Nemesis escrita por ariiuu


Capítulo 36
Uma missão de risco e sacrifício




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Uma missão de risco e sacrifício

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15 de Junho de 2012, 07:00 PM

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Prisão Balsa - Oceano Atlântico Norte

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Wanda Maximoff recebia instruções do Conselho Mundial de Segurança e Nick Fury, de procurar por pistas envolvendo a HYDRA, na mente do Soldado Invernal.

Inicialmente, a garota descobriu todos os nomes e as localizações de membros e ex-membros importantes. Descobriu sobre as missões que o punho da HYDRA havia feito nas últimas décadas e mistérios que para a SHIELD, agora faziam sentido.

Mas ainda não havia nada sobre a atual localização de Alexander Pierce.

Naquele dia em específico, essa seria a missão da Feiticeira Escarlate: Procurar por pistas sobre onde o Ex-secretário da SHIELD poderia estar.

Se no início, Bucky se mantinha disposto a colaborar, agora as coisas mudavam.

Quando descobriu que Wanda o tinha feito dormir na última sessão que estiveram juntos, ele passou a enxerga-la como mais uma marionete nas mãos de todos aqueles agentes.

As coisas não seriam mais como antes... seriam...?

E mais uma vez ela estava ali, entrando na cela do sargento, para remexer sua mente de novo.

Bucky estava sentado na mesma mesa onde os dois fizeram seus primeiros contatos.

Ele a encarava com uma frieza congelante... e a Feiticeira já entendia que o mesmo parecia ter perdido o único resquício de simpatia por ela.

Só que ela não o julgava... sentia o mesmo por todos ali, com exceção de seu irmão Pietro.

— Posso me sentar? – O questionava, esperando que ele assentisse.

— Não faça perguntas como se eu tivesse alguma opção. – Retorquia, de modo impassível.

Wanda sentava na cadeira, de frente para ele.

A garota o encarava da mesma forma indiferente.

— Estou fazendo isso para amenizar a minha sentença. – Ela explicava o real motivo de estar ali.

— Eu sei. Tudo tem um preço, afinal. – O soldado respondia, de forma ríspida.

Depois que seus olhares cruzaram por alguns segundos, a Feiticeira ergueu a mão, no ímpeto de tocá-lo, só que...

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Bucky segurou a mão dela, com força.

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— Não pense que vai fazer seus joguinhos mentais comigo e sair ilesa, sua aberração... – Replicava de forma explícita, sua aversão sobre ela.

— Você também é uma aberração, Soldado Invernal... ambos somos... – E então, Wanda puxava sua mão de volta, tocando o rosto dele sem seu consentimento, deixando-o levemente assustado.

E então, a garota se moveu para dentro daquela mente caótica e totalmente desordenada, a força... sem que ele permitisse.

Havia muita escuridão dentro dele... muita tragédia...

Uma coisa era estar com o sargento fisicamente, mas sentir as emoções e viajar para dentro de sua mente, era algo totalmente diferente...

Tudo o que ela descobria ali, era fatalmente doloroso, e teria feito qualquer pessoa enlouquecer. Mas Wanda era forte... talvez a mais forte para lidar com o Soldado Invernal naquele momento.

Ela sabia que o soldado jamais perderia o controle em sua presença, porque era a única capaz de detê-lo.

Bucky sabia que aquela garota lidaria com seu descontrole, mas seu receio não era perder o controle e sim com o que a mesma descobriria ao peregrinar sua mente sombria...

Ele não se sentia à vontade em saber que ela veria partes do que ele é, ou do que já foi... daquela escuridão eclipsando a luz e arrastando-o de volta para o abismo...

Aquela garota não merecia ver aquilo, tampouco relembrá-lo do quão assustador ele era.

Bucky não confiava nela, mas não conseguia apagar a expressão que a mesma mostrava em sua frente, vez ou outra. Ele não tinha controle sobre suas impressões e concepções sobre as pessoas.

O sargento sabia que a Feiticeira poderia entrar em sua mente sem seu consentimento, mas ela sempre optava por ter sua permissão primeiro. Wanda respeitava seus limites, embora estivesse ali a pedido da SHIELD.

Se o soldado a pedisse para não se aproximar e não desse consentimento para entrar em sua mente, talvez a missão dela falharia... Wanda não gostava de forçar ninguém a nada...

Quando a Feiticeira entrou por algumas portas que ligavam a memórias muito antigas, percebeu que aquela não era a época certa. Mas tudo estava fragmentado... era impossível transitar por ali e se localizar.

Memórias recentes... ela precisava de memórias dos últimos meses que mostrassem algo sobre onde Alexander Pierce estava.

Wanda tentou, de todas as formas, achar tais recordações, mas tudo o que teve em resposta foram duas séries dolorosas de lavagem cerebral e o rosto do Ex-Secretário da SHIELD, pedindo aos membros da S.T.R.I.K.E. para o resetarem.

A dor física era real, mas as cicatrizes emocionais que Bucky carregava, eram insuportáveis... as consequências de seu passado se misturando com a vida de um assassino programado, o transformaram numa pessoa caótica, errática e confusa.

Além do mais, havia palavras que ligavam o Soldado Invernal... palavras desconexas escritas num caderno vermelho com uma estrela no meio. Aquilo estava impregnado nas profundezas mais obscuras de sua mente tumultuada.

Aquelas palavras estavam ligadas a certas lembranças do passado dele.

O gatilho que acionava o maior assassino da HYDRA...

Seria letal se alguém acionasse... e ela temia passar por ali...

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Vagão de carga...

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Aquele disparo, estava relacionado ao último momento onde Bucky Barnes foi verdadeiramente ele mesmo. Os últimos momentos antes de sua antiga identidade desaparecer... o último instante antes dele se tornar o Soldado Invernal.

Era doloroso... aquelas memórias estavam enraizadas no intrínseco de sua mente...

Quando Wanda se aproximou, teve o vislumbre de momentos horríveis, dos piores assassinatos que o mesmo cometeu...

