Nemesis escrita por ariiuu


Capítulo 19
Pesadelos tortuosos




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Pesadelos tortuosos

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19 de Abril de 2012, 22:46 PM

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Santa Mônica – Califórnia

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Depois de passar a maior parte do dia fora e deixar Steve Rogers em paz por horas, Kiara voltava para o quarto que compartilhavam.

O Capitão não foi procurar por ela, mas ficou preocupado o dia todo, afinal, Mary Crystal se comportava como uma criança na maior parte das vezes, então, precisava ficar de olho nela.

Quando a garota entrou na suíte, Steve, que lia mais um dos livros ao lado de sua cama, o fechava e se levantava da poltrona ao lado da sacada.

Ela estava com um disfarce sutil...

Um reles óculos de grau e roupas bem bregas, estilo hippie.

— Onde você estava, senhorita Ellis!? – O tom de voz do Super Soldado era de repreensão e ela já sabia que ouviria muitos sermões.

— No píer! O dia estava tão lindo e como estamos num intervalo entre as missões, resolvi aproveitar.

— Já disse várias vezes pra parar com isso. Deixe de ser uma pessoa inconsequente! Eu preciso que se concentre! – O Capitão estava de pé, frente a frente com ela, com um semblante áspero no rosto.

Normalmente ela soltaria uma piada e eles começariam a discutir, mas...

Havia decidido que por enquanto não faria isso, e então...

Camomillati! (Acalme-se!)

Steve revirou os olhos.

— Pare de falar em italiano comigo, senhorita. Eu estou falando sério.

— Foi mal, Cap... mas... achei que era melhor te deixar sozinho... sei que está odiando ter que dividir um quarto comigo.

— Isso não importa. Se faz parte da missão, eu não vou contestar.

— Aah... então da próxima vez eu deixo um bilhete antes. Prometo. – E então, Mary Crystal sorriu, só que... não era aquele sorriso malicioso que sempre lançava na direção dele, com o intuito de deixa-lo irritado, mas um sorriso genuíno e sereno.

Steve estranhava aquele comportamento.

— Você está estranha, senhorita Ellis.

— Estranha por quê?

— Não tem o costume de ser tão amigável comigo...

— Bem, digamos que hoje eu esteja de folga... sem discussões desnecessárias, sem debates por motivos banais, sem piadas ácidas, sem brincadeiras idiotas. Pode ficar tranquilo que não farei e não direi nada que te irrite. – Ela passava por ele, tirando sua mochila das costas, pendurando-a no gancho que se encontrava na parede.

O Capitão arqueava uma sobrancelha... aquela postura era muito suspeita...

— Eu não sei o que está aprontando, mas seja como for, preciso que se concentre na nossa missão em San Diego.

— Sim, eu sei. O Fury me passou alguns detalhes. Já analisei e pensei em discutir com você e os outros o plano de invasão.

E então, ela o mirava, olhando-o com uma expressão segura e tranquila.

Steve não conseguia entender...

Ela parecia mais adulta do que o normal...

Mas...

Algo estalou em sua mente e...

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Você está interpretando uma nova personagem, senhorita Ellis...?

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Mary franziu o cenho e olhou para os lados...

Céus, ele não estava acreditando que suas intenções eram verdadeiras?

E agora...?

— Se eu disser que não estou, vai acreditar em mim?

— Não.

— Bem, então não há o que ser feito. – A garota encerrou o que deveria ser o motivo de mais uma discussão, mas aquilo não havia convencido o Super Soldado.

— Eu espero que não esteja aprontando nada, porque se estiver, eu vou descobrir. – Ele a advertia, e Mary resolvia ignorar.

— Ok, Cap. Vá em frente. Agora vamos sentar e planejar a nossa missão?

— Você não é do tipo que faz planos, lembra? Disse que não sabe trabalhar em equipe.

— Sim, e você está certo, mas eu pretendo terminar tudo isso o mais rápido possível, porque diferente de você que é um militar aposentado, eu ainda estou na ativa e não pretendo sair da Força Aérea tão cedo. Quero acabar com essa licença estendida o mais rápido possível, então preciso trabalhar em equipe. Agora vamos deixar essa discussão inútil de lado e falarmos sobre o que realmente interessa? – Mary articulava, seca, fria e direta e... Steve não estava acostumado a vê-la agindo daquele jeito...

Por ora, cederia, mas... estaria de olhos bem abertos com aquela garotinha mafiosa.

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Passados duas horas, Mary resolvia colocar seu plano em ação...

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Faria Steve dormir profundamente aquela noite, para que pudesse acordar bem-disposto no dia seguinte, só que... ele não poderia saber em hipótese alguma sobre seu plano...

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A garota abria o embrulho que recebeu de seu amigo que era médico e dissolveu o conteúdo que havia em uma das capsulas num chá, que fez questão de pegar na cozinha do hotel.

A substância sedativa, com certeza o faria dormir.

A Segundo-Tenente carregava duas xícaras de chá para o quarto.

Ao entrar, ela foi direto ao ponto.

