Nemesis escrita por ariiuu


Capítulo 25
A volta do Super Soldado a ativa




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A volta do Super Soldado a ativa

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18 de Maio de 2012, 10:14 AM

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Orange County – Califórnia

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O tempo passou e todos os Vingadores seguiram com seus respectivos planos.

Tony e Bruce estavam em Malibu, trabalhando em novas tecnologias.

Natasha e Clint em uma missão, atrás de Alexander Pierce.

Thor ainda se encontrava fora da terra.

E Steve, estava em Orange County, numa cafeteria ao ar livre, de frente para a praia.

Duas malditas semanas e a melhor agência de espionagem do mundo não conseguia encontrar um homem que se destacava na multidão porque ele ainda agia como se fosse em 1946, mas... Steve havia feito contato com Fury, passadas essas duas semanas, depois de “sumir”, e dito que estava na Califórnia. O Super Soldado deixou claro que precisava clarear as ideias, já que se encontrava um tanto desnorteado por conta dos últimos acontecimentos.

Fazia mais de um mês que o loiro estava fora do gelo, mas vez ou outra, tudo parecia surreal demais para aceitar...

Mediante a isso, Steve pediu alguns dias a mais para espairecer e o Diretor da SHIELD concordou, somando três exatas semanas que estava fora.

O Capitão foi reportado que Mary Crystal havia voltado para Los Angeles... e ainda que não soubesse o porquê, ela era a primeira pessoa que tinha vontade de encontrar, depois de ficar três semanas fora do radar...

Embora sua relação estranha com Tony Stark estivesse um pouco mais harmoniosa por conta das descobertas sobre suas versões do futuro, a Segundo-Tenente ainda era a pessoa mais próxima a ele e que tinha conhecimento de seus problemas internos, logo, estava fora de cogitação ir atrás de Tony primeiro.

O loiro permaneceu sentado por um longo tempo na mesa da cafeteria de frente para o mar, vestido com seus típicos trajes de sempre, mas com um boné como parte do disfarce. Os óculos dele estavam em cima da mesa.

O clima jazia agradável, e o movimento da cafeteria se encontrava muito baixo aquele dia, porque poucas pessoas transitavam por ali.

Finalmente Steve estava pronto para viver no século 21 sozinho. Sabia usar um smartphone e descobriu no Google a solução para todas as suas dúvidas... o Super Soldado era inteligente e tinha facilidade de aprender.

Enquanto terminava seu caprichado café da manhã, ele olhava para o mar, sentindo uma onda de paz que lhe tranquilizava... e mesmo depois de consumido tudo o que havia pedido, em poucas horas estaria faminto de novo, já que metabolizava tudo muito rápido...

Passados alguns minutos, como de costume, o loiro trabalhava em cima de um novo esboço em seu bloco de papel, desenhando a primeira coisa que vinha em sua mente após três semanas sem fazer absolutamente nada além de andar por aí sem rumo...

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Desenhar o rosto de Mary Crystal Ellis mais uma vez...

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Steve materializava em traços o que vinha em sua mente...

Nem mesmo ele entendia porque estava desenhando a Segundo-Tenente de novo, mas depois de passar mais tempo com ela, seu novo desenho tinha a fisionomia muito mais semelhante à dela do que o primeiro esboço que havia feito quando ainda estava em Nova York.

E enquanto os minutos iam se passando, os contornos que formavam o rosto de Kiara ficavam cada vez mais fortes e perfeitos, até que finalmente ele terminava de desenhá-la...

A representação da garota havia ficado excelente e o loiro sentia-se orgulhoso de si mesmo por ter conseguido desenhá-la tão bem...

Ele ficou longos segundos observando seu desenho impecável, se recordando daquela garotinha irritante...

Steve sorriu singelamente... era um fato que mesmo não tendo nenhum apreço ou admiração por Mary, ela era uma mulher incrivelmente bonita... e talvez esse fosse o motivo principal de tê-la traçado num retrato em seu bloco de papel...

Enquanto se encontrava imerso em seu próprio desenho, uma mulher que passava ao seu lado, deixava cair acidentalmente uma pasta com livros ao lado dele, fazendo um barulho que o tirou de seus devaneios.

Quando Steve olhou para o lado, notava a tal mulher pegando com dificuldade os vários papeis do chão.

Automaticamente, ele se levantou e passou a ajudá-la.

A mulher o olhou um pouco surpreendida e sem graça...

— Ah, obrigada... e desculpe o incômodo, é que eu estava... distraída... – Ela se desculpava pelo fato de ter derrubado tudo na frente dele.

— Não se preocupe, acidentes acontecem. – Steve manteve o rosto inclinado para baixo, concentrado em ajudá-la a terminar de pegar os papeis do chão.

A mulher o observava detalhadamente... notando cada traço da fisionomia dele...

— Você não é o Capitão América? – Arriscava perguntar, deixando-o levemente embaraçado.

— Aah... eu... sim... sou... – Respondia timidamente, sem saber o que dizer após ser descoberto.

Steve entregava nas mãos dela, o que havia recolhido.

Eles se levantaram logo depois...

A mulher sorriu e ele finalmente a fitou, olhando para sua fisionomia...

Alta, loira, olhos castanhos... e um sorriso lindo...

De alguma forma, ela lhe lembrava alguém... e quando se recordou de quem, o Capitão sentiu um leve arrepio na espinha...

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Peggy Carter...

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— Obrigada por me ajudar. Me chamo Kate. – Ela estendia a mão para cumprimenta-lo.