A garota começava a ficar nervosa por estar ali...

Ela o via naquelas condições... e temerosa, recuava...

Era como se o Soldado Invernal estivesse solto em sua frente, a olhando depois de cumprir uma missão, com seu traje tático e sangue espalhado por todos os cantos.

A feiticeira o fitava com uma expressão de medo...

Uma sensação excruciante e assombrosa a envolvia...

Era hora de sair dali...

E então...

Wanda abria os olhos... enxergando-o em sua frente...

O semblante do sargento era de indiferença e ele sabia o que tinha acontecido. Ela sempre o deixava ver o que ela via...

Os dois permaneceram em silêncio... numa sinistra e trágica troca de olhares...

Perdidos um no outro...

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15 de Junho de 2012, 08:11 PM

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Tijuana - México

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Steve e Mary atuavam disfarçados numa missão conjunta com Natasha e Clint em Tijuana, no México, uma cidade que fazia fronteira com a Califórnia.

Havia pistas de que alguns membros da S.T.R.I.K.E. estariam por ali, e o Capitão América e a Segundo-Tenente se preparavam para entrar num clube retrô, atrás de dois deles.

Steve andava com um disfarce clichê, que se baseava num simples boné e óculos de “grau”.

Já Mary Crystal, usava uma peruca morena, lentes de contato castanhas e sardas no rosto.

Ela até estava curtindo a ideia...

O Super Soldado esperava por ela na frente da pousada onde deixavam seus pertences, sem saber que horas a garota sairia dali, pronta para a missão.

Kiara saia do local e quando o avistou na porta do prédio, se aproximou sorrateiramente, devagar, chegando por trás do Capitão, sussurrando em seu ouvido, perto da nuca...

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— Hail, HYDRA...

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Imediatamente, Steve se virou e agarrou o pulso dela com força, num instinto de defesa, mas quando percebeu que era a Segundo-Tenente, afrouxou o aperto e... a fitou de baixo em cima, sem a menor discrição, abismado...

Ela parecia uma pessoa totalmente diferente...

Seus cabelos, seus olhos, sua pele, suas roupas... roupas essas que se resumiam a uma blusa colorida com um decote em V nas costas, um short cintura alta de camurça e botas altas coloridas.

Ainda que não quisesse e julgasse tal concepção um absurdo, ele não podia deixar de assemelhá-la a Peggy... só não entendia o porquê...

Steve chacoalhou a cabeça para sair do frenesi.

— Mal começamos nossa missão e você já está agindo como uma criança, senhorita Ellis?

— Hey, não me chame assim! Agora o meu nome é Maria Joaquina Fernández! – Ela esticava os braços para cima, animada por estar no México.

— Muito engraçado... – O loiro a encarava com uma feição ríspida.

— É muito longo esse nome... vou substituir por minha nova personagem.

— Que personagem?

— A Crisp!

— Crisp? Isso não é o nome de uma sobremesa americana?

— Acertou. Hoje não dá pra usar a Cherry Bomb e nem a Pumpkin Pie. Elas são muito meigas...!

O loiro revirava os olhos quando se recordava daquelas personagens ridículas que Mary interpretou meses atrás, apenas para sacaneá-lo.

— Agora eu preciso me acostumar com esse seu disfarce idiota, porque se você já parece um pateta sendo quem é, com esses óculos isso parece estar mais evidente. – Kiara ridicularizava o disfarce do Super Soldado.

— Eu me ofenderia se fosse antes, mas já estou ficando habituado a suas infantilidades. – Steve a encarava com um olhar firme e de certa forma, até soava intimidante para ela, mesmo que ele parecesse um CDF adulto.

— Ok Cap, só que antes de entrarmos, tenho que te lembrar de algo importante: Se vamos fingir que somos um casal, temos que fazer isso direito, ou ninguém vai acreditar, entendeu?

— Você sabe que isso é um pouco impossível...

— Não interessa se é impossível. Temos que fazer, ou a missão falha.

— Sim, você está certa... – O loiro suspirava um pouco impaciente e relutante com a ideia de ter de fingir ser um casal junto com ela, ideia de Natasha Romanoff, que parecia estar se divertindo e não agindo como a letal Viúva Negra, temida por todas as organizações de espionagem do mundo.

— Leve isso mais a sério. – Mary o repreendia, olhando fixamente na direção do loiro enquanto mantinha as mãos na cintura.

— Estou tentando, e se você parar de ser irônica e cínica, vai facilitar as coisas pra mim.

— Ok. Eu não agirei assim. – Ela revirava os olhos.

— Não quero suas piadas sarcásticas e fora de hora também.

— Ok. Não farei...

— E não quero que fique me provocando enquanto atuamos.

— De acordo!

— Também não quero que você fique me tocando tão intimamente e-

— AAH, PARA DE SER TÃO FRESCURENTO!!! VOCÊ É UM HOMEM!!! APENAS AJA COMO UM HOMEM NORMAL AO MENOS QUANDO ESTAMOS FINGINDO!!! – Kiara começava a perder a paciência. Steve parecia uma menininha mimada e exigente com medo de perder a virgindade.

— Agir como um homem normal!? E quando foi que não agi!?

Mary começava a massagear as têmporas, irritada com aquela pergunta idiota.

— Cap, eu sou uma mulher... e eu sei que não sou de se jogar fora, então o que você sente quando olha pra mim? É só aversão? Tem certeza?

Aquelas perguntas arrancavam um leve rubor nas bochechas do Super Soldado.

— Você já sabe a resposta... por que está perguntando?

— Na festa dos veteranos... você soube corresponder quando pedi pra acompanhar meus passos... então se acontecer qualquer coisa lá dentro, você precisa agir como se fosse uma pessoa muito íntima a mim, entendeu?

Era óbvio e ele já sabia de tudo aquilo, mas... era tão difícil...