— Cap, trouxe um chá de camomila pra gente. – Ela fechava a porta com a ponta do pé, já que as duas mãos carregavam a bandeja.

Steve arqueou uma sobrancelha... perplexo...

Aquela garota maluca estava tentando ser gentil com ele...?

— Por que você me traria um chá? – A contestava, completamente desconfiado.

— Por que sim... e por sinal, está ótimo! – A garota bebericava o líquido quente de uma das xícaras.

O loiro a observava detalhadamente... aquilo não fazia sentido algum...

Com certeza, ela tinha colocado algum veneno ou laxante naquele chá... e ele não estava disposto a cair naquela atuação.

— Não, obrigado. Não quero nada.

— Mas-

— Senhorita Ellis, não vê que seu comportamento é suspeito? Porque tão repentinamente está sendo gentil comigo? Nós não temos uma boa relação, caso tenha esquecido.

— Sim, mas... estou fazendo isso pra que possamos nos dar bem e terminarmos tudo isso com êxito o mais rápido possível. Sou a mais interessada em me livrar do Fury, lembra?

— Isso não me convence.

— Escuta, Capitão Rogers... não precisa tornar a nossa convivência tão difícil, então-

— Foi você quem tornou isso difícil, senhorita Ellis. Tentei conviver tranquilamente com você, pensei que tivéssemos passado uma borracha no passado quando te dei aquela carona para o Queensboro Park e... você estragou tudo... além do mais, ainda me lembro das discussões violentas que tivemos depois disso, de suas brincadeiras de mau gosto e do soco que me deu aquele dia na Torre Stark.

— Você... realmente não vai esquecer tudo isso...?

— Minha memória não esquece, arquiva. – Ele finalizava, com os braços cruzados e parte do corpo apoiado na porta da sacada.

— Aah, ok então, é guerra que você quer, não é?

— Achei que você quisesse isso, senhorita.

E então, Mary Crystal se aproximou lentamente dele, com um semblante intransigente.

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Tudo bem... você é um homem de combate, não é Capitão!? Pois saiba que Kiara Castelani é meu nome de guerra. Eu faço book rosa e cobro dez mil dólares a hora. Interessado?

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— O quê...? – Steve franzia o cenho, a fitando, confuso... ele não entendeu nada do que ela queria dizer com “nome de guerra” e “book rosa”.

Teria de perguntar aquilo para Natasha e Clint mais tarde.

— Eu já imaginava que não entenderia... vai precisar de um manual pra saber o que significa todos esses termos...

— Não venha se achando superior só porque nasceu numa época posterior à minha, senhorita Ellis. Pode pertencer as gerações atuais, mas sua sabedoria mal chega perto da sabedoria das mulheres de minha época.

— O quê!? Você acha que eu sou uma mulher mediana? Pois saiba que aprendi muitas coisas não só com a Cosa Nostra, mas com a Yakuza, os Yankees, a Tríade e a Bratva! Tenho mais conhecimento que as quatro gerações de mulheres da sua família!

— E acha que isso vai me impressionar...? – O Capitão desdenhava do que ela falava.

— Se não entendeu o que eu disse, esses nomes definem as máfias japonesa, chinesa e russa, só pra esclarecer!

— Pode ter o conhecimento de tudo isso, mas pra mim, o que realmente importa são princípios e valores, senhorita Ellis, algo que pessoas normais da minha época priorizavam.

— Eu até queria ser normal, mas nunca me simpatizei muito com o tédio... – Ela olhava pra cima propositalmente, debochando do que ele dizia.

E então, os dois continuaram discutindo trivialidades por mais um tempo...

A primeira tentativa do plano havia falhado e Kiara não conseguiu sedá-lo...

Ela foi dormir um pouco mal-humorada... e... era difícil pregar o olho, sabendo que em algumas horas, o Super Soldado começaria a sofrer de insônia e pesadelos quando deitasse.

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Passadas três horas, lá estava Steve... mais uma vez, sofrendo com pesadelos constantes...

Ele se contorcia na cama, murmurando palavras...

Não... não...— Virava de um canto para o outro, como se estivesse diante de uma tragédia que estava prestes a acontecer...

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A tragédia onde Bucky Barnes caia dos alpes...

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Seu amigo estava pendurado nas partes destruídas do trem, erguendo a mão desesperadamente para que ele pudesse agarrar e puxá-lo para cima...

Não... por favor... não...!— Ele sussurrava tais palavras, atormentado pelas imagens ainda muito nítidas... mas...

O Sargento caiu de uma altura que era impossível de sair vivo...

O trem continuava seu percurso... e Steve... ficava imóvel... impossibilitado de salvá-lo...

Não havia volta...

Não era um pesadelo... eram suas próprias lembranças, lhe punindo por não ter sido capaz de salvar seu melhor amigo.

As memórias alardeavam aqueles malditos sonhos, deixando suas noites cada vez mais sufocantes.

O desejo de salvá-lo, percorria seus sentimentos, estraçalhava seu coração e transformava a realidade no mais temível...

