecia ter sido espancado e machucado em seu peito... doía a cada batida... por que ela estava sendo tão gentil com ele? Sua gentileza o fazia desmoronar...

— Você está agindo como se fosse um monstro... e você não é um...

O sargento exalava um suspiro agudo de descrença...

— Mas eu sou um monstro... – Ele fechava os olhos, os apertando com força...

— Não... você não é um monstro, James... – Wanda permanecia com a mão estendida, e um sorriso primorosamente amável no rosto...

Diante da solicitação da garota e de sua incrível amabilidade, algo quebrava dentro do Soldado Invernal e ele resolvia ceder mais uma vez...

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Pegando na mão dela...

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Ele a contemplou por vários segundos até que...

— Me chame de Bucky...

Wanda respirou aliviada...

— Tudo bem... Bucky... – E então, a feiticeira apertava a mão dele com força, mostrando que estava ali e que ele poderia relaxar...

— Eu espero que não tenha te assustado tanto, porque... eu... perdi o controle...

— Eu sei... não se preocupe...

O soldado sorria tristemente...

— Me desculpe... – Bucky se justificava, tentando corresponder a gentileza da garota.

— Não me ache fraca... eu cresci em um país de terceiro mundo, dilacerado pela guerra civil. Já vivi momentos muito piores do que esse... – Wanda se recordava de Sokovia e de como foram seus últimos anos ao lado de Pietro.

Aquele lugar foi provavelmente o lugar mais brutal e violento que já viveu. Vários fragmentos emergiam em suas recordações...

Bucky sentia-se mal ao pensar que ela também foi um animal de estimação da HYDRA, ainda que por pouco tempo comparado a ele...

Wanda não era uma garotinha indefesa, embora parecesse...

Ela era...

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Brilhante... suave... curvilínea... tinha um cheiro doce... era inteligente e extremamente forte...

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Mas não podia olhar para ela dessa forma... Wanda era uma criança...

O sargento não estava acostumado a pensar que uma mulher, ainda por cima muito mais jovem do que ele, tivesse toda aquela força... era um pouco aterrorizante...

Não sabia se deveria se sentir aliviado por ela ser muito mais forte do que ele, se convencendo de que se perdesse o controle, o deteria, ou se ficava assombrado por ser facilmente parado por ela...

Wanda tinha todo esse controle sobre ele...

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Era um alívio doloroso olhar para alguém que ele não precisava se preocupar em machucar...

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Do outro lado do oceano, em Nova York, Nick Fury era reportado sobre o que havia acontecido na Prisão Balsa, por Maria Hill.

O Diretor da SHIELD não tinha ideia de que seus novos prisioneiros agiriam como agiram e... resolvia tomar uma decisão arriscada, mas que podia ser muito benéfica para o futuro da SHIELD e até mesmo dos Vingadores.

Ele chamava Steve e Mary para uma conversa, em sua sala, na sede em Nova York.

Quando o Capitão e a Segundo-Tenente cruzaram a porta, a nova missão da dupla era revelada.

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— Vocês dois irão até a Prisão Balsa dentro de algumas horas. Aconteceu algo e preciso da ajuda de vocês.

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— Aconteceu alguma coisa com o Bucky!? – Steve o interpelava, num tom de voz preocupado, quase desesperado.

Kiara observava o descontrole do Super Soldado mais uma vez. Ele sempre ficava daquele jeito quando se tratava de seu melhor amigo.

— Sim, no entanto já está tudo bem agora.

— O que aconteceu, Fury? – A loira o contestava, achando estranho o fato de a mesma também ter de ir para aquele lugar com Steve.

— A HYDRA se infiltrou na Prisão Balsa, o lugar que achava mais seguro para manter meus novos prisioneiros, no entanto, constatei que o melhor seria que eles não estivessem ali. Eles são alvos lá dentro.

— E por que está dizendo isso só agora!? O que aconteceu!? – Steve o contestava, ainda descontrolado.

— Cheguei à conclusão que devo tirá-lo de lá. O sargento Barnes não será um perigo se estiver sob nossos olhos... e sob os seus...

— O que quer dizer com isso, Fury!? – Mary questionava o Diretor da SHIELD com desconfiança.

Ela não confiava nas decisões dele, porque Fury sempre tentava controlar tudo... vigiar tudo e manter tudo sob o seu controle.

