Nemesis escrita por ariiuu


Capítulo 4
A festa dos Veteranos em Nova York




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A festa dos Veteranos em Nova York

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5 de Abril de 2012, 7:03 PM

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Nova York – Brooklyn

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Fazia décadas que Steve não transitava pelo Brooklyn.

Embora tivesse se mudado para um apartamento naquele bairro a poucos dias, não havia reparado adequadamente no local que passou a maior parte de sua vida.

Tudo mudara drasticamente.

Os prédios estavam mais modernos, havia mais volume de casas, mais comércios, mais pessoas... um tanto diferente de quando morava naquele bairro, antes de se tornar um Super Soldado.

E ao chegar no local do evento, o Capitão América foi recepcionado por várias pessoas importantes na entrada: Políticos, militares, empresários, diplomatas... todos agradeciam por mais uma vez o Sentinela da Liberdade salvar o mundo.

Talvez aquela tenha sido a sua primeira experiência em ser ovacionado após livrar o planeta de uma catástrofe. Ele não imaginava qual era a sensação em ser aplaudido como um herói, já que não teve como viver isso em 1945.

E de certa forma, 1945 ainda estava ali... dentro de si...

Ao entrar no prédio em que ocorreria o evento dos veteranos de guerra, o loiro se surpreendia com a linda decoração. Era algo muito belo e desigual. Ele nunca contemplou nada parecido antes.

O lugar era dividido em um enorme salão com dezenas de mesas, um palco com alguns instrumentos musicais, um gigante lustre muito requintado no topo, uma pista de dança em frente ao palco, um bar que se estendia pelas laterais do salão e luzes incandescentes em consonância com as flores.

As inúmeras bandeiras dos Estados Unidos por diversos cantos do salão, mostravam que os americanos ainda eram exageradamente patriotas e ele suspirou aliviado por notar que ao menos esse aspecto não havia mudado na sociedade moderna.

As taças de cristais davam um requinte magistral nas mesas do salão. Tudo brilhava e parecia o cenário de um filme.

A iluminação dourada era extremamente agradável aos olhos.

Ao dar uma visualizada panorâmica no ambiente, o Capitão notava que havia diversas pessoas naquele evento, de idades distintas, embora a maioria fosse pessoas muito mais velhas. Alguns trajavam suas fardas oficiais, outros roupas sociais e outros pareciam orgulhosos em vestir o traje que normalmente usariam na linha de frente de uma missão.

Soldados do exército, da força aérea e marinha se misturavam.

Steve se sentia em casa, mas sabia que faltava algo...

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Se pudesse escolher com quem estar, não tinha dúvidas que desejaria Peggy Carter e Bucky Barnes ao seu lado.

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Mas infelizmente, tal desejo era impossível...

Por mais que houvesse certa melancolia em seu maior anseio, era só mais um dia e não havia nada em seu caminho aquela noite...

Era estranho... ele não queria ir embora, mas também não desejava ficar...

Seria capaz de absorver quase 70 anos de história e mergulhar de cabeça no século 21? Seria capaz de se adaptar?

No entanto, constantemente notava que se encontrava no limite, sentindo-se perdido, sempre dando um passo atrás e sorrindo vagamente quando alguém se aproximava e lhe cumprimentava, dizendo o que ele havia perdido em quase 7 décadas.

E a conclusão que chegava era que a vida dos americanos nos dias atuais, soava exagerada e até grosseira.

As pessoas que dialogavam com Steve naquele evento, faziam menção a muitas coisas que ele não tinha ideia...

Marilyn Monroe, Elvis Presley, NASA, Beatles, Projeto Manhattan, ONU, Margaret Thatcher, a Guerra do Vietnã, Programa Apollo, Chernobyl, Woodstock, Massacre de Columbine...

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A guerra fria...

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Ele arregalava os olhos ao ouvir um grupo de jovens marinheiros que o cercou, lhe dizendo sobre todas aquelas coisas, e tentava descobrir rapidamente do que se tratava, mas eram informações muito complexas.

Levaria meses, ou talvez anos para estudar cada coisa que lhe diziam.

Era um choque cultural gigante e o Capitão se sentia flutuando, inseguro de si mesmo, fora de sintonia.

Vendo que o grupo parecia estar assustando o pobre soldado fora de seu tempo, um homem se aproximou e resolveu espantá-los dali.

— Vocês estão falando essas groselhas sobre a guerra fria sem nem ao menos terem vivido nela? – Um rapaz negro, de terno e cavanhaque os indagava, com um sorriso firme e uma expressão de desafio.

— Por quê? Você viveu nessa época? – Um dos garotos do grupo contestava, em tom de arrogância.

— Não, mas não estou inventando histórias estúpidas só para me vangloriar diante do Capitão América. – Rebatia, em tom de desaprovação.