— Steve Rogers, mas acho que você já sabe... – Ele apertava a mão dela de volta.

— Nunca imaginei que esbarraria no maior herói americano em Orange County... isso está soando como um clichê romântico digno de um livro best-seller.

— Acho que é algo bem aleatório mesmo... – O loiro desviava o olhar, um pouco constrangido. Ainda não sabia agir de forma natural na frente das mulheres, principalmente recém-conhecidas.

Kate o fitava com extrema precisão, achando encantador os gestos e expressões do Capitão América.

— Bem... se não for muito atrevimento de minha parte, será que poderia convidá-lo para um café como forma de agradecimento...? – A loira arriscava, temendo levar um ‘não’.

Steve a fitava... confuso e inibido...

— Aah... eu acabei de tomar café...

— Sério...? É uma pena então...

— N-não estou dizendo não, senhorita...! É só que... n-não queria passar uma impressão errada, já que minha xícara de café está vazia na mesa ao lado... – O Capitão respondia educadamente, gaguejando, tentando não parecer descortês.

— Isso não tem importância... então... você aceita, se não for um grande incômodo?

— Claro... por que não...? – Steve sorriu e Kate pôde visualizar muito bem o semblante perfeito do Super Soldado...

Os incríveis olhos azuis direcionados a ela, apenas lhe arrancaram a respiração... de tão belos e luminosos...

Os dois sentaram-se na mesa e passaram a conversar de modo casual.

— Posso chama-lo por seu primeiro nome? – A loira pedia, educadamente.

— Sim, claro.

— Certo, Steve... se desejar... pode me chamar de Kate... – Ela piscava, encarando-o de modo doce e simpático.

— Tudo bem... Kate...

E então, ambos continuaram conversando.

Kate parecia ser uma boa pessoa... ele atentava para a forma polida, educada e culta em que a mesma conduzia a conversa e não podia deixar de compará-la a Mary Crystal.

— Você é tão gentil, educada e refinada... bem diferente de uma certa pessoa que acha que cortesia é algo brega, sem graça e vergonhoso.

— De quem você está falando?

— De ninguém... desculpe... – Steve desconversava, tentando não parecer ridículo.

Por mais que desejasse esquecê-la, Mary Crystal sempre vinha em sua mente nos momentos mais inesperados...

Talvez fosse o resultado de ter convivido muitos dias ao lado dela e ter uma imagem muito negativa a seu respeito.

Porém, em meio a conversa dos dois, Kate percebia algo nos pertences dele...

Um bloco de desenho...

— Você desenha...? – Perguntava, curiosa.

— Sim... é um hobby que me ajuda a relaxar...

— E o que você desenhou hoje?

Diante daquela pergunta, Steve arregalou os olhos.

Não podia mostrar o desenho da Segundo-Tenente, ou Kate poderia tirar conclusões precipitadas.

— Bem, desenhei o píer de Orange County e uma pessoa que estava em minha mente... nada além disso. – Replicava tímido e inseguro, mas não conseguia mentir.

— Posso ver...? – Kate pedia educadamente, no entanto, o Capitão não tinha certeza se deveria deixa-la ver o retrato da filha do Presidente.

— Aah... é que não estão bons... ando bem enferrujado...

— Eu gosto de desenhar nas horas vagas também, então será que posso avaliar a sua “ferrugem”? – Ela insistia, arrancando um sorriso retraído dos lábios do Super Soldado.

— Ok, tudo bem... não há nada de vergonhoso nos meus últimos esboços. – O Capitão cedia, abrindo o bloco de papel... e então...

A loira dava de cara com um desenho do rosto de uma mulher...

Mary Crystal Ellis...

Kate observava o papel traçado, sorrindo logo em seguida.

— Você desenha extremamente bem, Steve... é o retrato de alguém de verdade ou você apenas inventou esse rosto? – O questionava, fazendo-o se lembrar que nem todas as pessoas conheciam Mary Crystal.

— É de alguém que existe... uma pessoa bem problemática por sinal.

— Uau... não sabia que desenhava seus desafetos. Interessante...

O loiro corou diante das palavras dela.

— Bem... eu a desenhei porque admiro apenas a beleza exterior dela...

— E não admira a beleza interior?

— Não... acho que não... – Steve desabafava. Sabia que era errado falar mal de alguém sem que ela estivesse presente, mas não tinha nada de positivo para dizer sobre Mary Crystal.

— Incrível... o Capitão América odeia certas mulheres...

— Não, não é que eu a odeie, é só que... não temos nada em comum... quer dizer, ela torce para os Dodgers e-

Kate começava a rir discretamente da cara do Super Soldado, que não entendia.

— Por que está rindo...?

— É só que não imaginava que você fosse um homem tão... normal, sabe...? A impressão que a maioria dos americanos tem a seu respeito é de que você é apenas um soldado patriota, sério demais e com uma postura muito mais militar do que humana...

— As pessoas não têm mesmo ideia de quem seja a pessoa por trás do escudo de vibranium...

— Isso me deixa aliviada... e acho que gosto mais de sua versão humana do que a versão militarizada... – Kate sorria... era um sorriso brilhante e gentil, que de certa forma o deixava encantado...

— Bem... obrigado... – Agradecia, tímido e encabulado por receber um elogio verdadeiro e gentil de uma mulher tão bonita como ela.

E então, ambos se entreolharam profundamente, sem quebrar o contato visual, por longos segundos...

Steve desviou o rosto, olhando para o relógio...

— Eu tenho que ir agora, Kate.