— Já reportei tudo ao Conselho Mundial de Segurança. O Soldado Invernal não irá a julgamento. E nem os irmãos Maximoff.

— E por que os irmãos não irão? – A Segundo-Tenente o indagava mais uma vez. Aonde ele queria chegar?

— Por que eles não são uma ameaça de verdade, pelo contrário. Podem ser ótimos aliados.

— Está dizendo que esses dois aprimorados podem se aliar a nós!? Você está ficando louco, Diretor!? – O Capitão inquiria, ainda muito irritado. Fury não esclarecia os fatos, e sempre os deixava tirarem conclusões precipitadas.

— Wanda Maximoff deteve o Soldado Invernal na Prisão Balsa, sob as ordens de Hill. Ela fez tudo o que pedimos. Ela o controlou.

— Ela manipulou a mente dele!? Me explique direito! – O Super Soldado se aproximava, mostrando o quão furioso se encontrava.

Mary pegava no braço dele, tentando mantê-lo tranquilo.

— Hey, Cap... calma...

— Rogers, não vai adiantar rosnar e mostrar os dentes pra mim. Isso é sério. Não é uma decisão qualquer. Eu conversei durante um tempo com o Conselho e todos foram unânimes. O Sargento Barnes precisa sair da Prisão, e embora ele tenha de ser julgado um dia, decidimos mantê-lo sob vigilância, assim como os irmãos, então esperava que vocês dois ajudassem nessa nova missão.

— Como podemos ajudar?

— O Capitão é o melhor amigo dele. Estar aqui fora, no mundo real, vai ser de extrema importância para sua recuperação, e então, quando ele for julgado, as coisas estarão mais ordenadas. E o mesmo vale para os irmãos. Eles podem ser úteis, além do que, foi você mesma quem disse ter visto Wanda Maximoff em suas visões, não é mesmo, Kiara?

— Sim, eu disse, mas... eu ainda não tenho certeza sobre o que vi.

— Essa é a hora. Você vai acompanhar Steve até a Prisão e então, conversar com ela. Ali, você poderá dizer se suas impressões estão ou não certas.

— E o que você pretende com tudo isso, Diretor!? Qual vantagem teria de libertar o meu amigo e os aprimorados!? – Steve ainda se mantinha alterado.

— A vantagem? É simples... mais aliados contra um possível fim do mundo. Ou você acha que não estou jogando com todas as minhas cartas em relação ao que aconteceu no futuro, Rogers...? – Fury o defrontava, mostrando que estava disposto a ter o Soldado Invernal, a Feiticeira Escarlate e o velocista Mercúrio em seu time.

O loiro balançava a cabeça, confuso e sem saber o que dizer. Todo aquele assunto envolvendo Bucky o deixava desnorteado.

— Eu entendi a missão. Estou pronta pra ela. Quando começamos? – Kiara respondia positivamente a Fury, deixando o Capitão um tanto abismado.

— Por que está sendo tão subserviente agora, senhorita Ellis? – A contestava, irritado.

— Desde que você perdeu o controle e está aí, bufando como uma criança, Capitão Rogers. Recomponha-se. Você não é um soldado!? – A loira o rebatia, com aspereza.

Steve não estava em seu perfeito juízo... e isso tinha um nome... Bucky Barnes.

— Certo, mas antes de irem, preciso que leiam alguns arquivos que encontramos sobre o Soldado Invernal. Confesso que não sei exatamente como resolver essa situação, então, pensei que você pudesse arrumar uma solução, Capitão. – O espião alegava, deixando o loiro ainda mais exasperado.

— Do que está falando...?

— É melhor você ter calma... vai precisar... – E então, Fury entregava uma pasta com novos arquivos sobre o Punho da HYDRA nas mãos do Super Soldado.

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Uma hora depois de ler os arquivos, Steve e Mary se encontravam no topo do prédio da SHIELD em Manhattan, completamente abismados com o que descobriram...

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Steve mantinha um semblante assustado, chocado e completamente desatinado...

Mary sabia que precisava escolher as palavras certas naquele momento, mas não tinha certeza se conseguiria...

Ela se aproximou do Capitão e tocou levemente o ombro dele enquanto ambos encaravam a visão de Nova York de cima do prédio ao entardecer...

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— Você precisa dizer isso ao Tony...

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— Eu não posso... isso vai ser extremamente doloroso pra ele...