Inferno...

Carregaria aquela culpa para sempre... o sangue dele estava em suas mãos...

Steve simplesmente não podia esquecer aquela tragédia e viver sua vida normalmente...

Seu amigo havia morrido... que direito ele tinha de continuar o caminho?

Não havia nada naquele mundo que lhe fizesse esquecer que Bucky havia morrido por sua culpa...

Gélidas vozes do além lhe diziam que não merecia estar vivo...

Os rostos daqueles que morreram por ele, ainda assombravam sua mente...

Sussurros que ecoavam do abismo, insistiam que sua sentença era viver com aquele tormento para sempre...

Seu coração disparava, como se fosse explodir... suas veias congelavam e uma sensação asfixiante e abrasadora percorria por seus pulmões, lhe fazendo sufocar...

E então... em frações de segundos...

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Steve começou a gritar...

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Não, aquela não era a primeira vez que tinha um pesadelo com complicações físicas tão intensas... ele teve crises semelhantes logo quando acordou do gelo e se deparou com o mundo no século 21.

Toda a ansiedade que carregava em 1945, se intensificou quando disseram que havia acordado em 2012.

O Capitão continuava se debatendo, em meio a gritos desesperados.

Naquele instante, Mary acordava assustada com as exclamações de dor do Capitão.

A garota correu em sua direção, alarmada pela reação violenta que o mesmo mostrava naquele momento por conta dos pesadelos.

— Ooh Deus, me ajude...! – E então, Mary segurou os braços dele, tentando fazê-lo acordar daquele terrível pesadelo.

— Hey, Cap, acorde!

Ela sacudia os ombros do Super Soldado, mas a resposta foi violenta...

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Desacordado, Steve a jogou para longe...

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Era como se sua força tivesse aumentado duas vezes mais, já que o que sentia naquele exato instante era dor, ódio de si mesmo, culpa, desespero, aflição e agonia.

A garota se levantava, um pouco surpreendida por ter sido arremessada com força para o outro lado, só que... aquilo jamais seria capaz de pará-la...

E mais uma vez, Mary tentou...

Ela agarrou os ombros dele novamente, impedindo-o de se mexer, e então, o chacoalhou com muito mais força.

— CAP, ACORDE AGORA!!! VAMOS, ACORDE!!! VOCÊ NÃO PODE PERDER PRA ESSES PESADELOS!!!

No precipício de sua consciência, Steve ouvia uma voz lhe tirar daquele tormento infernal...

Uma voz parecida com a de Peggy...

O Capitão se concentrou na vibração daquele ruído e então, finalmente abriu os olhos... lentamente...

Estava tudo desfocado, e o rosto que parecia ser o de Peggy, na verdade...

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Era o de Mary Crystal...

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Ele franziu o cenho... assimilando lentamente a realidade em sua volta...

A garota o encarava, ainda muito assustada, mas aliviada que o loiro tivesse acordado.

A respiração de Steve se encontrava ofegante e o mesmo não entendia porque a Segundo-Tenente estava diante dele naquele momento.

— Senhorita... Ellis...?

— Cap, você está bem...? – Redarguia, totalmente preocupada.

— Por que... está em cima de mim...? – Steve a contestava, já imaginando que o motivo de a mesma estar ali, era por conta de uma de suas crises de ansiedade em meio ao sono.

— Você... começou a gritar... está tudo bem mesmo...? – A garota o interpelava, com muita suavidade em sua voz.

Steve não respondeu...

Tudo o que o mesmo fez, foi se levantar...

Uma gota de suor caia do pescoço masculino... seu corpo se encontrava úmido e sua camiseta estava colada em seu tórax.

Sua testa respingava... suas mãos se encontravam trêmulas, as pernas fracas e os batimentos cardíacos muito acelerados...

Naquele exato momento, o Capitão se sentia envergonhado...

Expor parte de sua vulnerabilidade na frente dela, não estava em seus planos...

Céus, porque de todos, justo ela tinha de assistir uma cena tão deprimente? Não conseguia aceitar...

Odiava quando uma pessoa desconhecida presenciava suas debilidades e fraquezas, porque se empenhava em ser discreto quando se tratava de qualquer problema que expusesse seus piores medos.

— Me desculpe pelo transtorno, senhorita... eu não tive a intenção... – Steve se desculpava, porque odiava dar trabalho para as pessoas... odiava olhares de pena e de compadecimento e muito menos olhares de pessoas que se sentissem na obrigação de fazer algo por ele...

Tal conduta se devia a época em que ainda era um garoto asmático e o fato de sua mãe pedir ajuda as pessoas à volta quando ele adoecia e precisava ser levado às pressas para o hospital.

Nem sempre as pessoas ajudavam... nem sempre elas queriam ajudar...

E para evitar isso a todo custo, ele prometeu a si mesmo, nunca pedir ajuda a ninguém...

Porém...

Aquelas palavras arrancaram uma feição perplexa e assombrosa no rosto de Mary Crystal.