— Já...?

— Sim... preciso estar em Santa Mônica daqui a duas horas.

— Tudo bem, mas antes... – Kate pegava um dos lápis ao lado do bloco de papel do Super Soldado e escrevia algo ali.

Alguns segundos depois, a mulher revelava o que era...

— Esse é o meu número. Caso esteja entediado e queira sair para tomar um café de modo casual, pode me ligar. – A loira sorria, piscando lentamente enquanto olhava para o rosto do Capitão.

Steve não sabia o que responder... apenas não esperava que ela fosse lhe dar seu número, como se fosse algo tão simples e natural...

— Obrigado, Kate. Nos vemos por aí... – E então, o Super Soldado recolhia seus pertences de cima da mesa, acenando para a mulher e colocando os óculos escuros em seu rosto, saindo dali.

Ela o observava indo embora enquanto discava um número em seu telefone.

Quando a pessoa atrás da linha atendeu a ligação, a expressão de Kate mudou radicalmente...

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Fury, ele está em Orange County, indo para Santa Mônica.

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— Certo. Outros agentes estão espalhados pela Califórnia de prontidão, então apenas mantenha seus olhos nele nos horários que te instruí, Agente 13...

— Certo.

E então, ambos encerraram a ligação.

Após o sumiço do Capitão América, com Mary Crystal encobrindo, o Diretor da SHIELD designou a alguns agentes que ficassem de olho no Super Soldado.

A missão daquela agente em específico, era apenas uma...

Ficar de olho em Steve Rogers, à distância...

E assim seriam os próximos dias de Sharon Carter na Califórnia...

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18 de Maio de 2012, 11:59 AM

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Santa Mônica – Califórnia

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Mary Crystal caminhava lentamente pela praia de Santa Mônica com um sorriso no rosto após falar com Hope Van Dyne ao telefone.

Tudo estava dentro dos conformes, já que depois de muito esforço nas últimas três semanas, a Segundo-Tenente finalmente conseguia Hank Pym a conversar com Tony e Banner sobre as partículas Pym.

Ela havia ganhado seu dia e estava com um incrível bom-humor.

A garota se encontrava com os cabelos parcialmente presos e roupas propícias para o clima, que basicamente se resumiam a um biquíni e uma saída de praia branca discreta, além do par de brincos dourados e um colar no mesmo tom.

Kiara andava pela areia da praia, descalça, muito animada...

Qualquer um que passassem em seu lado, se sentiria contagiado por seu sorriso brilhante.

E então, enquanto caminhava, risonha e feliz, sem querer esbarrava numa garota que estava repleta de sacolas, fazendo com que algumas caíssem no chão.

— Me desculpe... você se machucou? – A Segundo-Tenente se agachava para pegar as sacolas derrubadas.

— Não... mas me desculpe por andar distraída e...-

E então, as duas se olharam e repentinamente...

Arregalaram os olhos no mesmo instante...

A cara de ambas, era de espanto... perplexidade... e surpresa...

— CHRIS!!?

— KIARA!!?

As duas se reconheciam, para dois segundos depois...

AAAAAAAAAAAAAAAAH!!! – Mary e a garota começavam a gritar em uníssono e...

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Se abraçaram, ainda gritando e dando pulinhos.

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Em que a Segundo-Tenente havia esbarrado?

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Christine Palmer, médica recém-contratada no Metropolitan General Hospital em Nova York.

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A essa altura, todas as sacolas da médica já estavam no chão.

— EU NÃO ACREDITOOOOOO!!! AAAAAAAAAAAAAH!!!

— TAMBÉM NÃO ACREDITOOOOOOOOOOOOOOO!!!

As pessoas ao redor tapavam os ouvidos por conta dos gritos desafinados das duas garotas.

— Meu Deus, faz anos que não te vejo!!! – Kiara gritava, ainda abraçando Christine, enquanto ambas pulavam.

— Sua tchonga, você nunca mais foi me ver! E por ironia do destino, a gente se esbarra aqui!? – A médica gritava de volta, abraçando a loirinha com força.

Depois de muitos surtos, gritos, pulos e palavras desconexas, elas se acalmaram e se afastaram.

— Céus, Kiara, eu não te vejo desde que você entrou pra Força Aérea!!! Por que não marcamos todo esse tempo!? Você me esqueceu completamente!!!

— Bem... eu só tenho um mês de licença todo ano, então sempre nos desencontramos, mas hoje, finalmente nos reencontramos!!!

— Por acaso!!!

— É o destino!!!

— Obrigada, Deus!!!

— Obrigadaaaaaa!!! – E então, as duas se abraçaram de novo, felizes e saltitantes.

Depois de longos minutos, as duas sentaram num banco no píer de Santa Mônica e começaram a conversar, totalmente empolgadas.

Christine explicava que estava morando em Nova York e começava a trabalhar num hospital em Manhattan, já que tinha terminado a faculdade de medicina.

— Então você está em Nova York? Eu estive lá esses tempos atrás. – Mary mostrava muita animação por rever sua amiga da época escolar após muitos anos.

— Eu estou de férias já faz alguns dias, aí resolvi vir para Los Angeles ficar com minha família. Não sabia que ia te encontrar por aqui. Você ainda está de licença?

— Sim, mas licença estendida... estou trabalhando numas coisas bem estranhas fora da Força Aérea.

— Que tipo de coisas?

— Com a SHIELD e os Vingadores e... não era para eu te dizer isso, porque é confidencial, mas dane-se... – Mary não estava nem um pouco preocupada se Fury puxaria sua orelha por dizer deliberadamente para seus amigos que estava trabalhando com todos eles.