— Você realmente esquece todo o seu senso de justiça quando algo envolve Bucky Barnes? Seja racional, Steve. Isso não seria justo com o Tony...

— Eu não posso... – O loiro continha uma lágrima em seus olhos, se forçando a não desmoronar na frente de Mary Crystal, porque os dois acabavam de descobrir que o Soldado Invernal assassinou...

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Howard e Maria Stark, no dia 16 de Dezembro de 1991.

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— Cap... será que você não vê que isso pode separar os Vingadores? Você tem que contar pro Stark. Ele precisa saber.

— Por que isso separaria os Vingadores? E por que eu deveria contar a ele? Não seria melhor poupá-lo?

— Eu... tenho certeza que isso vai separar vocês. Seja honesto com ele. – Kiara afirmava, deixando-o desconfiado.

Ele a encarou com uma feição estreita e colérica.

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— Você viu algo do futuro relacionado a isso, senhorita Ellis?

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— Acho que sim... mas são visões imprecisas... não tenho certeza de nada.

— Você prometeu que me diria sobre suas visões.

— Eu não te prometi nada...

— Você viu algo no futuro que envolve o fato de Tony descobrir sobre quem matou seus pais!? Diga a verdade! – Steve bradava, fazendo a Segundo-Tenente bufar.

— Sim... se você não contar a ele, as coisas vão ficar muito piores! Não sabemos porque os Vingadores do futuro tiveram que voltar pra cá, mas provavelmente, eles fizeram muitas coisas erradas ao longo do caminho, então, você tem a obrigação de consertar tudo antes e fazer diferente deles! Evite que o pior aconteça!

— Não podemos fugir totalmente do que aconteceu... estamos criando um futuro que pode ser pior do que o deles, e... eu não sei mais o que pensar... – O loiro suspirava, passando a mão pelo rosto, completamente perdido.

— Isso não importa. Você realmente vai esconder que seu melhor amigo matou os pais do Stark!? Faça a coisa certa, Capitão Rogers! Seja honesto com o Stark, ainda que esteja doendo! Vai doer muito mais se não fizer, e... eu sei que você e o Tony podem resolver tudo juntos. Não é justo que um dia vocês se separem porque quis poupar o Bucky! – Kiara aumentava o tom, deixando-o ainda mais assustado.

A Segundo-Tenente entendia a dor dele... mas sabia o que era o melhor para todos... e o melhor, seria ser honesto com Tony Stark.

Steve tentou segurar o quanto podia, mas... não conseguia mais...

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Lágrimas caíam de seus lindos e primorosos olhos azuis...

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Aquele era um lado que ninguém viu... exceto Mary Crystal...

— Não posso aceitar isso de novo... eu... não sou o homem para essa missão... e não é só isso... a pressão de viver o gigante e heroico Capitão América é demais... eu... eu... simplesmente não posso fazer isso... – O Super Soldado confessava, aos prantos... num sussurro desesperado...

Era como se o mundo desabasse sobre seus ombros de novo...

A loira observava toda sua fragilidade e vulnerabilidade... ele estava sofrendo de verdade...

Aquela tristeza sem sentido, se mantinha acesa na mente dele... como estrelas no céu...

Quanto encanto possuía aqueles lindos olhos que reluziam como safiras... as lágrimas que floresciam naquele olhar eram tristes, mas faziam o rosto de Steve brilhar... num fulgor melancólico e eclipsado...

Olhá-lo devagar... sem pausas... vê-lo eclodir, como quem sofria e estava cansado de descobrir mais e mais tragédias... e se decepcionar com tudo que o dilacerava... era tão triste...

E então, a garota se aproximou, ergueu as mãos e as envolveu na face do Capitão, tocando-o...

Ela ficava na ponta dos pés, olhando fixamente para o rosto marejado em lágrimas... até começar a enxuga-las...

— Steve... olhe pra mim... – Mary passava os delicados dedos ao redor das maçãs do rosto dele... seu coração se enchia de empatia e compaixão... ela não conseguia enxerga-lo daquela forma... saber que o peso de tudo recaía sobre os ombros do Capitão América, sendo ele Steve Rogers, um homem que também sangrava, era algo muito triste de se contemplar...

Mary Crystal regava a dor de Steve com benevolência e mansidão...

Ela o arrancava do precipício da solidão... e jamais o deixaria sozinho...