Desde quando alguém se desculpava por passar mal?

— Porque está se desculpando...? Você estava tendo uma crise...

— Eu... peço desculpas por acordá-la e também por assustá-la... infelizmente eu... estou alguns problemas quando tento dormir, mas não se preocupe... vou conversar com Fury para que nos coloque em quartos separados de novo, então-

— Capitão Rogers... pare com isso...

O rosto de Mary Crystal expressava algo diferente que ele nunca tinha presenciado antes...

Era uma mistura de comiseração com... revolta...

Steve respirou profundamente, tentando recuperar o ar que faltava em seus pulmões.

— Eu sei que deve estar brava porque te assustei, mas... eu não quero que isso se repita... não gosto de atormentar as pessoas a minha volta por causa dos meus problemas. – Replicava, com muita angústia na voz.

O Super Soldado não tinha o costume de perturbar ninguém por conta de suas dificuldades, tampouco as deixava ajudá-lo. Não queria demonstrar fraqueza, porque sempre foi o líder do grupo.

Agora então, que estava sozinho no século 21, havia decidido não se abrir com ninguém. Não confessaria seus piores pesadelos para quem quer que fosse.

Ele era extremamente orgulhoso e pensava em lidar com tudo sozinho, mesmo rodeado de tantas pessoas e se sentindo o ser mais solitário do mundo.

Steve sempre trabalhava demais, se preocupava demais e se importava demais... no mesmo nível que Tony, ou talvez mais do que ele, mas o problema era nunca estar em paz... exatamente como o gênio das Indústrias Stark.

Mary analisava o loiro com aqueles olhos verdes que pareciam tão frios, cruéis e intimidantes...

Ele se sentia ameaçado diante do olhar esverdeado da Segundo-Tenente, em meio a escuridão do quarto...

A frígida brisa que adentrava pela sacada, esfriava as gotas de suor que escorriam de sua testa e sua nuca... como uma lâmina gélida tocando sua pele num contato férreo e agudo...

Mas a sensação do pesadelo ainda estava ali... e ainda sufocava seus pensamentos... lhe fazendo recordar de suas últimas batalhas na segunda guerra... e do ódio que sentia de si mesmo por ter deixado Bucky morrer...

Cada imagem relembrada, fervia seu sangue... ele nunca se perdoaria...

Nos uivares do silêncio, as batidas exaustas de seu quebrado coração eram o único som que conseguia ouvir...

Steve segurava algumas lágrimas que queriam escapar de seus olhos... eram como farpas escondidas, que ardiam com veemência no fundo de sua alma...

Mas jamais choraria na frente daquela garotinha mimada... seu orgulho nunca permitiria tal vexame.

E então, depois de longos segundos o encarando friamente, Mary resolveu quebrar o silêncio.

— Quem no mundo pediria desculpas depois de ter uma crise de ansiedade desse nível? Será possível que não entendeu o que está acontecendo com você, Capitão?

— Senhorita Ellis, é melhor pararmos por aqui... não estou em condições de começar uma nova discussão desnecessária.

— Seria desnecessária se fosse por algo sem importância, mas discutir sobre o seu problema com TEPT é algo que requer urgência. – Ela redarguia, num tom de voz áspero e autoritário.

— TEPT...? Do que está falando...? – Ele a contestava, confuso.

— Você tem problemas com Transtorno de Estresse Pós-Traumático. Eu tenho certeza.

— Como pode me dar um diagnóstico desses? Você não é médica.

— Já lidei com soldados que tinham o mesmo problema que você. Os sintomas são os mesmos.

O olhar de Steve a rodeava... caótico... ele se encontrava um pouco assustado com a revelação que Mary lhe fazia.

— Desculpe, mas não vou levar em consideração suas palavras, senhorita...

— Você revive vários acontecimentos catastróficos, decorrentes a eventos traumáticos, como recordações aflitivas, flashbacks e pesadelos. Seu comportamento é retraído, porque você evita pensamentos, pessoas, atividades e lugares que lembrem as coisas ruins que lhe traumatizaram. Você também tem alterações negativas de cognição e humor, além de hiper-vigilância, insônia, espasmos e pensamentos acelerados. Esses sintomas causam sofrimento significativo, prejuízo social e dificuldade de desenvolver laços afetivos com outras pessoas, ou seja, precisa de um médico urgente, Capitão Rogers...

Kiara terminava toda uma análise feita em apenas um dia, deixando-o assustado no número de acertos que fizera, dando o diagnóstico perfeito, e ele se perguntava... Como Mary Crystal sabia de tudo aquilo se ela aparentava ser apenas uma garotinha mimada, imatura e egoísta na maior parte do tempo?

Como ela observou tudo aquilo nele em tão pouco tempo?

— Como... você...-

— Você acha que sou boa apenas com o sarcasmo, Capitão? Eu levo o meu trabalho muito a sério e já lidei com soldados cujos traumas eram bem piores que os seus.

— Lidou com soldados...?

— O Fury não te deu a minha ficha?