— Tudo bem, senhorita, eu já entendi. Agora vamos parar de perder tempo e ir logo para o Clube. Natasha e Clint estão esperando nossas informações para sincronizar com a deles.

— Você já colocou as escutas? Porque a Natália vai nos alertar sobre algumas coisas antes de entrarmos.

— Vou colocar assim que chegarmos lá.

— Ok, Capitão Tartaruga América.

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Quando Steve e Mary chegaram ao local, ouviam as instruções de Natasha, que dizia exatamente o que tinham de fazer.

A Viúva Negra recebeu informações que dois membros da S.T.R.I.K.E. estariam naquele lugar aquela hora. Steve e Mary ficariam de olho neles, enquanto ela e Clint armavam uma emboscada por fora.

Os dois caras poderiam estar no interior do clube... ninguém ainda sabia a exata localização de ambos.

O Capitão e a Segundo-Tenente entravam no local, disfarçados, mas como um casal.

— Se eu fizer um strip-tease pra distrair todos esses idiotas ao redor, você pode localizar os dois caras e dar um jeito de leva-los pra fora, caso estejam aqui. – Mary dizia tais palavras, sorrindo sordidamente.

— Por que quer fazer algo tão vulgar...? Como vai conseguir?

— Conseguindo. - Ela revirava os olhos, desacreditada.

— Você não tem o comportamento de uma militar...

— Aah, por favor. Eu posso fazer qualquer coisa. Não sou limitada emocionalmente como você.

— Aprendeu com os mafiosos?

— Prefiro os mafiosos do que os agentes secretos. – Ela passava por ele, já procurando o palco e a pista de dança do clube.

Algumas garotas dançavam ao som de uma música, tanto na pista quanto no palco.

Kiara adorava dançar, algo que Steve não tinha ideia.

A garota subiu no palco e entrou no ritmo junto com as outras que estavam ali.

Como era um clube retrô, apenas músicas antigas tocavam ali, de 2000 para baixo, diversos gêneros musicais.

A que tocava no momento, se resumia a pop dos anos 90.

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Christina Aguilera - Genie in a Bottle.

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I feel like I've been locked up tight, (Eu me sinto como se tivesse sido trancada)

For a century of lonely nights, (Durante um século de noites solitárias)

Waiting for someone to release me... (Aguardando por alguém para me liberar)

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Mary, agora disfarçada, começava uma dança sensual e provocativa. Seus movimentos eram obscenos e um tanto picantes.

Do palco, a Segundo-Tenente tinha apenas um alvo...

Steve Rogers...

Ela o encarava com um sorriso provocante, olhando de forma descarada em sua direção.

Muitos homens que a observavam, já logo olhavam na direção dele e jogavam piadas do tipo: O que esse cara tá fazendo parado que ainda não foi até ela?Por que esse mané?Quem dera fosse euSe ele não for até ela, eu vou, além de cantadas degradantes que a inferiorizavam como mulher.

A audição de Super Soldado apenas o fazia esboçar uma carranca diante de tantos comentários depreciativos sobre a garota, porque infelizmente, muitos homens eram um tanto nojentos quando se referiam as mulheres daquela forma, apenas porque as enxergavam como um pedaço de carne a ser consumido.

Steve franziu o cenho, olhando para Mary Crystal no palco, que ainda dançava com outras garotas, e odiando o fato de a mesma estar ali.

Ok, fazia parte da missão, mas ela não precisava se esforçar tanto e agir daquela forma, precisava?

O loiro saia do lugar e resolvia se sentar em uma das mesas logo atrás, para observar a movimentação.

Por enquanto, ninguém com as descrições dos dois caras da S.T.R.I.K.E. passavam por ali.

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Ooooh (my body's sayin' let's go) Ooh... (Meu corpo está dizendo ''vamos lá'')

Ooooh (but my heart's sayin' no) Ooh... (Mas meu coração está dizendo ''não'')

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Steve se concentrava na movimentação, ignorando totalmente o que Mary pensava em fazer, fosse para provoca-lo ou não.

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If you wanna be with me, (Se você quer ficar comigo)

Baby there's a price to pay, (Baby há um preço a pagar)

I'm a genie in a bottle, (Eu sou um gênio em uma garrafa)

You gotta rub me the right way, (Você tem que esfregar do jeito certo)

If you wanna be with me, (Se você quer ficar comigo)

I can make your wish come true (Ooh), (Eu posso fazer seu desejo se tornar realidade)

You gotta make a big impression, (Você tem que causar uma grande impressão)

I gotta like what you do (Oh Yeah) (Eu tenho que gostar do que você faz)

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Enquanto o Super Soldado mantinha-se focado, a Segundo-Tenente descia do palco, correndo na direção dele, depois de dançar a música inteira.

Sem esperar por aquilo, Steve era surpreendido pelo movimento repentino da garota, que basicamente se resumia em...

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Sentar em seu colo e abraça-lo...

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O loiro arregalava os olhos, esboçando uma reação muito chocada.

— O que você-

— Cala a boca. Eu vi os dois caras entrando no clube. Eles estão na recepção e provavelmente vão cruzar a entrada da pista de dança. – Kiara sussurrava em seu ouvido, relatando o que via, ao mesmo tempo em que fingia agarrá-lo.

— Ótimo. Agora saia do meu colo. – O Capitão exigia, com um semblante sério.

— Para de ser amador, Cap. Entre no seu personagem... – Ela dizia baixo em seu ouvido, enquanto sorria.

— Poderia fazer isso se você apenas saísse de cima de mim. – O Super Soldado ordenava, olhando para cima, tendo que evitar dar de cara com o decote ousado de Mary naquelas... roupas curtas...

A Segundo-Tenente olhou dentro dos olhos dele, forçando-o a encará-la, como se estivesse gritando em voz alta, apenas por sua expressão:

“SEJA NATURAL, SEU IDIOTA!!!”

Steve relutantemente levava suas mãos até a cintura da garota, dizendo em seu ouvido...

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— Pare de agir como uma stripper bêbada...