— Os Vingadores!? Uau!!! Eu os vi de longe em Manhattan no mês passado, quando aconteceu aquela invasão alienígena do nada!!! Ficamos de plantão no hospital por dias por causa do tanto de pessoas machucadas naquela batalha!

— Eu estou trabalhando diretamente com o Capitão América... ele é o meu parceiro de missões e agora líder dos Vingadores, mas... confesso que mal vejo a hora dessa chatice acabar, porque quero voltar para Colorado Springs. Minha função é voar e não ficar aqui resolvendo enigmas e mais enigmas sobre o futuro do planeta... – A loira revirava os olhos, dizendo coisas que a médica cirurgiã não entendia.

— Eu não vou nem perguntar o que tudo isso significa, porque temo que vou ficar aterrorizada. – Christine redarguia, ainda assustada com o tanto de coisas que Mary lhe revelava.

— De qualquer forma, eu fico super feliz que você esteja em Nova York! A Amber está em Colorado Springs e eu me sinto muito sozinha longe dela. Ao menos você estará por perto e podemos sair juntas daqui pra frente!

— Você está em Nova York agora?

— Bem... estou pensando em alugar um apartamento ou uma casa por lá, já que a sede do grupo que eu trabalho, será lá agora.

— Sede?

— A Torre Stark agora é a Torre dos Vingadores.

— Uau! Aquela torre é o edifício mais estiloso de Manhattan!!! – Christine tapava a boca com as mãos, chocada e desacreditada com tudo o que a Segundo-Tenente dizia.

— Sim, mas eu não quero morar lá. Quero meu espaço e terei de ver um lugar para morar no futuro.

— Eu até diria pra você morar comigo, mas já estou dividindo um apartamento com duas colegas de trabalho...

— Não se preocupe, Chris. O importante é que agora você estará pertinho de mim e podemos nos ver com mais frequência daqui pra frente! – E então, as duas amigas se abraçaram, de novo...

Mary e Christine Palmer estudaram juntas no High School na Califórinia e depois que ambas se formaram e foram para a faculdade, nunca mais se viram. Apenas mantinham contato pelas redes sociais.

— Você ainda anda de moto, de patins, esquia, pula de paraquedas e voa de asa delta por aí? Me lembro que o nosso último ano na escola foi marcado por você fazer todas essas maluquices! – A médica a questionava e Kiara sorria diante daquelas palavras.

— Foram bons tempos, mas não... desde que fui para a base, eu apenas me foquei na faculdade e em aprender a voar. Não foi fácil mas consegui. Subi dois degraus na escada e me tornei uma Segundo-Tenente.

— Seu pai deve estar super orgulhoso...

— Ele está...

As duas conversaram sem parar por exatas duas horas, mas Christine precisava ir embora.

— Quanto tempo vai ficar na Califórnia? – A médica perguntava, já planejando chama-la para sair.

— Não sei... mas a gente podia marcar um dia desses, o que acha!?

— Ia dizer isso agora mesmo! Você tem meu número, mas já aproveitando, vou deixar o endereço do meu apê e do hospital que estou trabalhando. Quando você vier pra Nova York, me procure.

— É óbvio que vou procurar, mas vamos marcar de sair aqui em Los Angeles, bater perna. Vou te ligar hoje à noite pra gente combinar, ok?

— Tudo bem. E se você não me ligar, eu vou atrás de você mesmo assim! – As duas se abraçaram e se despediram.

Christine saia do píer repleta de sacolas, acenando para Kiara com um sorriso no rosto.

A loirinha acenava de volta, muito feliz por ter reencontrado sua amiga.

Alguns minutos depois, Mary caminhou para o final do píer, apenas para contemplar o mar. Aquele dia estava sendo maravilhoso.

Christine, que saia do local, do outro lado, esbarrava sem querer num homem alto, e forte.

Ele estava de boné, óculos escuros e falava com alguém ao telefone.

— Me desculpe. – Ela se retratava por mais uma vez esbarrar em alguém por conta das sacolas.

— Me desculpe também, senhorita. – O tal homem também se desculpava educadamente, voltando a andar na direção do final do píer de Santa Mônica.

A médica o observava saindo dali, achando que o conhecia de algum lugar...

— Acho que estou imaginando coisas...

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Steve finalmente chegava a Santa Mônica e o primeiro lugar que resolvia passar, antes de ir para o hotel onde se hospedaria, era o píer...

Havia um lugar ali, que era o seu favorito...

O local exato onde ele e Kiara tiveram uma conversa estranha, logo quando descobriu que a mesma havia colocado um sedativo num chá para fazê-lo dormir.

O Super Soldado tinha uma visão panorâmica e resolvia ficar um tempo ali, antes de ir para o hotel e reencontrar com a Segundo-Tenente.

Mas para a surpresa do Capitão, a pessoa que pensou que veria só mais tarde, estava ali... diante dele, só que virada de costas...

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Mary Crystal...

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Foi instantâneo o sorriso genuíno que desabrochou em seus lábios...

Aquela garota era tão imprevisível, que lhe surpreendia estando justamente onde desejava passar...

Ele caminhou em lentos passos na direção dela, observando a loira com as mãos apoiadas nas grades do píer, observando atentamente o mar.

Kiara cantava baixinho junto com a música que tocava de longe.

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The Gathering – Leaves.