— Sim... acho que me recordo de ter lido algo a respeito nela, mas-

— Eu trabalhei na ala de enfermaria no Afeganistão por um ano e adivinhe no quê? Arquivando o aconselhamento de homens traumatizados por causa da guerra.

— Por quê...? Você não é Bacharel em Ciência da Computação? Não é uma piloto? O que fazia ali?

— Meus superiores achavam que o meu raciocínio era lógico e exato demais para aquele serviço, e auxiliaria os militares que tinham formação em medicina com minhas habilidades. Aprendi muitas coisas ali... dentre elas, a de identificar transtornos psicológicos. Foi assim que consegui dar o seu diagnóstico, Capitão Rogers... – E então, Mary finalizava, deixando o Super Soldado perplexo...

— Eu... não tinha ideia que possuía essas habilidades, mas... não estou pronto para ter ajuda médica, senhorita Ellis.

— Você precisa. Ou vai colocar toda a equipe em risco.

E então, Steve a encarou, um tanto impressionado...

Ela nunca demonstrou ter uma postura tão racional e congruente antes.

Só que...

Mesmo depois de todas aquelas palavras... o loiro ainda não conseguia confiar totalmente no que Mary dizia.

— Posso concordar com suas últimas palavras, mas... não consigo confiar em você, senhorita...

— Eu não estou pedindo pra confiar em mim. Estou pedindo para tomar uma atitude sensata e procurar um médico. – Ela replicou, seca e ríspida. Seu olhar se mantinha indiferente... e a Segundo-Tenente parecia outra pessoa...

Agora ela parecia uma verdadeira militar...

Steve sacudiu a cabeça... ainda muito transtornado.

— Não sei se conseguirei fazer isso...

— E vai continuar sofrendo com insônia e pesadelos até quando? Até seu corpo ficar exausto por não dormir por dias e semanas?

— Sabe que o soro não permitiria isso...

— Exatamente. Se você está de pé, agradeça ao soro. – As palavras de Mary Crystal soavam como navalhas afiadas em seu peito, e ele sabia que ela estava certa...

— Ainda que nada disso seja de sua conta, vou pensar a respeito de tudo o que me disse, senhorita Ellis. Estou levando em consideração tais palavras por causa de suas experiências na Força Aérea, e porque atualmente trabalhamos juntos, mas... isso não significa que abrirei minha guarda pra você novamente. Eu permiti que isso acontecesse apenas duas vezes e a senhorita desperdiçou suas chances. Não cometerei tal erro pela terceira vez... – Steve concluía, e sua decisão arrancava um riso divertido na loira.

— Eu sei... é como dizem por aí: Confiança é igual espelho... se quebrar, não tem volta. Agora vamos encerrar essa conversa por aqui. São apenas duas da manhã e você não dormiu. Tente esvaziar a sua mente e volte a descansar. – Ela se virou, já rumando para sua cama, só que...

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Não vou conseguir dormir... e acho melhor nem tentar... não quero incomodá-la se tiver outro pesadelo...

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Naquele instante, Mary respirou fundo, soprando para cima a mecha de cabelo loira que estava na frente de seu rosto.

— Vamos resolver esse problema. Me espere aqui. Vou pegar uma coisa pra você.

— Que coisa...? – Ele arqueou uma sobrancelha, desconfiado.

— Apenas me espere.

E então, Kiara correu para a cozinha do hotel, que mesmo aquela hora da madrugada, funcionava normalmente, já que era um hotel luxuoso que permanecia aberto 24 horas.

Ela pedia um chá de camomila para as responsáveis da cozinha, dizendo que era para seu companheiro de quarto, e depois de pronto, despejou o conteúdo da cápsula do embrulho que havia pegado com seu amigo que era médico.

Aquele sedativo com certeza faria o Capitão América dormir.

A garota voltava para o quarto depois de quinze minutos, com uma bandeja que carregava uma xícara, uma colher, adoçante e sachês de açúcar.

Steve a observava se aproximar, carregando a bandeja.

— Você recusou esse chá mais cedo, mas tenho certeza que se tivesse tomado, estaria dormindo nesse momento. – Ela colocava a bandeja por cima dos lençóis que cobriam o loiro.

— Acha mesmo que chá de camomila me fará dormir?

— Sim... por quê não?

— É algo muito fraco pra conter o que venho sentindo...

— Você vai parar de ser um vovô chato e dar uma chance ou não? – Mary insistia, fazendo-o arquear uma sobrancelha.

— E por que acha que eu tomaria um chá preparado por você? Quem garante que não colocou nada aí?

— Tá dizendo que eu estou tentando te envenenar?

— Isso é bem possível...

— Aah, por favor! Você está delirando!

— É mesmo? Então porque não experimenta esse chá primeiro?

— Se esse é o problema, então tá! – A garota pegou a colher que se encontrava ao lado da xícara, retirou parte do líquido e o bebeu, mostrando que não havia nada de errado ali.

Steve estranhava... será que dessa vez, ela estava de fato, sendo verdadeira e tentando ajuda-lo?