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E então, vendo que ela o desafiava, num momento tão importante da missão, a Kiara perdia a paciência.

— Não queira me ter como sua inimiga, Capitão. Eu não jogo limpo... agora pare de agir como um CDF virgem e emburrado e acompanhe meus passos. Vamos para a pista de dança ficar de olho neles. – Ela replicava, perto o suficiente para que Steve sentisse o doce perfume em seu pescoço tão exposto.

— Podemos vigiá-los daqui.

— Bem, você decide... quer ficar aqui fingindo que estamos nos pegando ou ir até a pista e fingir que dançamos? O que vai ser melhor pra você? – Ela lhe dava duas opções, e era obvio que ele escolheria a segunda.

— Você venceu, senhorita... – Redarguia, exasperado. Não estava acostumado com aquele tipo de missão onde tinha que estar próximo de uma mulher e fingir que estavam... tendo um lance ousado e íntimo.

— Sábia escolha... – E então, Mary puxava a mão dele dali, com um sorriso largo, interpretando sua ‘personagem’.

Steve ainda não estava habituado a situações como aquela, então ele apenas tentava o seu melhor para interpretar o que conseguisse.

Aquela hora, outros tipos de música tocavam, em ritmos lentos, e alguns casais abraçados se beijavam.

Mary fazia uma careta...

— Odeio gente apaixonada... – Revelava com muita aversão, enquanto erguia os braços no ímpeto de envolver o pescoço do Super Soldado, num enlace.

— Me diga algo que você não odeia...? – Steve respondia com uma pergunta desafiante e a garota o fitava com o olhar estreito.

— Eu odeio você também... – A Segundo-Tenente afirmava com um sorriso maligno no rosto.

O loiro sorriu de canto... Mary sempre dizia que ele não era tanta coisa para que ela o odiasse.

O Capitão descia lentamente as mãos pela cintura feminina, se esforçando o máximo que podia para não sair do personagem fajuto que tentava interpretar.

— A maioria dos americanos me ama... tente puxar algo dentro de sua alma amarga que aprecie em mim que não seja minha aparência... – O Capitão lançava uma pergunta audaciosa, deixando Mary levemente assustada.

O loiro olhava profundamente nos olhos dela, agora castanhos.

Ela ficou cinco segundos em silêncio, até que...

— Hmm... eu gosto do fato de você não pedir nada que eu esteja comendo em sua frente.

— Uau... isso é totalmente irrelevante...

— Eu gosto quando você não faz barulho de manhã e quando acordo e o café da manhã está pronto. – Kiara revelava, arrancando uma feição de desaprovação dele.

— Isso porque você me enxerga como seu serviçal.

— Não é verdade... e vou provar.

— Como?

— Dizendo uma qualidade insuperável que você tem.

— E qual é minha qualidade insuperável, senhorita?

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— O fato de você ainda estar aqui fazendo essas missões chatas comigo, sério, se eu fosse você, já tinha desistido há tempos...

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— Sou perseverante...

— Quero ver até quando isso vai durar e tenho um palpite.

— É mesmo?

— Sim... eu pressinto que depois de hoje, você vai preferir dormir ao lado de Satanás, mas não comigo.

— Por quê?

— Porque eu nasci assim... com a dose de loucura errada, com um toque de ironia a mais e com uma capacidade exagerada de rir de tipinhos como você.

— Quem fala demais, sempre acaba entrando em contradição, então aprenda duas coisas, senhorita: só fale o necessário. – O loiro sussurrava de uma forma meio intimidante, mas a garota até curtia aquela adrenalina.

— Eu juro que se não tivéssemos que trabalhar essa noite juntos, eu te deixaria sozinho e ia curtir sozinha. Não consigo ter paciência com tipos como você, Cap. – Ela o rebatia, com um leve toque de impaciência na voz.

— Não precisa ficar tão na defensiva. Eu nunca fui seu inimigo, senhorita Ellis. Isso é algo que você inventou da sua cabeça...

E então, os dois tentavam dançar no meio da pista de dança, uma música lenta, que Steve não fazia ideia de quem era, mas parecido com aqueles estilos pesados que Mary costumava ouvir.

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Stones Temple Pilots – Plush.

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— Eu amo essa música... – A garota mantinha os braços em torno do pescoço dele, enquanto disfarçavam que estavam ali, apenas aproveitando o momento juntos...

— Por que você gosta tanto desse estilo pesado e-

Antes que Steve pudesse continuar, Mary o beliscava com força, mostrando que os dois caras da S.T.R.I.K.E. entravam no mesmo lugar que eles e resolviam se sentar numa mesa em frente a pista de dança.

Os dois precisavam avisar Natasha e disfarçarem o máximo que podiam.

— Romanoff, eles entraram aqui. Estão de frente para nós. – O Capitão avisava a Viúva Negra pela escuta.

— Quantos metros, Rogers? – A Espiã requeria, do outro lado da escuta.

— Uns seis metros... – Ele respondia em baixo tom.

— Fiquem em alerta. Eles sabem ler lábios. Não façam coisas suspeitas, Capitão. Eu e o Clint vamos entrar aí em breve. – A ruiva os instruía, e assim Steve e Mary seguiam na pista de dança, dançando a música.

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And I feel that time's a wasted go, (E eu sinto que esse tempo foi desperdiçado)

So where are you going to tomorrow? (Então, aonde você vai amanhã?)

And I see that these are lies to come, (E vejo que estas são mentiras por vir)

Would you even care? (Você ao menos se importa?)

And I feel it… (E eu sinto isso)

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Mary ficava de olhos nos dois caras, mas repentinamente percebia que um deles começava a olhar para ela e Steve, com atenção.

O sinal de alerta da Segundo-Tenente tocava muito alto, e então, a garota resolvia agir imediatamente...

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— Cap, me beija.

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— O-o quê!? – O Super Soldado balbuciava, assustado com aquelas palavras.