Steve arregalou levemente os olhos.

Aquele grupo estava mentindo?

Céus como era ingênuo por imaginar que estavam lhe dizendo a verdade...

— E quem é você exatamente pra chegar aqui dizendo o que é ou não verídico? – Outro homem o questionava, como se quisesse entrar num caloroso debate.

— Eu...? Sou da Força Aérea.

— Tinha que ser...

— Pois é, marinheiros costumam ter uma rixa com os aviadores, não é mesmo? Talvez seja porque vocês têm medo de altura? – O homem sorria, cinicamente, desdenhando do grupo.

— E quais são os seus feitos, senhor aviador? – Um dos homens provocava, arrancando mais um sorriso firme do rapaz.

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— 58º Esquadrão de Resgate, Guarda Nacional Aérea, Afeganistão, Projeto Falcão...

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O rapaz terminava de dizer de onde fazia parte, onde trabalhou e no que atuou, deixando o grupo de jovens marinheiros totalmente perplexos.

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— Você é o famoso Sam Wilson? Do Projeto Falcão?

— Em pessoa... – E então, o rapaz estendeu a mão para cumprimentar o marinheiro que lhe fazia a pergunta.

Steve estava alheio a tudo o que eles diziam, não entendendo uma vírgula sequer.

— Você vestiu aquele troço na guerra do Afeganistão...? – Outro rapaz o contestava, abismado.

— Sim... é demais pra vocês? – Sam Wilson sorria, convictamente de canto.

— Não... então, galera, é melhor a gente ir, senão vão pegar a nossa mesa. – E então, outro rapaz puxava o grupo para longe.

Todos saíram imediatamente dali, deixando Steve e Sam sozinhos.

O grupo estava assustado...

O Capitão fitava o rapaz em sua frente, um tanto impressionado.

— Ah, desculpe ter sido mal-educado, mas aqueles idiotas estavam contando um monte de mentiras.

— Bem... ainda não sei diferenciar o que é real do que é falso, mas espero conseguir com o decorrer do tempo. – Steve replicava, um tanto retraído, porém, numa postura polida.

— Não será tão difícil. Sou Sam Wilson. – O rapaz erguia a mão para cumprimentá-lo.

— Steve Rogers. – O loiro apertava a mão de Sam.

— Sério? Nem reparei... mas brincadeiras à parte, não se deixe levar pelo que esses idiotas falam. Eles estavam curtindo com a sua cara.

— Só faz alguns dias desde que... fui achado no gelo. Não tive tempo de me atualizar...

— Mal saiu e já tinha uma guerra te esperando, não é? – Sam soltava um riso travesso em resposta, mencionando a batalha contra Loki.

— Nada que não pudesse lidar... – O loiro sorria sutilmente.

— Bem, de qualquer forma, peço desculpas por aqueles idiotas em meu nome. As pessoas do século 21 são muito prepotentes e gostam de inferiorizar as demais.

— Isso não é novidade alguma pra mim. Acontecia também nos anos 40.

— Então já está habituado a tais condutas, Capitão?

— Claro. Mas obrigado por espantá-los daqui. Eu jamais teria sabido que estavam me contando mentiras.

— Acho melhor você pegar um caderninho e fazer uma lista. Posso te recomendar coisas bem interessantes. – Sam Wilson sorria largamente e Steve tinha a impressão de que ele era uma boa pessoa.

E então, os dois continuaram conversando por bastante tempo e pela primeira vez desde que acordara do gelo, o Capitão finalmente conseguia ter um diálogo natural com alguém.

Ele e Sam tinham bastante coisas em comum e a conversa fluía de forma espontânea.

Em meia hora, o aviador da Força Aérea já fazia perguntas constrangedoras para ele e contava algumas piadas.

Repentinamente, o tema central da conversa era...

Peggy Carter...

— Agente Carter né? Há uma história hilária que é contada nos quartéis sobre ela.

— E o que seria...? – Steve se encontrava apreensivo, mas ao mesmo tempo curioso sobre a impressão que os militares tinham da fundadora da SHIELD.

— Ela atirou em você depois que insinuou que ela estava dormindo com Howard Stark... rapaz, eu ouvi tudo sobre isso. É lendário... são histórias tenebrosas do submundo da SHIELD que chegou aos nossos ouvidos.

— Bem... não foi exatamente por isso que ela atirou em mim. – Steve redarguia, se recordando da cena.

Na verdade, Peggy atirou nele, porque Lorraine, a loira que trabalhava na reserva científica estratégica como secretária do Coronel Phillips, lhe agarrou e lhe roubou um beijo, causando certa frustração na Agente Carter, que flagrara os dois.

— E por que ela atirou então? – Sam perguntava, extremamente curioso.