— E agora? Qual vai ser a desculpa?

— Bem... vou aceitar apenas porque se deu ao trabalho de fazer uma gentileza para amenizar meus problemas com o sono, mas tenho certeza que um reles chá de camomila não me fará dormir. – E então, o loiro pegava a xícara de cima da bandeja.

— Isso é o que nós vamos ver... – Mary esbanjava um sorriso travesso e convencido. Sabia exatamente que ele pegaria no sono em menos de uma hora.

O Capitão terminava de tomar o líquido quente e Mary tinha absoluta certeza que ele acordaria por volta da hora do almoço do dia seguinte.

Ela pegou a bandeja de cima da cama.

— Eu vou levar isso de volta pra cozinha lá embaixo. – A garota se levantava, prestes a sair dali.

Dois segundos depois, Steve chamou por ela, que já se encontrava de costas.

— Senhorita Ellis...

A loira virou o rosto na direção dele.

— Sim...?

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Obrigado...

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E então, o Capitão a olhou, com uma feição mais leve e tranquila.

A Segundo-Tenente sorriu convictamente satisfeita.

— Vá pra cama, Capitão! – Ela exigia, fechando a porta logo depois.

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Mary Crystal demorou para voltar, de propósito. Ela só retornou ao quarto depois de 50 minutos, que era o tempo ideal para que a substância do sedativo fizesse efeito.

Passado esse tempo, a garota abriu a porta lentamente, cuidando para não fazer nenhum ruído.

Quando fechou a porta e andou na direção da cama onde Steve estava, percebia que naquele momento...

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Ele dormia profundamente...

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A loira o observou durante alguns minutos, analisando-o, apenas para ter certeza se ele estava mesmo dormindo ou fingindo, mas chegava a conclusão que de fato, ele dormia...

— Deu certo... – Ela sussurrava, feliz e aliviada por ter conseguido fazer o Super Soldado repousar adequadamente, ainda que ele não tivesse ideia que havia calmante em seu chá.

Mas ela diria isso a ele mais tarde...

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Oito horas se passaram...

Já era por volta das onze e meia da manhã e Mary voltava com algumas sacolas de papelão para o quarto, carregando o café da manhã que comprara numa padaria próxima ao hotel.

A garota passava em frente a cama de Steve e ele...

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Ainda dormia profundamente...

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Ela sorriu de canto, satisfeita por saber que aquela noite, o Capitão finalmente havia conseguido dormir.

Se perguntava se o loiro tinha pesadelos todos os dias... céus... devia ser muito difícil viver daquela forma...

A garota arrumava a mesa que ficava ao lado da sacada, porque sabia que o mesmo acordaria com muita fome, e quando terminou, resolveu analisa-lo mais uma vez...

Kiara observava Steve dormir...

Era a visão mais bonita que podia ter ao longo de todas aquelas semanas. Não pensou que o mesmo descansaria daquela forma, a ponto de dormir várias horas seguidas sem nem se mexer.

Os raios solares que invadiam o quarto através das cortinas da sacada, iluminavam o rosto do Capitão, deixando sua pele mais clara e seus cabelos mais dourados...

Ele provavelmente dormiria por mais algumas horas, isso se...

O despertador do Super Soldado não tivesse apitado naquele exato momento e o barulho não tivesse o tirado das profundezas do sono...

Kiara tentou silenciar o aparelho, mas acabou não conseguindo desliga-lo a tempo, porque naquele momento, os olhos de Steve abriram... lentamente... como se estivesse com muita dificuldade de acordar...

A Segundo-Tenente começou a xingar... baixinho...

— Mas que porcaria de despertador... porque tinha que apitar justo agora...!? – Ela segurava o objeto com raiva e o loiro, apenas a olhava... confuso... sonolento e com o raciocínio muito lento...

— Senhorita... Ellis...? – Os olhos dele se estreitavam diante da iluminação do quarto.

— Bom dia, Capitão... – Kiara sorriu ternamente, tentando disfarçar.

— Que horas... são...? – Ele a questionava, um pouco tonto e desorientado.

— Quase meio dia...

— O quê...? – Steve abriu ainda mais os olhos e tentou se levantar, mas sentia seus músculos muito relaxados e uma fraqueza espalhada por todo o seu corpo.

— Estou me sentindo... estranho... – A voz dele soava branda e mais baixa do que o comum.

— Você está relaxado... vai demorar um pouco pra despertar completamente, então eu sugiro que volte a dormir.

— Eu não quero voltar a dormir... – Ele tentava se levantar, com muita dificuldade, lutando para se desvencilhar dos lençóis.

Kiara estendia a mão na direção dele, que no mesmo instante a pegou...

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A garota o puxou com força, ajudando-o a se sentar da cama.

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Steve sentia sua vista sendo ofuscada pelo forte brilho do sol que entrava pela sacada.

Não se recordava de sentir tanto sono desde que acordou do gelo.

O Capitão a fitou... com os sentidos embaralhados...

— O que tinha naquele chá...?

— Camomila.