— Precisamos disfarçar. Um deles está olhando. Se não agirmos rápido, eles vão te reconhecer. – A garota sussurrava perto do ouvido dele, sorrindo, como se fossem dois amantes.

— Eu não vou te beijar. – O Capitão resistia, chocado.

— Se você não me beijar agora, eu vou chutar as suas bolas tão forte, que você vai ver estrelas.

— Pode me chutar se quiser, mas não me peça pra te beijar aqui, do nada, no meio de tantas pessoas.

— Você vai estragar tudo!

— Por que não vamos para o bar? Tenho certeza que eles não vão achar nada estranho e-

Antes que Steve conseguisse terminar de falar, Kiara simplesmente ignorava o que o mesmo dizia, agarrando o colarinho da camiseta do Capitão com muita força e então...

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O puxava para um beijo, repentino e escandaloso.

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Antes que o loiro pudesse protestar, era envolvido pelos lábios de Mary, que diferente de todas as vezes em que compartilharam aquele tipo de momento, mostrava-se descontrolada e muito indômita.

Era um beijo estranhamente selvagem... quente, inebriante, violento e profundo... ele nunca tinha sentido nada igual antes...

Steve sentia um calor formigante percorrer sua espinha...

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Where are you going for tomorrow? (Aonde você vai amanhã?)

Where are you going with that mask I found? (Aonde você vai com a máscara que encontrei?)

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Completamente tonto sob o toque intenso da Segundo-Tenente, o Super Soldado se afastava dela, quebrando o beijo cinco segundos depois.

Mary fazia uma careta de raiva.

— Por que fez isso!?

— E-eu... eu não estou preparado e-

— Para de agir como um garotinho inexperiente! Você vai acabar com o nosso disfarce! – Ela tentava se aproximar novamente, mas o loiro virava o rosto.

O Capitão a encarava com certo assombro... como ela conseguia fazer aquilo com tanta facilidade?

Seu olhar abaixava para a boca dela... e ele sentia que o calor de seu beijo ainda permanecia em seus lábios...

Mary espiava os dois caras do outro lado. Ambos olhavam para a pista de dança, como se estivessem procurando por alguma mulher para se aproximarem.

Os dois membros da S.T.R.I.K.E. não percebiam nada de errado...

E então, Mary se voltava para Steve novamente.

Os olhos da Segundo-Tenente queimavam em cólera. Ela tinha a imensa vontade de dar um belo soco na cara dele.

— Você vai agir como combinamos ou não!? – O ameaçava, com uma expressão assombrosa na face.

— Nós fizemos uma promessa que não ultrapassaríamos nossos limites, caso tenha esquecido. Lembra? Aquele dia na praia de Santa Mônica, no píer... – O loiro a relembrava do trato que fizeram.

— Eu me recordo, mas não temos escolha! Sei que não está acostumado com contatos íntimos, sei de todas as suas desculpinhas esfarrapadas, mas será que você pode apenas ser profissional e executar essa missão da melhor forma possível? – Mary Crystal o pressionava, mostrando que havia perdido a paciência.

— Posso ser profissional com qualquer outra mulher, menos com você...

— Não, você ia parecer um idiota na frente de qualquer outra mulher, mas como sou eu, você tem que se esforçar quatro vezes mais, já que me odeia, então pare de ser um bebê chorão e me beija agora!

— Eu...-

— Está decidido.

— Espere, você não pode decidir sozinha!

— Eu posso sim... você não está raciocinando direito, Capitão Rogers. – Kiara o defrontava através daquele olhar castanho artificialmente e sua expressão o lembrava de uma pessoa...

Peggy Carter...

Céus, por que justo naquele momento ele tinha de se recordar de sua musa inspiradora e associá-la a Mary Crystal, implicitamente? Ele estava confuso...

Steve Rogers era ágil e calmo sob pressão. Ele era um mestre tático, mesmo quando confrontado com o inesperado, mas... aquela situação mudava tudo...

O loiro respirava fundo, piscando freneticamente por trás dos óculos de grau que usava.

— Ok... eu posso fazer isso... – O Capitão América afirmava, tentando assumir a liderança, passando os braços em volta da cintura da garota e resolvendo guia-la no ritmo da música na pista de dança.

Steve tomava a aceitação dela como permissão e fechou completamente a distância entre eles. 

Ambos se entreolharam longos segundos antes...

Mary piscava, lentamente e um pouco surpreendida pelo fato de o mesmo não somente assentir, mas assumir a frente... assumir a liderança...

O loiro fitava os lábios milimetricamente bem desenhados da Segundo-Tenente, tingidos em suaves tons vermelhos...

Sua visão subia para os olhos dela... castanhos... e sabia que por trás daquelas lentes de contato, havia um oceano refletido no brilho de sua íris... ou um lindo pôr-do-sol, quando os raios solares tocavam o verde esmeralda dos olhos da garota.

Aquele olhar... parecia destruir os muros que havia em volta de seu coração, e ele nem sabia o porquê.

A fragrância feminina, misturada com seu cheiro tão particular, lhe embriagava...

Steve sabia que estava tudo muito estranho nos últimos tempos, e por mais que tivesse um incrível domínio próprio, sua natureza masculina implorava para...

Ceder...

Mas ainda assim, ele não conseguia... precisava estar no controle do que seu corpo e instintos lhe pediam...

Mary Crystal tinha um jeito todo dela, que se não soubesse lidar, a odiaria para sempre... mas se soubesse, conseguiria aprender a admirá-la...

Eles eram iguais por serem diferentes... suas diferenças os tornavam únicos... e por serem únicos, se transformavam em pessoas especiais...

O contraste da delicada mão feminina em seu pescoço, quase o fez esquecer do equilíbrio que tentava ter...

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And I feel so much depends on the weather (E sinto que muito depende do clima)

So, is it raining in your bedroom? (Então, está chovendo no seu quarto?)

And I see that these are the eyes of disarray, (E vejo que esses são os olhos de confusão)

Would you even care? (Você ao menos se importa?)