— Bem... se nos encontrarmos novamente, eu posso te contar a história toda, mas por enquanto, prefiro me abster em lhe dar detalhes sobre o episódio. – Steve sorria de canto, de modo divertido. O Capitão esperava que ele e Sam pudessem se encontrar de novo, já que o loiro enxergava no rapaz, um provável candidato a amigo no futuro.

— Uau... você vai me fritar até lá? Tudo bem então, Capitão, eu vou conter a minha curiosidade e esperar ansioso pelo dia em que você me dirá sobre essa história. – Sam correspondia ao sorriso, e então, ambos continuaram conversando no canto do salão.

E não muito longe dali, Mary Crystal, Amber Rachel e Harry Jasper chegavam ao evento.

O irmão da garota trajava a tradicional farda da marinha, enquanto as duas Segundo-Tenentes da Força Aérea optaram por trajes mais simples, porém, sociais.

— Eu estou indo para minha mesa encontrar com meus amigos. Comportem-se vocês duas, principalmente você, maninha. – O rapaz repreendia a irmã, que já fazia uma careta.

— Pode deixar, Harry! Daqui a pouco eu subo lá no palco pra fazer Strip-Tease e animar os vovôs, tá!? Minha performance vai superar a da Demi Moore! – Mary sorria de modo sombrio e Harry apenas lançava um olhar de laser para ela.

— Eu tô de olho em você. Se fizer qualquer gracinha, vou te arrastar daqui pra fora pelos cabelos. – O rapaz a ameaçava e a garota apenas ria como louca.

— Vou fazer um Pole Dance bem sensual até que as dentaduras desses vovôs caiam nas taças de champanhe...! – Mary começava a rebolar, externando uma expressão obscena e completamente safada.

Harry a deixou falando sozinha, caminhando para longe.

Amber observava o lugar, impressionada com a decoração, as luzes e a quantidade de pessoas espalhadas pelo grande salão.

— Olha o tanto de gatinhos nessa festa! São tão lindos que nem dá pra escolher! – A amiga de Mary cochichava, totalmente imersa na imagem deslumbrante de dezenas de homens jovens e fardados.

— Sai dessa, amiga, os militares são a pior raça pra ter qualquer tipo de relacionamento.

— Kiara... você é uma militar...

— Eu tô falando de mim mesma. – Mary olhava ao redor, já mirando o bar na beira do salão.

Porque absinto, whisky e vodka eram as coisas mais interessantes que haviam naquele lugar...

— Você diz isso porque nunca se apaixonou. – Amber revirou os olhos em resposta.

— Ainda bem né? Já pensou se essa maldição recai sobre mim? E olhe ao redor! Tá cheio de mulheres artificiais dando em cima desses caras, querendo arrumar um bom partido que tenha uma carreira promissora no exército pra casar e viver torrando a grana deles como verdadeiras madames de luxo!

— Como você consegue deduzir tudo isso?

— Tenho um excelente faro para mulheres interesseiras... – Ela piscou para amiga, que franzia o cenho, desacreditada.

— Para de ser tão chata. Viemos aqui pra descontrair!

— Eu não... eu vim tocar piano e depois ir embora. Esse lugar é entediante, então, não sou obrigada, mas antes... Vamos para o bar!

Mary Crystal era uma garota belíssima e tudo ficava mais nítido quando a jovem caminhava pelo salão, arrancando muitos olhares curiosos por onde passava...

De homens e mulheres...

Ela trajava um vestido longo e escuro com um decote discreto envolta das alças que formavam um X no busto, sandálias de salto na cor preta, um bracelete dourado com formato ondulante, um anel de prata com um diamante no centro do dedo anelar, unhas transparentes e bem-feitas, brincos de pérola, uma leve maquiagem, cuja sombra em degrade entre o preto e o cinza realçava os claríssimos olhos verdes, os lábios num tom de vermelho carmesim, além da elegante trança no topo do lado direito, deixando os longos e brilhosos cabelos loiros da garota com um aspecto deslumbrante.

Amber também se encontrava com trajes requintados. Cabelos lisos penteados para o lado, deixando o corte Chanel ainda mais elegante, uma sombra preta forte nos olhos, brincos com triângulos virados para baixo, um vestido preto simples e básico, porém sofisticado, e sandálias na mesma cor.

As duas seguiram para o bar e logo pediram um drink ao barman. 

Ao se sentar e virar para frente, Mary Crystal tinha uma boa panorâmica do local.

Observando o quanto muitas mulheres pareciam se jogar em cima dos rapazes mais bonitos da festa, ela soltava várias piadinhas ácidas.

— Olha aquela ali, Amber. Hoje o lucro é do motel, amanhã é da farmácia! – A Segundo-Tenente sorria maquiavelicamente enquanto segurava uma taça de cristal com coquetel.