— Não... tinha algo a mais... camomila não me faria dormir desse jeito...

— Hey, porque não falamos sobre isso mais tarde? Eu preparei o café da manhã! Você não está com fome!?

O loiro olhou para frente, observando a mesa repleta de comida...

Ele arqueou uma sobrancelha, ainda muito desconfiado...

Por que Mary Crystal estava sendo tão prestativa e gentil?

— Eu... preciso de um banho...

— Ótimo! Isso vai ajudar a te despertar! Então vai logo, porque estou morrendo de fome e quero comer!

— Você quer que eu tome café junto com você, senhorita...? – Ele mostrava certa perplexidade.

— Sim, por que não?

— Isso... não é de seu feitio...

— Sim, não é...

— Está interpretando outra personagem...? Quem é essa agora...? – A contestava, desconfiada.

— Pare de fazer perguntas e vá logo pro banheiro! – Mary puxava o braço do Super Soldado para fora da cama.

Steve sentia seu corpo sendo erguido e puxado logo em seguida por ela.

A garota terminava de empurrá-lo para dentro do banheiro.

— Vê se não demora, porque senão, a comida vai esfriar...!

O loiro a encarava, completamente desconfiado... pensava que Mary estava aprontando alguma, mas seu raciocínio estava tão lento, que a única coisa que desejava naquele momento, era um banho gelado pra tirá-lo daquela moleza toda.

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Steve levou cerca de meia hora para tomar banho, escovar os dentes e se barbear.

Quando saiu do banheiro, Kiara se encontrava sentada em frente à mesa, olhando para a sacada...

Já era hora do almoço...

O Capitão já estava muito mais despertado, mas ainda sentia seus músculos muito relaxados.

Que chá mágico era aquele...?

Ele caminhou na direção da mesa, e logo foi a questionando.

— Esse chá... não era normal...

— Para de perguntar sobre o chá e senta aí. – Retorquia, ríspida.

— Por que está fazendo tudo isso por mim?

— Porque sim. Agora senta, ou vou te empurrar dessa sacada por me fazer esperar todo esse tempo pra tomar café. – Ela o encarava seriamente, sentindo seu estômago roncar.

— Não pretendo abrir a minha guarda de novo, senhorita Ellis.

Mary revirou os olhos diante daquela frase que era repetida o tempo todo.

— Olha aqui, Cap, será que você pode parar de reclamar igual a um velho e sentar logo nessa cadeira!? Não tem ninguém atuando aqui!

— Bem... atuando ou não, vou descobrir isso em breve.

— Ok, Sherlock Holmes, agora cala a boca e come logo.

E então, o loiro se sentou na cadeira que ficava de frente para ela.

Steve a analisava friamente... não conseguia confiar naquela garotinha mafiosa...

Algo estava errado... ela jamais faria tudo aquilo por ele só por pena...

Quando o Super Soldado olhou para a mesa, notava que havia muitas coisas ali.

Uma garrafa de café, pães, um pote de manteiga, uma tigela com frutas, uma jarra de suco de laranja, uma bandeja com duas fatias de bolo de chocolate, outra com waffles e um vidro de mel, além de pratos e talheres.

— Não deveríamos almoçar em vez de comer isso...?

— Acabou de acordar e já está dando ordens, Capitão? Podemos almoçar mais tarde. Tem um restaurante de frutos do mar maravilhoso perto do píer. – Ela despejava o café da garrafa térmica em uma das xícaras.

— Está me convidando pra almoçar...?

— Sim, porque não?

— Desculpe, mas ainda não estou entendendo.

— Podemos por favor comer e falar sobre isso mais tarde? Pode ser?

— Certo... a hora de uma refeição é sagrada.

— Exatamente. – E então, ela sorriu de canto.

Mary apenas saboreava o pão que acabava de passar manteiga e fechava os olhos, apreciando o sabor maravilhoso.

— Eu vou comer uns três pães! Adoro a massa dessa padaria! – Ela afirmava, muito feliz e animada.

Sua felicidade era contagiante... como ela conseguia?

— Você se contenta com algo tão simples como passar manteiga num pão que vai comer?

— Só o fato de comer pão com manteiga no café da manhã já é um belo motivo pra me deixar feliz! – E então, Mary sorriu de novo... ela conseguia mesmo transformar coisas tão simples num motivo de euforia.

— Entendo... – E então, Steve avaliava toda aquela comida na mesa, não sabendo por onde começar.

Ele olhou para Mary e a viu comendo seu pão desesperadamente...

.

Sem modos... sem nenhum requinte... sem vergonha alguma...

.

O loiro estreitou o olhar, achando aquela cena um pouco bizarra.

— Você come bastante...

— Tenho um metabolismo muito acelerado... – Ela redarguia, enquanto mastigava.

— Eu também...

— Jura...? – A loira ironizava, revirando os olhos com um sorriso divertido.

O Capitão achava incomum que uma garota daquela estatura tivesse todo aquele apetite. A maioria das mulheres de sua época não comiam nada, porque não queriam engordar.