And I feel it... (E eu sinto isso...)

And she feels it… (E ela sente isso...)

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Quando o polegar da garota roçou delicadamente a curva da mandíbula masculina, aquele toque fez Steve tomar o impulso que tanto precisava, e então...

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O Capitão inclinou o rosto, fechou os olhos e a beijou... mas do seu jeito...

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Mary soltava um pequeno gemido quando Steve capturava seus lábios em um beijo reprimido...

Ele a beijava timidamente... porém, com uma rígida pressão...

O Super Soldado a prendia num aperto quente e firme, e Kiara sentia seu corpo sendo puxado e envolvido pelos fortes braços numa forte compressão.

O corpo feminino era tão ameno e curvilíneo... tão delicado e suave...

Gradativamente, a garota mudava a posição de seu rosto, dando a ele um novo ângulo...

O loiro não tinha a menor ideia que aquilo era possível e isso o encorajou a beijá-la mais profundamente... a passar as mãos pelos cabelos castanhos...

Era um beijo resistente, duro e penoso...

Kiara entrelaçava os dedos de suas mãos, fechando o enlace no pescoço do Capitão, puxando-o para mais perto enquanto seu corpo arqueava, ficando na ponta dos pés por conta da altura dele.

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Seu toque despertava algo dentro do Super Soldado, algo que o fez querer beijá-la para sempre, embora hesitasse e relutasse demasiadamente com todas as suas forças...

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Steve nunca havia sentido algo assim antes e parecia que explodiria de tão tenso que se encontrava...

Mary também podia sentir a intensidade daquela sensação...

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Where are you going for tomorrow? (Aonde você vai amanhã?)

Where are you going with that mask I found? (Aonde você vai com a máscara que encontrei?)

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A garota afastava os lábios para trás, ofegando, no ímpeto de sussurrar palavras no ouvido dele...

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— Ooh, senhor puritano... pare de ser tão rígido... seu código moral é muito endurecido...

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O doce e sensual murmúrio da garota, arrancava um ardente arrepio na nuca do Capitão, que mantinha a cabeça inclinada, a encarando com atenção...

Mary mantinha uma feição divertida e ele... bem, ele se encontrava desnorteado o suficiente para ter deixado de prestar atenção em tudo ao seu redor.

A Segundo-Tenente notava o deslumbramento do Super Soldado e resolvia ataca-lo com suas críticas ácidas em forma de piada.

— Sério, Capitão Rogers... você precisa de prática... esse beijo foi bizarro! Você não está tomando milk-shake num canudinho! Para de endurecer os seus lábios...!

— Eu não estou endurecendo nada, logo, não preciso de prática... – Ele desviava o olhar, um pouco decepcionado em ter sua ‘performance’ criticada e com as maçãs do rosto suavemente ruborizadas.

— Precisa sim, me deixe te ensinar... – Ela já ia fechando os olhos, até que Steve a impedia, pela segunda vez aquela noite.

— Chega, Mary Crystal. Eu tentei levar isso a sério, mas você está passando dos limites de novo! – A encarava com furor e cólera. Odiava aquelas brincadeiras.

— Para de ser idiota, Cap!

— Pare de insistir!

— Cala essa boca agora e deixa eu te beijar!

— Não!

Mary Crystal tentava puxar o colarinho do casaco dele, mas a mãos do Super Soldado a impediram, segurando fortemente os pulsos femininos.

Steve resistia... e ambos travavam uma batalha mortal através dos olhares...

— Sua garotinha gângster... – O Capitão praticamente rosnava, perto o suficiente dos lábios dela.

— Seu virgem de 90 anos...! – Kiara o rebatia, num tom impassível e com um semblante de raiva.

— Eu tenho 94 anos!

— O que é pior ainda! 94 anos e não sabe beijar! Que vergonha!

— Pare de bancar a louca e se concentre na missão!

— Posso ser louca, mas se ser normal é ser como você, eu aceito a minha loucura!

Os dois praticamente discutiam em forma de sussurros que pareciam apenas a conversa normal de dois amantes que namoravam na pista de dança, ao lado de vários outros casais.

Aquele jogo sensual que envolvia um beijo encenado, definitivamente devia ser classificado como uma vantagem injusta...

Mary deixava claro que possuía experiência, e Steve, bem, ele não tinha ideia de como agir naquela situação...

O Capitão América mantinha os olhos firmemente trancados nos dela, e a Segundo-Tenente não conseguia desviar o olhar...

Ambas respirações quentes, os fazia se contorcerem...

Diante da expressão firme e impertinente de Steve, Kiara mordia o canto dos lábios, provocativa... céus, como ela adorava brincar com ele, mas ao mesmo tempo se enfurecia pelo fato de o mesmo ser tão conservador...

Embora odiasse as feições maliciosas da Segundo-Tenente, o Super Soldado se praguejava mentalmente por sempre se sentir tentado... ele fugia de pensamentos ridículos que envolviam Mary Crystal, e se amaldiçoava quando seu coração lhe dizia para ceder e perder para ela...

Mas sua sorte era que seu incrível autocontrole permanecia intacto por conta de suas fortes convicções e valores. Sua conduta justa não lhe permitia ceder... embora desejasse... secretamente...

Os olhos castanhos da lente de contato brilhavam, absorvendo a visão maravilhosa do Capitão América, irritado...

O cenho franzido, os lábios endurecidos, o olhar pesado como uma artilharia pronta para a guerra, os movimentos estáticos e a super força através das mãos que ainda seguravam os pulsos da garota, a fazia mais uma vez investir... mas dessa vez, sem joguinhos...

Antes que ele pudesse dizer qualquer coisa, Mary fechou a pequena brecha que havia entre eles, puxando seus pulsos com força, fazendo suas mãos subirem para envolverem o rosto de Steve.

Compreendendo o que a Segundo-Tenente fazia, ele a encontrava no meio do caminho, predispondo o olhar no dela...