— Como você é má... – A amiga da garota desferia um olhar perplexo em sua direção.

— Sabe... certos relacionamentos me inspiram... a continuar solteira...!

— Diga isso quando o cupido acertar a flecha em seu coração. – Amber piscava enquanto sorria, provocando-a.

— Se o amor é uma doença, eu nasci imune, queridinha... - A loira sorria de canto, certa de que nunca se apaixonaria.

Preferia pular a muralha da China se isso acontecesse.

— Eu quero só ver se você vai continuar com esse pensamento quando achar o homem da sua vida!

— O homem da minha vida sou eu mesma, Amber.

— Não, Mary. Um dia, você vai topar com alguém que vai abalar as suas estruturas. Uma pessoa que vai virar seu mundo de cabeça pra baixo, fazer seu coração bater mais rápido, suas mãos suarem, te causar arrepios espinha abaixo e suas pernas tremerem!

— Amiga, isso aí é infarto agudo do miocárdio, não é amor não. - Mary Crystal lançava um olhar grotesco na direção da amiga, como se a mesma tivesse cometido um homicídio. 

— Não, Kiara, eu apenas estou dizendo o que você merece ouvir: Pare de menosprezar as pessoas apaixonadas, porque um dia, vai chegar a sua vez.

— Eu prefiro desafiar o estado islâmico do que me apaixonar, então vira essa boca pra lá.

— Não negue o inevitável.

— Inevitável? Você acha que quero fazer parte desse circo de horrores? Metade das pessoas aqui estão namorando. A outra metade está os ameaçando com prints!

— Ok, senhora sabe tudo que tem uma bola de cristal pra adivinhar o futuro!

— Sou feliz assim... a minha frieza e ironia é o que mantém meu coração inteiro. – Mary Crystal esboçava um sorriso satânico, mas belo como a de um puro e esplêndido anjo de luz...

O que era o brilho do sol comparado ao resplendor daquele sorriso? Tão límpido e estonteante, que se um poeta pudesse transcrever em palavras, chamaria de temerária alvorada?

Amber sempre presenciou a indiferença de sua amiga quanto as pessoas e a humanidade em si... mas nunca pensou que Mary transformaria isso em piadas sombrias que alimentavam todo o sadismo e apatia que possuía por todos no geral, com raras exceções.

— Por que você é tão fria, Mary...?

E então, a garota apenas sorriu de volta, exibindo um olhar nebuloso, ameaçador e flagelado... nele, era possível vislumbrar manhãs cinzas, antes de uma violenta tempestade... como se o mundo inteiro fosse ruir...

Ela entreabriu os lábios e respondeu à pergunta da amiga...

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— As pessoas não podem te ferir se elas não significam nada para você...

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Amber revirou os olhos.

— Desisto de te convencer do contrário. Você é assustadora.

— Obrigada pelo elogio. – Mary piscava lentamente enquanto balançava o drink na taça de cristal.

Sua amiga olhava para todos os cantos, como se estivesse procurando alguém em específico.

E ela estava...

— Como se chama um homem inteligente, bonito, sensível e disponível?

— Lenda. – Mary redarguiu, ironicamente.

E quando Amber pensou em rebater, seus olhos miraram uma figura que se destacava dos demais, do outro lado do salão.

Ela sorriu no mesmo instante.

— Lenda é...? Tipo aquela lenda viva ali...? – A amiga de Mary apontava para o lado esquerdo e os olhos verdes da garota giraram imediatamente, a procura de quem Amber mencionava.

Quando a loira finalmente encontrou a pessoa que sua amiga se referia, o olhar dela se alargou levemente.

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Steven Grant Rogers...

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O Capitão América...

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Mary Crystal Ellis o analisou por breves segundos...

Mas não era porque estava impressionada ou curiosa sobre ele, e sim porque desejava constatar se aquele homem era o mesmo que viu entre os escombros, próximo à Torre Stark, um dia antes.

Mas como ela já imaginava...

Ele não parecia ser a mesma pessoa.

Seu rosto era muito mais jovem do que aquele homem que encontrou no dia anterior.

— Isso é muito estranho...

— O quê...?

— Aquele Capitão América que encontrei ontem, não é o mesmo que está aqui nessa festa.

— Isso é impossível.

— Você sabe que não é impossível, Amber... – A loira afirmava e sua amiga esboçava um semblante sério...

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Ela sabia exatamente que Mary Crystal possuía habilidades fora do comum, que a faziam diferente de qualquer ser humano.

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Mas quando as duas pensaram em debater sobre a questão, o evento oficialmente começava e um senhor, que mais parecia um militar aposentado, abria a cerimônia, falando algumas palavras no microfone.

Ao terminar com a formal entrada, todos aplaudiram.