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I close your eyes with my mouth, (Eu selo seus olhos com meus lábios)

Now you don't see anything, (Agora você não pode ver nada)

But you feel my breath all over, (Mas sente minha respiração ao redor)

I can feel you too… (Eu posso te sentir também)

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O vento soprava forte e Steve se aproximou totalmente, ficando parado atrás dela...

Os cabelos loiros da Segundo-Tenente esvoaçavam em perfeitas ondulações...

Diante daquela cena esplendorosa, o Capitão se sentiu tentado a tocar os cabelos da garota, que se encontrava distraída...

E foi o que ele fez...

O Capitão segurou uma mecha dos cabelos longos de Mary Crystal, delicadamente, sentindo os demais fios adejarem sob sua mão...

As madeixas loiras eram incrivelmente macias e sedosas... e seu perfume, incrivelmente narcotizante...

O Super Soldado continha um desejo irresistível de deslizar seus dedos totalmente pelo comprimento do cabelo loiro da garota...

Qual seria a sensação...?

Mas... Mary percebia que parecia ter algo prendendo seu cabelo e virou para trás, abruptamente...

Quando olhou para frente, deu de cara com um homem alto, forte, de boné e óculos escuros, mas com a fisionomia de...

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Steve Rogers...

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Although I don't really know you, (Embora eu não te conheça realmente)

I don't really care… (Eu não me importo)

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A primeira coisa que Mary fez quando o viu em sua frente foi...

Sorrir... largamente e amplamente, de forma luminosa, esplêndida e magnífica...

Steve sorriu de volta... um pouco magnetizado e surpreendido por ver o sorriso puro, genuíno e cristalino enfeitando os lábios tão primorosos da garota...

O sol brilhava agradavelmente através do céu azul claro, e sua luz realçava o delicado rosto da Segundo-Tenente tornando-o ainda mais angelical...

Mary piscou algumas vezes antes de dizer...

E aí, garotão...?— Ela o cumprimentava, dando um soco em seu ombro, depois de várias semanas sem vê-lo.

Diante daquele toque repentino e um tanto grosseiro, mas sincero e tão típico da garota, Steve tirou os óculos e a cumprimentou de volta, com um leve sorriso nos lábios.

E aí, garotinha...?

E então, ambos se entreolharam profundamente, imersos em seus próprios olhares resplandecentes por conta do brilho do sol e do reflexo no mar.

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Cry with me, make my day, (Chore comigo, faça o meu dia melhor)

Tomorrow all will be gone, (Amanhã tudo terá acabado)

All the sweetness and all the fun, (Todas as gentilezas e toda a diversão)

No, I don't wanna know (Não, eu não quero saber...)

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— Você voltou muito cedo. Por que só três semanas? – Mary franzia o cenho e cruzava os braços, analisando-o.

— Acredite, três semanas sem você foram ótimas, mas tenho meu senso de dever que me cobra diariamente.

— Sei... deve ter sentido minha falta e correu de volta porque estava com saudades. Confesse... – A garota sorria de canto, em tom de brincadeira.

— Seria ótimo se fosse verdade, mas não, eu sequer pensei em você todos esses dias e foi maravilhoso. Me senti em paz pela primeira vez. – Steve mentia descaradamente. Jamais admitiria que de certa forma, todas as coisas que Mary fez por ele, lhe ajudaram a recuperar as forças nas semanas em que esteve ausente.

— Mas que balde de água fria... aposto que conheceu alguma mulher por aí e ficou se divertindo com ela, não é?

— Sim... conheci uma pessoa interessante... o nome dela é Kate... – O loiro virava o rosto, com um sorriso zombeteiro nos lábios, provocando-a descaradamente.

— Você sequer está negando!

— Ela é bonita, fina, educada e gentil... o extremo oposto de você.

— Uau... eu diria que está partindo meu coração, mas isso é impossível. – Mary sorriu e fechou os olhos enquanto jogava uma mecha de seus cabelos para trás, de forma glamorosa.

— E por que eu não teria capacidade de quebrar seu coração, senhorita Ellis...?

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Por que eu não tenho coração.

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Kiara rebateu, convicta e firmemente. Ela sempre queria estar dez passos à frente do Capitão América.

— Não tem? Pensei que tivesse um coração de pedra.

— Há um buraco em meu peito, onde meu coração costumava estar e sabe... antes era puro gelo... mas ele simplesmente derreteu e fiquei vazia. E cá estou eu, feliz em compartilhar isso.

— Deve ser ótimo não ter um coração...

— Deveria aderir...

— Não, obrigado.

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Although I don't really know you, (Embora eu não te conheça realmente)

I don't really care… (Eu não me importo)

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Steve a observava em sua alegria, tão vivaz... aquilo lhe atraia...

Quando a luz do sol refletia nos olhos dela, automaticamente se tornavam amarelos... quase dourados...

Era divino...

— Tenho uma boa notícia, no meio de tudo de ruim que aconteceu esses tempos! – A voz da garota o tirava de seus devaneios.

— Qual?

— O Doutor Hank Pym decidiu se encontrar com Tony e Bruce em Malibu daqui a uns dias. Eu conversei com ele e com a Hope. Ele topou se juntar a nós.

— Isso é verdade...?

— Sim... e agora podemos marcar mais um checklist preenchido na nossa lista de missões, como realizado. – Kiara sorria... docemente amena...

— Meus parabéns por ter cumprido essa missão, senhorita Ellis.

— Não estamos indo tão mal, não é mesmo...?

— Sim, você tem razão. Mas como conseguiu convencer o Doutor Pym?