.

— Ok... definitivamente não é ruim... – A garota murmurava, com um belo sorriso nos lábios.

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— O que não é ruim...? – Ele a contestava, confuso, mas desconfiado.

— Seu beijo... mas você precisa saber que existem vários tipos, entender como funciona, e então, vai virar um expert nisso... se me deixar te ensinar...

Steve sorria de canto, perplexo pela audácia da garota em lhe dizer tudo aquilo.

— Isso agora vai virar uma competição, senhorita Ellis...?

— Que seja intenso e profundo... que seja quente e ousado... mas que nunca deixe de ser doce... – E então, a garota agarrou o rosto do loiro mais uma vez, e tentou pela terceira vez aquela noite, o movimento que sempre o deixava desconsertado...

.

.

Sem resistência, o Capitão desistia e cedia diante daqueles lábios serenos e do beijo veneno daquela garotinha mafiosa...

.

.

Daquela entrega, ambos experimentavam mais uma vez, toda série de sensações intensas...

A maciez e a docilidade...

Os lábios da garota eram tão suaves como nuvens num céu ensolarado...

Kiara tentava do seu jeito, mostrar a ele que havia variações, tonalidades e nuances de um beijo para o outro.

Podia ser meigo, podia ser calmo, podia ser descontrolado, sedento ou selvagem... e ela apostava na forma descontrolada, apenas para provoca-lo, mas...

Steve não gostava daquele ritmo... pelo menos não agora...

O Capitão sabia que se a deixasse aprofundar tudo, seria fatal... seus instintos de sobrevivência lhe alertavam sobre aquele tipo de movimento, e até mesmo ele, que não possuía experiência em contatos físicos com nenhuma mulher, já tinha noção do que aconteceria se isso continuasse, e então...

Steve apenas a quebrava calmamente... sem pressa, devagar e pouco a pouco...

Percebendo a oscilação sensata do Super Soldado, Mary o acompanhava... numa transição mágica...

E na lentidão compassada de um tempo para o outro, não existia nada que os separassem...

O tempo parecia não mais existir... e Steve podia saboreá-la lentamente... delongando-se extenso, persistente e... deliciosamente...

Ter mais tempo em experimentar seu gosto e gravá-lo nos sentidos de sua sinestesia memorial, era incrível... seguindo a trilha daquele misterioso caminho que o levaria a um acidente geográfico e que o encaminharia cada vez mais para um destino perigoso...

Ele desviava e descia... avançava mas retrocedia...

Mary Crystal estremecia diante dele, novamente... o loiro envolvia firmemente seus braços em torno das costas nuas da garota... seus dedos brincavam com os cabelos castanhos e ela abafava um gemido...

Cada vez mais, o Super Soldado a apertava contra ele... e sem contestar, Kiara se deixava levar e ser conduzida... arqueando seu corpo para que se moldasse mais facilmente ao dele...

Ela podia sentir o peitoral musculoso do Capitão tocar fortemente seu busto... e as mãos firmes a envolverem...

Os dedos longos do loiro escorregavam pelas costas femininas, tateando a textura da pele delicada como seda, lhe causando um arrepio na espinha e uma onda de eletricidade nos lugares mais sensíveis de seu corpo...

Steve tinha como norte, os lábios da Segundo-Tenente... e a beijava vagarosamente... espaçadamente...

A delicadeza, feminilidade e leveza da garota, lhe tiravam o fôlego... seus lábios, doces como mel eram incrivelmente tentadores...

O afável e irresistível perfume nectário, floriental e mordaz, numa mistura deliciosa e picante de rosas e frutas vermelhas, lhe aprazia da forma mais alucinante que podia suportar... Mary tinha a fragrância de tantas coisas maravilhosas...

Era puro e inigualável... só que tudo explodia como uma bomba nuclear... como um terremoto... como uma avalanche... um tsunami...

Era um sabor sôfrego que trazia sensíveis sensações... derretendo tudo por dentro e o desatinava num lapso de inconsciência, sem medir as consequências daquele toque enlouquecedor...

Steve não conseguia parar de beijá-la... era intoxicante e viciante...

Suas mãos apertavam as costas femininas, espalmando-as... segurando-as com cuidado e delicadeza...

Seus dedos, inócuos, invadindo e explorando a epiderme alva... a curva amena que dividia as costas femininas...

Até que finalmente, sem perceber por onde transitava, o toque agora descia pelos quadris... a mantendo presa a ele...

Aquele longo beijo que soava apenas como um ato de disfarce, parecia revelar muito mais do que os dois esperavam...

Steve reforçava o que achava da garota...

Mary Crystal era como uma poesia, daquelas difíceis de se ler e mesmo diante de tantas interpretações, era necessário ler com o olhar certo...

Cada sorriso dela era como uma estrofe, e os olhos, perfeitos e insondáveis... o pôr-do-sol cabia neles...

A loira conseguia tirar qualquer um do roteiro, não existindo falas ou performances, a incerteza era a única certeza que ela lhe daria...

Talvez a garota fosse como um romance de verão, que durasse apenas uma estação, mas ele sabia que não era... Mary Crystal estendia aquele significado a outonos e primaveras... até chegar no inverno... e fazer o percurso das quatro estações se transformar num ciclo infinito...

Quando enfim, ambos sentiam o ar se ausentando de seus pulmões, eles resolveram se afastar... lentamente...

Mary abriu os olhos, piscando algumas vezes antes de encará-lo, mas quando o fez...

Lá estava Steve Rogers, com uma expressão emblemática no rosto... uma mescla de confusão, equívoco e atordoamento...

Ele se arrependia...?

A Segundo-Tenente então sorriu, um pouco encabulada, por mais uma vez, compartilhar um momento tão... tão esplêndido ao lado dele... e então...

.

— Você não vai admitir que sou boa...?

.

Ela o indagava, com sua típica expressão matreira e atrevida...