Diante do som das palmas, Mary continuava analisando Steve Rogers de longe, com o olhar estreito e o cenho franzido, ainda muito desconfiada...

Só que a garota foi tirada de seus devaneios quando a voz que falava no microfone do palco principal, passou a ecoar pelas caixas de som nas laterais do salão, anunciando a primeira atração daquela noite.

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— Vocês sabem que há muitos jovens promissores no exército, marinha e força aérea, e que alguns deles são verdadeiros artistas...? Uma jovem donzela nos dará a honra de mostrar suas habilidades musicais essa noite, para abrir a trigésima quinta festa dos Veteranos em Nova York.

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— Kiara, ele tá falando de você! – Amber cutucava a amiga com o cotovelo, e então, a atenção da garota se voltou para o palco.

— Mary Crystal Ellis, por gentileza, nos dê a honra de sua presença no palco! – E então, o anfitrião da festa, que era um general de alta patente, anunciava a entrada da garota como a primeira atração do evento.

Todos batiam palmas e as luzes apontavam a direção exata de onde a jovem estava.

A maioria ali, sabia que Mary e Harry representavam o Presidente Matthew Ellis no evento, e que não podia estar em todas as solenidades importantes ao redor do país, já que estava em campanha.

A Segundo-Tenente então se levantou do banco onde sentava ao lado da amiga e passou a caminhar na direção do palco.

— Vai lá e arrasa! – Amber piscou e Mary sorriu de canto, acenando para ela.

Harry, que sentava numa mesa com os amigos, batia palmas com um lindo sorriso no rosto.

Embora repreendesse sua irmã na maior parte do tempo, ele tinha muito orgulho dela, principalmente porque a garota possuía habilidades extraordinárias, entre elas, seu incrível talento com o piano.

E então, a loira caminhava rumo ao palco, sorridente e acenando para todos.

Mesmo que fosse apática com o mundo, sabia que tinha de se comportar impecavelmente para certas categorias, já que seu pai era o Presidente dos Estados Unidos, ou seja...

Mary tinha de manter as aparências...

Ela subia as escadas, com ajuda de um membro do exército, que segurava delicadamente sua mão, como gesto de cavalheirismo e cordialidade.

Coisas que ela odiava, mas tinha de fingir que adorava...

A garota dirigiu-se para o meio do palco e assumiu o microfone, com uma feição luminosa e gentil.

Sua expressão era de pura alegria...

— Boa noite a todos. Me chamo Mary Crystal e apresentarei a adaptação de uma música muito conhecida pelos nossos incríveis veteranos de guerra, afinal, essa noite é em homenagem a eles. Espero que apreciem e divirtam-se.

A garota possuía uma oratória fina e requintada, fazendo certo suspense sobre a música que tocaria, no entanto, sempre mantinha um papel de discrição, porque além de não querer chamar atenção por ser filha de Matthew Ellis, não tinha o mínimo interesse de atrair tantos olhares para si.

A Segundo-Tenente sentou-se no banco em frente ao piano de cauda, ajustou sua postura, arrumou o suporte do microfone ao lado e posicionou os dedos para o meio do instrumento que possuía sete oitavas.

Ela fechou os olhos e respirou fundo.

Um pequeno ritual antes de começar...

Os dedos finos da garota deslizaram majestosamente pelas teclas, iniciando a música...

Apenas com quatro segundos, era notório sua incrível destreza com o piano e  após uma pequena introdução...

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— I'm nothing special  (Eu não sou nada especial)

— In fact I'm a bit of a bore, (Sou até um pouco entediante)

— When I tell a joke, (Quando eu conto uma piada)

— You've probably heard it before, (Você provavelmente já a ouviu antes)

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Depois de surpreender a todos tocando, a garota tornava tudo ainda mais surpreendente ao cantar enquanto tocava.

Todos começaram a aplaudi-la quando reconheceram a música que ela executava com maestria...

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Thank You for the Music – Abba.

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Mary Crystal não era apenas uma excelente pianista, como também uma exímia cantora.

Sua aptidão com o piano era uma cena belíssima de se contemplar.

A forma como a mesma deslizava os dedos pelas pesadas teclas do piano de cauda e o pé direito provavelmente intercalava entre os pedais do instrumento, dando mais dinâmica à música que executava, transformava sua performance numa verdadeira obra de arte.

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— So I say... thank you for the music, the songs I'm singing… 

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Ao fundo do salão, Steve e Sam, que permaneceram conversando sem parar, se concentravam agora na garota que tocava piano, e cantava a adaptação de uma bela música que possuía uma letra interessante.

O Capitão atentava para a forma delicada e refinada ao qual a loira tocava e cantava.

