Anne With An "E" - Versão Gilbert Blythe escrita por Bruna Gabrielle Belle


Capítulo 1
Quem é aquela garota?


Notas iniciais do capítulo

Essa é a minha versão sobre como seria a história do Gilbert Blyte com realação a Anne, do Seriado Anne With An "E".



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Anne With na E – Primeira temporada:

Episodio 3

 (“Obstinada como a juventude”)

Após voltar de viagem, eu já sabia que meu pai não sobreviveria isso o médico já havia me falado muitas e muitas vezes, mas eu insistia em ter esperança em algum milagre e em uma melhora com os remédios que ele bebia para amenizar a dor e pelo menos conseguir dormir uma noite tranquila. Em Alberta fiz alguns exames para ver se eu não tinha sido contaminado pela doença e pelo que o doutor constatou comigo estava tudo em perfeito estado, então com a ajuda da senhora Kincannon resolvi voltar para escola naquela semana, estava um pouco atrasado em algumas matérias mesmo procurando ler sempre e estudar algumas matérias que o senhor Phillips me enviava. Caminhei lentamente pelo bosque e no meio do caminho ouvi uma movimentação, nunca fui curioso a este ponto, mas arrisquei olhar e no meio da estrada vi Billy Andrews de costas e quase dei meia volta, mas pelo tom de voz de Billy, ele estava ameaçando alguém, me aproximei um pouco mais e notei uma garota que o encarava, ela era um pouco baixa e parecia tentar justificar alguma coisa na ameaça de Billy, mas ele parecia não a ouvir e começou a se aproximar ainda mais dela e nesse mesmo instante ela derrubou a cesta e todo o material escolar, aumentei meus passos na direção dos dois, Billy não ousaria bater naquela garota, pelo menos não comigo por perto...

—- Ei, Billy – gritei e ele rapidamente se virou para trás com a cara fechada, mas um pouco surpreso.

—- Esta tudo bem? – continuei e caminhei lentamente na direção deles, a garota ruiva parecia em choque.

—- Oi, Gilbert – murmurou Billy um pouco irritado com minha interrupção e o encarei indiferente e sorri.

—- É muito bom estar de volta – falei olhando para ele e para a ruiva que permanecia em silêncio e Billy notando meu olhar sugestivo na direção de ambos, resolveu se pronunciar continuava surpreso com isso.

—- Claro, seja bem vindo – disse ele forçando um sorriso e estendeu a mão para mim e eu a apertei, não com uma força exagerada, mas firme o suficiente para que ele notasse que eu estava esperto com ele.

—- Estão brincando de alguma coisa? – perguntei sugestivamente olhando para a garota que parecia não estar ali, pois nem respirava e voltei meu olhar para Billy que parecia sem saber o que responder e sorri.

—- Parece legal, mas é melhor irmos para escola não? – falei socando de leve o ombro de Billy – Não deveríamos nos atrasar, vocês sabem como o senhor Phillips não gosta nem um pouco disso – encerrei.

—- Eu já estava a caminho – disse Billy que olhou de mim para a garota petrificada próxima a nós e depois retornou seu olhar na minha direção, continuei com o rosto impassível e indiferente para ele que saiu.

—- A gente se vê na escola – disse ele olhando na direção da ruiva e entrou para dentro do bosque e sumiu.

O observei para ver se ele não ficaria a espreita e quando ele desapareceu de vista me voltei para a ruiva.

—- Esta tudo bem mocinha? – perguntei e ele parecia ter voltado a si e pegou sua cesta e material escolar.

—- A escola... Eu tenho que ir – murmurou ela passando rapidamente perto de mim e eu continuei a falar.

—- De nada – murmurei ironicamente, uma garota normal teria me agradecido (e muito) por isso e eu ri.

—- Precisa de mais alguma coisa? – continuei falando e pela distancia que estava ela ainda poderia me ouvir.