— Eu tenho meus métodos... – A garota expressava uma reação travessa na face, deixando-o ainda mais curioso, porém receoso.

— Fico com calafrios quando imagino seus métodos...

— Relaxa, só fiz ele raciocinar. E deu certo.

— Isso é ótimo e você merece todos os créditos por essa missão, afinal, eu estava fora e não tive como te ajudar.

— Créditos? E isso importa?

— Pra mim importa. Vou dizer ao Fury...

— Isso não é uma competição, Capitão...

— Mas é o que acho justo, então não me conteste.

— Ok. Não está mais aqui quem falou. – Ela deu de ombros, virando o rosto na direção do oceano mais uma vez.

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Now that you're gone i don't know, (Agora que você se foi, eu já não sei)

How to really feel inside, (Como me sentir por dentro)

Baring the hope to see you again, (Suportando a esperança de vê-lo novamente)

I guess I never will… (Eu acho que nunca mais o verei)

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Os dois observavam o mar no auge de sua beleza, sendo realçado pelo brilho do sol.

A brisa da primavera era incrivelmente agradável...

— E como você está...? – Mary o questionava, deixando-o levemente surpreendido, pela pergunta.

O olhar dela... misterioso e intrigante... parecia analisar o seu íntimo e sondar suas intenções...

— Estou melhor...

— Que ótimo, porque não vou aturar suas falhas, Capitão América... – E então, a Segunda-Tenente virava de frente para ele mais uma vez, encarando-o com extrema seriedade.

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Now that I do really know you, (Agora que eu te conheço realmente)

Yes, I really care… (Sim, eu me importo)

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— Pensei que me perguntaria se não foi divertido... – O loiro tentava desconversar qualquer coisa que o fizesse falar sobre como se sentia em relação a Bucky Barnes. Havia refletido muito a respeito e no momento, tudo o que queria, era que seu amigo estivesse bem, e segundo Fury, estava.

— Nada que você esteja envolvido é divertido, Cap.

— Talvez... – A rebateu, tentando manter o diálogo amigável.

— Mas fico feliz que esteja se sentindo melhor... você estava péssimo da última vez que nos vimos.

— Eu fiz o que você me instruiu quando estávamos em Washington... – O loiro revelava algo que a deixava confusa.

— O quê?

— Procurei por ajuda... sobre o meu problema com insônia... e TEPT...

— Sério? Com quem?

— Doutor Banner.

— E ele te recomendou alguém!?

— Sim... ele teve problemas similares aos meus... e foi a única pessoa que consegui confiar em me abrir e dizer sobre meus problemas...

— Isso é ótimo... o Doutor Banner é um Vingador extremamente gentil, apesar de esconder o Hulk nas profundezas de sua mente.

— As coisas também não foram e não são fáceis para ele até hoje.

— Assim como não são para você...

— E nem para você, não é mesmo, senhorita Ellis...? – O Capitão mirou o olhar no rosto da Segundo-Tenente, com certa... apreensão.

Não havia esquecido o horror que a garota viveu no dia em que acordou após a missão em San Diego.

Ela também sofria... e não gostava de transparecer sua dor e nem chorar na frente de ninguém, exatamente como ele.

— Sim, mas não preciso de ninguém para me dizer o óbvio.

— Você sempre afasta as pessoas que tentam se aproximar de você? – A contestava, um pouco incomodado com as respostas ríspidas dela.

— Por quê? Você está tentando se aproximar? – Ela o encarava, desconfiada.

— Não... apenas tentando te entender...

— Sou um quebra-cabeça de 100 mil peças, Capitão Rogers... quem não tiver capacidade de encaixar tudo, deveria tentar um jogo mais fácil. – Mary sorriu de canto, deixando-o ainda mais confuso.

Steve ficou em silêncio por um tempo, até que ela voltou a completar o que estava dizendo.

— Minhas relações com as pessoas são muito distantes e não confio em ninguém... você sabe disso... – Ela finalizava, no ímpeto de fazê-lo entender a sua lógica.

— Bem... eu também não confio em ninguém e acho que esse é o nosso maior ponto em comum além de torcermos para os Dodgers, mas você também já sabe disso... – Steve redarguia, tirando o boné de sua cabeça, finalmente deixando as madeixas loiras livres...

Kiara o vislumbrava naquele momento, com os cabelos lisos desgrenhados e então...

A garota se aproximou rapidamente, ficou na ponta dos pés e...

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Bagunçou os fios dourados do cabelo de Capitão, com as duas mãos...

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— Agora sim! Está perfeito! – Ela sorria, travessa, com uma expressão incrivelmente infantil no rosto.

Os fios dourados do Super Soldado, cintilavam como ouro diante do brilho majestoso do sol...

Ele apenas revirava os olhos, imaginando que seu cabelo devia estar horrível.

— Quem te deu permissão para bagunçar meu cabelo?

— Ah deixa de ser mala, Cap! Você sorri com essa cara séria e nunca sei se está se divertindo ou odiando tudo! - Naquele momento, Mary parecia ser como uma fonte de luz... tão meiga, terna, doce e sensível... uma mulher com traços de menina...

Inocente... mas ao mesmo tempo tão madura...

Sua alegria irradiava... fluía e floria... era mágico...

— Bem... é um pouco desconfortável quando alguém pode ver através de mim como você faz... – O loiro confessava, deixando-a surpreendida.

— Pensei que não confiasse em ninguém... muito menos em mim...