Por sua extensão vocal, sua voz oscilava entre soprano e soprano-lírico... era doce, mas ao mesmo tempo firme... enfática e expressiva... possuía densidade e leveza... algo singular...

Seu timbre confundia quem a ouvia pela primeira vez... ao mesmo tempo que o som de sua voz lembrava a de uma menina em tenra idade, havia momentos que sua intensidade fluía tão potente que só uma mulher madura conseguiria entonar tal melodia contrastante.

Ela cantava e tocava piano divinamente bem... era incrível...

— Pensei que veríamos alguma banda marcial tocar... – Steve confessava, não esperando ver uma garota com aquele perfil abrir o evento.

— Ela é impressionante, não acha?

— Sim... – O loiro não despregava os olhos do palco, um pouco hipnotizado pela dona daquela voz.

— E você sabia que essa menina é Segundo-Tenente da Força Aérea? – Sam alegava, fazendo o Capitão América virar o rosto em sua direção, perplexo por sua declaração.

— Essa garota!? Segundo-Tenente!? Está falando sério ou é alguma piada?

— Sim. Por que eu mentiria? Eu a conheço da base de Colorado Springs. Ela é piloto do F-15E Strike Eagle, um bombardeiro de caça.

O loiro arregalou os olhos com as últimas palavras de Sam Wilson.

— O quê...? Mas... como...? É que... não imaginava que isso seria possível... desculpe... – Steve Rogers mostrava um espanto exacerbado...

Baixa, magra, rosto angelical, cabelos loiros, olhos claros e uma expressão de menina...

As aparências enganavam... e muito...

Aquela linda jovem era uma piloto? Tal afirmação soava totalmente inacreditável...

Em sua época, as mulheres não conseguiam chegar a um posto tão alto, que dirá pilotar um caça. O machismo imperava no século 20 e ele não imaginava que tais padrões haviam sido quebrados na era moderna.

— Eu imagino o seu espanto. As mulheres não costumavam ter tanto destaque no exército nos anos 40, certo? – Sam meio que achava engraçado a cara perplexa de Steve Rogers. Era nítido que todas aquelas informações eram muito para ele suportar.

— Peggy se lamentava sobre isso... e eu sempre achei que era perigoso para uma mulher estar na linha de frente de alguma missão arriscada, mas... vejo que isso mudou nos dias atuais...

— Não devia subestimá-las. Muitas fazem mais do que todos nós.

— Não estou subestimando... é só que...

— Sei... você teve uma criação conservadora e bem diferente da minha, então entendo o seu ponto de vista. – Sam alegava, tocando o ombro do loiro.

— Isso é muito impressionante... – Ele olhava para o palco, com uma feição atônita.

— Amigo... essa baixinha loira é Bacharel em Ciência da Computação. Ela trabalhou arduamente pra estar nesse posto. Se eu fosse você, não julgava pela aparência, porque ela é osso duro de roer. – Mais uma vez, Sam deixava o Capitão sem palavras.

Agora mais do que nunca, o Super Soldado parecia estar um pouco mais interessado na garota que tocava piano e cantava, como se fosse uma verdadeira artista e não... uma Segundo-Tenente...

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— Without a song or a dance what are we? (Sem uma canção ou uma dança o que somos?)

— So I say... thank you for the music, (Então eu digo… obrigada pela música)

— For giving it to me… (Por dá-la pra mim)

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E então, Mary Crystal terminava a música, fazendo com que o salão inteiro a aplaudisse...

Todos de pé...

Incluindo o próprio Steve Rogers, que não conseguia desviar os olhos dela...

A garota se levantou e sorriu, inclinando o corpo para frente, num gesto de gratidão.

— Obrigada por apreciarem. Essa música é uma homenagem a todos vocês. – Mary agradecia, dizendo palavras recatadas no microfone.

A voz dela era tão tranquila... como águas cristalinas, acalmava qualquer mente atordoada, trazendo uma forte sensação de serenidade e paz. Seu jeito de falar era tão doce que acalentava o coração de todos.

Ela parecia um anjo... e seu sorriso era tão lindo, que desembaralhava todo aquele caótico mundo de confusão...

O anfitrião pegou o microfone das mãos dela e a primeira coisa que disse foi...

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— É possível que você toque Sonata ao Luar para nós...?

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A garota arregalou os olhos, sorrindo amplamente de nervoso enquanto as palmas de todos do salão aprovavam as palavras do veterano de guerra.

— Certo, tocarei essa peça nada clichê... – Mary aceitava a sugestão fazendo uma simples piadinha, e então, passou a caminhar rapidamente de volta para o piano.

Na verdade, ela queria sair correndo dali e voltar a encher a cara com o melhor whisky do bar enquanto fazia piadinhas das pessoas mais hilárias, rindo junto de Amber, mas tinha que entreter aqueles velhos chatos...