—- Há mais algum dragão que precisa ser morto? – usei a analogia dos contos de fadas, garotas gostavam disso, mas ela continuou andando para longe de mim e caminhei e parei quando esperando uma resposta.

—- Não, obrigada – disse ela ao longe e eu apertei meu passo na direção dela, quem era aquela garota?

—- Quem é você? – perguntei ainda vendo as pontas de suas tranças ruivas ao longe e ela me ignorou, corri rapidamente em sua direção, como uma garota como ela existia em Avonlea e eu nunca tinha a visto?

—- Ei, quem é você? – continuei perguntando e corri atrás dela que parecia se esforçar para não me ouvir.

Assim que saímos da floresta e caminhamos sobre o campo próximo a escola continuei minhas perguntas.

—- Moça, por favor, qual o seu nome? – continuei questionando e ela continuava seu caminho quieta.

—- Qual seu nome? Moça? – continuei e caminhei ao seu lado próximo a porta da escola e ela suspirou.

—- Porque não me diz o seu nome? – murmurei ao lado dela que parecia estar tensa e respirou fundo.

Tomei a frente e como um cavalheiro como meu pai sempre dizia, abri a porta para ela e entramos na sala.

—- Permita – me – murmurei e abri a porta para ela e continuei a encarando estava curioso sobre ela.

—- Obrigada – murmurou ela quase que numa voz sem nenhum som, se não estivesse perto não ouviria.

Quando entramos na sala, ela parou de frente para mim e parecia procurar palavras e finalmente falou.

—- Desculpe a indelicadeza, meu nome é Anne – disse ela e eu sorri animado com o inicio de conversa.

—- Eu sou... – quando iniciei todos meus colegas gritaram meu nome em uníssono e se aproximaram de mim, me afastando da garota Anne e por cima de meus ombros pude notar ela saindo da sala e voltei minha atenção para meus colegas que me enchiam de perguntas e respirei fundo indo até minha carteira.

—- Como é o distrito de Alberta? Você viu as montanhas rochosas? – perguntou Moody curioso com isso.

—- Impossível não ver – murmurei caminhando cercado por eles até minha carteira e sorri educadamente.

—- Elas são grandes? – continuou ele e eu quase sugeri que procurassem ler algum livro, mas me segurei.

—- São montanhas – falei a Moddy que assentiu, parecia que sua curiosidade estava sendo “sanada” e sorri.

—- Seu pai está melhor? – perguntou Charlie Sloane, um garoto meio lerdo que se sentava comigo e suspirei

—- Estamos felizes por estávamos em casa – murmurei falar de meu pai doente estava me deixando triste.

Quando me sentei e estava retirando minha boina, Charlie me surpreendeu com outra pergunta e o olhei.

—- Por que você veio com aquela órfã? – questionou ele e eu o encarei sem entender seus questionamentos

—- E por que não? – devolvi a pergunta e retirei meu cachecol e ajeitei minha bolsa e nisso todas quase todas as meninas da sala de aula me olharem e pelo canto dos olhos não vi Anne no meio delas e suspirei.

—- Ela é maluca – disse Moody e ergui uma sobrancelha, havia acontecido muita coisa na minha ausência.

—- Você quem diz – argumentei arrumando meu material escolar e eles reviraram os olhos com isso e eu ri.

—- Tomara que não tenha pegado piolhos – murmurou Charlie e eu resolvi o calar com uma pegadinha.

—- Olha um aqui – falei indicando seu suéter e quando ele olhou ergui minha mão e todos ali riram alto.

Vi algumas meninas se retirarem da sala de aula e encarei a todos meus colegas e respirei fundo e sorri.

—- Além disso, não me interessa de onde ela veio, uma garota bonita é uma garota bonita – finalizei o papo.