O Super Soldado olhava atentamente para a Segundo-Tenente... sentindo seu desespero se esvaindo... por que Mary Crystal conseguia acalmá-lo quando nem mesmo ele, com seu incrível raciocínio lógico, conseguia?

A garota terminava de dizer o que começava...

— Você não precisa ser o Capitão América o tempo todo. Seja menos herói e mais humano. Seja quem você esconde por debaixo dessa pose implacável de salvador da humanidade... seja apenas... você... – Ela o acariciava, tentando amenizar sua dor...

— Eu... não sei se consigo...

— Seja sempre você mesmo, Cap... não há ninguém melhor... – A garota alegava, sorrindo ternamente para ele...

Houve um silêncio ensurdecedor pairando por ambos... até que...

Steve comprimiu ainda mais a distância entre eles e repentinamente, o Capitão passou os braços em volta do corpo da Segundo-Tenente, envolvendo-a num forte e desesperado...

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Abraço...

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Embora os dois brigassem, quase nunca se entendessem e sempre estivessem em pé de guerra por conta de suas divergências, era ela quem sempre estava ali...

Era Mary quem sempre lhe aconselhava... era ela quem lhe passava forças... era ela quem se arriscava por ele a ponto de apostar sua vida nisso...

Steve só queria deitar a cabeça no ombro feminino e esquecer todo o resto... sua alma não cabia naquele mundo...

A sensação era de que estava preso dentro de si mesmo, enquanto a chave de sua liberdade, repousava nas mãos de Kiara...

Surpreendida e sem esperar por aquilo, a Segundo-Tenente hesitou por alguns segundos... mas ao senti-lo lhe apertando com força e desespero, a garota resolvia corresponder o abraço...

Ela envolvia os braços ao redor do pescoço masculino, sentindo as lágrimas do Capitão escorrerem por seu ombro...

As gotas eram quentes e delicadas... sua pele levemente se arrepiava com o calor daqueles pingos incandescentes...

O loiro apenas queria que ela o abraçasse e entendesse que ele não tinha mais nada a dizer, a não ser...

.

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— Obrigado, Mary... muito obrigado...

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Steve agradecia pelo fato dela ser a única a enxergar nele, aquele menino do Brooklyn, antes do soro... antes do projeto Renascimento... antes de se tornar o Sentinela da Liberdade...

Sua voz era abafada pelo contato terno com os cabelos loiros e sedosos... tão macios e perfumados...

A garota sorria, ternamente satisfeita por confortá-lo...

Por mais que sempre o provocasse... por mais que brigassem... por mais que hesitasse em cair por Steve Rogers, Mary tinha suas concepções e decisões sobre não se abrir totalmente para as pessoas, completamente estraçalhada por ele...

Ela queria estar perto... queria ser amena... queria mostrar quem verdadeiramente era para Steve... sua eu real... sua eu natural... mas... não conseguia... Mary tinha uma trava... uma barreira... uma muralha gigante em torno de seu coração... ninguém tinha capacidade de quebrar a fortaleza que construiu ao redor de seu âmago... e tudo isso porque quando era criança, todos ao redor lhe decepcionaram... com exceção de sua família...

Ela não confiava nas pessoas... não confiava em ninguém... mas o Capitão América parecia abrir caminho pouco a pouco e ir quebrando em pequenos fragmentos seu congelado e petrificado coração...

Todos mereciam alguém como Steve...

Ele era tão... céu... e se destacava à sua maneira... ele era tão constelação... ele era como Orion... como nuvens tão branquinhas que dava vontade de deitar... de beijar e saborear...

Se Steve fosse cor, seria azul, porque lembrava o céu e o mar... e sempre que olhava para o céu e o mar, se recordava dele e apenas dele...

E por mais que tivesse aquela impressão sobre o Capitão, a Segundo-Tenente sabia que apenas ignorar tudo o que sentia por ele, não faria suas novas concepções desaparecerem... mas esperava ao menos que certas sensações não evoluíssem tanto...

A garota passou a acariciar o cabelo loiro, delicadamente...

— Uma dor não cicatriza enquanto estiver preso nela, Cap... deixe arder... vai curar... – Mary sussurrava, perto do ouvido dele, enquanto seus dedos vagavam pelos fios lisos do Super Soldado.

O loiro fungava sobre o cabelo ondulado...

— Eu... não sei o que dizer sobre tudo isso além de obrigado e... me desculpe...