Segundos depois, todos fizeram silêncio enquanto a Segundo-Tenente abria uma pasta com várias partituras na estante do piano de cauda.

Ela bufou de raiva... 

Pouco tempo depois, a garota posicionou os dedos nas teclas, se aprontando para começar a executar a peça, e então...

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O primeiro movimento começava... uma melodia melancólica no andamento 3/4...

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O Capitão América se lembrava daquela melodia. Ao menos tinha orgulho de ser um amante de música clássica e conhecer de cor a peça composta por Beethoven.

Imerso em cada nota da peça executada, Steve se impressionava no quanto a garota se mostrava conhecedora da música, já que acertara tudo com extrema precisão.

Até as dinâmicas eram perfeitamente exatas e ela executava cada expressão da forma adequada a peça original.

De certa forma, aquela música lhe fazia viajar para a época em que ainda era apenas um menino no Brooklyn e morava com sua mãe...

Era uma melodia nostálgica...

As delicadas mãos da loira moviam-se magistralmente, tocando cada tecla com muita facilidade...

Um perfeito sorriso adornava os graciosos lábios de Mary Crystal.

Os olhos fixos na partitura...

Ela não errava nenhuma nota... era incrível...

E depois de quinze minutos, a Segundo-Tenente finalmente terminava, fazendo todos levantarem e a aplaudirem de pé, novamente.

A garota se levantou mais uma vez, sorrindo enquanto acenava e agradecia a todos, mas por dentro, queria que tudo aquilo explodisse e fosse pelos ares.

Ela se despediu e passou a caminhar para fora do palco, já que outra pessoa deveria se apresentar naquele momento.

Ao descer as escadas, ainda muito risonha, a loira se deparou com um marinheiro que lhe aguardava.

A segundo-Tenente quis expressar uma careta de ojeriza, mas tinha que fingir e manter as aparências...

O rapaz que lhe aguardava era mais um de seus perseguidores...

Colega de Harry e Major da Marinha: Edward Cedric Johnson.

— Mary Crystal, faz exatamente seis meses que não nos vemos... – O rapaz declarava, mantendo os olhos fixos em seu rosto.

E por mais que desejasse incinera-lo e reduzir sua insignificante existência a nada, ela apenas sorriu docemente.

— Há quanto tempo, Edward... como vão os seus pais...? – Mary redarguia, com um sorriso macabro no rosto, fazendo o rapaz esboçar uma feição sobressaltada.

— Mary, você sabe que meus pais morreram há três anos...

— Aah, me desculpe, eu tenho uma péssima memória, ahahaha! – E então, a loira virou de costas, deixando-o sozinho, mas o rapaz ignorou a ultrajante falta de educação dela e passou a caminhar ao seu lado.

— Me diga... o que fará depois que a festa dos Veteranos terminar? Por que não tomamos um drink mais tarde...?

— Agradeço o convite, mas após o evento, voltarei para o hotel junto com o Harry.

— Mas o Harry disse que iria para outro lugar depois da festa.

De costas para o rapaz, a loira suspirou impaciente, fazendo uma careta e xingando seu irmão dos piores palavrões, mentalmente.

Então, ela se virou para ele novamente, com um sorriso forçado nos lábios.

— Estou com a Amber. Não posso deixa-la sozinha.

— Bem, posso apresentar um amigo a ela, o que acha? – O marinheiro sorriu maliciosamente e a sobrancelha de Mary começava a tremer de nervoso, já que estava fazendo um esforço descomunal em se manter calma e não fazer sua mão estalar no meio da cara dele no mesmo instante.

— Acho melhor perguntar para ela antes. Será que você pode me esperar aqui?

— Claro... posso te esperar para sempre... – Ele piscou e a garota apenas conteve a imensa vontade de sacar uma arma, meter uma bala no meio de sua testa e fazer sua massa encefálica se espatifar pelo chão.

Mary virou de costas, caminhando na direção do balcão do bar, onde Amber se encontrava sentada.

— Ainda é ilegal fazer autópsia em pessoas vivas!? – A segundo-Tenente se encontrava vermelha, bufando, prestes a entrar em erupção.

— Cruzes... por que tá me perguntando isso!? – Amber se assustava com as palavras de sua amiga.

— Quanto mais louco o mundo fica, mais espaço eu tenho para ser louca e parecer normal. Isso não é ruim?

— Deixa eu adivinhar... o Edward está atrás de você?

— Bingo!

— Dá um soco nele e resolve isso de uma vez.

— Você sabe que eu não posso. Fui proibida por meus pais de usar as palavras pra humilhar as pessoas... que dirá os punhos para soca-las.

— Então fala com o Harry que ele está te incomodando.

— O Harry está enchendo a cara com os amiguinhos. Nem lembra que eu existo!