— Estou repensando sobre isso... – Steve exibia um meio sorriso, mostrando estar mais amigável e disposto a ter uma boa convivência com Mary, se fosse possível...

Mas ainda estava avaliando... e talvez a Segundo-Tenente fosse reprovada em sua estimativa.

— Você é incrível, sabia...? Sempre vê o lado bom das pessoas mesmo quando elas são ruins com você... – Ela mencionava a si mesma na frase, dizendo na maior cara de pau que era má com ele.

E tudo o que o Capitão respondeu, foi...

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Isso explica porque somos amigos...

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— Nós somos...? – Mary arqueava uma sobrancelha, dividida entre o choque e a desconfiança.

— Se não quiser que ninguém saiba, eu prometo não contar... se você não contar... - Um pequeno sorriso brincava nos lábios esplendorosos do Capitão América, fazendo com que a Segundo-Tenente se sentisse ligeiramente encabulada.

A atual expressão de Steve ostentava o que existia de mais incrível no mundo... a interpretação da curva de seus lábios não cabia no infinito de sinônimos que traduzissem o quão belo era o seu sorriso...

O loiro sabia que algo diferente aconteceu quando se conheceram... e ele constatava tal indício nos olhos de Mary...

Ela também sentia isso...

Os dois estavam sempre juntos, se provocando e brincando. As coisas estavam mudando... novas concepções e impressões estavam se formando... a relação deles estava mais estreita, o elo mais forte, o laço bem mais significativo, se transformando pouco a pouco em algo com um sentido mais forte...

Uma amizade real...?

— Amigos...? Hmm... não sei...

— Inimigos então...? – O loiro sugeria, ironicamente.

— Entenda, não é porque eu não gosto de você, que te considero inimigo. Mesmo porque, até pra ser meu inimigo, tem que ter muita capacidade... mas... acho que você tem razão e estamos progredindo, no entanto, não acho que ainda chegamos no nível de sermos amigos... porque amigos concordam com a maioria das coisas e nós não concordamos com nada além de torcermos para os Dodgers e não confiarmos em ninguém.

— Concordo... porém, vou continua-la observando atentamente e ponderar se no futuro, você será promovida a amiga. – O Capitão retorquia cinicamente e de modo convencido, deixando Mary um tanto perplexa.

— Eu não te entendo... disse que não sentiu minha falta nessas três semanas, mas aposto que isso é mentira! Não existe ninguém melhor do que eu, não é mesmo!? Eu sou a mulher perfeita e que você ama! – A garota respondia descaradamente e Steve apenas a mirava, observando seu cinismo.

— Não alimente essas ideias insanas em sua mente, senhorita Ellis. Não quero que me acuse daqui a pouco de estarmos num encontro romântico nesse píer.

— Encontro!? Isso aqui!? Desculpe, Cap, mas encontro romântico pra mim é quando me chamam para ouvir Arch Enemy socando a parede.

O Capitão arqueou uma sobrancelha, indigesto.

O que Peggy havia dito a ele há quase 70 anos era verdade... Ele ainda não entendia nada sobre as mulheres...

— Às vezes não entendo metade das coisas que você diz, mas gosto de ouvir... – O Super Soldado a encarava... e seu intenso olhar azul provocava um arrepio na espinha dela...

Kiara não gostava de ter aquela sensação estranha percorrendo seu corpo...

— Sabe o que eu acho!? Que você era do tipo de ser rejeitado pelas mulheres no baile e escolhido pelos valentões para levar uma surra, não é? Isso explica suas interações estranhas comigo... é tão clichê... - A musicalidade como Mary falava era intensa. Sua voz era muito expressiva...

O sorriso da Segundo-Tenente enchia de som o silêncio escondido nas profundezas da mente de Steve... o sol clareava sua dourada visão, colorindo a refletida luz dos olhos de Mary Crystal...

Mais uma vez, ele contemplava o sorriso que exibia as covinhas encantadoras da garota...

Aquela expressão tão terna, mágica e envolvente, apenas fazia com que o Super Soldado caminhasse dois passos na direção dela e... enfeitiçado por aquele encanto fascinante...

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Ele tocou uma das covinhas do rosto dela com a ponta do dedo indicador...

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Kiara arregalou os olhos, surpreendida, enquanto erguia o olhar na direção do rosto dele... e tudo o que conseguiu vislumbrar foi...

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O sorriso satisfeito do Super Soldado... tão diáfano, límpido e resplandecente.

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— Desculpe... eu não resisti... é que eu nunca tinha visto isso no rosto de qualquer pessoa antes... – Steve se justificava, se afastando logo em seguida...

Já Mary Crystal, se encontrava completamente perplexa.

Desde quando aquele Soldado tímido havia aprendido a ser tão ousado e... sedutor...?

As bochechas da garota estavam tingidas de rosa... muito levemente, afinal, não estava acostumada a ser uma pessoa reativa e sim ativa...

Ela e Steve sempre tiveram uma relação estranha, onde a mesma agia e ele reagia. A regra era essa... e sempre foi... então, por que de repente os papeis haviam se invertido?

— Regra número um, Capitão Rogers: Nunca mais toque minha covinha sem meu consentimento!— Ela protestava, ainda assustada com aquele gesto tão... audacioso...

— Me perdoe. Isso não vai acontecer de novo... – Steve retorquia, se afastando, segurando o riso ao notar que a garota se encontrava um pouco constrangida.

Kiara não gostava dos pequenos incêndios que Steve causava em seu peito...

— Se não tem mais nada para fazer, devia voltar para o hotel! – Ela cruzava os braços, ainda brava com ele.