— Não precisa se desculpar... pode deixar essas lágrimas desabarem pra te aliviar, mas por favor, não se afogue nelas...

— Eu não vou me afogar... prometo... – E então, Steve inalava profundamente aquele perfume maravilhoso da Segundo-Tenente... e ele... não sabia como parar de respirar aquela fragrância tão mágica e inebriante...

Ainda sentindo o toque plangente do Capitão, Mary apenas ouvia palavras ainda mais instigantes em seu ouvido, a ponto de sentir um arrepio delicioso em sua nuca...

— Sabe qual é a melhor parte de quando sempre brigamos, senhorita...?

— Não... qual é...?

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— É que podemos fazer as pazes...

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— Uuh, é mesmo? Não sabia que se importava tanto em fazer as pazes comigo... agora só falta você dizer que é coincidência termos nascido no mesmo universo e que secretamente você me ama, pra tudo ficar completo! – A garota o provocava, e Steve...? Bem, ele estava cada vez mais habituado a ela e sabia exatamente como rebater.

— Conte todas as estrelas do céu nesse momento e veja o quanto eu te amo, senhorita Ellis...

— Mas está de dia, Cap... não nenhuma estrela no céu...

— Exatamente...

Mary fazia uma careta, prendendo uma risada, dando um soco no ombro dele, empurrando-o para trás.

— Você está convivendo muito tempo comigo! – A garota sorria, um tanto abismada com tal piada.

— E você tem sido uma excelente professora... – O Capitão terminava de enxugar suas próprias lágrimas, sorrindo naturalmente para ela...

Mary sentia muita comiseração e empatia... mas precisava fazê-lo a voltar a realidade.

Eles agora tinham uma missão importante, e sentimentalismo não ajudava.

— Preciso te alertar de uma coisa, Cap...

— Diga...

— Se você disser que me ama um dia, eu juro que não vou me segurar e nem impedir o que vem em minha cabeça se isso acontecer, então, tome cuidado da próxima vez... tenho juízo mas gosto do perigo...! – E então, a garota piscava, sorrindo de canto.

Steve suspirava pesadamente... ela sempre fazia aqueles joguinhos... sempre flertando... sempre jogando indiretas e o ameaçando de formas estranhas, como se tivesse alguma conotação sentimental, sensual ou sexual no meio, e diante disso, já sabendo que Mary apenas dizia tais palavras só para o provocar...

O loiro se aproximava lentamente... olhando fundo dentro dos olhos esverdeados, realçados pelo brilho extraordinário do sol...

.

.

— Se você é um perigo, eu invisto na aposta...

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Steve rebatia, com a voz mais rouca que o comum... e um sorriso de canto exuberante... resplandecente... enlouquecedor...

E então, Mary Crystal sentia sua expressão se derretendo em perplexidade... os olhos dela arregalaram levemente e seu coração... bem, parecia errático...

A garota engoliu a seco... o que aquela sensação estranha significava?

Em meio a tantas perguntas sem resposta, Steve e Mary chegavam a mesma conclusão aquele momento...

Os dois amavam provocar um ao outro e não resistiam à proximidade... do calor de ambos... a intensidade queimava em suas veias, porque eram intensos separados, mas muito mais intensos juntos...

Ela o olhava como quem via o céu sobre seus muros... e mesmo que a música mais alta fluísse, era o silêncio dele que ela escutava...

Kiara sorriu... gostando do que ouvia... sim, porque o que ela mais admirava em Steve, era sua coragem e o modo como a desafiava...

O Capitão sentia um arrepio lento subindo por sua espinha enquanto a contemplava diante do pôr-do-sol...

Nos lábios de Mary Crystal, havia um gosto de tempestade... mas em seu peito, apenas um sentimento...

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Calmaria...

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Notas finais do capítulo

Vocês queriam uma Mary carinhosa? Aí está! Claro que ainda veremos a face diabinha dela por muitos capítulos, mas quando ela mostrar de fato quem é, vocês vão ver o quão afetuosa e amável ela será com ele. Vai ser muito lindo ♥

No próximo, teremos a conversa de Steve e Bucky e de Mary com os irmãos Maximoff. Será bem legal. Teremos também o prelúdio do aniversário do Capitão América, no dia 4 de Julho, Independência dos Estados Unidos, além da descoberta da real identidade da Kate. Imaginem como ele vai reagir quando souber que ela é a sobrinha da Peggy? Alguém tem um palpite?

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