— Ah é sim... o suficiente pra morrer jovem... – O Capitão redarguia, ainda confuso por uma série de efeitos que não conseguia entender...

— Como o Kurt e o Layne... – Ela redarguia, atrevida e matreira, fazendo menção a dois ícones póstumos do Rock, do estilo Grunge da cidade de Seattle.

— Eu não sei quem são eles...

— Nem procure saber... – Mary concluía com um sorriso travesso no rosto...

Só que...

Em meio aquele doce e terno momento, os instintos da Segundo-Tenente e do Capitão América apitaram e repentinamente, um tiroteio começava.

Steve jogava Mary Crystal no chão em meio a gritaria e ao alvoroço que de modo inesperado, começava.

Os dois membros da S.T.R.I.K.E. comandavam o ataque, pois já sabiam que a SHIELD e o FBI estavam ali.

Mary acionava Natasha pela escuta e a ruiva os avisava que vários agentes entrariam no clube em alguns segundos.

Vários homens tinham Mary e Steve como alvo, e os dois começaram a enfrentá-los.

Da mesma forma que o Super Soldado possuía a força para acabar com todos eles rapidamente, Kiara também tinha suas técnicas.

Ele nunca tinha visto a Segundo-Tenente lutar tão abertamente. Ela possuía um estilo diferente, um tanto bruto e selvagem se pudesse julgar.

Ao mesmo tempo em que se impressionava pela agilidade da garota, Steve se assustava por vê-la derrubar um a um, os deixando completamente machucados.

Um dos homens que tentava se aproximar, tinha agora o pescoço empurrado contra uma das mesas, com Mary quebrando seu maxilar facilmente.

Steve só ouvia ouvir os gritos da “vítima”...

Por fim, o último que se aproximava da garota, recebia um potente chute, voando contra algumas mesas e cadeiras no outro canto do salão.

Kiara acabava de quebrar o nariz de mais um deles...

O Capitão arregalava os olhos com a brutalidade da Segundo-Tenente. Onde ela aprendeu a ser tão violenta?

Na entrada, vários agentes da SHIELD entravam no local, cercando alguns homens, no entanto, outros passavam a usar armas de fogo para se defender.

E na saída, cinco homens saíam armados com pistolas, atirando na direção de Steve e Mary.

A garota avistava tudo aquilo, como em câmera lenta...

Seus instintos agiam de forma inesperada... seu corpo reagia contra o que seria sua própria vontade...

.

Os tiros corriam na direção do Capitão América...

.

Ali ela não teve dúvidas...

Por mais que Steve fosse um Super Soldado, se alguma bala acertasse seus pontos vitais, ele poderia não resistir.

Tudo o que Mary pensava naquelas frações de segundos tão lentas era que somente a dor ensinava a viver... apenas o choro ensinava a sorrir... só a saudade não deixava partir... e a vida de alguém tão-somente teria sentido se houvesse um grande sacrifício de grandes proporções... e naquele instante, ela sabia qual era seu propósito e dever...

Numa decisão um tanto suicida, desesperada, sem opções, porém convicta, Mary correu na direção do Capitão e se jogou na frente dele, com o único objetivo de...

.

Servir de escudo...

.

Sim, porque se havia algo de valioso naquele lugar, com certeza era a vida do Sentinela da Liberdade, o maior herói do país, o raio de esperança de todos no mundo, embora ela sempre demonstrasse o contrário para ele e todos a volta.

E então...

.

.

Mary Crystal recebia todo o ataque, tendo seu corpo atingido por vários projéteis...

.

.

Steve virava o rosto, assombrado com a cena...

Ele arregalava os olhos, tirando os óculos que fazia parte de seu disfarce, jogando-os no chão, vendo Mary Crystal sendo acertada por várias balas e perdendo a força e seu corpo...

Que tombava no chão...

O Capitão América ia até onde a garota acabava de cair... desmaiada...

Natasha entrava com Clint pela entrada do clube logo depois, acertando todos os alvos.

A Viúva Negra acertava um a um, fazendo com que todos eles caíssem, feridos. Sua mira era extraordinária, mas a de Clint era muito mais perfeita.

Os membros da S.T.R.I.K.E. eram cercados e alvejados por vários agentes da SHIELD.

Clint chamava os paramédicos para resgatarem a filha do Presidente, e Steve...

Apenas agarrava o corpo da garota em seus braços, completamente perdido, desesperado e confuso sobre o porquê de a mesma tomar todos aqueles tiros no lugar dele.

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— Por quê, Mary...? – Ele a contestava, exaltado, aflito e assombrado por tudo ter acontecido tão rápido...

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A garota se encontrava desmaiada, baleada e ensanguentada...

Seu sangue manchava as mãos do Capitão América...

A expressão desfalecida, seu rosto levemente escoriado e os olhos fechados... eram a visão mais terrível, triste e desesperadora que o Super Soldado presenciava no momento...

O coração de Steve Rogers disparava violentamente...

Por que Mary Crystal fez aquilo?

Por que ela se arriscou por ele...?

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Por quê...?

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Notas finais do capítulo

E agora, galera? O que será da Mary? E por que ela arriscou sua vida para salvar o Steve? Por que ela o maltrata tanto, mas em momentos tão críticos ela deixa de ser essa garota sádica e piadista pra se tornar uma heroína? Alguém tem alguma dúvida sobre isso?

O próximo capítulo será tenso, intenso, e além de termos um Steve Rogers com o coração apertado, confuso e desnorteado por conta da nossa Mary heroína, eles vão ter mais uma super discussão VIO-LEN-TA! Sim, porque eu sempre deixei claro desde o começo que essa é uma história de amor muito diferente de tudo que vocês já leram! O amor também tem seus confrontos, só que dessa vez entre duas pessoas confusas emocionalmente que se importam uma com a outra, só não sabem e não querem admitir, muito menos expressar. Vai ser lindo, apaixonante e romântico... principalmente por conta de um Capitão América se dando conta de que está se apaixonando e o caminho não tem mais volta!

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