Todos voltaram a seus respectivos lugares enquanto eu arrumava meu material em minha carteira, não entendi porque todos ali da sala estavam falando tantas coisas horríveis sobre Anne a recém chegada em Avonlea, os garotos não me deixavam olhar direito, vira e mexe estavam perguntando sobre meu pai e como ele estava entre outras coisas, mas não me importei de inicio, as meninas haviam saído da sala de aula e deduzi que era uma conversa somente de meninas e depois de algum tempo elas voltaram, Ruby Gillis estava com cara de choro, sempre tratei todas as garotas da sala como um cavalheiro como meu pai me ensinara, mas o jeito que Ruby me olhava era meio estranho, Anne foi à última a entrar na sala de aula, alguns minutos depois de Diana que tinha a expressão preocupada na face morena clara, Anne pendurou seu chapéu no cabide e caminhou até sua mesa de pinho guardando seu material, ela estava sentada na mesma direção que eu do outro lado do corredor o que me permitiu olhar para ela sem interrupções enquanto o professor andava pelo corredor a sala estava em completo silêncio, disfarcei meus olhares na direção da garota ruiva e a vi cochichar com Diana depois que o professor pediu para lermos em voz alta o livro “O pescador” assim que Anne se levantou e começou a ler, seu jeito de falar e interpretar as faltas escritas no livro me surpreendeu.

—- Ela é boa, dedicada -- comentei com Charlie Sloane concordou comigo, continuei olhando para aquela garota e não entendi porque todos riram após sua leitura e ela muito menos, pois olhava para todos da sala com cara de espanto em seus olhos azuis e pelo que pude notar apenas Diana e eu não rimos da leitura dela, suspirei pesadamente esperando minha vez e Anne não olhou em minha direção e pigarreei.

Logo o sinal tocou e todos saíram pro intervalo, algumas meninas ficaram dentro da sala de aula e Anne desapareceu porta a fora, enrolei um pouco na sala de aula com alguns colegas que estavam marcando de fazerem alguns jogos ou algo parecido, não dei muita importância e abri minha bolsa e encontrando dentro dela uma das maçãs que havia pegado hoje de manhã em uma das macieiras mais próximas a minha casa e parei no meio do caminho de uma mordida e pensei um pouco comigo mesmo encarando a maçã, guardei minha bolsa em minha carteira e rumei para fora da sala de aula, durante a leitura tentei fazer com que Anne olhasse para mim, como Ruby me encarava e aquilo me incomodou um pouco, eu não estava acostumado com esse tipo de sensação e de longe pude encarar a garota de cabelos vermelhos sentada sozinha ao lado do pequeno lago ao lado da escola, olhei novamente para minha maçã e caminhei na direção dela que estava de cabeça baixa e parecia triste, será que era por causa da ameaça de Billy Andrews no caminho para virmos a escola? Ou seria por causa das risadas durante a leitura? Suspirei.

—- Oi – murmurei para ela assim que me aproximei, mas ela não se mexeu e muito menos olhou para mim.

—- Achei que você iria querer experimentar – falei lhe oferecendo minha maçã que era quase tão vermelha quanto os cabelos de Anne, que continuou parada sem olhar na minha direção e não falou nada, suspirei.

—- É do meu pomar, é bem doce, posso garantir – murmurei e ela me olhou rapidamente e murmurou algo.

—- O que disse? – perguntei não entendendo o que ela havia pronunciado por entre seus dentes trincados.

—- Você precisa se afastar de mim agora – murmurou ela novamente e aquilo me pegou de surpresa.

Olhei para o caminho que eu tinha feito e não notei ninguém por perto da gente ali e voltei para ela.

—- Desculpe, eu... – murmurei, mas Anne levantou num salto e me encarou com os olhos azuis e frios.

—- Eu não posso falar com você! – disse ela irritadíssima e eu a encarei surpreso com sua resposta.

—- E por que não? – perguntei e ela rosnou pegando sua cesta com seu lanche e desaparecendo para dentro da escola, achei aquilo estranho e quando olhei para trás as meninas estavam apinhadas na janela da sala de aula e assim que me viram saíram correndo, estranhei, mas não ia desistir de falar com Anne, notei que nos olhos dela havia uma tristeza azul pesada e queria entender os motivos por ela carregar isso em si.