— Sim, apenas passei aqui para ver o mar, mas já estou indo.

— Ótimo. – A garota virava o rosto, fechando os olhos, evitando fita-lo, porque ainda estava com raiva e sua expressão era de indignação.

— Você vem comigo...? – O Capitão a indagava e Mary sentia o timbre masculino atravessando profundamente seus tímpanos de uma forma estranha...

Soava tão confortável e apaixonante... mas não tinha lógica alguma...

— Não... ainda vou ficar por aqui.

— Certo... nos vemos no hotel então. – Steve dava meia volta, saindo dali, carregando seus pertences, só que...

Um papel caia do meio da bolsa que o mesmo carregava.

Mary percebeu, correu rapidamente e o pegou do chão de madeira do píer...

Quando a garota virou o papel do lado contrário, seus olhos alargaram imediatamente...

.

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Era um desenho de seu rosto...

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Assustada, a Segundo-Tenente correu na direção de Steve, impedindo-o de continuar andando.

— Espera! – Ela agarrava o ombro dele.

— O que foi...? – A contestava, inocentemente...

— Pode me explicar o que é isso!? – Kiara mostrava a folha de papel com o seu rosto desenhado a lápis...

Ela pensou que Steve ficaria envergonhado, coraria, gaguejaria, inventaria desculpas para se justificar, porém...

Ele manteve uma expressão séria e tranquila...

.

Eu resolvi desenhá-la esta manhã. Algum problema?

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Um enorme ponto de interrogação estava estampado na face da garota naquele momento.

— Por que você me desenhou!? – A loira estava completamente chocada.

— Por que tive vontade... – Steve suspirou, impaciente, já sabendo que Mary entenderia tudo errado.

— Eu quero saber o porquê!

— Você estava em minha mente... era só isso...

— E por quê?

— Por que sim...

— Você mentiu quando disse que não pensou em mim todos esses dias!? Veja, até me desenhou!!! – A garota estava exasperada com aquela situação.

— E daí...? Já desenhei várias mulheres... você não foi a primeira e com certeza não será a última... – O loiro revirava os olhos.

— E eu estava exatamente com essa expressão!?

— Sim, na minha imaginação, você estava assim...

— Desde quando anda me imaginando, Capitão Rogers!? – A garota esboçava uma careta assustada, ainda perplexa pelo desenho estar tão... perfeito...

— Não faça julgamentos precipitados, senhorita Ellis. Não estou te imaginando da forma como está pensando e-

— Eu não acredito em você!

O Capitão respirou fundo, já começando a ficar irritado.

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Ok, quer a verdade? Eu não vou dizer que minhas intenções foram completamente puras ao desenhar você...

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Ele replicou, com uma expressão austera, porém viril e desafiadora...

Os olhos azuis a encaravam com resquícios de fúria... pois o loiro não se sentia à vontade por ter que dar explicações sobre suas inspirações como artista...

A garota de calou... em choque... desde quando Steve Rogers escondia um lado tão ousado e arrogante como aquele?

— E qual é o homem que desenha uma mulher sem ter segundas intenções por trás!?

— Não entendo o motivo de seu estardalhaço... eu te acho bonita... e te desenhar me deu uma desculpa para te olhar no tempo em que passamos juntos... é só isso... nada demais... – O loiro finalizava, pegando o desenho da mão de Mary Crystal, que se encontrava...

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Extremamente desacreditada...

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— Como você pode dizer tudo isso sem ficar envergonhado!? Você não é assim!!! – Ela apontava o dedo indicador para ele, com uma expressão de assombro e histeria no rosto.

— Porque não cometi nenhum crime para ser julgado de tal forma. Então, se me der licença, estou voltando para o hotel. – E então, Steve dava um giro de 180 graus, indo embora...

A Segundo-Tenente observava o Super Soldado saindo dali... tranquilamente...

O sol apenas realçava a aparência tão exímia do loiro, que parecia ter sido esculpida por um engenhoso artista...

Sua postura imponente... seus ombros largos... seus músculos perfeitos... seu cabelo brilhante, liso, perfumado e sedoso...

Kiara se praguejava mentalmente...

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“Romantismo, vai ver se estou na esquina!!! Se eu estiver, sente pra beber comigo, pois precisamos conversar sobre o porquê de você me fazer olhar pra esse soldado retrógrado e me sentir estranha...”

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Notas finais do capítulo

Mary se apaixonando? Ainda é cedo, não acham, crianças?

Ouçam a música desse capítulo, genteeeeee. É da minha banda favorita que se chama The Gathering, uma banda holandesa de Rock, com uma vocal feminina (eu vivo deixando comentários lindo de declarações de amor nas fotos do Instagram da ex-vocalista e ela vive dando amei neles, aaaaaaaaaaaaaaaah *momento fã descontrolada).

A música está na playlist do Spotify. Segue lá: https://open.spotify.com/playlist/73aGwH2QWBUvoLgw7YWkX2?si=pqUM1kjoS3ed0ldwuAhIow

Os próximos dois capítulos serão bem intensos. Thor volta para a terra, Doutor Pym resolve se reunir com Tony e Banner e a Mary, bem, essa sim mostrará o quão deslocada está desse grupo incrível de super heróis, porque não se sente em casa... quem vai confortar essa loirinha? O nosso Cap! Além disso, quero muito que vocês façam contagem regressiva pro capítulo 27, que será o mais LINDO E PERFEITO NO QUESITO ROMANCE!

Até o próximo.



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