Notando que ele a observava um tanto abismado, a loira resolvia fazê-lo atentar para a comida e não para ela.

— Você não vai comer!?

— Quanto custou tudo isso?

— Cap... pare de ser tão chato e coma logo...

— Certo, vamos discutir sobre isso mais tarde, então com licença... – E então, o Super Soldado passou pelos waffles, despejando mel em cima deles, para logo depois colocar café na xícara.

Mary analisava a forma elegante e discreta em que o mesmo se portava a mesa. De fato, Steve Rogers era um homem acima da média naquele aspecto.

Sua educação atingia níveis estratosféricos, se comparada com as dos homens de sua época.

Ela achava tudo aquilo um tanto... encantador...

Seus olhos se mantiveram fixos no rosto dele e na forma como o cabelo loiro se encontrava penteado para trás, mesmo úmido... além de seu rosto, completamente liso... porque era possível sentir o perfume do creme de barbear impregnado em sua pele.

A inebriante fragrância de alguma colônia amadeirada também inebriava o olfato da garota...

— Não sei se estou me sentindo no céu por causa do sabor da comida ou do cheiro do seu perfume.

E então, Steve inclinou o olhar, encontrando os olhos esverdeados da Segundo-Tenente, lhes admirando.

A feição séria dele, mostrava que o comentário não o afetava em nada...

— Tem farelo de pão no seu rosto, senhorita Ellis... – Replicava de modo austero, voltando o olhar para o talher em sua mão logo em seguida.

Mary expressou uma careta.

— Aah... desculpa, eu pareço uma ogra quando como...

— Não fale de boca cheia... você é a filha do Presidente. – Ele sequer a encarava. Estava ocupado terminando de jogar o açúcar de um dos sachês em seu café.

Kiara olhou para cima, um pouco constrangida...

Se esquecia que não estava ao lado de Harry, o único homem da face da terra que não ligava quando a mesma comia de boca aberta e espalhava tudo pela mesa, sujando o rosto.

Ela limpou os lábios e os dedos em um guardanapo, se recompondo, e então, puxou o pedaço do bolo de chocolate, enchendo um copo de suco de laranja para acompanhar.

O Capitão notava de relance, o quanto aquela garota comia... céus, ela não ia explodir depois de três pães, uma xícara de café e agora um enorme pedaço de bolo com um copo de suco de laranja?

Kiara direcionou seu olhar nele e então...

— Como está se sentindo depois de dormir oito horas seguidas?

— Ainda estou me sentindo fraco...

— Sério!? Então esse soro de Super Soldado não é tão eficaz assim... – Ela brincava, cortando um pedaço do bolo com o garfo.

— Estava demorando para fazer alguma piada...

— É mais forte do que eu... desculpe.

— Não, tudo bem... acho que essa é a sua real natureza.

A garota estreitou o olhar, sabendo que o mesmo reprovava suas brincadeiras.

— Você acha que eu estou fingindo esse tempo todo?

— Ainda não consegui descobrir. Você é difícil de se ler. – E então, o loiro cortava parte do waffle enquanto bebericava seu café.

— Eu não estou atuando, ok? O que tenho que fazer pra te provar!? – A garota replicava, com uma feição birrenta.

— Nada... vou descobrir eventualmente...

— Você parece bem confiante. O que vai fazer quando perceber que está sendo injusto comigo?

.

Te pedirei desculpas...

.

E então, Steve fixou seu olhar no dela, mantendo a seriedade que sempre mostrava quando não acreditava em nada do que Mary dizia...

Em segundos ele revelava o que a garota nunca conseguiu enxergar em sua vida...

Um olhar que beirava a inocência e a sagacidade... porque não sabia o que esperar dela... e nem quem ela era de verdade...

Os olhos incrivelmente azuis do Capitão América arrancaram um arrepio agudo na nuca feminina...

Pela primeira vez desde que se conheceram, a Segundo-Tenente se sentia intimidada diante daquele olhar congelado que parecia incinera-la... no ímpeto de captar os sinais de sua real essência...

Mary Crystal era cheia de detalhes, que oscilava entre a tormenta e a calmaria... entende-la era um desafio, já que sua postura era sempre tão contraditória... mas o mesmo acontecia com ele... porque Steve Rogers também era difícil de se decifrar...

.

.

Naquele exato momento, ambos se encontravam confusos, um sobre o outro...

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Notas finais do capítulo

Ok, criançada, parece que os dois estão progredindo... em ritmo de lesma, obviamente, mas estão. O próximo capítulo ainda será apenas dos dois, mas... as coisas devem esquentar de novo quando Steve e Mary terminarem a próxima missão, com um baita dilema que até fará muito bem para ambos e os tornará mais íntimos... mas... a relação de amor e ódio vai continuar por muitos capítulos ainda. Os dois não vão se apaixonar tão cedo... e olhem pro Steve, ainda muito ferido porque ama a Peggy... como vocês acham que ela vai ser arrancada do coração dele? Alguém tem um palpite? Deixe seu comentário.



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