Quando o intervalo acabou e voltamos todos para a sala de aula, fiquei encarando aquela garota de cabelos vermelhos pelo restante da aula que se seguiu logo, o queixo dela era um pouco pontudo e seus olhos eram muito expressivos, olhos nos quais nenhuma outra garota de Avonlea ou de Alberta pelo pouco que vi durante a viagem com meu pai eram completamente diferente, não por serem azuis como o céu e o mar, mas existia algo diferente dentro do olhar de Anne e pelo que pude notar com minha observação ela estava concentrada nas contas que o professor escrevia no quadro negro e parecia completamente inconsciente da minha existência, na verdade naquele momento ela parecia não ter consciência de ninguém a sua volta tamanha concentração nas questões de matemática, disfarcei olhando para ver se o senhor Phillips não estivesse olhando para trás por cima de seu ombro e tentei chamar atenção de Anne, mas ela não olhava na minha direção de jeito nenhum, joguei alguns papéis e nada, então me inclinei e caminhei na direção dela com minha maçã nas mãos, ela parecia não ter comido nada no intervalo coloquei a maçã sob sua mesa.

—- Desculpe – murmurei me agachando ao lado dela, mas ela evitou me olhar de todas as formas.

—- Ei – murmurei novamente e ela continuou a me ignorar e aquilo foi demais pra mim, peguei a ponta da longa trança de Anne e num sussurro puxei levemente seu cabelo na minha direção.

—- Cenoura – sussurrei e Anne se levantou num salto e com os olhos azuis injetados de puro ódio e num mesmo movimento pegou a lousa e acertou em cheio meu rosto o fazendo virar para o outro lado.

—- Eu não vou falar com você! – gritou ela quebrando a sua pequena lousa na lateral de meu rosto.

A classe que até então estava em completo silencio se tornou num tanto histérica quando todos disseram “Oh” enquanto eu virava o rosto lentamente por causa da dor na direção de Anne que encarava a pequena lousa em suas mãos completamente quebrada e todos nos encaravam de volta boquiabertos com a cena.

 -- Acabou de falar – sussurrei tocando a parte do rosto que ela havia acertado e ela me encarava surpresa, voltei para minha carteira e perdi a maçã de vista logo depois de Anne ter me acertado com a lousa e o professor Phillips chamou a atenção de Anne e toda a sala se manteve abismada e em silencio e Anne não respondeu apenas caminhou para a frente da sala de aula como o professor mandara e aquilo me doeu, na hora que o professor escreveu na lousa acima da cabeça de Anne que ela tinha um péssimo temperamento aquilo me irritou e alguns de nossos colegas começaram a rir e a cochichar sobre isso e eu respirei fundo.

—- Desculpe senhor Phillips – falei e todos olharam para mim assim que me levantei – Eu a provoquei e...

—- Silêncio Blythe, isso não é desculpa para um comportamento desse tipo – respondeu o professor Phillips.

Fiquei parado ali sem saber o que fazer e Anne não olhava na minha direção parecia não querer me ver.

Quando todos voltaram sua atenção novamente para a lição de matemática Anne caminhou lentamente pelo corredor na direção da porta sem olhar para os lados focada apenas na reta do corredor e da porta, ignorando os chamados do professor e a todos ali a encaravam caminhando para fora da sala de aula.

Anne pegou seu chapéu e abriu a porta correndo para fora dali deixando a porta aberta, algo pulsou dentro de mim pedindo para ir atrás dela e pedir desculpas, mas me segurei ali, ela me odiaria ainda mais se eu fizesse isso, me mantive em meu lugar amuado pelo restante da aula e onde ela havia me acertado com a lousa, estava quente e começando a latejar, pensei nisso como um castigo por ter a provocado hoje.


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Notas finais do capítulo

Eu vejo o seriado legendado em português e então me desculpe algumas falas trocadas e também pelos erros na pontuação etc...

#renewannewithane



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