— Então saia de fininho e vá embora.

— Regra número da família Ellis: Só vá embora depois de marcar duas horas mínimas num evento. Há muitos eleitores do meu pai aqui. Não posso sair.

— Então eu não sei o que te sugerir. Você está de mãos atadas.

— Já sei! Eu vou encontrar alguém que faça esse idiota recuar e...- Mary não conseguiu terminar o que estava dizendo, porque...

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Seu olhar cruzou com o de Steve Rogers, do outro lado do salão...

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A garota se espantava ao notar que o Capitão América parecia lhe observar discretamente naquele instante, no entanto o loiro desviou os olhos rapidamente para outro lugar, ao perceber que ela reparava em sua... curiosidade em fita-la...

— Amber... já achei o cavaleiro de armadura brilhante que vai me salvar do demônio...

— Mas Kiara, o demônio é você, não o Edward.

— Exatamente. O herói que vai salvar o Edward de não ter que lutar contra o demônio que está preso em mim... – A garota sorria de canto... seus lindos olhos verdes reluziam diabolicamente.

Quando Amber procurou a pessoa que sua amiga mirava, a garota tomou um susto.

— O Capitão América!? Você tá louca!?

— Não existe alvo melhor. Vou convidá-lo pra uma dança. – A loira fixava o olhar esverdeado no Super Soldado.

— Você tá de brincadeira né!? Vai se meter justo com ele!? Não pode ser um homem normal!?

— E daí!?

— Você não é a única de olho nele nessa festa! Olhe ao redor e veja quantas mulheres estão encarando ele!

— Sim, você tem razão. Eu e a torcida dos Dodgers estamos de olho no Capitão, mas se essas idiotas não tomaram iniciativa até agora, então eu farei o que elas não têm coragem. Simples.

— O Capitão não é um homem igual aos da nossa época, Kiara! Ele é um idoso no corpo de um jovem! Você vai quebrar a cara, porque ele não vai aceitar dançar com você!

— Bem... lembra aquele cursinho de férias de atuação na escola de artes cênicas que fiz em Los Angeles? Vou colocá-lo em prática agora mesmo!

— Eu não acredito que você vai fazer uma maluquice dessas... – Amber massageava as têmporas, desacreditada das sandices de sua amiga.

— Doce, feminina, delicada, sensual e provocante! Vou usar essa versão. Acha que ele vai se apaixonar à primeira vista por mim...!? – Mary fazia um biquinho fofo enquanto piscava sem parar, tentando ser meiga e encantadora, o tipo ideal da maioria dos homens.

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— Você vai interpretar a Cherry Bomb!? Aquela personagem ridícula que você inventou pra enganar um cara anos atrás!? É isso que você vai fazer com o Capitão América!?

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— Ela mesma. Esse tipo grotesco de mulher é o que atrai esses idiotas. Vai ser só mais um que vai cair na minha teia e terei o imenso prazer de rir da cara dele no final! – A Segundo-Tenente tirava um gloss labial que havia em sua bolsa.

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— Isso é muito má de sua parte, sendo você uma fã dele...

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— Amber, por favor... eu fui fã do Capitão América quando era uma garotinha. – Mary torcia o nariz diante da provocação da amiga enquanto terminava de retocar o gloss em seus lábios, deixando-os ainda mais brilhantes e sedutores.

— Bem, eu realmente espero que dê certo, porque o Edward está vindo pra cá nesse exato momento.

— Então, tá aberta a temporada de caça! Me arrume uma carabina com pentes, porque a Cherry Bomb está prestes a atacar! – E então, Mary Crystal guardava sua maquiagem na pequena bolsa que resolvia deixar com Amber, caminhando na direção do Capitão América logo depois, com uma expressão meiga no rosto e a maldade no coração...

Amber revirava os olhos. Dessa vez, sua amiga havia ultrapassado os limites da razão, mas ela nada faria para impedi-la.

E eis que naquela festa tinha um cara... Pense em um cara bonito... Agora pense em um cara muito bonito... Agora esqueça isso, porque sua imaginação não deve ser capaz de criar a imagem de um homem mais bonito que aquele ao qual ela se aproximava...

Steve Rogers...

O cara mais lindo de toda aquela festa idiota...

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Será que ele resistiria a doce e amável Cherry Bomb...?

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Notas finais do capítulo

É agora, Brazyl! É agora que o nosso Cap vai conhecer a senhorita pesadelo e... bem, não vou dar spoilers, mas a pergunta que não quer calar é: A MARY VAI CONSEGUIR CONQUISTÁ-LO? FAÇAM SUAS APOSTAS, CRIANÇAS?? Tudo o que posso dizer é: Será uma linda surpresa pra todos vocês!

Nos vemos na segunda-feira à noite.



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